Não me considero boa observadora. Portanto, quando chego a perceber alguma coisa é porque realmente deve se tratar de algo muito chamativo. Nos aeroportos por onde passei durante esses dias de férias não pude deixar de notar a quantidade de pessoas hipnotizadas por seus laptops e celulares. Cheguei a ver três pessoas, uma do lado da outra, como que enfileiradas, digitando freneticamente em seus laptops. Daí, pensei se elas estariam juntas ou viajando sozinhas. Se teriam assunto entre si. E se, caso estivessem frente a frente com seu interlocutor digital, a conversa fluiria verbalmente na mesma intensidade em que a digitada.
Essa é mais uma daquelas idéias esdrúxulas que tenho. A maioria das pessoas (senão a totalidade delas) suporia que a internet veio facilitar a interação e a integração entre as pessoas. Já eu penso se, na verdade, ela não as afasta, uma vez que dificilmente o que se vive virtualmente será reproduzido na realidade. Fácil fazer amigos, se expressar e se expor na internet, mas como será a vida corpo a corpo, as amizades e a capacidade de expressão dessas pessoas tão digitalmente integradas?
Não sei. Pode ser preconceito meu. Sei que existem exceções. O que percebi é que me sinto quase uma excluída digital e a existência desse blog é a razão daquele quase. Mas, na verdade, não se trata de uma exclusão, já que não fui posta à margem de nada por ninguém. Trata-se mais de um exílio voluntário e que, ao menos por enquanto, não tenho nenhuma vontade de encerrar.