Brasil Caipira

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Bacharel em Direito, Pós Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do Ensino Superior e Educação Empreendedora.

Resumo

O Brasil tem na sua origem a formação caipira, seus costumes estão presentes nas vilas e nas cidades do interior e das capitais. Para entender o Brasil Caipira é só olhar para o passado de todo o brasileiro, que se percebe alguma característica caipira tanto no jeito de falar como no gosto musical, culinária e etc...

Palavra Chave

Caipira, Povo, Brasileiro, Cultura.

Novo Mundo, Terra de Santa Cruz, Terra de Vera Cruz, Brasil, quando o português chega ao litoral brasileiro no século XVI encontra milhares de seres humanos que vão ser denominados de índios pelos seus “colonizadores”; este nome é usado ate hoje em referencia aos povos nativos do Brasil que ainda existem em reservas pelo interior de nossa pátria. Com a chegada do europeu ao Brasil e a fundação da primeira vila (vila de São Vicente) em 1532 no Estado de São Paulo, a um cruzamento de brancos com índios, deste cruzamento surge o mameluco, que não é índio e não é europeu. “Este novo ser é outra coisa como ensina Darcy Ribeiro em sua obra Povo Brasileiro”. Este novo indivíduo histórico e mestiço nasce já como filho do pré-conceito, já não é identificado como índio e nem como europeu, ele é o “Zé Ninguém”.

No processo de colonização através dos engenhos a mão de obra escrava é a forma mais viável, e o escravo negro é uma boa opção de lucro tanto para a metrópole quanto para o senhor de engenho. A substituição do índio pelo negro expandiu os grandes engenhos de açúcar do nordeste chegando a dobrar de tamanho a cada dois anos como nos ensina, Caio Prado Junior em sua obra “Formação Contemporânea do Brasil”. O aumento do trafico negreiro no nos engenhos do nordeste mostra a dependência da produção agrícola brasileira ao trabalho escravo. Com a chegada de milhares de africanos no Brasil o processo de mestiçagem se repete. Da cruza entre branco e negro surge o mulato, que segue a mesma característica de exclusão, ou seja, ele não é aceito na senzala e nem na casa grande, ele é um marginalizado. Neste processo de marginalização os brasileiros ganham sua identidade de povo.

Seguindo esta lógica de formação, os mestiços formam o povo brasileiro. Grande parte destes mestiços  adentram nos sertões levando a colonização metropolitana portuguesa através das  bandeiras e vai se esparramar por todo o solo brasileiro. Na verdade o caipira é este mestiço, ou este bandeirante que em certo ponto de sua história fixa morada em determinado local e ali forma família e constrói os futuros bairros. Os bairros são fundamentais para a sobrevivência deste individuo.  Em uma palestra na Faculdade de Direito de Varginha (FADIVA), o professor doutor Aristides Ribas de Andrade Filho explicou que bairro é uma naçãozinha. Forma carinhosa de entender os bairros rurais da paulistana.

Quando se fala a palavra paulistana, muitos estudantes pensam ser a região do Estado de São Paulo, no entanto a Paulistana abrange os Estados de São Paulo, Minas Gerais, parte do Espirito Santo, Parte do Paraná, Parte do Mato Grosso e parte de Goiás. Estes Estados são o berço do Brasil caipira. Uma rica cultura que durante muito tempo foi pouco estuda, e tratada com preconceito devido a origem simples e o modo harmônico de convive com as riquezas naturais da floresta. Este caboclo como é chamado por muitos estudantes de antropologia é o caipira.

Em um estudo mais apurado se percebe se que o caipira herdou do indígena o domínio sobre as faculdades naturais do relevo brasileiro. O conhecimento de ervas, madeiras e frutos são fundamentais para a domesticação dos sertões em sua rica biodiversidades. Neste sentido entendemos a sobrevivência e a criação dos bairros como fonte de apoio. Lembrando o pensamento de Aristóteles, que de diz: “o homem que vive sozinho é um Deus ou uma besta”, o caboclo vai através da religião e das necessidades básicas de sobrevivência vai se socializar em grupos, destes grupos forma os bairros, destes bairros as vilas e das vilas as cidades como nós explica o processo civilizatório de todos os povos. 

O caipira tem por característica a autossuficiência, ou seja, como o índio ele sabe fazer tudo o que ele vai usar na vida. Ele caça, pesca, doma animais e constroem suas próprias moradias, além de cultivar a terra. Eles têm na religiosidade uma forte tradição de festas e de costumes. Esta herança dos Jesuítas  está presente em muitas festas regionais e populares do Brasil, como por exemplo a festa de São João, que foi trazida de Portugal pelo colonizador e introduzida no Brasil caipira pelos padre jesuítas e pelas bandeiras que são o verdadeiro polo de formação caipira.

Devido o avanço das tecnologias e o barateamento delas, da industrialização e da ideologia do consumo leva a esticão do caipira original. Ficando  apenas alguns costumes e abito, como a culinária, uso de plantas medicinais e criação de animais domésticos. Na musica e na arte ainda se encontra traços de mundo que esta tão distante dos moradores das cidades e mesmo os da roça moderna. O mundo caipira esta apenas no coração e na alma dos brasileiros.