Qual será a verdadeira razão para as pessoas gastarem fortunas em viagens e terem uma enorme dificuldade em doar a mesma quantia aos mais necessitados? Qual o motivo dos seres olharem as vitrines das lojas com tamanha cobiça e ilusão e preferirem fechar os olhos para as desigualdades sociais? Simplesmente, as respostas para tais perguntas podem ser resumidas no conceito de prioridade alheio ou no sistema econômico social que rege os seres humanos ao viverem em comunidade ou, ainda, uma junção de ambas as situações.

O sistema que influencia todas as atividades das pessoas no cotidiano é o capitalismo cujas diretrizes são baseadas no constante acúmulo de capital e na busca pelo poder mediante os objetos e, principalmente, os seres. Porém, tal sistema, propriamente dito, não pode ser responsabilizado pelo estado de caos que o mundo encontra-se, mas sim a conduta humana, visto que a elaboração, o desenvolvimento e a instituição do capitalismo como modelo fora proveniente das atividades e dos pensamentos das pessoas. Assim, o homem promove críticas negativas, diariamente, a uma criação que tem apenas a sua assinatura como fundador.

Querer que todas as pessoas vivessem em um suposto estado de cooperativismo seria algo utópico na atualidade. Que atire a primeira pedra quem não gosta de viver com o máximo de conforto possível ou que não fica feliz por comprar algo de marca. Melhor, que atire a primeira pedra quem abriria mão do suposto luxo que tem para que o outro tivesse uma vida melhor. As pessoas são os produtos do meio, as quais pensam e portam-se conforme os costumes sociais, em que todo comportamento desviante de tais condutas é considerado como errado e inapropriado. Entretanto, em meio à ideologia capitalista, o que foi feito dos princípios e valores que cada pessoa deveria ter como sua base fundamental? É inútil tentar mudar o mundo sem, antes, cada pessoa rever seus conceitos e suas prioridades.

Assim, chego ao foco do problema. Basicamente, não é o sistema que deveria mudar, mas a conduta das pessoas. Ou seja, tais poderiam desfrutar de um conforto proporcionado pelo acúmulo de capital e, mesmo assim, serem caracterizadas por apresentarem uma "cabeça pensante", em que questionariam e lutariam para que seus direitos fossem assegurados, teriam desejo pelo ensino e a obtenção do maior número de informações possíveis para que fossem mais aptas em suas escolhas, como nas eleições, por exemplo, e não mascarariam os problemas sociais como se esses não existissem, o que resultaria em menos comodismo e mais ação consciente.

Quem sabe se a palavra "eu" deixasse de representar apenas um pronome pessoal do caso reto, ou seja, algo único e singular e tivesse a capacidade de transmitir a idéia de uma massa pensante, a sociedade apresentaria menos alienação em sua estrutura. Dessa maneira, as pessoas pensariam em outro assunto que não fosse capital, pois teriam tempo para preocuparem-se com os problemas alheios e expressariam sentimentos sem sentirem vergonha disso, isto é, deixariam agir feito as máquinas programadas e poderiam voltar a brincar de ser gente.

(Mariana Tannous Dias Batista)