A narrativa "O estrangeiro"  de  Albert Camus  insere   o leitor de forma singular e pragmática no âmago das teorias existencialistas de Jean Paul Sartre e Martin Heidegger . O texto de Camus ilustra o conflito anímico existente entre a essência da liberdade do ser e a sua contradição gerada pela influência do  contexto social vigente.

           Nessa perspectiva, o autor constrói um universo em que os fatos sociais descritos por Émile Durkheim não são totalmente válidos como uma razão  sistemática que harmoniza e controla as relações e conflitos sociais. Tal fato gera um fator de questionamento e emulação existencial em que a realidade se inscreve na essência do próprio agente a validade dessa sentença na obra de Camus conjuga um código de sobrevivência moral particular para cada individuo.  Esse código e a introspecção psicológica  do personagem principal ,Meursault, ultrapassam a barreira do existencialismo analítico atingindo uma intensidade onírica . Esse fenômeno eleva a complexidade filosófica da obra devido ao questionamento da validade de emoções e comportamentos que estão inseridos no cerne da cultura comportamental  universal .

            O principal eixo critico da obra "O estrangeiro" gravita em torno da problemática insolúvel gerada pela falta de racionalidade dos  órgão jurídico nos quais utilizam  o poder de decisão judicial  como um placebo que  supostamente sanará os dilemas ético e sentimentais de uma sociedade marcada pelo desejo ilusório de uma justiça jacobina dotada de espetáculos e manipulação da opinião pública. Tal fenômeno é reutilizado analogamente  de  maneira  hercúlea  e  inescrupulosa  pela a  mídia no século XXI promovendo uma parcial homogeneização  de  cunho antropológico e intelectual da população  mundial.

               A obra "O estrangeiro" de Albert Camus necessita ser analisada como um processo de avaliação de metáforas no qual objetiva a desconstrução de mecanismos de alienação e controle societários que retiram do individuo a sua essência e singularidade.