Breves sobres considerações sobres: crise de identidade, crise de poder e crise cultural

                                                            Edson Luis Ismael do Carmo

            Ao longo da nossa vida, nossa identidade vai – se alargando de maneira universal. Mas todo o universal tem o seu chão, é desse chão, dessa marcha original que nenhuma água lava, que pretendo falar. Fazendo em um momento em que a emergência de uma cultura à escala global se vai potenciando que é pelo contacto intenso e incontornável entre cultura diferentes mais ou menos distantes sobre si.

            Eu após alguns minutos após ter tido a intenção de entregar meu trabalho final da disciplina criação e produção de projectos culturais ao então Professor Carlos Vargas, senti-me mal por após a correcção, pois não fui original me mapeei de bibliografias e citações, e não obtive sucesso. Então busquei ser mais eu neste trabalho, ser o mais original possível, talvez se fosse há três anos atrás eu conseguiria desenvolver este, com mais apreço dedicação e esforço. A partir dai comecei a pensar e desenvolver minha ideia e me fiz uma pergunta, que foi a seguinte: O que está se passando com a minha identidade?

           O professor ficou surpreso por não haver citações de autores Brasileiros como Gilberto Freire, Milton Santos dentre outros. Pois a imagem, a valorização da identidade traduz – se na construção de uma imagem positiva prevalecente de nós brasileiros, neste momento floresceu a imagem sintomática da minha identificação e do meu sentido de pertença, a imagem e me fez redescobrir, me passou a contemplar com optimismo, alegria e simplicidade.

           Posso julgar que este dia 4 de Junho de 2010, foi um dia de abalar-me onde, o forte do brasileiro é ter uma fé inabalável, pois tudo que almejamos, fazemos de tudo para o conseguir, lutamos e pedimos com fé em Deus e tudo dará certo.

           Estou longe de Cuiabá, há 4 anos, e confesso sentir me fraco, hoje sem as mesmas idéias do principio quando aqui cheguei, posso dizer que mesmo com todos estes anos ainda hoje defendo o Brasil assim como se eu ainda estivesse no exercito, as coisas com relação ao Brasil ainda continuam nítidas, mesmo com a boa condição de vida que Portugal nos favorece como por exemplo bens matérias como: casa, carro, celulares, poder de compra e uma casa linda equipada com uma enorme lareira típica da Europa, devido aos dolorosos invernos, não fizeram com que eu minimiza – se  a minha verdadeira identidade. Como disse Gilberto Freyre  em seu poema[1].

Outro Brasil que vem ai

 

“Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e regiões.
As mulheres do Brasil em vez das cores boreais
terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco.
Qualquer brasileiro poderá governar esse Brasil
lenhador
lavrador
pescador
vaqueiro
marinheiro
funileiro
carpinteiro
contanto que seja digno do governo do Brasil
que tenha olhos para ver pelo Brasil,
ouvidos para ouvir pelo Brasil
coragem de morrer pelo Brasil
ânimo de viver pelo Brasil
mãos para agir pelo Brasil
mãos de escultor que saibam lidar com o barro forte e novo dos Brasis
mãos de engenheiro que lidem com ingresias e tratores europeus e norte-americanos a serviço do Brasil
mãos sem anéis (que os anéis não deixam o homem criar nem trabalhar).
mãos livres
mãos criadoras
mãos fraternais de todas as cores
mãos desiguais que trabalham por um Brasil sem Azeredos,
sem Irineus
sem Maurícios de Lacerda.
Sem mãos de jogadores
nem de especuladores nem de mistificadores.
Mãos todas de trabalhadores,
pretas, brancas, pardas, roxas, morenas,
de artistas
de escritores
de operários
de lavradores
de pastores
de mães criando filhos
de pais ensinando meninos
de padres benzendo afilhados
de mestres guiando aprendizes
de irmãos ajudando irmãos mais moços
de lavadeiras lavando
de pedreiros edificando
de doutores curando
de cozinheiras cozinhando
de vaqueiros tirando leite de vacas chamadas comadres dos homens.
Mãos brasileiras
brancas, morenas, pretas, pardas, roxas
tropicais
sindicais
fraternais.
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
desse Brasil que vem aí”.

 

 

          Mesmo convivendo sempre ouvindo criticas e palavras duras que ferem o sentimento, nunca usei a mascara de me posicionar contra o minha identidade. No trabalho, vizinhos, conhecidos de percursos, e até mesmo na faculdade, ouço sempre: que o Brasil é um pais de miséria, violência, que possuímos mal governo, que falta educação, a corrupção, constitui motivos de critica, as vezes me sinto tão triste em ver brasileiros também com essas palavras, como se de alguma maneira falar mal do Brasil fosse uma arma para sofrem menos aqui Portugal. Os problemas  acima salientados que existem , sim existem , mas usar esses pontos negativos para se favorecer isso é que mancha uma nação. Mesmo tendo um país com tantos problemas, são contudo insuficientes para tirar minhas ideias de progresso lá no Brasil, pois hoje apenas vivo um trânsito pois apenas resido em Portugal temporariamente, estudo e trabalho. Contudo é importante falar dos sentimentos uma característica da minha identidade. Relação a este outro generalizado que é Brasil. Estar lá em casa, lembrar das experiências que lá vivi, que partilhei, dos lugares, da minha família, meus filhos, amigos minha infância juventude alimentam as minhas pertenças.

 



[1] Poema escrito em 1926 e publicado no livro "Poesia Reunida", Editora Pirata - Recife, 1980, que nos foi enviado pelo escritor Antônio Prata.

 

REFERÊNCIAS :

Almeida, Onésimo Teotónio. “Em busca da clarificação do conceito de Identidade Cultural – o caso açoriano como cobaia” in Actas do I Centenário da Autonomia dos Açores. vol. II, Ponta Delgada: Jornal de Cultura, 1995.

Beck, Ulrich. Was ist Globalisierung. Frankfurt: Suhrkamp, 1997.

Blockeel, Francesa. Literatura Juvenil Portuguesa Contemporânea: Identidade e Alteridade. Lisboa: Caminho, 2001.

Lourenço, Eduardo. “«Lá fora» e «Cá dentro» ou o fim da obsessão” in Destroços: O Gibão de Mestre Gil e outros ensaios. Lisboa: Gradiva, 2004.