PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Econômicas e Gerencias

Departamento de Economia

 

 

 

 

Fernanda Souza Ferreira Marques

Leticia da Silva Oliveira

 

 

 

CAFÉ, IMIGRANTES E EMPRESAS NO NORDESTE DE SÃO PAULO (RIBEIRÃO PRETO, 1890-1930).

 

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Orientadora: Tânia Maria F. De Souza

 

 

 

 

 

Belo Horizonte

2015

 

 

INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho é uma análise crítica do artigo: Café, imigrantes e empresas no nordeste de São Paulo (Ribeirão Preto, 1890-1930), foi publicado na revista História econômica & História de empresas, volume XVII, Nº 2 no ano de 2014, pelos autores, André Luiz Lanza e Maria Lúcia Lamounier. Será utilizado para melhor compreender os períodos de 1890 a 1920, os textos base do Modulo II da bibliografia de FEB.

Segundo Lanza e Lamounier (2012), o artigo examina o crescimento das atividades industriais no município de Ribeirão Preto, São Paulo, no período entre 1890 e 1930, destacando o papel significativo da expansão cafeeira e dos imigrantes no processo de industrialização do município. A expansão cafeeira na região de Ribeirão Preto teve inicio a partir da década de 1870. A divulgação da excelência dos solos e a chegada da estrada de ferro da Companhia de Mogiana em Ribeirão Preto, em 1883, atraíram diversos grupos de população, brasileira e estrangeira, em busca de trabalho e de terras para o cultivo do café.

De acordo com, Lanza e Lamounier (2012), o período de 1890 a 1930, compreende os anos marcados pela rápida expansão cafeeira na região, pela chegada da ferrovia e dos imigrantes, pelo aumento da população; todos esses fenômenos apontam para relações importantes com possíveis transformações das atividades industriais.

 DESENVOLVIMENTO

Segundo Lanza e Lamounier (2012), até meados do século XIX, a produção cafeeira da zona Mogiana era insignificante. Só a partir da década de 1870, ocorreu um crescimento da produção cafeeira na região, devido ao aumento do consumo e aos preços internacionais favoráveis. A alta fertilidade do solo e a excelência das terras para o cultivo do café, amplamente divulgadas na imprensa paulista, bem como o contínuo crescimento das linhas férreas que ligavam as zonas produtoras ao Porto de Santos permitiram a rápida expansão cafeeira na região.

É importante destacar que, segundo Dean (1971), foi o café que custeou grande parte das despesas gerais, econômicas e sociais, inclusive a construção de estradas de ferro que atingiu Ribeirão Preto em 1883. A Mogiana foi a primeira artéria de penetração e possibilitou desenvolvimento rápido da produção cafeeira na região, assentando os trilhos em uma zona ainda mal povoada, mas já conhecida e balizada desde a época Colonial. Com isso a população da Capital do café, como era chamada Ribeirão Preto, teve um aumento bastante significativo.

A expansão cafeeira na região coincide com o encaminhamento do processo de extinção gradual da escravidão, iniciado em 1871 com a aprovação da Lei do Ventre Livre e concluído em 1888 com a abolição definitiva da escravidão no país. Paralelamente, segundo Gremauld, Saes e Toneto Junior (1997), São Paulo foi beneficiado por intenso fluxo de imigrantes europeus, em grande parte destinado a lavoura de café. Grande parte dessa imigração foi subvencionada, ou seja, contou com recursos do Governo, para pagamento das passagens de navio, alem de abrigá-los na hospedaria dos Imigrantes até que fossem contratados por um fazendeiro.

Na ultima década do século XIX, mais especificamente entre 1893 e 1900, entraram em São Paulo 401.626 imigrantes. O censo de 1920 mostra que cerca de um quinto a um terço da população das cidades paulistas eram estrangeiras. Segundo Gremauld, Saes e Toneto Junior (1997), essa oferta de mão obra relativamente ampla constituía, portanto, importante estimulo para a expansão das fazendas de café no interior paulista.

O primeiro surto de crescimento populacional na região de Ribeirão preto ocorreu fundamentalmente devido á rápida expansão do cultivo de café e á chegada da estrada de ferro. O segundo surto de crescimento, expressivo e rápido, deriva justamente do início da imigração subsidiada pelo governo provincial após 1886.

            O crescimento da população, principalmente com a chegada de imigrantes e o inicio das atividades urbanas é observada por Rego e Marques (2003), durante 50 anos, de 1880 a 1930, chegaram ao país quatro milhões de imigrantes, a maior parte dos quais se estabeleceu em São Paulo, que era uma espécie de epicentro do desenvolvimento capitalista do país. No final do século XIX, os imigrantes constituíam cerca de metade da população adulta de São Paulo e mais de 10% da população adulta do país, Gremauld, Saes e Toneto Junior (1997), complementa dizendo que essa oferta de mão obra relativamente ampla constituía, portanto, importante estimulo para a expansão das fazendas de café no interior paulista.

             Dean(1971), aponta que a economia cafeeira criou a infraestrutura necessária para o surgimento da industrialização;o café trouxe a ferrovia, as estradas, o aumento da população e da mão de obra livre com o fomento á imigração;o café trouxe também a prática de comércio exterior, a monetização da economia e o desenvolvimento de um mercado para produtos manufaturados.

Segundo Lanza e Lamounier (2012), os imigrantes tiveram um papel fundamental no desenvolvimento dos primeiros estabelecimentos industriais de São Paulo, pois como importadores, os imigrantes tinham o conhecimento do mercado, fácil acesso ao crédito estrangeiro e controle sobre a distribuição de produtos importados e, em especial, as máquinas para indústria.

Parte dos importadores diversificavam seus investimentos como forma de precaverem uma possível baixa do café. Essa diversificação surgiu na forma de investimento na manufatura, uma vez que, poderiam ganhar como produtores o que deixavam de ganhar como importadores. No final do século XIX e começo do XX, começou a surgir diversos ramos industriais como, por exemplo, a industria têxtil, refinação do açúcar e a fabricação de cerveja.

Segundo Lanza e Lamounier (2014), nos primeiros anos da República, Ribeirão Preto mostrou um ritmo de crescimento e dinamismo urbano, comprovados pelo desenvolvimento de diversas atividades urbanas, comerciais e industriais.

A fundação da Associação Comercial em 1904 já mostra que o setor de serviços e as atividades industriais iam ganhando expressividade econômica na cidade e que a classe empresarial local demandava a representação de seus interesses. O setor mais dinâmico da economia da cidade de Ribeirão Preto era o comércio.

Através do AnnuarioCommercial do Estado de São Paulo, 1904, citado por Lanza e Lamounier (2012) em seu artigo, é possível observar que 28 das 45 industrias que figuram na listagem do Anuário possuem sobrenome italiano e atuavam em diversos ramos. Isso mostra que os imigrantes marcavam presença no setor industrial na cidade, logo no início do século XX.

Entre 1904 e 1913, o setor industrial se expandiu muito, surgindo em Ribeirão Preto os seguintes ramos industriais: marcenaria, indústria de cerveja, alimentos, sabão, ramo de calçados, ramo de artigos de couro, construção de reparação de veículos, serrarias, máquinas agrícolas, couro e peles, ramo de fogos, cigarros; por fim duas fábricas de instrumentos musicais representando esse ramo.

Na década de 1920, o setor industrial em Ribeirão Preto já se apresenta bem mais desenvolvido e diversificado. Os empresários da época passaram a atuar em diversos ramos da indústria,diversificando sua área de investimento, e com isso é possível notar que a quantidade de sobrenomes imigrantes na composição industrial continuava grande.

A crise do final da década de 1920 paralisou o acúmulo de capital do setor agroexportador, transferindo essa função para outros setores da economia. Com o cenário macroeconômico mundial desfavorável, devido a quebra da Bolsa de Nova York e as crises nas exportações, uma boa parte da mão de obra das lavouras cafeeiras passou a migrar para Ribeirão preto, em busca de emprego. Nesse período mudanças ocorreram na economia brasileira. O governo passou a participar mais ativamente na indústria e em Ribeirão Preto, essa mudança começara com o declínio da produção cafeeira, ocorrendo desde a forte geada de 1918 e se acelerando com a crise de 1929, levando a um aumento da produção interna e aumento dos estabelecimentos comerciais. (LANZA E LAMOUNIER, 2014, p.584)

De acordo com Gremauld, Saes e Toneto Junior (1997), a economia cafeeira não se resume a atividade rural ou ao comércio de café, a economia brasileira da Primeira Republica não se restringe, mesmo no plano da exportação, ao café. Cabe destacar as demais atividades primárias que, com peso maior ou menor na economia nacional, sustentavam economias regionais. No nível macroeconômico a borracha e o açúcar mercê destaque até o período da Primeira Guerra.

É possível notar nesse estudo que além do crescimento da produção docafé nos de 1890 a 1930, houve um crescimento do setor industrial como um todo. Gremauld, Saes e Toneto Junior (1997),, aponta que a transição do trabalho escravo para o trabalho livre do imigrante europeu respondeu por algumas das mais importantes condições para industrialização. O surgimento de uma massa salários, impondo a rápida monetização da economia, conta entre as condições que estimulavam a produção de manufaturados para o mercado interno. O fim do escravismo propiciou o surgimento de uma massa salarial a ser despendida no mercado e a presença do imigrante trouxe padrões de consumo diferentes daqueles característicos da sociedade escravista. Um desses padrões que é importante destacar é o consumo de trigo, implantado juntamente com a vinda dos italianos para o pais.

 

 

 

 

CONCLUSÃO

Antes do cultivo do café no país, as fazendas se dedicavam tipicamente a agricultura de subsistência, foi a partir do cultivo do café no final do século XIX, que foi possível proporcionar o pré requisito mais elementar de um sistema industrial, a economia monetária.

É possível concluir de acordo com a bibliografia adicional  das aulas de FEB e o texto base, Café, imigrantes e empresas no nordeste de são Paulo (Ribeirão preto, 1890-1930), que a  economia cafeeira impulsionou o crescimento das atividades urbanas e industriais não somente em Ribeirão Preto, mas em todo o pais. E foi a partir do cultivo do café que os demais ramos industriais começaram a se destacar no pais.

 

 

REFERENCIAS

 

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. 12 ed. rev., São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1974.

GREMAUD, Amaury Patrick, SAES, Flávio Azevedo Marques, TONETO Jr., RudineiFormação econômica do Brasil, 1 ed. São Paulo Editora Atlas 1997.

LANZA, André Luiz; LAMOUNIER, Maria Lúcia, Café, imigrantes e empresas no nordeste de São Paulo (ribeirão Preto, 1890 – 1930), Bariloche Argentina; história econômica & história de empresas vol. 17 no 2, 567-604 setembro 2013

DEAN, WARREN. A Industrialização de São Paulo: 1880- 1945. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1971. Capítulos I, II e VII.

REGO, José Márcio e MARQUES, Rosa Maria (orgs.). Economia Brasileira. 2ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Parte 2, capítulo 3.

SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. 7a ed. São Paulo: Alfa-Omega, 1986. 114p. Capítulos III e IV.

CANO, Wilson. Raízes da concentração industrial em São Paulo. Rio de Janeiro: DIFEL, 1977 317p. Capítulo II, Item 1 – “Os principais condicionantes”