RESUMO

Bulliyng representa as atitudes agressivas e repetitivas, por alguns alunos contra outros, de modo a ridicularizar e infernizar. Para muitos, esses atos de tiranizar, ameaçar, intimidar, humilhar, zombar, isolar, perseguir, ignorar e ofender, "é coisa de criança", brincadeira, mas é na verdade bulliyng. Essas agressões não podem ser consideradas normais, pois suas vítimas se sentem humilhadas e desprezadas.Os insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores magoam profundamente e causam dor, angústia e sofrimento. Levam à exclusão e a danos psíquicos e morais. O bullying pode levar a ansiedade, estresse e à depressão. Por muito tempo a depressão foi considerada uma doença exclusiva dos adultos, mas afeta também a infância e a adolescência. Este distúrbio pode ser percebido em todas as idades e classes sociais. A depressão interfere nas relações sociais e no bem-estar geral e pode levar ao suicídio se não for tratada. A escola precisa atentar para o bulliyng, um problema sério que pode trazer conseqüências desastrosas e que por tal deve ser sanado e banido.
Palavras-chave: Bulliyng - Depressão ? Adolescência - Infância ? Escola

1- INTRODUÇÃO

A palavra "Bully" é de origem inglesa e significa "valentão". Para o termo bulliyng, do mesmo idioma, não existe uma tradução exata na língua portuguesa. Sua ação implica em atazanar envolvendo atitudes de gozação, de agressão, ofensa, humilhação ou mesmo intimidação. Seu conceito e sua prática são amplos, caracterizando-se por e atitudes negativas, executadas repetidamente, ocorrendo quando há desequilíbrio de poder. Podem ocorrer em escolas, universidades, no trabalho ou até mesmo entre vizinhos.
Em entrevista ao Programa Jô Soares (20/04/2010), Jorge Dias de Sousa, pesquisador de assédio moral no trabalho, afirma que este é um tipo de bulliyng. Temendo o desemprego, o funcionário se obriga a agüentar este tipo de comportamento por parte dos colegas ou, mais freqüentemente, da própria chefia. Com o passar do tempo, a insatisfação e o desgosto causados levam ao desenvolvimento de doenças psicossomáticas tais como gastrite, problemas cardíacos, até doenças de pele, e ainda depressão.
O tipo de bulliyng mais evidenciado é o escolar. Os locais mais comuns de ocorrência desses maus-tratos são os pátios de recreio e os corredores da escola.
Segundo o Diretor-Geral do Maxi, Tomasetti Júnior, tudo começa com a escolha do chamado "pele" (vítima de um agressor ou de uma turma de agressores). O assédio moral e físico é intenso, deixando a vítima constrangida e assustada.
Estudiosos do comportamento bullying entre escolares identificam e classificam assim os tipos de papéis sociais desempenhados pelos seus protagonistas: "vítima típica (aquele que serve de bode expiatório para um grupo), vítima provocadora (aquele que provoca determinadas reações contra as quais não possui habilidades para lidar), vítima agressora (aquele que reproduz os maus-tratos sofridos), agressor (aquele que vitimiza os mais fracos), espectador (aquele que presencia os maus-tratos, mas não sofre diretamente e nem pratica. Este se expõe e reage inconscientemente a sua estimulação psicossocial. (TOMAZETTI JUNIOR- pesquisa eletrônica)
O fenômeno bulliyng tem sido menosprezado pelos adultos, os quais o encaram como "coisa de criança". A gravidade desse padrão de comportamento está longe de ser inocente. Não se trata de meros conflitos ocasionais entre alunos. São situações repetitivas que afetam o psicológico da vítima, sua segurança, como também seu rendimento e a freqüência escolar. Não é um problema simples que pode ser resolvido de um dia para o outro. É um mal que aflige durante um grande período da vida. É uma marca que se carrega, em muitos casos, para o resto da vida.
Sendo, então, o bulliyng, um distúrbio que se caracteriza por agressões físicas e morais repetitivas, causa medo, tristeza e solidão, leva a vítima ao isolamento, a alterações emocionais e a depressão.
Depressão é uma doença com sintomas próprios. Os seres humanos experimentam sentimentos transitórios de tristeza em alguma fase da vida, os quais desaparecem sem tratamento ( o que não se trata de depressão). O que diferencia a depressão das tristezas do dia-a-dia são a intensidade, a persistência e as mudanças de hábitos normais das atividades.
Vale ressaltar que os deprimidos não devem ser considerados loucos ou psicopatas. Sua duração e importância são suficientes para comprometer a vida de um adolescente em todos os sentidos. A depressão também se mascara por doenças como anorexia nervosa e bulimia.
Acreditava-se que a Depressão era uma resposta emocional à problemática da vida, e que nesse sentido, adolescentes e crianças, não seriam afetados por ela. No entanto, muitas pessoas apresentam sua primeira crise depressiva durante a adolescência entre os 13 e 18 anos.
Seu diagnostico na infância é difícil, pois os sintomas podem ser confundidos com pirraça ou birra, mau humor e agressividade. Manifesta-se a partir de situações traumáticas como separação dos pais, mudança de escola, morte de uma pessoa querida ou animal de estimação, entre outros..
Andrei (1999: p. 55), propõe a existência da dicotomia Criança ? flor. Esta dicotomia é rica em paralelismo e significado para a vida em sua dinâmica final. Afirma que "a flor é a criança do reino vegetal e como toda criança é linda, qualquer que seja sua origem e cor, desde que tratada com o mesmo carinho e desvelo".
Os sintomas da depressão na criança podem ser perfeitamente percebidos pela família e pelos professores, dentre eles cita-se: sentimentos de desesperança, de culpa, de inferioridade, dificuldade de concentração e de memória, cansaço, angústia, pessimismo, agressividade, falta de apetite, isolamento, apatia, insônia ou sono excessivo, freqüentes queixas de dores, baixa auto-estima, idéia de suicídio ou pensamento de tragédia ou morte.
Para ANDREI (1999: p.55), a flor e a criança têm um brilho intenso, mas fugaz. Sua trajetória é curta, não se pode mantê-las para sempre e "acabam; a flor, em poucos dias ou semanas e a infância humana em poucos anos". Na dinâmica da vida, elas acabam para se poder alcançar o estágio final do desenvolvimento: nas plantas, o fruto, nos homens, o ser adulto.
A dicotomia criança ? flor passa a ser fruto verde ? adolescente. "O fruto verde já tem tamanho de fruto maduro, porém é duro, sem sabor e às vezes intragável", comenta Andrei. Essa passagem não é repentina nem suave, "entre a infância e a maturidade existe a fase do fruto verde, nas plantas, e da adolescência para os homens, fase cheia de perigos e dificuldades". (ANDREI, 1999:55)
As mudanças na fase da puberdade também podem desencadear a depressão na adolescência. Há muito descontentamento quanto ao quadro físico. Meninas querem ter seios fartos, pernas bem torneadas, grossas e pele de bebê. Os meninos se preocupam com barba e músculos. Essas insatisfações podem interferir na auto-estima, na aceitação pessoal causando também problemas depressivos. De repente um adolescente alegre e expansivo se transforma. Abandona tudo o que apreciava, afasta-se de todos, além de tender a irritar-se com facilidade. Nesse sentido a fala de uma aluna de 11 anos, de 5ª série é passível de reflexão sobre bulliyng e depressão:

Bulliyng é uma discriminação, feita por alguns cidadãos contra uma única pessoa. Quando alguém diz que seu cabelo está estranho, você provavelmente vai correndo para o espelho mais próximo para se arrumar. Agora imagina duas, três, dez pessoas, todo o dia, falando mal do seu cabelo, de coisas que você não tem culpa por ter ou muitas vezes por não ter. Sim, isso seria completamente insuportável, quer dizer, sua auto estima fica lá embaixo. Existem crianças que se suicidam, mas não com a idéia de que a vida delas é uma droga, e, sim, de que eu vou morrer porque sou feia e tudo que eles dizem é verdade. ( M. M. N. A. - de uma escola de Brasília, DF),

De maneira similar a de um fruto: "evolui a adolescência". Em ambos os casos, se processa uma a transformação contínua até se chegar à fase adulta; "proveitosa, caso os perigos tenham sido evitados ou afastados, danosa, se o começo da maturação foi descuidado". (Andrei, 1999:56)
O agressor de bulliyng, por exemplo, o pratica para obter poder; conquistar popularidade na escola, ou mesmo para esconder seu próprio medo, amedrontando outros.

Os frutos em formação e os adolescentes não têm personalidade específica como tem a infância e a maturidade. A adolescência tanto nos frutos como nos homens, é uma fase transitória de maturação, sem responsabilidade nem utilidade própria, mas vital para a futura vida útil. (ANDREI, 1999:56)

Os adolescentes encaram situações novas e muitas pressões sociais que levam, talvez, os mais sensíveis e sentimentais a desenvolver quadros de depressão. Demonstram sintomas de confusão, solidão, rebeldia, descontentamento e angústia. As relações sociais do adolescente com os pais e com o grupo de amigos podem ser fonte de ansiedade e confusão. Quase sempre se acham injustiçados.

Esta fase é sem duvida crucial para o desenvolvimento humano e nela se definem como será a pessoa adulta. Os pais e entidades que lidam com adolescentes, ou mesmo, pré-adolescentes se perderem de vista as manifestações precoces e os pequenos desvios de conduta, em pouco tempo estarão diante de um adolescente incontrolável ou de um adulto desajustado. (ANDREI, 1999:57)


Na busca de uma solução para seus conflitos, os jovens podem recorrer às drogas, ao álcool, à prostituição ou a agressividade na tentativa de aliviar a ansiedade e encontrar tranqüilidade de vida. Na década de 90, os Estados Unidos se depararam com uma onda de tiroteios em escolas realizados por alunos que se intitulavam vítimas da prática do bulliyng.
Vários motivos tentam explicar suicídio dos adolescentes: os fatores de ordem sexual, drogas, timidez, fracasso escolar, problemas sentimentais, relação familiar, e transtornos de conduta. No entanto se passar por isso sem depressão, certamente, não se suicidará. A depressão, alteração afetiva predominante no ato suicida, desde sua intenção até o suicídio de fato, figura em primeiro lugar entre os fatores psiquiátricos associados ao suicídio. Os sintomas depressivos mais associados ao suicídio do adolescente dizem respeito ao severo prejuízo da auto-estima, aos sentimentos de desesperança e à incapacidade de enfrentar e resolver problemas. À medida que a depressão vai se agravando a baixa da auto-estima vai piorando.
Partindo do pressuposto que basicamente a prática do bullying se concentra na combinação entre a intimidação e a humilhação, em uma forma de abuso psicológico, físico e social, fica nítida a estreita correlação entre bulliyng, depressão e suicídio, principalmente na adolescência.
Um dos casos mais chocantes de bullying escolar foi o de Curtis Taylor, aluno do oitavo ano de uma escola secundária em Iowa, Estados Unidos. Ele foi vítima do bullying durante três anos. Era espancado nos vestiários da escola. Suas roupas eram sujas com leite achocolatado e seus pertences eram enxovalhados. Curtis Taylor não resistiu ao sofrimento e humilhação e suicidou-se em 21 de Março de 1993. (Wikipédia, 2007).
Percebe-se quanto poder tem o bulliyng na vida de um adolescente. Esse poder avassalador poderia ser perfeitamente explicado pelas teorias psicanalíticas de Lacan o qual indica a dimensão do sujeito. O Estágio do espelho (1936), como formador da função do eu, coloca o sujeito sempre diante de outro sujeito, e, inaugura um Lacan propriamente psicanalista, que privilegia o imaginário, que "centra a questão do reconhecimento do desejo e do desejo de reconhecimento, como um círculo de alienação permanente do humano.

Por um lado, ao inatismo (e sua hereditariedade) e ao ambientalismo, enquanto determinações exógenas ao sujeito e, por outro, a toda filosofia da consciência, que centra sua especulação na consciência de si e na idéia de indivíduo... o sujeito reage a algo, nele mesmo, que lhe é estranho, embora não perceba que o faça, e essa coisa à qual ele reage é a própria "outra coisa" que não ele mesmo, o seu ser social. Na verdade, a consciência de si é reflexão a partir do ser do mundo sensível e do mundo da percepção e é, essencialmente, um retorno a partir do ser outro de si, a particularidade do desejo humano que, sendo consciência de si, nessa alteridade com o objeto, tem também consciência do outro (humano), como consciência de si, e buscará sua satisfação nesse encontro com esse outro que, de certa forma, é si mesmo. Kojève cunhará a expressão "o desejo é o desejo do outro". Nesse sentido, toda relação humana é com o desejo do outro. (OGILVIE, 1991, p. 87).


Assim, o fenômeno mental não pode ser isolado como um objeto em si, ou como efeito de um corpo, ou como representação da vida mental de um indivíduo, "mas remetido a um conjunto social, cuja articulação se dá pelo comportamento, que irá indicar sua significação ampla". (OGILVIE, 1991, p. 59).

Enquanto corpo humano (...) é a manifestação de alguma coisa de muito mais complexo: a situação objetiva que faz com que os corpos humanos estejam presentes e sustentada na existência; a duração no tempo e o desenvolvimento no espaço, que seriam impensáveis se considerassem o corpo isoladamente, separado das múltiplas relações sociais que, antes mesmo de lhe conferir uma configuração particular, permitem-lhe simplesmente estar presente. (OGILVIE, 1991, p. 60)

O fato psíquico, comportamento e sociedade, implica o lugar social do homem, afirmando três pontos: o papel da atividade do sujeito e a dependência desse sujeito com relação a uma situação externa.

Tenho 17 anos, fui "o bicho" até os quinze, por isso atrasei meus estudos. Fiz coisas que não dá nem pra contar, me arrependo, pe claro, mas me ajudou a amadurecer mais cedo. Em casa eu sou chamado muitas vezes de filha da p..., sabe o que é, né. Não conheço meu pai, fui criado por avô, por tio. Minha mãe foi um problema pra família quando se envolveu com meu pai, não era do gosto deles. Meu sonho é ser psicólogo e ajudar pessoas. Leio tudo que vejo sobre Psicologia. Li sobre inteligência racional que é aquela que serve para aprender, guardar na memória, ter profissão... e li sobre inteligencia emocional que a tem a ver com os nossos sentimentos. Quem tem uma inteligência emocional boa supera as perdas, os problemas familiares o preconceito e o bulliyng. Eu acho que a minha inteligência emocional é muito boa. ( sic: F. 17 anos, 8ª série, Uruará, 04/2010)

Analisando as idéias de Lacan apresentadas por Olgivie (1991), conclui-se que o ser humano é um ser social. É de sua natureza, da sua essência, amar e ser amado, querer e ser querido. O seu valor, enfim, sua auto-estima, se processa como num espelho pelo olhar do outro. Necessita-se, no decorrer da vida, da aceitação e da aprovação do outro. Nesse sentido, fica claro porque o bulliyng tem um poder tão destrutivo na vida de uma criança, adolescente e mesmo de um adulto.
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Se eu contar a minha história com o bulliyng...! Quando eu mudei aqui nesta cidade eu tinha sete anos. Era alegre e ótima aluna. De repente eu não sabia mais ler, não conhecia mais as letras, não escrevia nem mais meu nome. Foi por causa do bulliyng. Eu não fui aceita. Sou do sul, tenho sotaque, sou alta, magra, negra e tenho cabelo loiro, sou diferente. Aqui o bulliyng é parte da cultura deles, e eles nem sabem o que é isso. Eles me apelidavam, me humilhavam. Perguntavam quanto eu cobrava pra assombrar uma casa, para assustar na noite de hallowen, na sexta feira santa, treze, e tantas outras coisas. Estudei um ano em cada escola, mas não me livrava daquilo. Hoje, minha família tira da boca pra eu estudar na escola mais cara da cidade. Parece que gente que tem dinheiro não faz isso, sei lá, na escola não acontece mais. Fiz curso de modelo de passarela, participei de desfiles, fui elogiada, mas eu nunca vou achar que eu tenho algum charme ou alguma beleza. (sic: C.N.P.A.A, 14 anos. 8ª série, Itaituba/ 03/2010)

A psicopedagoga da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ângelo Debiase de Uruará, Pará, na função de orientadora educacional, observando determinadas situações de preconceito entre os alunos preparou um projeto que envolvesse a comunidade escolar no intuito de amenizar o problema.

O preconceito é uma forma de comportamento que o ser humano adquire por meio de opiniões infundadas gerando violência física e moral , tornando um grande problema no ambiente escolar. através dessa inter-relação de circunstancias, cotidianamente presenciadas na escola, de pessoas de natureza espontânea não generosa, se expõe o preconceito, muitas vezes não percebível, que humilha e exclui aqueles que não se enquadram nos padrões convencionais de cor, nível social, e entre outros aspectos. (sic: profª Cida, orientadora, 04/2010)

No decorrer de sua pesquisa bibliográfica sobre o tema preconceito, analisando mais apuradamente as freqüentes situações de conflitos, concluiu que na verdade se tratava de Bulliyng.

E eu que sou moreno mesmo, sou daqui do Pará...inventei de pintar um topete loiro, uma mecha no cabelo. Tava na moda. Por causa dessa história de loira burra, que também é bulliyng, passaram a me chamar assim: loiro burro. Tudo que acontecia de errado na hora da aula, ou do jogo era culpa minha. Um outro falava alguma besteira, respondia errado qualquer coisa que a professora perguntava e já era eu, o loiro burro. Não adiantou cortar o cabelo e deixar na cor normal até hoje me chamam de loiro burro. (sic: P. 15 anos, 8ª série, Uruará, 04/2010)

Bulliyng significa usar a superioridade física ou moral para intimidar alguém. "Não é brincadeira, como tem sido encarado. É um fenômeno mundial, um grande problema, violência moral. Gera brigas na escola. É preciso denunciar o bulliyng". (sic: orientadora Cida, 04/2010)
Eu digo que Bulliyng é diferente de preconceito porque eu sou branco, meu cabelo é claro e aqui no Pará a maioria das pessoas são mais morenas. O problema é a diferença. Eles me chamavam de leite azedo, macarrão de hospital, macarrão sem tempero, de macaxeira, e nem lembro mais o que tanto. Eu tinha vontade de brincar de jogar bola... Mas não dava. Participar deste projeto tem me ajudado muito. ( sic: L. 15 anos, 8ª série, Uruará, 04/2010)

Depois da apresentação do projeto a equipe de trabalho (professores e gestores), escolheu-se oito alunos de 8ª séries para a construção de uma cartilha informativa e para mini palestras nas salas em horários alternados.

No começo, eles acham engraçado,quando a gente expõe o assunto, depois acabam entendendo, se interessando e levando a sério. Dão exemplos de bulliyng. Sempre, eles tem uma história pra contar que já presenciaram ou mesmo que sofreram.Nós pretendemos continuar com o projeto apresentando em outras escolas. Tem uns filmes na Internet que estamos esperando pra baixar, pra passar para os alunos. Tem também aquele caso Curtis Taylor... Queremos preparar um material sobre ele, pra passar... (sic: B, 15 anos, 8ª série, Uruará, 04/2010)

Em suma, o Bulliyng trata-se de um problema mundial, encontrado em todas as escolas. Vem se disseminado largamente nos últimos anos e recentemente tem sido estudado no Brasil. Pode causar ansiedade, estresse, dores não-especificadas, perda de auto-estima, problemas de relacionamento, abuso de drogas e álcool e Depressão.
Ao primeiro sinal de depressão, os pais devem acolher a criança e encaminhá-la a um profissional. O apoio da família e a psicoterapia são importantíssimos. A depressão infantil desencadeia várias outras doenças tais como: anorexia, bulimia, etc. Sentimentos de culpa por sua simples existência podem estar presentes como parte dos sintomas depressivos. Nesse sentido, é importante considerar o discurso do adolescente que alimenta intenção de suicídio.
O papel dos pais, tanto dos agressores quanto dos agredidos, é fundamental para combater a violência moral nas escolas.
Pais e educadores precisam encorajar as vítimas de bullying a denunciar seus agressores, pois a vítima costuma sofrer em silêncio, com medo de represálias.
As vítimas do bulliyng devem: evitar a companhia de quem o pratica. Jamais falar com o agressor sozinho, não responder as provocações, não manter a agressão em segredo, não se intimidar e relatar os fatos aos pais, professores, coordenadores e responsáveis.
No âmbito geral, numa preocupação latente da família, da escola e do Poder Público, é importante que se encaminhe, desde a puberdade, para atividades sadias. Isso os manterá longe dos vícios, das tentações apresentadas como caminho da luz, numa disputa com os maus caminhos, visto que quanto mais perniciosos mais atraentes são.
Encaminhando o adolescente para ajudar irmanamente crianças carentes, orfanatos e o semelhante desafortunado, certamente funcionaria como estratégia humanizadora, levando-o a tornar-se, desde cedo, num cidadão ativo e consciente.
É papel da escola saber lidar com a situação, inclusive, há normas do Ministério da Educação que obrigam a escola a evitar o bullying.
"Nenhuma escola pode ignorar tal ocorrência, comumente perceptível em seus domínios. Cabe à escola coibir atitudes agressivas, protegendo tanto os agressores quanto o agredido. De fato, ambos, agressores e agredidos, apresentam problemas psicológicos que, caso não tratados, podem explodir desastrosamente, como mostra o documentário de Michael Moore, 'Tiros em Columbine', ou então o filme 'Elefante', que trata este tema". (TOMAZETTI JUNIOR- MAXI-IN.COM)

A observação é o indicador básico e inicial para a atuação da escola nesse caso. Olhar, escutar, pensar, sem julgar, sentir para agir, configuram uma prática psicopedagógica preventiva. Esta atuação não se constrói da noite para o dia. É um processo que se reorganiza e que se reelabora constantemente.
É extremamente necessária a construção de vínculos positivos. A partir desses vínculos se poderão perceber, através das sinalizações dos alunos, como a comunicação e os relacionamentos estão acontecendo dentro e fora da sala de aula. Serão os vínculos positivos os indicadores para o bom desenvolvimento da ação psicopedagógica.
O papel da Psicopedagogia Escolar é fundamental. Através do psicopedagogo o bulliyng pode ser prevenido, detectado e sanado, contando com a parceria e colaboração de professores, supervisores, Da familia e dos próprios alunos.
É preciso olhar com atenção tanto para a vítima quando para o agressor, que muitas vezes, pode estar vitimando outras pessoas por ter sido vítima de bulliyng no passado. Quando verdadeiramente se olha e se escuta uma criança ou um adolescente, é possível perceber como este ser está pensando e sentindo.
Tanto agressor quanto a vitima necessitam de um acompanhamento psicopedagógico, envolvendo também a família.








REFERÊNCIAS

ANDREI, Decebal Corneliu ( org). Reencontro com a Esperança: coletânea. M&C Gráfica- Londrina- PR 1999.
ASSUMPÇÃO, F. B. Jr. Depressão na infância. Pediatria Moderna. 1992.
BANDIN, J. M.; et al. Depressão em crianças: características demográficas e sintomologia. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 1995.
CHESS, S. e HASSIBI, M. Princípios e práticas da psiquiatria infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
Estatuto da Criança e do Adolescente. Secretaria da Criança e assuntos de família.Imprensa Oficial do Paraná. Curitiba. Pr.

OGILVIE , B. (1991). Lacan: a formação do sujeito. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Lacan, J. (1998). O estágio do espelho como formador da função do eu. In J. Lacan, Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1936)

WWW.MAXI.IN.COM.BR- Bulliyng
www.virtualpsy.org/infantil/suicídio.html