É sabido, por muitos, que tribos brasileiras realizavam, e ainda realizam vários costumes e rituais estranhos aos nossos olhos, dentre eles, a antropofagia se destaca.
O canibalismo realizado por nossos índios, teve grande e negativo impacto na visão estrangeira de nossos povos, levando a um julgamento precipitado por parte dos povos colonizadores.
Será o julgamento uma forma justa de análise em cima desse ato tão intrinsecamente cultural?
Então, o que falar do canibalismo ocorrido no final do século passado em Olinda, Pernambuco. Onde foram encontrados restos humanos no "lixão" da Muribeca, e catadores que re-aproveitavam a carne para alimentar suas famílias.
Talvez, outra forma de manifestação cultural ou "só" mais um fato isolado decorrente da fúria e bestialidade humana?
Não! É fome!
Segundo o IBGE, no Brasil, em torno de 14 milhões de brasileiros (ou 7,7% da população) viviam em domicílios nos quais a fome esteve presente ao menos um dia em 2008.
Um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com recursos naturais abundantes, com a tecnologia desempenhando o seu papel perfeitamente, é impossível que um país como o Brasil tenha esse tipo de problema! É inaceitável!
O problema não é a produção de alimentos, nem a falta de recursos e sim a podridão de um sistema danoso banhado por luxo e miséria, abundancia e escassez, consumo e fome.
Um sistema econômico que prioriza a exportação, mesmo que seus filhos passem fome. Uma ideologia que prega uma liberdade inexistente, liberdade que financia a fome, miséria e exploração.
Uma política esdrúxula que é a verdadeira causadora do canibalismo contemporâneo, fazendo com que nossos filhos padeçam na realidade social cruel e indigna.