"Caminhando contra o vento sem lenço sem documento, no sol de quase dezembro, eu vou..."

Caetano quando escreveu esta letra em que pensava? Eu não escreverei sobre toda a letra, até porque meu cérebro neste momento não a recorda. Mas vejo nessa "frase" a nossa juventude. Eu me considero "jovem", meus 29 anos foram de pura luta. Nada foi fácil. Matei e irei continuar matando um leão por dia! Assim é a vida! Assim é a nossa realidade.

Lembro que procurei estágio por quase dois anos sem conseguir! Tudo era por indicação, porém, eu não tinham quem me indicasse. A última tentativa foi numa sexta-feira de janeiro, 14 horas a entrevista na Av. Farrapos. Como eu não sabia pegar ônibus nesta avenida, desci na Salgado Filho, de terno preto e fui caminhando. Minha sorte que não eram 13h ainda. Como de costume sempre cheguei adiantado desta vez tive sorte, porque eram alguns quilômetros. Estava muito feliz apesar dos 40 graus que fazia naquela tarde de verão. Lembro que minha tia queria que eu fosse com ela para praia. Recusei pelo sonho de estagiar. Cheguei pontualmente às 14h, mesmo que molhado dos pés a cabeça. E sem ao menos sentar para conversar, a advogada disse "entrou uma menina por indicação, obrigado". Eu tinha ouvido esta frase inúmeras vezes. Quase dois anos ouvindo "não" ou "indicaram alguém". Voltei toda a avenida chorando, e não tenho vergonha de escrever isso. Hoje tenho orgulho disso. Logo consegui meu primeiro estágio. Que fez eu chegar onde estou.

Posso dizer hoje que sou um vencedor. Óbvio que não estou satisfeito. Quero muito mais! O meu suor, o caminhar num sol de "janeiro", sozinho, sem lenço sem documento, tive uma certeza, minhas lágrimas ainda seriam motivos de boas recordações. Usaria para aconselhar alguém. Hoje são! Faria tudo novamente!
Hoje vejo muita falta de estrutura com o jovem. Vejo irresponsabilidades por comodidade! A comodidade gera problemas em qualquer idade ou momento da vida.

Por exemplo, quem com 17 anos tem possibilidade de escolher o que quer ser como profissional? Quantas faculdades existem para escolhermos uma, de forma certa/correta na inscrição para o vestibular e, ainda, tendo que amá-la para toda a vida. Vejam o peso que um adolescente de 17 anos tem nas costas! Dois anos antes estávamos atirando bexiguinha na saída da escola. Dois anos depois temos que saber o que seremos para toda vida. Onde estamos? Podem responder: mas sempre foi assim! Tudo bem, foi. Mas não poderia ser! Tínhamos que terminar o ensino médio e ficar um ano nos dividindo entre curso pré-vestibular e com idas em diferentes universidades e "provando" faculdades. Tendo a liberdade de experimentar o futuro! Quem faz isso? Ninguém! Simplesmente somos ovacionados por dar resultado rápido! Isso é sinônimo de que? Sucesso ou fracasso? Não sei!

Porque não estudamos no "colégio" a Constituição Federal? Vivemos num país democrático (na minha opinião isso é uma mentira, mas tudo bem, deixaremos de lado isso), regido pela Constituição correto? Lá estão os direitos do povo. É a bíblia do Brasil. Ninguém estuda! Será que não é esse o objetivo dos políticos? Fazer com que ninguém conheça as regras? Para eles poderem trapacear? Lutem por isso rápido! Vamos colocar a constituição dentro da escola! Politica é um "jogo" de interesses, se não estudarmos as regras, quem vence o jogo? Quem está no poder! Quem perde? Nós comodistas!
Vamos caminhar contra o vento (mais difícil, mas cansativo), sem lenço sem documento (sem medo), no sol de quase dezembro (luta suada), eu vou!

Temos que parar de pensar em dizer "se passou mais um dia". Chega disso! Vamos dizer que lutamos naquele dia! Que matamos um leão! Tudo passa! Se não fazer a diferença, será tudo igual amanhã!

Vamos lutar pelo acerto. Achar a fórmula certa. Não podemos nos adaptar ao que está pronto e sim mudar para bem melhor o que não é mudado por comodidade. O que está pronto não pode estar errado? Então, vamos começar a lutar, por que não? Porque não? Por que não?