O cabelo longo, no homem,  reflete, sem dúvida, a personalidade, a ideologia e algumas vezes, crenças religiosas. Contudo a própria dissidência católica, hoje chamada de 'igreja evangélica', 'normas' em ambiente de trabalho, tradições militares e outras "invenções" humanas de tentativa de cooptação e domínio social, assim como as drogas, vem comprometido o uso mais freqüente de cabelo longo pelos homens em geral. Referimos ao uso que as drogas farmacêuticas exercem no metabolismo humano, mas esse é outro assunto. Um dos fatores que cerceiam a diversidade no “comprimento capilar” pelos homens é reproduzido na argúcia de Pastores que falam como se tivessem razão, lucrando em igrejas que jamais poderiam estar “sem manchas”. (Ef. 5:27), mas que intimamente reproduzem o espírito subordinador do pensamento humano. Desde criança, a cultura herdada de pensamentos assim, incutem na mente da criança falsos valores, (menina deve ter cabelo longo, homem não), onde “a mentira é pregada desde o berço”. Há uma distorção de valores que é tomada como ideal, ao passo que é justamente o contrário - e isso, nosso texto quer aqui demonstrar -, onde transformações centenárias sublevaram o costume masculino de usar cabelo longo à medida que essas "distorções" presentes na palavra de muitos evangélicos, industriais, empresários, leigos, enfim, se amalgamaram no senso comum. Acham que calvície é para ser aceita, o uso de drogas é ignorado quanto ao comprometimento da saúde capilar de homens e mulheres. Cita-se que: "Em outras palavras, acredita-se em um grande mito: o de que a calvície é um caso genético (...) As pessoas têm sido ensinadas sistematicamente que essas são suas únicas escolhas (...) e como uma floresta, cabelo longo proporciona proteção e "sombra". (SIGLER, 2011, 4-5). A maioria das pessoas ditas cristãs é propensa à seguir orientações distorcidas de líderes espirituais, imperando a falta de bom senso e respeito. Paulo falava sobre coisas ainda por serem discutidas: "E de acordo também com a verdade secreta que nunca foi revelada ao mundo". (I Cor. 16:25). O problema é que o senso comum herdou distorções sobre o assunto aqui em pauta, os clérigos, pastores, pseudo-religiosos cristãos e muitos, apenas repetem aforismos, eufemismos. Por exemplo, quando um militar se deparava com (hipoteticamente) um comunista cabeludo, poderia mandá-lo cortar o cabelo, mas por trás dessa ordem, o eufemismo significa: "Por que você é do jeito que é/Porque você usa o costume fora da 'ordem' estabelecida". Até mesmo o exemplo clássico sobre a razão da destruição de Sodoma - nisto, atribui o senso comum, à "perversão sexual" -, que está relacionada ao orgulho (diríamos, falta de caridade): "Sodoma e suas filhas eram orgulhosas (...) e teimosas e fizeram as coisas que eu detesto; por isso eu as destruí (...)". (Eze.16:49). Sobre "cabelos masculinos" e seu comprimento, antecipa-nos Raj Kumar Singh, estudioso Sikh: "O uso comum dos termos e frases como "corte de cabelo" e "crescer a barba" claramente aponta para um preconceito fundamental e social que temos contra o reconhecimento do valor positivo contido no cabelo humano". (KUMAR SINGH, 1998). Mas é preciso ir "por partes". 1º) Paulo trata o assunto sobre "cabelos", em relação àqueles(as) que, fora do credo judaico (lei mosaica que aconselha não cortar cabelo/barba), deixavam-no crescer em função de crenças a deuses não judaico ou não cristãos. Ele muitas vezes acompanhava aqueles que iam pagar um "voto" mosaico para oferecer o cabelo - e se tal fato era costume na época, assim também Paulo respeitava, pela lógica, os que tinham cabelo longo, em relação à Lei, para toda a vida -, assim ele percebia a "diferença" entre os que tinham cabelo longo devido àquela Lei Mosaica (ou de Deus Pai) e os que o tinham para outros credos. Ele, por sua vez, admoestou-os quanto a ser vergonhoso exatamente isso, ter cabelo longo em prol de um credo "fora" do judaico/cristão. Diríamos que, interpretar a citação paulina como contrária ao cabelo longo no homem, quando ele mesmo, o apóstolo, guiava homens a caminho do voto que oferecia o cabelo, ao que implicava, igualmente, ser conivente com quem os tinha longos por toda a vida por causa de Deus, seja dentro do judaísmo ou enquanto cristão, pois há indícios de Cristo e Thiago, irmãos, serem cabeludos. Seria como desrespeito, de nossa parte, ao caráter de Paulo quanto àquelas práticas dentro de sua própria esfera religiosa: "Nos últimos dias haverá tempos difíceis (...) muitos serão (...) desobedientes aos seus pais e não terão respeito pela religião". (II Tim. 3:1). Paulo parecia ser tolerante a isso. Não concebia o costume pagão transportado ao cabelo masculino, isso, sim, ofenderia a "atmosfera" de uma igreja primitiva cristã. Havia, portanto limite. Até mesmo batismo em prol dos mortos Paulo percebia existir nas Sinagogas (isso é outra história, I Cor 15:29). Ele sabia o que dizia, e agradecia a Deus por isso: "Mas pela graça de Deus sou o que sou (...) não sou eu quem tem feito isso, e sim a Graça de Deus que está comigo". (I COR. 15: 10). Essa mesma "Graça" esteve com Sansão no Campo de Dan (Jz 13: 25), enquanto "dons que o Espírito Santo nos dá". (I COR. 12:1). É preciso atentar para o impacto que os cultos extra judaísmo/cristianismo se fazem presentes por trás do verso: "Pois a própria natureza ensina que o cabelo comprido é uma desonra para o homem". (I COR.11:14). Essa citação existia quanto à essa "precaução" de Paulo. Ele usava a inteligência até em orações: "Porque, se eu orar em línguas estranhas, o meu espírito, de fato, está orando, mas minha inteligência não tomará parte disso (...) então (...) vou orar com minha inteligência". (I COR. 14-15). O verso em I COR.11:14, em sua linguagem original traz termos em grego que são coniventes com isso, dando à ideia de "natureza" algo bem diferente do que hoje julgamos, ao passo que se nos é requerido inteligência e prudência na interpretação. E essa língua original que se pode adequar à nossa defesa de que Paulo NÃO era contra cabelo longo no homem, aparece: "No mundo há muitas línguas diferentes, mas cada uma faz sentido". (I COR. 14:10). Precisa-se acatar a afirmativa do verso em I COR 11:14 pelo prisma original de sua essência. É preciso ter cautela, atenção, ao que este missionário dizia "nas entrelinhas" e não interpretá-lo "logo de cara". Corinto, Galiléia eram lugares propensos a cultos diversos, assim como Roma, e a sexualidade muitas vezes era relacionada com isso. Devemos separar o que é cabelo longo para esses cultos e para o judaísmo ou o cristianismo. Nesses dois últimos, segundo toda a Bíblia, NÃO é vergonhoso, NÃO é proibido, tampouco repudiado por Deus, senão Ele não daria aos profetas mandamentos para NÃO cortá-los, e não teria admoestado Paulo a aconselhar NÃO ter cabelo longo quando for para aqueles cultos estrangeiros. Então, há uma concessão! Há uma exceção e bem alicerçada, mostrando que argumentos que defendem "homem cristãos de cabelo curto" apoia-se em interpretações limitadas, pouco relacionadas com a realidades e  bastante limítrofes. Lembremos que militares (exceto os sikhs, antigos espartanos, etc.), operários, "cristãos" evangélicos, certos monges, "raspam" ou cortam todo cabelo, em sujeição. A ideia de liberdade, nesses grupos sociais é tolhida, limitada e o cabelo curto demonstra sua "subordinação", às vezes despropositada. Por isso cabelo longo é sinal de liberdade, tanto para judeus antigos, quanto para sikhs, tanto quanto para pessoas que são esclarecidas no conhecimento edificante, adquirido em qualquer compêndio sério, bem formulado e não "devedor" de religiões ou de quem quer que seja. E essa "liberdade" era ceifada à medida que, lendo o Velho Testamento, percebemos o encurtamento, por assim dizer, do que seria o comprimento capilar ideal. Esses percalços eram enfrentamentos como cita Esdras: "Quando ouvimos, rasguei as minhas roupas em sinal de tristeza, arranquei os meus cabelos e a barba e me sentei, muito desgostoso". (Esdras 9:3). 2º Não é admissível dizer que na Bíblia, Deus preferisse cabelos curtos em homens, pois há dezenas de versículos no Antigo Testamento solicitando deste, exatamente o contrário ("Não corte nunca (...). Jz 13:5) ou em: Levíticus14: 8;19:27;13:33; Núm. 6:5-6, 7, 18; Ez.5:1;44:20;27:30-31; I Sam 1:11;14:25; II Sam 14:26; Jz. 13:05;16:7;16:22; Jer. 07:29; 48:37; 16:6; Gên. 25:25;27:11; Atos 18:18; 21:24 (Cerimônias; Paulo rapar a cabeça); Lucas 12:7;21:18; Deu. 14:1; Mat. 05:36; Jó 04:15; Isaías 7:20; Amós 8:10; Lament. de Jer. 04:07; Apoc. 1:14, Neemias 13:25; Hebreus 11:32-33 e outros que aqui não caberiam. Citando um deles, menos "alusivo ao tema, pois refere-se a uma princesa,  mas que pode suscitar comparações sobre a importância do cabelo para os judeus de todos os tempos, teríamos: "A sua cabeça está sempre erguida como o monte Carmelo. Os seus cabelos são como a púrpura, até um rei ficará preso nas suas tranças". (Cântico dos Cânticos 7:5) e um bem significante, que diz:“Durante todo o tempo de seu voto de nazireato, a navalha não passará pela sua cabeça, até que se completem os dias, em que vive separado em honra do Senhor. Será santo, e deixará crescer livremente os cabelos de sua cabeça.” (Números 6:5-6). Vemos em ambos, que cabelos longos são mais aprazíveis ao Deus bíblico que a pretensiosa falácia do senso comum e defensores do “cabelo curto” em homem – não que este seja errada, não é isso o propósito desse texto. E quando Paulo comenta em Coríntios II:14, o faz como contraponto à influências pagãs, sendo favorável a ter cabelo longo para votos mosaicos (provisório ou para a vida toda). Judeus passaram a usá-los curtos à medida que se viram escravizados por outros povos. O cabelo, para eles, era sinal de liberdade, obediência e separação (tanto para nazireus, quanto para benjamitas, etc.); e na época de Paulo, o Império Romano já havia tirado deles o que não mais tinham, por assim dizer. Portanto, é natural que os auto-relevos mostrassem homens de cabelo semi longo ou  curtos, em sinal  não da "preferência divina", mas sim do nível de decadência que se encontravam, a ponto de não terem mais a aparência que o livro de Números, de Levítico, de Juízes, etc. requeriam dos hebreus como aparência ideal. Muito dessa "influência" sobrevinha sob falsos profetas: "Matem esse falso profeta e assim tirarão o mal do meio do povo". (Deut. 13:5). 3º Os demônios sátiros da mitologia judaica (melhor excetuar-se o termo "demônio"), eram provavelmente peludos, sim, talvez (hipótese), assim como Esaú ("O meu irmão é muito peludo...". Gên.27:11), mas não deve-se confundir "pêlos" com "cabelos". Este último, é objeto de mandamento bíblico em prol de que cresça para toda vida ou para oferta à Deus. O fato de os sátiros terem pêlos, não incorre no fato de que pessoas cristãs convertidas não o  possa ter, pois tanto cabelo quanto pêlo, crescem segundo genética herdada, tanto para "bons" quanto para "maus". Cabelos e pêlos, são intrínsecos à raça humana (primatas, felinos, etc. têm pêlos também), seja ela judaica, agnóstica, "demoníaca", celestial, cristã, islâmica, etc. 4º Possuí-los longos, não importa o comprimento, não implica em ser "do demônio", pois a própria ação da natureza ajudou a que nazireus não tivessem a aparência dos egípcios, seus vizinhos próximos, e se comparassem ao que chamavam de "incircuncisos", como os filisteus, e pudessem adorar a seu Deus sem que o fosse vergonhoso. Adotar costumes egípcios/filisteus, perante os sacerdotes nos templos/tendas à Javé, seria vergonhoso. Ao perder esse costume (cabelo longo) representou para os antigos judeus ter que "assimilar" justamente o costume do inimigo: “Mas estes, como criaturas irracionais, por natureza  feitas para serem presas e mortas, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção”. (2 Pedro 2:12). Além de mudar a aparência prescrita em Deuteronômio, outras penalidades recairiam, como: "O Senhor os castigará, fazendo com que fiquem loucos, cegos e confusos". (Deut.27:28). Hoje, cabelo curto no homem tem, por trás  desse velho "espírito" de contenda, onde, adota-se o costume escravista do capital, do ideal burguês, dirigi-nos para ignorar que a Bíblia jamais aconselhou isso. A própria ideia de "cabelo curto" no tempo de Paulo, não é a mesma de nossos dias (anos 2000). Muitas mulheres no tempo deste, apareciam de cabeça raspada devido àqueles costumes religiosos extra judaísmo/cristianismo, ao passo que os  homem faziam o contrário, deixando o cabelo ornado, longo, com gestos assexuados, conforme influência de deuses como Bacco, Ísis, Vênus e outros: “Em termos de culto pagão, temos que ter presente que a cidade, antes de ser romana (conquistada e destruída em 146 antes de Cristo), era grega. Por isso imaginemos todo contexto da religião grega com seus vários deuses. Foi o local, por exemplo dos famosos jogos ístmicos, em honra de Poseidon (deus do mar, que para os romanos era Netuno).100 anos após a destruição romana, a cidade foi refundada, por Júlio César, que viu no local um ponto estratégico importante e contruiu uma colôna romana. Hoje, de tudo isso, restam apenas ruínas. como (...) do tempo de Apolo”. (http://www.abiblia.org/). João Batista, Thiago, Jesus, Isaías, Ezequias, Samuel, conheciam essa ideia de "procrastinação" aos mandamentos e sabiam que cabelo longo é sinal de obediência e tê-los curtos, representava a decadência moral e espiritual da cultura hebraica e cristã. "Durante todo período do seu voto de nazireu, não deverá cortar o cabelo (...)". Núm. 6:5. Basta perceber o quanto Roma apresentava o perfil de cabelo curto no homem, e justo ela, uma influência contrária ao costume judaico. Essa nação encaixar-se-ia na previsão em Deuteronômio, que dizia: "O Senhor Deus fará vir contra vocês, de longe, lá do fim do mundo, um povo estrangeiro que fala uma língua que vocês não entendem. Eles os atacarão como uma águia. São gente cruel, que não respeita os velhos, nem tem pena dos moços". (Deu. 28:49-50). Esse episódio na história judaica, repercutiria de sobremodo seus costumes já mesclados com outros povos que sobre ela vêm infringir, como gregos ptolomaicos, assírios, egípcios. Saduceus são exemplo disso.Os judeus eram unidos, comungando em tudo (Lemaire), e mantiam-se como tal, mediante o desenvolvimento de elementos que mantivessem-nos sob a Aliança: "O Senhor Deus diz: "Moradores de Jerusalém, eu fiz uma aliança com vocês que foi selada com sangue". (Zac.9:11). Em suma, o Deus encontrado na Bíblia não parece requerer cabelo curto de ninguém, mas tão somente, reclama-os conforme a fé que a Ele venha a ser seja comprometida por outras influências: “Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses”. (Gálatas 4:8). Assim, em nossos dias, Ele poderia restaurar o mandamento que o fez para Samuel, para que todos hoje em dia não mais cortassem o cabelo (hipótese), até porque o uso do cabelo curto NÃO é devido aos mandamentos bíblicos (a Bíblia manda-os serem longos para símbolo d'Ele na terra e obediência, enquanto que se o forem, reitero, para deuses FORA do convênio mosaico ou cristão, que sejam,segundo Paulo, vergonhosos). O movimento Rock'n roll não tem nada a ver com isso, é um fenômeno separado social, cultural e artístico, de fundo político ideológico que pode até mesmo fazer refletir muito mais que uma pretensiosa "pregação cristã". A afirmação contrária de que rock é do demônio, cabelo curto é coisa de cristão, é sem cabimento e ignora completamente os que têm cabelos longos em sinal de reverência e caráter (Sikhs, nativos da Oceania, apaches, nazireus, etc.), e o verdadeiro teor no legado de Paulo e de toda a Bíblia. Por fim, não ignoremos a pérfida e disfarçada influência capitalista (socialismo também incorre nesse âmbito, pois na Berlim Oriental agiam como os militares no Brasil, na da repressão aos estudantes). Essa influência aparece sob  aspectos como: a alienação do capital sobre o homem; a queda do absolutismo, que aboliu certos costumes, como cabelo longo; associação do cristianismo moderno com aquele capitalismo (igrejas evangélicas atuais e católicas), gerando comércio, sujeição social, desta vez unindo trabalho e religião. Portanto, os valores bíblicos foram tão corrompidos que cabelo curto parece "ideal", quando na verdade é exatamente o contrário, essa ideia tanto na Bíblia quanto no Capitalismo, representam sim, a escravização humana. Só que o capitalismo "mascarou-a" melhor. Um provérbio chinês diz: “A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?”. Eu diria que se ajustássemos nossa mente e coração de tal forma a evitar julgamentos errôneos, deixaríamos de defender só cabelo curto aqui, rosto barbeado ali. Muitos gênios da música clássica, profetas mosaicos antigos acima citados, usaram-no longos. "Longhair - an enthusiast of the arts and specially of classical music". (SIGLER,2011, pág.275). Se estou  enganado, cito o que disse Alexander Puschkine: “Gosto mais do engano que nos eleva / do que das verdades obscuras e baixas”. E tudo o que Deus fez é "muito bom" (Gên. 1:31).

REFERÊNCIAS

KUMAR SINGH, Raj. The Significance of Male Hair. http://www.choisser.com/longhair/rajsingh.html. Acesso em 15 de julho de 2012.

LEMAIRE, André. História do Povo Hebreu. São Paulo: José Olympio Editora.

SIGLER, Roger. Our Longhairitage: Bringing Peace and Health to Your Head. Bloomington: Westbow Press, 2011.