Capitalismo e o Homem

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

A sociedade mundial está escravizada pelo consumo, o sistema que rege a economia mundial estimula cada vez mais a obtenção de produtos industrializados. A tecnologia e a facilidade de crédito são fatos que estão aumentando ainda mais as diferenças de classe. Estas diferenças são mascaradas pela obtenção de produtos e por uma falsa melhora de vida das classes inferiores economicamente, que são massacradas pelo sistema perverso do capital.

Palavras Chaves

Capital, Sociedade, Humanidade, Ser Social. Política, Economia

 

Durante todas as eras da humanidade nunca a competitividade este tão aflorada na vida das comunidades. Esta postura de competição está sendo estimulada por todos os nichos da sociedade. A pergunta é: por que este estímulo esta sendo tão exaltado?

Sem o estímulo ao consumo não se tem um crescimento dos meios de produção, sem este crescimento vários setores da sociedade perdem o poder econômico que financia e desenvolve os governos. No entanto, a sociedade de massa não faz parte deste crescimento, já que as políticas públicas, só “aparam as arestas”, ou seja, não promove a desigualdade de classes.

“Como nunca antes, a ordem e a cultura do capital mostram inequivocamente o seu rosto inumano, revelam a lógica perversa que as doutrinam internamente e que antes podiam ser escamoteadas a pretexto do confronto com o socialismo: criam, por um lado, grande riqueza e concentração de poder à custa da devastação da natureza, da exaustão da força de trabalho e de uma estarrecedora pobreza”. (BOFF, 41)

Nesse sentido, temos por parâmetro de análise a sociedade como um todo. Um dos maiores termômetros para vermos que a sociedade não está bem, é o aumento da violência em todos os setores da vida humana. O alto nível da corrupção gerada pelos representantes do povo, a falta de uma educação de qualidade e uma saúde digna das populações base, mostra que a proposta econômica desenvolvida por quase todos os países “desta nave terra”, como diz o ilustre Frei Betto (escritor, teólogo).

Na verdade, o aumento do consumo, está ligado à proposta imposta por toda a sociedade capitalista, que desenvolve a ideologia da felicidade ligada diretamente ao consumo, pensando assim, entende-se por que as pessoas não conseguem ficar sem comprar, e grande parte destas compras é feita por produtos que não tem utilidade nenhuma nem suas vidas.

Uma das justificativas e a necessidade o sonhado poder, esta ligado ao objeto e não ao ser. O ser perdeu a importância, o ter é mais elegante, mais “belo”, mais glamoroso, ou seja, ter determinados objetos de consumo me projeta na “sociedade”, ou seja, o ter promove o meu meio onde estou inserido, o grupo que eu convivo. Neste sentido a maioria das pessoas faz qualquer coisa para ter este poder de consumo, e assim ter este “poder” social.

“A casa grande e a senzala constituem os gonzos articuladores de todo o edifício social. A maioria dos moradores da senzala, entretanto, ainda não descobriu que a opulência da casa grande foi construída, com sei trabalho super. explorado, com seu sangue e com suas vidas absolutamente desgastadas”. (BOFF, 39)

No entanto, não existe outro sistema que promova tantos sonhos, tantas propostas de felicidades e de crescimento social. Esta proposta de fortuna e felicidade é gerada também no ventre das sociedades de base. Neste meio tem vários polos geradores, o mais comum é aquele que esta na esquina de quase todos os bairros e centros das cidades. As casas lotéricas e os megas jogos milionários que podem deixar uma pessoa sem nada, ou seja, sem poder de consumo, e sem poder social, se tornar um milionário, para isso ter êxito vários ganhadores durante o ano são e saltados nos meios de comunicação e de propaganda, com isso o manuseio do sistema capitalista.

Esta semana um dos mais brilhantes alunos do terceiro ano do ensino médio de uma escola pública de Varginha, me fez a seguinte pergunta: Existe outra proposta política e econômica fora do capitalismo? Minha resposta foi em cima de tudo que eu acredito, já que entendo que as correntes do consumo nos escravizam diariamente. Disse a ele: como Aristóteles, acredito em um meio termo (para Aristóteles a virtude está no meio termo), ou seja, não temos condições ideológicas e sociais para uma revolução das maneiras de produção e de vidas dos principais países ricos do mundo, mas não quer dizer que temos que ser como todos escravos do sistema, temos que nos desenvolver de tal forma que este sistema seja o menos perverso possível para nós e as pessoas que amamos.

“Eis por que, em sua prática política, participam de todas as medidas repressivas contra a classe operária e, na vida corrente, contentam – se, apesar de toda a fraseologia pomposa, em recolher os pomos de ouro de arvores da indústria e em cambiar fidelidade, amor e honra pelo comércio de lá, beterrabas e álcool”. (MARX, 65)

Só assim, as mudanças reais poderão ser vividas, e estas experiências farão a diferença, já que muitos setores da sociedade já não estão suportando mais as maldades propostas por este modo de vida. A felicidade não pode estar ligada ao ter. O ser é o que vale a pena, já que apesar de vários setores estarem esquecendo, todos os homens e mulheres são seres humanos, pensantes, e que a única a proposta sonhada é a felicidade.

Bibliografia

MARX, Karl, Manifesto do Partido Comunista, Ed L&PM POCKET, 2001, Porto Alegre, RS;

BOFF, Leonardo, Depois de 500 Anos Que Brasil Queremos? , Ed Vozes, 2000, Petrópolis, RJ;