A situação crítica da saúde no município não é uma realidade tão distante do resto dos municípios brasileiros. É triste e revoltante ver crianças, idosos e gestantes morrendo e agonizando em corredores dos hospitais aqui do município, ora por falta de atendimento, ora por falta de remédios. Situação agravada nos últimos meses pelo surto epidêmico da dengue, zica e Chikungunya. Segundo infectologistas entre os meses de abril e maio do ano em curso, Itabuna terá metade da sua população atingida com o vírus transmitido pelo Aedes aegypti, causando mais danos ao caótico sistema de saúde da cidade.

O hospital de base Luis Eduardo Magalhães que atende a uma população estimada em um milhão de habitantes. São mais de 120 municípios pactuados que encaminham casos de urgência e emergência através do Sistema Único de Saúde (SUS). É comum encontrar pacientes sendo atendidos em corredores superlotados devido à insuficiência de quartos e de leitos. A falta de médicos também é um problema crônico, dezenas de pacientes todos os dias ficam várias horas a espera de um simples atendimento, muitos ainda questionam a qualidade do atendimento médico. A realidade vivenciada pelo hospital de base é a mesma realidade do hospital São Lucas e do hospital Manoel Novais.

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) é a porta entrada para a inclusão e início de tratamento do SUS. O objetivo desses postos é atender a população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para hospitais. Os pacientes que procuram atendimento nos postos de saúde em diversos bairros da cidade enfrentam muitas dificuldades, alguns estão fechados para uma possível reforma, em sua maioria faltam equipamentos, estrutura para os pacientes e profissionais trabalharem, remédios e médicos.

De quem é a culpa? A população não participa das conferências municipais, e conselhos de saúde local e municipal, ora pela falta de interesse, ora pela falta de uma ampla divulgação da existência dessas ferramentas legais conquistadas através da constituição de 88 que garante a participação da população no controle social do SUS. A corrupção, o mau gerenciamento dos recursos públicos, a má administração, a falta de boa vontade e competência, o subfinanciamento e a privatização, também são fatores preponderantes para que a saúde pública em Itabuna se encontre na UTI. Haja vista que a saúde publica no Brasil nunca foi uma prioridade de nenhum partido político.

O SUS é uma importante conquista da classe trabalhadora brasileira. Pesquisa realizada pelo IBGE em 2013 apontou que 75% dos brasileiros não têm planos de saúde, ou seja, utilizam o SUS. Outros 25% têm planos de saúde, porém muitos desses conveniados insatisfeitos com o serviço prestado pelo setor privado recorrem ao SUS. O mercado de saúde de consultas e planos privados vêm se fortalecendo cada vez mais chegando a investir mais dinheiro que o próprio estado.

No congresso a várias pautas conservadoras que querem favorecer a iniciativa privada, o sistema único de saúde está sob risco. O setor privado de saúde vem agindo junto a centenas de parlamentares, só nas últimas eleições as empresas de convênio médico doaram 52 milhões de reias para 131 candidatos, entre os maiores beneficiados estão os candidatos do PSDB, PMDB e PT. O deputado Eduardo cunha (PMDB-RJ) foi um dos maiores beneficiados por essas empresas, inclusive a PEC 251/2014, que obriga as empresas a oferecerem planos de saúde privados para todos os funcionários, é de sua autoria.

O SUS é um dos melhores planos de saúde do mundo. O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que garante atendimento médico gratuito e universal. É dever de toda população principalmente as das classes mais pobres lutar pela existência e fortalecimento do sistema único de saúde, observando quem são os políticos e quais os setores da sociedade que visam o fortalecimento da saúde privada.