Nesta nova organização do espaço internacional que se configura, observamos, conforme citado em artigos anteriores, que os BRIcs ( Brasil, Rússia, China e Índia) são novos protagonistas do planeta e que serão pólos de poder em um futuro próximo.

Esta idéia é científica, não sendo vinculada a nenhuma filosofia, partido político ou ainda ao ufanismo tipicamente brasileiro : os Brics iniciaram o irreversível processo de transformar o mundo em pluripolar, substituindo o mundo multipolar do neoliberalismo ( Estados Unidos, Japão e Europa – entre 1989 e 2008).

Afinal, os Brics são poderosos. Populosos, industrializados e com muito capital circulando dentro destes países, possuem no capitalismo intervencionista ( até mesmo a China, que jura que é comunista/socialista é um capitalismo intervencionista em maior grau) sua maior característica comum.

Todos os Brics sãonecessariamente potências geopolíticas regionais e com o enfraquecimento do poder central , ou seja, dos países ricos desenvolvidos, afetados pela crise de 2008, ganharam relevância mundial.

O Brasil é a grande potência geopolítica da América do Sul, pelo simples fatode possuir quase 50 % do PIB regional, da população e do território, sendo que este poder centraliza-se em uma única capital, Brasília.

A vizinhança contudo é frágil, pois apresenta-se de forma desarticulada, possui muitos conflitos entre eles, como disputas por ilhas e saídas para o mar e a crise de identidade, pois não se firmam como capitalistas nem socialistas, permanecendo uma grande divisão no interior destes.

Além disso surgem os ícones do bolivarianismo do século XXI, agora na versão socialista populista, nas personagens de Lugo, Chávez, Evo dentre outros, substituindo o famigerado Fidel Castro.

Este quadro, associado a fragilidade econômica, com menores graus de industrialização, possibilita ao Brasil liderar a América do Sul, ocupando o vácuo de poder deixado pelos Estados Unidos, que se transformou em estado mínimo após a queda do muro de Berlin,do final da URSS e Guerra Fria na década de noventa do século XX.

A História nos mostra que o Brasil sempre apresentou pretensões imperialistas, sendo a grande expansão do seu território um grande exemplo deste pensamento. Além de ocupar parte dos territórios,,criou guerras e manipulou governantes dos países fronteiriços.

O Brasil , na História recente , concede empréstimos e investe nos países sul americanos, como para Paraguai, Uruguai, Argentina Equador dentre outros, sendo que nem sempre o retorno deste dinheiro é amigável e ou garantido. Contudo, para exercer a liderança continental (ou sub-continental) torna-se necessário oferecer, crédito, ainda que incipiente ao padrões mundiais e um amplo mercado consumidor.

O presidente Lula possui ainda mais o ímpeto de transformar o Brasil em uma potência planetária, o que é próprio do antigo sovietismo, que permeia o imaginário da esquerda latino americana, e em função disso, exerce ainda mais a influência sobre a sua região vizinha. É exatamente esta região que concede o status do Brasil pertencer ao seleto grupo dos BRics, as novas potências.

Contudo, a presença do Luis Inácio na presidência da potência regional, criou brechas para que a esquerda da vizinhança também atingisse o poder e questionasse a "influência" do Brasil. Evo e Lugo são bons exemplos, ao questionarem a presença da Petrobrás e a dívida da Itaipú.

Apesar dos pesares, a região da América do Sul é pacifica e o Brasil, inquestionavelmente é seu líder, reconhecido mundo afora. Resta saber, se ao atingir um elevado grau de poder internacional, o Brasil contribuirá para o desenvolvimento regional ou se continuará a criar discórdias e divisões em seus vizinhos, tumultuando ainda mais a conturbada histórias deles.

 Prof. Ivan Santiago Silva - graduado em geografia, pós graduado em Educação eprofessor titular o Instituto Superior de Ciências Aplicadas do curso de Geografia, nas disciplinas  de Organização do Espaço e Geografia Regional