Bullying não ocorre somente na escola: o que é? Quais os tipos? Como evitar?

Autor: Elaine Rose da Silva
Co-autor: Bruno Alves da Silva

Resumo:
A cada dia tomamos conhecimento através das mídias, e até mesmo de pessoas próximas, de mais casos envolvendo a prática do bullying nas escolas. Porém o que poucos sabem é que este não é o único local de ocorrência de tal prática e nem mesmo só as crianças são vítimas de agressões psicológicas ou físicas.
É possível contornar e evitar a situação, mas é extremamente necessário o diálogo e cooperação de pais, professores, psicólogos, enfim de todas as pessoas envolvidas e próximas à vítima e agressor.

Palavras-Chave: bullying, escola.

Bullying é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - valentão) ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz (es) de se defender. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.
O bullying é causado pela necessidade de um indivíduo de se impor sobre outro para satisfação pessoal e demonstração de poder. Isso acontece essencialmente entre adolescentes e crianças, quando essa necessidade é maior, pois é quando a sua "definição social" e a sua personalidade estão se formando e se estabilizando.
Freud explica: o agressor precisa sentir que exerce poder sobre os outros, além de querer ganhar prestígio e atenção. Ninguém tem coragem de detê-lo, muito menos de defender o agredido, devido ao medo de ser a próxima vítima.
O único modo de um individuo não sofrer bullying da parte de outra pessoa, é mostrar que não se deixa afetar e nem tem medo, pois o poder que sente o agressor, apenas existe se a pessoa agredida se sentir humilhada e inferior. Se o individuo agredido se impuser e enfrentar, então o efeito de bullying é como que anulado uma vez que não tem qualquer efeito de satisfação pessoal no individuo agressor.
Existem vários tipos de bullying:
Verbal: chamar nomes, ser sarcástico, lançar calúnias ou gozar com alguma característica particular do outro ("gordo", "caixa de óculos", etc.)
 Físico: puxar, chutar, bater, beliscar ou outro tipo de violência física
 Emocional: excluir, atormentar, ameaçar, manipular, amedrontar, chantagear, ridicularizar, ignorar, etc.
 Racista: toda a ofensa que resulte da cor da pele, de diferenças culturais, étnicas ou religiosas.
 Cyberbullying: utilizar tecnologias de informação e comunicação (Internet e seus recursos: e-mails, sites de relacionamentos e vídeos) para hostilizar, deliberada e repetidamente, uma pessoa, com o intuito de magoar e difamar. Outros meios como telefones celulares, filmadoras e máquinas fotográficas também são utilizados.
Na escola, ou em outro lugar, a criança pode ser vítima de rejeição, humilhação ou isolamento, mas ela precisa saber que tem um lugar no mundo que é seu, e lá ela é amada. Isso será fundamental para que ela se reconstrua e se veja como alguém além das aparências ou das condições sociais que podem a tornar diferente de um grupo ou mesmo da maioria. Ela deve saber que é mesmo única, porque é especial.
"Todos nós somos responsáveis pelo bullying ao pensar só nos nossos filhos e não nas outras crianças, ao estimular a competição acirrada e impiedosa, por padrões materiais e de aparência. Porque enchemos nossos filhos de coisas, mas não lhes damos noções de solidariedade." (OLIVEIRA, 2007, p.26)

Na maioria das vezes pais e professores só ficam sabendo do problema através dos efeitos e danos causados, como a resistência em voltar à escola, queda de rendimento escolar, isolamento, depressão, distúrbios psicossomáticos, fobias, etc. Também faz parte dessa violência impor à vítima o silêncio, isto é, ela não pode denunciar à direção da escola nem aos pais, sob pena de piorar sua condição de discriminada.
Segundo o médico pediatra Lauro Monteiro Filho , fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), todo ambiente escolar pode apresentar esse problema. O papel da escola começa em admitir que é um local passível de bullying, informar professores e alunos sobre o que é e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática. Os professores podem identificar os atores do bullying - agressores e vítimas. Ao perceber o bullying, o professor deve corrigir o aluno. E em casos de violência física, a escola deve tomar as medidas devidas, sempre envolvendo os pais:
"A escola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua existência. (...) O agressor não é assim apenas na escola. Normalmente ele tem uma relação familiar onde tudo se resolve pela violência verbal ou física e ele reproduz isso no ambiente escolar".

Embora não haja números oficiais, a prática de atazanar colegas ? muitas vezes confundida por pais e educadores com uma simples brincadeira ? já envolve 45% dos estudantes brasileiros, segundo estimativa do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes) , organização com sede em Brasília. O índice está acima da média mundial, que variaria entre 6% e 40%.
O Caminho é este: uma educação dentro da família, uma conscientização reforçada pelos valores, como o respeito, dentro das instituições de ensino, que proporcione mais conhecimento e preserve a saúde psicológica prevenindo este mal.
Não importa o tipo ou a vítima, a prevenção contra o bullying pode ser bem simples quando realizada desde cedo:
Na escola ? as escolas devem investir em prevenção e estimular a discussão aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Os professores têm um papel importante na prevenção:
 Observe com atenção o comportamento dos alunos, dentro e fora de sala de aula, e perceba se há quedas bruscas individuais no rendimento escolar.
 Incentive a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças através de conversas, trabalhos didáticos e até de campanhas de incentivo à paz e à tolerância.
 Desenvolva, desde já, dentro de sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre alunos.
 Quando um estudante reclamar ou denunciar o bullying, procure imediatamente a direção da escola.
Em casa ? as crianças tendem a se comportar em sociedade de acordo com os modelos domésticos. É fundamental rever o que ocorre dentro de casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa é fundamental. O ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda no berço. É necessário que os pais fiquem atentos quanto ao comportamento dos filhos, durante e após o uso dos computadores e dos aparelhos de comunicação fixos e móveis. É necessário dialogar abertamente e refletir sobre o uso irresponsável dessas tecnologias de informação e comunicação.
Na Internet ? o cyberbullying ou bullying virtual é uma das formas mais agressivas de Bullying. Os adolescentes costumam ter amigos apenas na escola, no clube ou em cursos que frequenta, até pela dificuldade de locomoção, diferentemente dos adultos. O adolescente precisa fortalecer sua autoestima e aumentar os seus referenciais de acesso, que são as pessoas com quem se relaciona. Os pais e responsáveis, ao notarem o bullying, devem imprimir as conversas e levar até uma delegacia para que se apure os fatos de um provável inquérito, uma vez que, dependendo do nível de ameaças, o cyberbullying pode ser considerado ato criminoso. Em relação aos jovens, os pais devem aconselhá-los a se afastarem e observarem outros grupos de pessoas para perceberem que a visão que eles tem no mundo virtual não se repete no mundo real.
Lembre-se: o diálogo aberto é o fator mais importante na prevenção do bullying, seja na escola, em casa ou no mundo virtual.
Para evitar-se o maior alastramento de casos de violência (física ou psicológica) envolvendo a prática de bullying, é necessário que as crianças aprendam desde cedo, e dentro de casa, que as pessoas são diferentes umas das outras e que é fundamental que todos saibam respeitar essas diferenças.
Os pais devem fornecer um ambiente saudável (independente da classe econômica, religião, etc.) que transmita ao jovem uma conduta que será aprimorada na escola e desenvolvida em sociedade. Conduta esta que o permita com a diversidade sem julgar ou ser julgado e, caso isto aconteça, ele saiba lidar com a situação sem se tornar uma vítima passiva.

Referências Bibliográficas:
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070623105023AABeUBY
http://jovem.ig.com.br/oscuecas/o_que_rola/2009/03/07/bullying+virtual+4578900.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bullying
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/bullying-escola-494973.shtml
http://veja.abril.com.br/especiais_online/bullying/abre.shtml
http://www.espacoacademico.com.br/043/43lima.htm
BOETIE, ETIENNE DE LA. Discurso da Servidão Voluntária. Brasiliense, 1999.
OLIVEIRA, Thelma B.. O Olho do Tempo. Bauru, SP, 2007.