NORTELÂNDIA-MT

ESCOLA ESTADUAL “PROFESSORA IDALINA DE FARIAS”

PROFESSORA ESP.: SIMONI RODRIGUES DOS SANTOS

O ARTIGO SURGE DA NECESSIDADE EM APRIMORAR AS PRÁTICAS DE ENSINO EM LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA.

 

Bons leitores leem e interpretam a própria realidade e sobre ela produzem bons textos.

Todo ato de leitura e escrita, consiste em uma análise histórica, social e cultural do ambiente no qual o individuo esta inserido, haja vista, a multiplicidade de informações advindas de uma geração hiperconectada, onde as aulas de Língua Portuguesa deixam de fazer sentido quando repetem linearmente o que o livro didático estabelece como regra.

Para atender essa demanda tecnologicamente informada, é preciso bem mais que apenas textos, livros e palavras soltas, que para os alunos hoje, não fazem sentido algum se não estiverem associadas á imagem, som e movimentos. O estimulo pela produção parte do querer, “e só se faz bem feito, àquilo que se gosta”. Trabalhar com o cotidiano para estimular a leitura e escrita é papel primordial da escola, pois é nela que centralizamos todas as informações recebidas e reconhecemos como tais serão utilizadas ao longo da vida.

Nesse momento de leitura e escrita é essencial que ao mediarmos a temática que envolverá a produção do aluno, se faz necessário que antecedendo a problemática, haja um processo de sondagem recorrente ao assunto abordado, é preciso conhecer o que o aluno sabe e o que ele é capaz de produzir de acordo com o conhecimento de mundo que o mesmo tem referente ao tema. Partindo dessa sondagem será possível fazer as intervenções necessárias para que o educando, desenvolva o texto de forma relativamente ativa e autônoma, Kleimam (1996 p.158) diz ainda que:

(...) Uma maneira adequada de ativar o conhecimento prévio da criança consiste em fornecer um objeto à leitura, definir objetivos (...).

 É importante e eficaz oportunizar todos os avanços, mesmo que estes pareçam insignificantes aos nossos olhos. Pois para nossos alunos muitas vezes é o melhor que eles podem oferecer. Tendo em vista as condições de leitura e produção de cada individuo. Trabalhar com a valorização do processo de aquisição e não com o produto final é uma das metas da escola inovadora.

Por tanto é necessário não só trabalhar com o êxito obtido por nossos alunos, mas também como o “erro” que em momento de aprendizagem não deveria ser concebido como tal, pois o erro não é passivo de correção, agora o equivoco além se soar de forma menos agressiva é algo que se possa melhorar ou adequá-lo ás regras pretendidas.

Regras essas que podem literalmente acabar com a criatividade dos alunos, a tradição de que existem formas fixas de produção acabam por limitar a criação e desenvolvimento dos mesmos.

Esse ensino (...) em vez de incentivar o uso das habilidades linguísticas do individuo, deixando-o expressar-se livremente para somente depois corrigir sua fala ou sua escrita, age exatamente ao contrario: interrompe o fluxo natural da expressão e da comunicação com atitude corretiva (e muitas vezes punitiva) cuja consequência inevitável é a criação de um sistema de incapacidade e incompetência (...) Bagno ( 1999, p. 107 a 108).

Para que a leitura seja estimulante é importante voltá-la para o que o educando gosta de ler, qualquer leitura é valida, desde que o leitor saiba identificar a função social que a mesma proporciona. Quando o leitor compreende que ler não é simplesmente um ato passivo, ele próprio fará as inferências pertinentes. Mais para que isso aconteça às leituras propostas devem fazer parte do cotidiano dos alunos, pois quando se lê a própria realidade é mais fácil assimilar, compreender e interpretar.

Dessa forma o mediador age como coautor e não mero observador, a receptividade do aluno acontece a partir do envolvimento e o nível de afetividade que se tem sobre o tema/referente. É importante compreender que o aluno-leitor ele só será um bom produtor, se o mesmo lê com a mesma intensidade que produz e vice-versa.

(...) toda e qualquer consideração que se faça a respeito do maior ou do menor (retextualização) deve inalienavelmente (é, pela própria natureza um trabalho a quatro mãos) levar em conta a participação efetiva do mediador ( o professor) no processo com um texto. Ruiz ( 2001, p. 37 e 38).

No momento da produção e criação, um dos aspectos a ser considerado é a liberdade criadora sem interrupções, a espontaneidade é o que fará a diferença, pois é partindo do que se tem (o texto produzido pelo aluno) que o educador fará as devidas interversões, mostrando aos alunos onde os mesmos se equivocaram e em quais momentos deveram fazer as devidas correções.

Trabalhar com os equívocos nas produções textuais, não significa punir ou humilhar os alunos, tal atitude causaria danos irreversíveis, na vida escolar dos mesmos, devemos trabalhar essa situação como um momento de reflexão tanto para o educador rever as próprias práticas, quanto para os alunos em corrigir ou melhorar o que já foi feito.

As escolas priorizam o ensino da língua padrão nos conhecimentos de Língua Portuguesa, aprendizado este, que atende a uma sociedade que exige tal postura acadêmica de nossa parte. No entanto, quando se é mediado nas aulas de língua portuguesa o ensino de gramática, percebe-se que a mesma  só não é suficiente para abranger a extensa área da linguagem, é o que afirma Perini (1995, p.27):

(...) na introdução da sua gramática descritiva do Português, diz o seguinte: “ninguém que eu sabia conseguiu até hoje, levar um aluno fraco em leitura ou redação a melhorar sensivelmente seu desempenho por meio de instruções gramaticais”(...).

 Aprender a falar e a escrever bem depende muito de como esse processo acontece, o leitor-escritor precisa conhecer o texto produzido em suas partes, significado e significâncias de cada classe de palavra, de forma a estrutura-lo de maneira coerente e coesa, conhecimentos esses, que precisam estar relacionados ao texto no momento de produção.

A leitura e escrita em qualquer época deixa clara a identidade do autor, a escola deve como mediadora, instigar a participação autônoma dos alunos em escrever e ler, oportunizando situações que favoreçam essa prática. Proporcionando aulas atrativas, dinâmicas com metodologias que realmente mostre aos nossos alunos onde e em que momento da vida ele utilizaram tais conhecimentos, identificando as competências e habilidades que os mesmo desenvolveram com cada atividade e quais os objetivos a serem atingidos, reforçando sempre que não é o produto final o importante, e sim o processo e as ações desenvolvidas que façam realmente significados para nossos alunos e que possibilite aos mesmos o exercício pleno da cidadania.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

KLEIMAN.  A. B. Texto e  leitor:  aspectos cognitivos  da  leitura. Campinas:  Pontes,   1992. Oficina de leitura:  teoria e prática. Campinas: Pontes, 1996.

PERINI, M. (1995): Gramática Descritiva do Português, 2a edição, Rio de Janeiro, Editora Ática.

POSSENTI, S. Por que (não) ensinar a gramática na escola. São Paulo: Contexto,

1999.

RUIZ, E. Como se corrige redação na escola. São Paulo: Mercado de Letras, 2001.

BAGNO, Marcos (1999), Preconceito linguístico. O que é, como se faz,

São Paulo, Loyola.