A migração a que Pereira da Costa se refere, contudo, ocorreu durante as guerras movidas pela Casa da Torre contra os nativos, que continuavam seu movimento de reação iniciado décadas antes, quando da expulsão dos holandeses, enquanto as expedições dos d’Ávila ia incorporando mais terras aos seus já imensos domínios. Essa migração teria ocorrido em massa, em 1685 quando a aldeia dos Rodelas do Cabrobó transformara-se em “ ... uma fazenda de criação de gado, junto à qual formou-se uma povoação, como centro do comércio de gado para a Bahia e para as Minas, que prosperou tanto, que teve logo o predicamento de paróquia, sob a invocação de N. S. da Conceição...”(Costa, 1839), podendo ser a predominância da população branca a explicação para o abandono do local.
Sobre a localização da aldeia principal dos Rodelas, nos relatórios e crônicas encontra-se há referência a uma missão vizinha à da ilha da Assunção, provavelmente em terra firme, próxima à fazenda de Cabrobó. No lado baiano, em frente à ilha de Sorobabel onde havia a missão jesuíta de N. S. do Ó, foi instalada uma nova aldeia para os Rodelas, tendo como patrono São João Batista, que daria origem à antiga cidade de Rodelas, onde existe a construção da barragem “Luiz Gonzaga”, subsistia a aldeia de remanescentes indígenas atualmente denominados Tuxá. Enquanto o sertão dos Rodelas se expandia, Cabrobó estagnava, contando apenas com dezessete aldeamentos em levantamento sobre as povoações e missões em 1746, quando anos antes, em 1738, existiam trinta casas no povoado, sendo a população do arraial numerosa estiva dispersa pelas aldeias, explicando a posterior instalação da sede da comarca do São Francisco na vila de Santa Maria. A última região do médio São Francisco a se aplicar o topônimo sertão dos Rodelas estranhamente seria o sertão do Pajeú, entre as confluências do Moxotó e do Pajeú, que durante muito tempo constou das regiões ribeirinhas sanfranciscanas despovoadas. A extinção dos aldeamentos em Pernambuco aconteceu quando só restavam três no São Francisco: Assunção, Santa Maria e Brejo dos Padres (Hohenthal 1960:41) e foi ordenada conforme referência anterior, em 27 de março de 1872 por um Aviso do Ministério de Agricultura Comércio e Obras Públicas, a quem interessava a administração das aldeias. A última daquelas aldeias foi a primeira a ser restabelecida no século passado como reserva indígena, a dos Pankararu.
Com base em levantamento feito na Capitania de Pernambuco por volta de 1746, existiam as seguintes missões na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rodelas: a Aldeia da Missão Nova de São Francisco do Brejo dos Padres, na ribeira do Pajeú, região já incluída no Sertão dos Rodelas, com várias nações de tapuios sob orientação de missionário franciscano; a Aldeia de Nossa Senhora de Belém, na ilha do Acará ou Oacara ou ainda Axará, orientada por capuchinho italiano a partir de 1745, tendo sob catequese duas nações de tapuios porcás e brancararus ; a Aldeia do Beato Serafim, na ilha da Vargem (Várzea ou Varge) com um missionário capuchinho italiano em 1746, catequizando duas nações de tapuios, porcás e brancararus; a Aldeia de Nossa Senhora da Conceição, na ilha do Pambu, com uma nação de tapuios cariris, sob a orientação de um capuchinho italiano, em 1746, mas fundada por capuchinho francês em 1702; a Aldeia de S. Francisco, na ilha do Aracapá, com um religioso capuchinho italiano catequizando uma nação de tapuios cariris, denominados aracapás em 1702, mas fundada por Martinho de Nantes em 1671 ; a Aldeia de S. Félix, na ilha do Cavalo ou da Missão, também com uma nação de tapuios cariris, denominados posteriormente de tuxás, sob a guarda de um capuchinho italiano em 1746, mas fundada por Martinho de Nantes; a Aldeia de Santo Antonio, na ilha do Arapuá, onde habitava uma nação de tapuios cariris, também fundada por capuchinhos franceses, mas com um missionário italiano em 1745, quatro anos depois substituídos por franciscanos da Penha do Recife até 1761; a Aldeia de N. S. da Piedade, na ilha do Inhamum ou Unhunhu, com um religioso franciscano e uma nação de tapuios cariris; a Aldeia de Nossa Senhora do Pilar, na ilha de Coripós, com uma nação de tapuios cariris sob a guarda de um religioso franciscano, sob a direção de frades de Recife de 1745 a 1761; a Aldeia de Nossa Senhora dos Remédios, na ilha do Pontal, com um religioso franciscano orientando uma nação de tapuios tamaquiús, fundada por capuchinhos franceses em fins do século XVII; a Aldeia do Senhor Santo Cristo, no Araripe, com um missionário capuchinho italiano e uma nação de tapuios ichus (Pereira da Costa 1983).
Observa-se que a missão da ilha de Sorobabel não foi incluída nesse levantamento, embora a igreja só fosse destruída em 1792, aparentemente em atividade até esse ano, assim como não há uma referência à missão dos Rodelas. Willeke (1974) informa que a maioria das missões do São Francisco foi extinta em 1741, inclusive a de Sorobabel. Conforme a Ânua de 1696, a Missão de Nossa Senhora de Sorobabel foi fundada por jesuítas, com índios kararuzes e tacarubas, que se encontravam em distúrbio. Relatórios de 1702 e de 1746 a 1761, são mencionados os porús e o brancararus (Hohenthal 1960). Ainda no São Francisco, além de Porto da Folha, na margem esquerda do rio, foram criadas as aldeias Brancararu, Brancararúzes, Bancararu, Pancarús, Pacarás, Pacarus, Pankararu. A nova aldeia-missão, deve ter substituído a de Cabrobó, anterior e mais antiga, que ao se transformar em núcleo populacional florescente fora elevado a vila. O que poderia ter determinado a fundação da nova aldeia dista nte da fazenda Cabrobó e próxima de uma outra missão jesuíta, seria a escolha pelos religiosos de locais distantes dos centros urbanos para situar as aldeias-missões, como estratégia que tentava evitar o fracasso da experiência no litoral. Outra hipótese é a de que tenha sido criada paralelamente à missão da ilha de Sorobabel, da qual recebeu posteriormente os habitantes quando a última foi destruída por uma enchente em 1792. Estavam situados nas ilhas de Vargem, do Acará e Sorobabel. Também foram referenciados como cararus, cariris e acarás, o que pode significar uma relação entre esse topônimo e o gentílico Pacará e sua variante Pacaru. Provavelmente estiveram em uma das duas missões fundadas na Bahia por volta de 1698, Cararu e Curral dos Bois, em frente à Petrolândia (Jatinã). Quando sobreveio a divisão da tribo, uma parte recebeu o gentílico Pancaru ou Pancararu, ficando a outra parte com o nome Pancaré ou Pancararé, estabelecida em Brejo do Burgo, em Glória -BA, segundo tradição oral. Em torno de 1802, os Pankararu foram conduzidos à aldeia de Tacaratu e em seguida ao Brejo-dos-Padres, onde se encontram atualmente. Também Ferraz cita os Brancararu junto com os Procaz, na missão de Sorobabel, provavelmente baseando-se em relatórios dos jesuítas (1957:31). Os Cariri da chapada do Araripe foram grandes aliados dos d’Ávila, auxiliando-os no descimento de outras tribos do sertão cearense. Foram pacificados em 1700, pelo Padre João de Matos Serra e convertidos posteriormente pelos carmelitas, que organizaram aldeias nos locais hoje denominados Barbalha, Crato, Missão Velha e Missão Nova, no Ceará. Por participarem dos movimentos de 1703 e 1706 aliados aos icós, foram relacionados entre as tribos que deveriam ser aniquiladas, o que não deve ter acontecido, pois em 1780 foram transferidos do Crato, junto com outros aldeamentos para as proximidades da sede da Capitania. Pouco numerosos, facilmente se fundiram à população neobrasileira (1931:56). Outra tribo incluída entre os Cariri é a dos jucás ou yucás, que moravam no sertão dos Inhamuns e aparecem pela primeira em vez nos documentos sobre a contenda que se desenrolou nas ribeiras de Quixelô e nos Inhamuns entre os Feitosa e os Monte.
Em 1727 foram registrados como missionados em grande aldeia que daria origem a Arneiroz, na margem do Jaguaribe. Outra parcela desses nativos estava assentada na Missão Velha, junto a quixelôs e candandús. Instigados pelos Feitosa, abandonaram-na em 1743 e se tornaram errantes. Os que permanece ram na missão foram reunidos aos cariris e cariús que moravam na aldeia do Brejo, antiga Missão do Miranda, elevada a vila em 1764, com o nome de Vila Real do Crato, de onde voltariam a fugir retornando ao nomadismo. Os Cariri da chapada do Araripe foram grandes aliados dos d’Ávila, auxiliando-os no descimento de outras tribos do sertão cearense. Foram pacificados em 1700 pelo Padre João de Matos Serra e convertidos posteriormente pelos carmelitas, que organizaram aldeias nos locais hoje denominados Barbalha, Crato, Missão Velha e Missão Nova, no Ceará. Por participarem dos movimentos de 1703 e 1706 aliados aos icós, foram relacionados entre as tribos que deveriam ser aniquiladas, o que não deve ter acontecido, pois em 1780 foram transferidos do Crato, junto com outros aldeamentos para as proximidades da sede da Capitania. Pouco numerosos, facilmente se fundiram à população neobrasileira, os Massacará, Masakará. Pertenciam ao grande grupo dos Acroá (Jê) que no São Francisco foram aldeados com os pontás em Juazeiro, na Bahia, e na ilha do Pontal, em Vila Real de Santa Maria, em cuja comarca havia sete aldeias, entre as quais as da Vila de N. S. da Assunção e Cabrobó, em Pernambuco, nas quais habitavam esses índios. Expulsos pela Casa da Torre juntamente com os Cariri foram desde cedo aliados dos colonizadores da região, mesmo antes da chegada dos capuchinhos. Os Rodelas, apesar de se deslocarem por vasta extensão territorial, tinha como principal assentamento a aldeia do Cabrobó, na ilha da Assunção, com abrangência territorial até o Pajeú. Os Tuxá atuais dizem-se Rodelas, pertencentes à nação Procá e relatam que antes de se estabelecerem em Rodelas onde viviam até o presente, após a enchente que destruiu a missão de N. S. do Ó de Sorobabel, estacionaram em terra firme na “Tapera Velha”, no lado baiano em frente à ilha. Na margem oposta, também em frente à ilha de Sorobabel, alguns índios refugiaram-se na mata dos Carurus Velhos, de onde, arredios, atacavam os “civilizados” (Nasser 1984). Do cruzamento dessas informações fica a indagação se esse setor do São Francisco não seria o “lugar” ancestral desses grupos, que ora se reuniam, ora se separavam, dispersando-se pelas ilhas e continente.
Dentre os Rodela de maior destaque, consta Francisco RodelaTuxá, Tuchá, Tushá, Txaledô. Estavam localizados na confluência do Pajeú e na missão de São João Batista (atual Rodelas), tendo sido identificados na aldeia da Missão de S. Félix, como Abacatiara. Tradições desse grupo levam a crer que tenham sido aldeados ainda em Assunção e Santa Maria. Atualmente se reconhecem “tribo Tuxá da nação Prokáz”. O gentílico tuxá pode ter origem em Txale, “rio grande”, nome que os Fulniô dão ao rio São Francisco, significando Txale-dô, “os do rio São Francisco”, conforme nota explicativa de Estêvão Pinto (Pinto 1958b:57,81). Relacionando essa informação à de Hohenthal para a origem de Truká - em que ká significa filho e tuxá, o que dá origem, “pai”, significando portanto, “filhos dos habitantes do rio grande São Francisco” , Tuxá teria o significado de “habitantes do grande rio” o que estaria de acordo com a origem que se atribuem esses índios ao se considerarem índios do rio , embora última rama dos seus antepassados, os troncos , que são os Procaz ou Periá, sinônimo de Preá, Porco Pequeno, Porquinho (Sampaio-Silva, 1997:36). Para Hohenthal (1960), os Tuxá não só têm a mesma origem dos Truká, mas são remanescentes Cajurú, procedentes da região Cabrobó e de Santa Maria da Boa Vista. Em 1759, estavam assentados na margem oposta à embocadura do Pajeú, junto com os Periá. Lingüisticamente, falavam um idioma isolado, hoje extinto (Urban 1998). Dos povos indígenas que habitavam o São Francisco remanescem os Pankararu, os Tuxá, os Atikum e os Truká vivendo em áreas que lhe pertenceram no passado, embora outros estejam tentando o reconhecimento legal de sua identidade étnica, como os Jeripankó, ás margens do Moxotó. No fim do século XVIII, uma grande porção de terra, margem esquerda do São Francisco, entre Cabrobó e Santa Maria da Boa Vista e que se estendia até a serra do Araripe, já havia sido vendida a uma provável arrendatária, D. Brígida Maria das Virgens Alencar, natural de Cabrobó, cujo nome seria lembrado no riacho que desemboca no São Francisco próximo a Orocó. No século seguinte, ao ser revendido esse território em 1816 a João Pereira Goulart e Dona Maria Goulart, nele foi instalada a fazenda Tamboril, a leste da qual surgiria a cidade de Ouricuri, no local do sítio Aricuri que se formara nessa propriedade (Aquino, 1982). Assim como essas, diversas datas de terra já teriam sido vendidas pelos senhores da Casa da Torre por essa ocasião, além do desmembramento do território desta em vilas e povoados. Somente no século XIX o desenvolvimento da região justificaria a assinatura de Alvará em 15 de janeiro de 1810, cria ndo a Comarca do Sertão de Pernambuco, com setenta léguas de leste a oeste, da qual fazia parte Cabrobó, contendo ainda em seu termo as paróquias do Exu, Santa Maria e Assunção, tendo como sede Santa Maria (depois Vila Real de Santa Maria da Boa Vista) e não Cabrobó, povoado mais antigo, o que indicava a decadência desse núcleo ou o desejo das autoridades portuguesas de não entrarem em choque com os d’Ávila. Próximo a Santa Maria existiam sete aldeias indígenas, tendo sido erigida uma missão na ilha deste n ome, a segunda da região posto que a missão do Pontal estava sob sua jurisdição. O privilégio de ser reconhecida como Vila Real deveu -se às boas condições econômicas, advindas da passagem instalada no povoado, transformado-o em verdadeiro porto, tal como ocorrera a Juazeiro. Entretanto, o povoamento urbano de Cabrobó teve início somente na metade do século XVIII, aproximadamente de 1790 a 1830, período em que as terras do reino eram protegidas pela igreja e administradas pelos defensores do estado, cujo maior receio era a ameaça da invasão estrangeira que interiorizava, bem como os constantes ataques de índios. Eram geralmente construídas, na sede de cada povoado, uma capela para catequese na fé católica e uma área destinada aos serviçais, geralmente no fundo da casa grande. A igreja de Nossa Senhora da Conceição localiza-se na área inicial do povoamento de Cabrobó, no Sertão do Estado, às margens do rio São Francisco, sendo a única edificação do antigo núcleo sobrevivente da cheia de 1919.
A antiga igreja de Cabrobó eigida em 1600 e destruída em 1762 foi reconstruída em 1838, no periodo imperial. Embora com tendências variadas, a construção tem predominância neoclássica. O nicho do altar-mor é em estilo rococó; o guarda-corpo do coro é feito em madeira. Esses detalhes, assim como algumas imagens, dão mostra da relevância artística do monumento. Sobre a história de Cabrobó, pode-se dizer que o município regrediu, em termos de extensão, em vista do que foi nos séculos anteriores, considerando que sua área territorial de 1612 até 1926 alcançava desde Belém do São Franciso, Serrinha (hoje município de Serrita, Terra Nova, até Leopoldina, atual Parnamirim, Ouricuri até Exú, quando ainda era uma grande Fazenda, e mesmo depois continuava grande, quando passou a ser administrada por interventores indicados pelo governo estadual de Pernambuco. Os registros históricos do poder público, as anotações da Paróquia e documentos das empresas e empreendimentos mais antigos, afirmam que os primeiros habitantes da região foram os índios das tribos Truká e Pancararus. Entretanto, outras fontes históricas sobre os índios do sertão pernambucano apontam como mais antigos da margem do São Francisco, os índios Cariri que expulsos pelos combates com os colonizadores subiram para o sertão de Pernambuco, Bahia e Ceará; os Potiguar para o Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba e Caeté para Minas Gerais e Bahia. Essas tribos foram dizimadas em favor da colonização, muito antes do período imperial, com a expulsão dos jesuítas. Possivelmente, as que hoje resistem são descendentes remanescentes ou tribos novas que ocuparam a região.
A cidade de Cabrobó, margeada pelo Rio São Francisco, o qual, de acordo com a história oficial do município, durante uma inundaçao, fez nascer a Ilha de Assunção, ocupada pela tribo Truká. O nome Cabrobó, segundo consta na história oficial, é de origem indígena tendo em vista que os termos "caa" ( árvore) e "orobó" ( urubu), culminaram no significado "árvore de urubu ou mato de urubu". Quando se questiona aos cabroboenses ninguém sabe explicar o porquê desse nome. Entretanto, consultando Memórias do Brasil Colonial, de Capistrano de Abreu, consta que “ árvore dos urubus” era uma expressão pejorativa dos índios cariri aos escravos moradores das fazendas das margens do São Francisco, os quais ficavam embaixo de umbuzeiros espreitando índios para escravizar, a mando dos feitores, assim colaboravam com os portugueses e bandeirantes.Também em Borges Hermida, antigo historiador do tempo do ginásio, encontra-se que as as relações entre negros e índios na região nem sempre eram amistosas, principalmente no período de capitanias e da formação das grandes fazendas de gado. Dados sobre a formação dos municípios do estado de Pernambuco comprovam que a vila de Cabrobó, depois da destruição das aldeias (de 1640-1790) viveu três momentos de crescimento populacional: o primeiro, na fase dos Reinados (de 1830 a 1889) com a chegada no sertão de descendentes portugueses que já moravam no litoral do Brasil; o segundo durante a consolidação da República (de 1900 a 1915) com o problema da seca no nordeste. E o terceiro, nas décadas de 50 e 60, com o auge da cultura da cebola, chegando a ser denominada “ A Capital da Cebola”.
No primeiro momento, ainda no período do Brasil Imperial (de 1830 a 1889), ainda Vila, Cabrobó recebeu um fluxo populacional muito grande, com a migração de descentendes portugueses que participaram da colonização do Sertão do São Francisco, com o processo de abertura de fazendas e distribuição das terras de Santana (de Belém do São Francisco até Exu), sendo que as áreas, às margens de rios, geralmente eram administradas por pessoas da confiança dos imperadores. Esse Projeto, conforme informações históricas foi idealizado no Reinado de Dom Pedro I, o qual tinha intenção de montar uma milícia portuguesa a fim de proteger os rios, florestas e campos do sertão, de invasores estrangeiros, plano que foi continuado, mais tarde, pelo seu filho Dom Pedro II.
O segundo momento de aumento da população (de 1915 a 1928) a migração deu-se numa escala muito maior, quando pessoas do próprio nordeste (Bahia, Paraíba, Pernambuco e Ceará) migraram para os povoados que ficavam às margens do Rio São Francisco, movidos pelos anseios de inspiração republicana, idéias políticas que estimulavam aos nordestinos quem não tinham água a ocupar as terras no Vale do Rio São Francisco. Esse momento foi marcado por dificuldades, tensões e conflitos, problemas de seca no sertão, epidemia de febre paratifo nas fazendas, além de conflitos de terra provocados pelas contendas entre a polícia e cangaceiros, bem como pelo terror da Primeira Guerra Mundial, ainda com resquícios nativistas e lutas pela posse de terra.
Embora tenha sido enorme no início da colonização, e a Vila de cabrobó tivesse um peso político muito grande no estado, a cidade de Cabrobó foi fundada somente em 1928, logo depois da crise econômica que assolou o sertão do nordeste, depois da Primeira Grande Guerra Mundial. Nesta época, já se questionava o direito à terra aos índios, oportunidades aos mestiços descendentes de escravos e a distribuição de títulos de terras também a brasileiros e não só a portugueses. Também alcançou o período seguinte, que coincide com a fase Pós-Guerra, em que os políticos da oligarquia da região procuravam emancipar pequenas cidades para delimitar sua faixa de mando, motivados pela promessa do presidente da época em fazer divisão geográfica de grandes áreas de alguns municípios de Pernambuco com o argumento de facilitar a administração das cidades. O terceiro momento ocorreu após a emancipação política de Cabrobó e durou até o seu auge de desenvolvimento econômico, com a plantação de cana, formação de lavouras de arroz e as maiores safras de cebola, sucesso que perdurou até a década de 60, que mesmo com poucas estradas, o município alcançou destaque de produção que era comercializada para diversos estados do Brasil. Outro fator que marcou essa época foi o Projeto de Construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso, no governo de Delmiro Gouveia, que enfrentou problemas de aceitação por parte dos pequenos proprietários, motivados pelas idéias de lideranças políticas, cujas marcas profundas dos governos dos tenentes coronéis e dos intendentes ainda
Cabrobó é um pequeno município nordestino brasileiro do estado de Pernambuco cuja sede está localizada no sertão do São Francisco. Administrativamente, formado pelo distrito sede e pelos povoados de Aldeia Indígena N. S. da Assunção, Ilha de agricultura irrigada, com plantações de arroz, feijão, melão, batata-doce, banana, cebola, melancia, tomate, milho e manga. O município apresenta a maior produção de arroz do estado, sobretudoa Ilha de Assunção, onde 3500 índios Truká vivem do seu plantio. Outra atividade econômica tem sido a pecuária de corte, destando-se também a criação de bodes. O atual município de Cabrobó limita-se ao Norte com Terra Nova; ao Sul com o Estado da Bahia; ao Leste com Salgueiro e Belém do São Francisco e a Oeste com Orocó e Parnamirim. O gentílico de quem nasce em Cabrobó é cabroboense. Conforme dados do IBGE do Censo de 2004 a população de Cabrobó era de 28.165 habitantes. Cabrobó é considerado pelo IBGE como um dos núcleos de avanço da desertificação no país, devido à agricultura inadequada. Anualmente, no dia 11 de setembro, Cabrobó comemora a sua emancipação política. Atualmente, a área territorial da antiga Fazenda Grande e da Fazenda Panela d’Água será modificada mais uma vez, com a Transposição do Rio São Francisco, o braço do rio que corresponde àquela área de pedras que represa água, desta vez para beneficiar o sertanejo que, durante muitos anos sofreram ora com enchente,ora com falta de água, sendo obrigado a migrar para outras regiões.
Dos municípios do interior de Pernambuco, especialmente os da microrregião de Itaparica que estão diretamente envolvidos nessa relação histórica com Parnamirim, pela influência das famílias colonizadoras Sá, Araújo, Carvalho (Belém do São Francisco) Lopes, Diniz, Barros e Torres ( Floresta). Da microrregião de Petrolina os municípios que sempre tiveram articulação principalmente econômica e política com Parnamirim foram as cidades de Cabrobó, Terra Nova e Orocó( relação garantida pela influência religiosa da freguesia de Santana. Da microrregião de Araripina foram destaque vários nomes da própria Araripina, bem como de Bodocó, Exu e Ouricuri, ligados às questões de terras e de águas das famílias da Panela d’Água e das famílias da Fazenda Grande do Pajeú, bem como dos herdeiros de Dona Brígida de Alencar e todos os que, de alguma forma arrendaram ou compraram lotes da Casa da Torre dos Garcia d’Ávila, na Bahia de todos os Santos. De modo geral, não há como tratar da história social e econômica de cada uma dessas cidades sem estabelecer interdependência, principalmente em relação à cultura material, política, religião e atividades econômicas. Todo o sertão do estado de Pernambuco passou pelos mesmos ciclos, ao mesmo tempo, considerando que essa rede de relações se estabeleceu e ainda se estabelece mediante planos de governo e colaboração do povo ao se identificar com as propostas desses planos. Primeiro como cavalheiros e damas de Cristo, depois como protetores das terras do império, mais tarde como defensores da república. Enfim, política, religião e economia caminhando em direção ao sertão.