Bullying na escola, um conflito que gera exclusão e deixa marcas silenciosas na vida de suas vítimas, excluindo-as do seu direito de ser tratado como ser único e incomparável.
O bullying é uma forma de violência frequente, ocorrida entre colegas dentro do ambiente escolar. Esse fenômeno é definido por sua intencionalidade e pela prolongação do ato. Essa violência acontece entre jovens e crianças de todas as classes sociais e não está restrito a nenhum tipo determinado de escola.
O termo bullying não possui uma palavra equivalente na Língua Portuguesa, porém várias ações podem ser entendidas como atos dessa natureza: apelidar, intimidar, humilhar, aterrorizar, bater, brincadeiras que ofende, deprecia e humilha e para exclusão declarada dos grupos que acontece diariamente no contexto escolar.
No ambiente escolar, tornou-se comum os alunos não se respeitarem, xingarem-se, apelidarem-se e utilizarem a força física como uma forma de mostrar liderança ou de se defender-se da agressão verbal.
Essa intimidação direta ou indireta que varia da simples gozação até atitudes mais violentas que empreguem a força física, é motivo de preocupação por
educadores, pais e psicólogos se questionam sobre o que fazer para dar fim a esse problema endêmico da agressão e do desrespeito.
Sendo assim, percebe-se que há a necessidade de promover o respeito, a responsabilidade e a tolerância entre os alunos e também entre as famílias e professores, porque o respeito com o próximo não apenas em discursos e sim em atitudes será a consequência de um ambiente agradável e uma maneira de superar os conflitos sociais existentes no interior da comunidade escolar.

Para que seja contornado o efeito da prática do bullying na escola exige que haja mudanças educacionais nos sistemas de ensino que repensem a prática pedagógica, tendo como eixos norteadores a ética, a justiça e os direitos humanos.
É preciso que a escola e os educadores discutam, proponham e desenvolvam projetos com ações coletivas que permitam incluir o aluno e a comunidade na proposta escolar, para que haja um esforço de aproximação, em que todos tentem perceber e conhecer o outro em seu próprio contexto e a partir da sua própria história constitutiva.
Sobretudo, o que percebe-se é que a escola e a sociedade capitalista estimulam o individualismo, onde prevalece as regras, a competição e a avaliação. Assim como, padrões e estereótipos ditos como padrão social ditado pela mídia, que valoriza o ter e não o ser. E isso consequentemente incentiva a aumentar a prática do bullying.
A indiferença às diferenças, seja ela qual for, cultural, econômica ou intelectual e a incapacidade de lidar com ela, produz a mais elevada agressão direta ou indireta, ao ser humano, considerando que as pessoas tem de agir em relação umas às outras com respeito e espírito de fraternidade. Valores como respeito, companheirismo, humildade, não são estimulados nas práticas de convivência social, sendo agravados no ambiente escolar, onde o individualismo, a brutalidade e a intolerância tenham espaço significativo.
A colaboração da comunidade e principalmente do aluno, na proposta escolar, implica em minimizar o desequilíbrio de poder entre adulto e criança, favorece a criação de vincos pessoais e concebe um trabalho de aceitação do outro, faz com que, cada um tenha um papel a cumprir, permite desenvolver a cultura da tolerância, da prática de aceitação das diferenças existentes no cotidiano escolar.
Para Beaudoin & Taylor (2006): Sistemas educacionais que possuem um grande número de regras que são determinados externamente e implementadas de formas diversas por pessoas diferentes enfrentam mais desrespeito e rebelião do que os sistemas que têm regras significativas e internalizadas como valores pessoais (p. 34)
Contudo, é necessário que as propostas discutam questões que valorizem e respeitem as diferenças que compõem os grupos e que em cada uma das diferenças possam ser vistas aspectos positivos para o coletivo.
Para tanto é essencial que os adultos, pais e toda a equipe escolar, incentivem e pratiquem ações de respeito sobre as crianças e estimule-as a discutir regras que poderão ser criadas para serem cumpridas na convivência coletiva, por adultos e crianças, assim como reflitam e discutam com as crianças as questões éticas que visem construir um ambiente democrático, solidário e acolhedor.
Visto que Cidadania e Democracia não se aprende sem praticá-las, e o espaço adequado para o exercício dessa prática é família e a escola, pois essa ação prática garante a efetivação dos valores e princípios da educação escolar consagrados nas legislações, e para tal é necessária uma pedagogia que priorize a participação e a responsabilidade compartilhada e que vise a prática de cumprir o dever e a inclusão social do direito. Pois para se ter um lugar seguro é preciso que a criança tenha liberdade, respeito e dignidade, estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A existência do bullying e do desrespeito vai totalmente contra esse direito. O artigo 17 da Lei n.º 8.069/90 (ECA) define que o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Portanto, superar a cultura do autoritarismo, conhecer e respeitar as diferenças e dialogar com elas para fortalecer a construção de relações interpessoais e do projeto pedagógico pode ser uma alternativa para minimizar a dor de quem sofre as consequências causadas pelo o bullying.