CARACTERÍSTICAS DAS POLÍTICAS MONETÁRIAS NAS ESCOLAS NOVO-KEYNESIANA E NOVO-CLÁSSICA

Alysse Cândido Rodrigues Soares
Isabela Germano de Oliveira
Laura França Souza

Palavras-chave: Novos-keynesianos. Novos-clássicos. Economia Monetária. Políticas Moneárias.

1 INTRODUÇÃO          

             O presente trabalho terá como intuito apresentar as implicações de política monetária desenvolvida pelas escolas de pensamento Novo-Clássica e Novo-Keynesiana.

            A ciência econômica surgiu através da teoria desenvolvida pelo filósofo e economista britânico Adam Smith, que, por sua vez, fora considerado o pai da economia a partir da publicação de sua obra mais grandiosa, "A Riqueza das Nações", de 1776. Anteriormente, a economia era tratada apenas como um ramo da filosofia social, e apesar de ter sido pouco desenvolvida, alguns pensadores tiveram contribuições de destaque, como Aristóteles, John Locke e François Quesnay.

            O pensamento da escola novo clássica surge com o intuito de apresentar mudanças no meio econômico da época, os pensadores propunham uma nova roupagem teórica, que com o passar do tempo, tornava-se mais coesa à medida que ia ganhando maturidade. As ideias propostas eram baseadas em forma de críticas ao pensamento vigente, isto é, ao keynesianismo. Os novos clássicos criticavam a falta de rigor dos modelos keynesianos, apontando a falta de variáveis importantes e que a determinação daquelas que eram exógenas e endógenas foi equivocadamente realizada, isto é, diferente do apresentado, variáveis exógenas são aquelas controlados pelo Estado, enquanto as endógenas são determinadas pelo setor privado. (AMORIM, 2002).

Para Carcanholo (1995 apud AMORIM, 2002), a teoria, bem como a metodologia utilizada pelos keynesianos era ultrapassada e, teria ainda, um baixo poder explicativo. “Se o agente econômico é racional ao maximizar seu bem estar no presente, deveria também ser capaz de otimizar suas expectativas em relação ao futuro. Ou seja, o agente também deve ser racional na formulação de suas expectativas.”  (CARCANHOLO,  1995 apud AMORIM, 2002). Também não havia uma base forte e coerente que explicasse o comportamento dos preços, uma vez que, os keynesianos apenas definiam os mesmo como sendo rígidos, não conseguindo, portanto, explicar seu comportamento de maneira eficiente.

Os principais pensadores dessa escola foram Robert Lucas Jr. e Thomas John Sargent, ambos economistas norte-americanos. Lucas obteve destaque no desenvolvimento da hipótese das expectativas racionais, desenvolvendo dessa forma, um modelo econômico com maior dinamismo. Essa hipótese considerava os agentes como sendo racionais, isto é, utilizavam de todas as informações que lhe eram disponíveis e dessa forma criavam expectativas a respeito de preços e cesta de consumo no futuro. A partir das expectativas criadas, eles tentavam maximizar seu bem estar. Lucas usava como base o pensamento de Milton Friedman, Edmund Phelps e William Phillips. Sargent por sua vez foi um dos maiores contribuintes da teoria das expectativas racionais. Em 1970, o economista americano, a partir de diversos artigos publicados, “mostrou como os modelos macroeconômicos estruturais podem ser construídos, resolvidos e estimados. Sua abordagem acabou sendo particularmente útil na análise de política econômica.” (CUTLER, 2011).

Para mais, os novos-clássicos adotam o postulado da ineficiência de políticas, uma vez que, para eles, produto e emprego não dependem de mudanças sistemáticas, previstas na demanda agregada e, com isso, eles consideram que políticas significativas de administração da demanda agregada não têm funcionalidade alguma, já que elas modificam a demanda agregada através da estabilidade de preços e emprego. (FROYEN, 2005).

O pensamento dos novos keynesianos, no entanto, não surgiu como sendo uma proposta de mudança profunda na macroecomia. O intuito dos pensadores era de retomar o pensamento keynesiano, que fora de certa forma "derrotado" e ainda acrescentar à teoria, fundamentos microeconômicos que explicassem principalmente o comportamento de preços e salários, que, segundo eles, a rigidez desses fatores é o principal motivo para desregular o mercado, ainda que o mesmo seja constituído por agentes racionais e maximizadores de utilidade.

Para Davidson (1992 apud AMORIN, 2002, p. 42), os novos keynesianos podem ser definidos como

 Um programa de pesquisa que procura explicar flutuações agregadas como consequência de impedimentos para a coordenação de escolhas dos agentes racionais que individualmente maximizam, mas coletivamente não conseguem atingir uma alocação Pareto-Eficiente.

 Para os novos keynesianos, os agentes econômicos são formadores de preço, ou seja, eles são aptos a estabelecer seus próprios preços, com um dado grau de liberdade e, dessa forma, sustentar o valor. As alterações nos preços só iriam ocorrer a partir de variações específicas em seus custos, alterando sua curva. Com isso, essa escola supõe que os preços sejam rígidos. (AMORIM, 2002).

2 POLÍTICA MONETÁRIA NA ESCOLA NOVO-CLÁSSICA

             A escola de pensamento dos Novos Clássicos surgiu nos anos 70, idealizada por Robert Lucas e Thomas Sargent. Tinha como intuito explicar a neutralidade da moeda e, particularmente, a importância que os distúrbios monetários tinham nos ciclos econômicos. As premissas pautadas no modelo consistiam em concorrência perfeita, expectativas racionais, desemprego voluntário, ou seja, existia uma taxa natural de desemprego, além de pressupor que o salário monetário irá se ajustar mais rapidamente para que o mercado de trabalho esteja equilibrado, em outras palavras seria dizer que o mercado de trabalho se comportaria como um mercado leiloeiro – o trabalhador é orientado por salários elevados.

Considerando a premissa anteriormente citada de que existe uma taxa natural de desemprego e, que quando a mesma se iguala a taxa corrente de desemprego, a economia está em equilíbrio, podemos verificar que, caso haja uma disparidade entre essas taxas, a economia se equilibraria automaticamente, tendo em vista que, os agentes econômicos agem de forma racional, isto é, procurando maximizar tanto o bem-estar quanto o lucro. “Em outros termos, estão tomando decisões coerentes com os seus objetivos.” (PAULA, 2013, p. 90).

            Nessa escola, no entanto, adotou-se a hipótese das expectativas racionais (HER), que surgiram, basicamente, para contrapor a hipótese das expectativas adaptativas adotada pelos Monetaristas. As expectativas racionais

 São formadas com base em todas as informações relevantes disponíveis sobre a variável que está sendo prevista. (…) a hipótese das expectativas racionais afirma que os indivíduos utilizam as informações disponíveis de maneira inteligente; ou seja, compreendem como as variáveis que observam afetarão a variável que estão tentando prever. (FROYEN, 2005, p. 294).

              De acordo com Paula et al (2013), pelo fato da teoria dos novos clássicos ser baseada na hipótese das expectativas racionais, a adoção de política monetária na economia seria ineficaz para alterar as variáveis reais, como o nível do produto e a taxa de desemprego, seja no curto ou no longo prazo.

            Em contrapartida, a economia será afetada apenas na existência de choques monetários, como por exemplo, a adoção de medidas de expansão monetária pelo governo, em que a política monetária influenciará no nível de preços na economia.

            Pode-se concluir que, caso o governo adote uma política monetária expansionista, haverá na economia apenas alteração no nível de preços, logo, a quantidade ofertada pelas firmas não sofrerá modificações, não necessitando portanto, de aumento na quantidade de mão de obra. Dessa forma, a taxa natural de desemprego permaneceria no mesmo patamar que a taxa corrente. Assim, “as decisões de políticas monetárias expansionistas conhecidas pelos agentes não provocam qualquer aumento no nível de emprego e do produto real – causam simplesmente aumento geral de preços equivalente ao aumento do estoque de moeda”. (PAULA, 2013, p. 90).

[...]