A música é uma arte que ficou esquecida no âmbito escolar, mas agora está sendo retomada nas escolas, pois ela propicia ao aluno um aprendizado global. Na sala de aula, ela poderá auxiliar de forma significativa a aprendizagem.

            A partir do momento em que a disciplina Educação Artística passou a integrar o rol das disciplinas obrigatórias para o 1º e 2º graus, o ensino da música vem sendo sistematicamente desvalorizado no âmbito educacional. Na escola de ensino regular, principalmente nas séries iniciais do ensino básico, a música, de um modo geral, não tem ocupado o lugar que merece.

            Entende-se que o ensino das Artes, e da Música, em especial, deve ser considerado na educação escolar da mesma forma que outras áreas do conhecimento como a Matemática, Língua Portuguesa, História, etc. Porém, por oferecer uma forma de conhecimento específico, deve ser encarado de modo organizado, coerente, que o situa entre vivência, expressão e compreensão.

            Um ponto nebuloso da nova legislação diz respeito a não obrigatoriedade da graduação em Música para ministrar as aulas. O artigo da Lei que previa a formação específica na área foi vetado pelo Ministério da Educação sob alegação de que, no Brasil, existem diversos profissionais atuantes na área sem formação acadêmica. A discussão, agora, está a cargo da Fundação Nacional de Artes (Funarte) que, a partir de um protocolo de parceria firmado entre o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação, está organizando encontros regionais com acadêmicos, especialistas, Secretarias de Educação e Associações de Estudos Musicais para realizar uma espécie de mapeamento do ensino de Música nos estados brasileiros.

            Do primeiro encontro, realizado no Rio de Janeiro, formaram-se dois grupos de trabalho. Um que deve propor nortes para as questões curriculares e outro, formado por representantes das universidades, responsável por articular propostas de ampliação das licenciaturas em Música e demais cursos de formação continuada na área, inclusive, os ministrados a distância. Os objetivos são elaborar uma nova proposta de regulamentação da Lei nº 11.769/08, assim como um manual aplicativo destas determinações, que auxiliem os gestores escolares e educadores da área de Música.

            Ensinar música envolve conhecimento técnico e pedagógico nesta área. Não adianta fazer uma Lei que coloca a música como conteúdo obrigatório, se quem vai ensinar este não tem nenhuma formação ou qualificação na área. É preciso também pensar na qualificação do professor que vai ensinar o conteúdo música.

            Trabalhar com um profissional não habilitado propicia um ensino superficial e perigoso, pois o professor não terá condições de avaliar os prejuízos que poderá provocar ao indivíduo e nem terá capacidade para aplicar esse conhecimento de maneira eficaz. Isso não quer dizer que a música não deva fazer parte do conteúdo transversal, aquele que atravessa as aulas. "O professor de sala pode e deve usar a música em suas aulas, mas não tem condição de dar aula de música", diz Lisiane Bassi, coordenadora do programa de Educação Musical de Franca, cidade do interior de São Paulo que é referência no ensino musical. A contratação de professores é um problema ainda não resolvido nas escolas. Podemos analisar esse desafio na fala de  Magali Kleber, Presidente Nacional da ABEM.

É diferente dar aula no conservatório e dar aula numa escola de 40 alunos. Hoje não há profissionais suficientes para atuar com música nas salas de aula. Medidas são necessárias para resolver isso, uma delas é a correção devida de editais publicados errados para o ingresso na área; outra é o oferecimento de cursos de capacitação para os professores, cursos de extensão universitária entre outros.

Evidentemente o que se espera é um ensino de música com qualidade, consistente, que faça sentido para a formação do cidadão que passa pela escola. E para que isto aconteça diversos desafios precisam ser vencidos:

1. O número de licenciados em música atuando nas escolas de educação básica é pequeno e os professores que atuarão na educação básica ensinando música devem possuir essa formação. Ainda levará algum tempo para que todas as escolas brasileiras possam contar com a presença de licenciados em música atuando em seus quadros docentes. Por esta razão, é preciso compreender a transitoriedade deste período, assumindo a necessidade de mais profissionais licenciados em música na escola, mas entendendo que projetos temporários poderão construir gradativamente o espaço da música no currículo, até que haja licenciados em número suficiente para as escolas.

2. Os gestores deverão fazer uma revisão dos projetos políticos pedagógicos das escolas para que a música seja contemplada, cumprindo a legislação vigente. Os sistemas educacionais estabelecerão de que forma a música fará parte do currículo, e exemplos em diversas partes do país podem ser observados para esta efetiva implementação. Há sistemas educacionais que estabeleceram a música em algumas séries da escola, alternando com outras linguagens artísticas; há sistemas que incluíram a música como disciplina em seus currículos.

3.  Seria fundamental que os pedagogos que são responsáveis pela educação nas séries iniciais fossem também preparados para contribuírem com o processo de educação musical escolar já que os mesmos atuam em todas as áreas do conhecimento escolar. Não se trata de substituir o professor especialista na área de música na escola, mas estimular experiências musicais diversas na escola que possam ser compartilhadas entre professores especialistas e pedagogos.

4.  Fomentar projetos escolares que envolvem bandas, corais, grupos de carimbó, dentre outros ampliando a experiência escolar, tais projetos deveriam ser estimulados e desenvolvidos em vários contextos escolares. Mas ao lado do projeto extracurricular, a proposta curricular da escola deve propiciar que todos os estudantes vivenciem experiências musicais de forma consistente e significativa.

Swanwick (2003) analisa a concepção de educação musical como uma forma de estudos culturais ou reforço social que tende a resultar num currículo muito diferente daquele que identifica a música como uma forma de discurso. O ensino musical, então, torna-se não uma questão de simplesmente transmitir a cultura, mas algo como um comprometimento com as tradições em um caminho vivo e criativo, em uma rede de conversações que possui muitos sotaques diferentes. Nessa conversação, todos nós temos uma “voz” musical e também ouvimos as “vozes” musicais de nossos alunos.

            O gestor escolar deve está ciente que o ensino musical na escola não tem como objetivo principal formar grupos para animar as populares “festinhas” nas datas comemorativas da escola, mas sim o ato de educar por meio da percepção rítmica e melódica, coordenação motora, composição, apreciação e outros conteúdos.

            Segundo Brito (2003, p. 52)

                                      

Outro “complicador” diz respeito ao caráter de espetáculo que frequentemente ronda o trabalho musical: dedica-se muito tempo em ensaios para apresentações em comemorações diversas que até mesmo excluem os alunos considerados desafinados. Ainda hoje existe escolas que iniciam os ensaios para a grande festa junina no mês de abril, reduzindo a isso as atividades da área de música durante todo o decorrer do semestre.

            É importante que os integrantes da gestão escolar aprendam a respeitar o processo de criação dos alunos, assim, os professores podem ter a oportunidade de construir música com seus docentes sem poder se preocupar em cumprir um calendário de eventos deixando para trás os modelos antigos de reprodução musical, técnicas e procedimentos, que, de modo geral, excluíam a criação.

            Explorar possibilidades de expressão vocal, corporal ou instrumental, pesquisar, inventar, escutar e pensar música, são essas, algumas maneiras para trabalhar com ensino musical na educação básica. Para a realização dessas atividades uma proposta para o gestor escolar é que seja reservada uma sala apenas para o ensino musical e que seja feita a isolação do som da mesma e equipa-la com quadro branco com pentagrama, e instrumentos como: teclado, flauta doce, instrumentos de percussão e se possível instrumentos de sopro que compreenda o quadro de uma Banda Sinfônica.

            O teclado é um ótimo instrumento para iniciar musicalmente o aluno por ser um sintetizador, (possui sons de vários instrumentos e rítmos variados).

            Pela carência de profissionais formados na área da Educação Musical, os Gestores das Escolas podem ter a opção de contratar alunos do Curso de Licenciatura em Música que estão matriculados a partir do 6° semestre, é quando os mesmos começam com os estágios fora da Universidade. Lembrando que todo aluno que é aprovado em qualquer Curso Superior de Música já tem uma grande noção na área, pois antes de fazer a prova do vestibular ele tem que passar por um exame habilitatório de noções de música.