BRAÚNA


Lucas Kennedy Silva Lima
Alexandre Eduardo de Araújo

Nome Popular braúna, braúna-do-sertão, braúna-parta, coração-de-negro, ibiraúna e etc.
Nome Científico Schinopsis brasiliensis
Família Anacardiaceae

Discrição botânica (raiz, caule, folha, flor, fruto)

Raiz
Raiz axial, profundas para captar água encontrada mais camadas mais profundas do solo do semiárido.
Caule
Possui tranco ereto, bem conformado, de 50-60 cm de diâmetro. A copa é quase globosa, não muito densa. Os ramos são providos de espinhos fortes de até 3,5 cm. A casca é cinza-escuro, quase negra, áspera, desprendendo-se em porções irregularmente quadrangulares.


Folha
São compostas pinadas, de 9-17 folíolos oblongos, de 3-4 cm de comprimento por 2 em de largura, obtusos no ápice, verde-escuros na face superior e pálida na face inferior. Quando maceradas, apresentam fraco odor de resina.

Flor
Possui flores pequenas (3-4 mm de diâmetro), brancas, glabras, suavemente perfumadas, dispostas em panículas de até 10-12 em, pouco vistosas.

Fruto
O fruto é alado, até 3,5 em de comprimento, de cor castanho-claro, cheio de massa esponjosa, é dispersado pelo vento.


AMBIENTE ONDE É ENCONTRADA E PORTE

Do Nordeste até o norte de Minas Gerais e Goiás na caatinga, penetrando a oeste até Mato Grosso e Rondônia. O corte sistemático a que é submetida torna hoje em dia mais difícil O conhecimento da real área de ocorrência e freqüência da braúna.
É uma das maiores árvores da caatinga, de 10-15 m de altura.


MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO

Reproduz-se exclusivamente por sementes.
Obtenção de sementes: Colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea. Os frutos assim obtidos podem ser diretamente utilizados para semeadura, não havendo necessidade da retirada da semente de seu interior. A semente está envolta por um tegumento lenhoso (caroço) difícil de ser rompido. Um quilo de sementes (com caroço) contém aproximadamente 6.600 unidades. A viabilidade de suas sementes em armazenamento é curta, não ultrapassando 90 dias.
Cultivo de mudas: Os frutos, quando imersos na água, se intumescem em 48 horas. Colocar as sementes para germinar logo que colhidas em canteiros a pleno sol, contendo substrato arenoso. A germinação ocorre em 15 a 20 dias, numa porcentagem de mais ou menos 80%. Quando as mudas apresentarem a segunda folha definitiva e tenham em torno de 5 cm de altura devem ser imediatamente transplantadas, pois a espécie tem raiz axial muito desenvolvida e sensível; se quebrada, a planta morre. O desenvolvimento das plantas no campo é considerado médio.
Plantio: A braúna pode ser semeada diretamente no lugar definitivo, depois das primeiras chuvas, ou plantada com mudas. É aconselhável plantá-la em formações mistas, de modo que possa se desenvolver dentro do maciço florestal, alcançando um crescimento mais rápido para a formação de hastes retas e livres de galhos. Depois de 20 a 30 anos estará em condições de fornecer um diâmetro capaz de ser aproveitado economicamente em obras de marcenaria. Pode ser plantada em reflorestamentos junto com outras espécies nativas da caatinga ou utilizada para enriquecer capoeiras ou matas devastadas, prestando atenção de escolher lugares de solos profundos e férteis.


UTILIZAÇÃO DA PLANTA E CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA

Medicina caseira: seus rebentos são usados popularmente contra a histeria e o nervosismo. A tintura da resina é tônica (em pequena dose).A braúna é usada para fins medicinais também pelos índios karíri-xoco e xoco: a casca triturada e cozida é usada para aliviar dores de dentes. O chá feito da casca é usado para aliviar dores de ouvido.
Uso veterinário popular: usado no tratamento de verminoses dos animais domésticos.
Planta ornamental: a árvore é bastante ornamental, podendo ser utilizada com sucesso na arborização urbana.
Restauração florestal: pode ser utilizada para enriquecer capoeiras ou caatinga empobrecida e para a segunda fase da recomposição florestal de áreas degradadas.
Sistemas agroflorestais: sendo uma árvore alta, reta e com raiz pivotante, pode ser usada para composição de quebra-ventos e faixas arbóreas entre áreas de plantio.
Abelhas: as flores são melíferas.
Forragem: as folhas são palatáveis para caprinos e ovinos.
Aplicações industriais: a casca contém tanino e pode ser utilizada na indústria de curtume.
Importância cultural: O nome indígena mostra o profundo e antigo enraizamento dessa planta na cultura dos habitantes do Nordeste. Sem dúvida, a braúna é uma das árvores nobres da caatinga, mas a exploração excessiva e sem reposição levou ao quase esgotamento das reservas da espécie no Nordeste, sendo ela hoje considerada em perigo imediato de extinção no Estado do Ceará e no Nordeste do Brasil, segundo portaria n° 36 do IBAMA, sendo, portanto proibido o corte destas árvores. Por isso, deve ser conservada onde ainda tiver indivíduos da braúna, e deve ser usada com preferência em todo tipo de reflorestamento, seja ele com fins econômicos ou ambientais. Levando em consideração a excelente qualidade de sua madeira, suas utilidades medicinais, apícolas, ornamentais e para fins energéticos, a não extinção e a multiplicação desta espécie é muito importante para o Nordeste, tanto do ponto de vista econômico quanto ecológico.
Madeira: excelente para usos externos, principalmente mourões, estacas e postes, sendo quase incorruptível mesmo quando posta em contato com o solo e resistindo aos terrenos mais úmidos por longos anos. Utilizada também na construção civil, para obras internas, na carpintaria, como vigas, linhas, caibros, ripas, portais, dormentes para estrada de ferro, moendas, prensa de casa de farinha, esteios, pilões, cabos de ferramenta, obras de torno, etc. Pode ser utilizada para produção de álcool combustível, lenha, carvão e coque metalúrgico.

REFERÊNCIAS

MARIA, Gerda Nickel. Caatinga árvores e arbustos e suas utilidades 1º ed. São Paulo, 2004