RESUMO

Considerando os documentos (1) Manifesto de Cartagena; (2) Carta de Jamaica; (3) Discurso de Angostura; e a (4) Mensagem de Monroe, e analisando os textos “Bolivarismo y Monroismo, dos términos y uma historia sesgada”, de Enrique Rosas Ledezma, e “Em nome de Bolivar: uma reflexão sobre o mito bolivariano e a historia do poder na Venezuela”, de Thiago Manini dos Reis, apresentaremos as aproximações e distanciamentos entre bolivarismo e monroismo.

APRESENTAÇÃO

Iniciaremos nossa apresentação descrevendo e em que medida esses documentos foram determinantes para o processo de independência da América espanhola.

No Manifesto de Cartegena, Bolívar apresenta suas opiniões sobre a situação atual da guerra de independência, especialmente as causas que levaram ao fracasso da primeira república. Assim, adota um sistema federal, com consequências fatais para os interesses da República da unificação, por outro lado teve a orientação de juízes para garantir a ordem social, que pensou que era o conteúdo e construída com a promulgação de leis. Do mesmo modo que utilizou de filósofos, governantes e da filantropia para a legislação, o que contribuiu para a dissolução total da Primeira República.

Em suma, Bolívar resume as principais causas que acabaram com a primeira república dizendo que se deve primeiro colocar a constituição federal, que era tão contrária aos interesses da República como favorável às intenções dos inimigos. Em segundo lugar, o espírito de misantropia que prendeu dos governantes. Terceiro, a oposição para formar um corpo de soldados cuja força poderia replicar os ataques do inimigo e, finalmente, o terremoto que foi explorado pelo fanatismo da Igreja Católica, que a usou para instigar o medo na população espalhando a crença que era a resposta de Deus às tentativas de independência da coroa espanhola.

Na Carta da Jamaica de 1815, Simón Bolívar foi bem claro no seu desejo de formar uma confederação hispano-americana com as regiões que anteriormente pertenciam ao Império Espanhol, baseado no fato delas terem um passado histórico em comum, as mesmas instituições, professarem idêntica religião, a católica, e terem o espanhol como a sua língua dominante. Nesta sua primeira idéia, que podemos considerar como um esboço da futura união latino-americana ficava de fora os Estados Unidos (por serem anglo-saxão de fala inglesa e de fé majoritariamente protestantes, além de inclinados ao expansionismo), o Haiti e o Brasil (que na época ainda não proclamara a independência). Bolívar afirmou que a aproximação geográfica daquelas regiões também tinha o seu peso. As possibilidades de vir-se a organizar um congresso visando a integração das republicas rebeladas só se deu onze anos depois da Carta da Jamaica.

O Discurso de Angostura faz uma análise sociológica dos venezuelanos, pronuncia-se contra a escravidão e pela democracia; mantém sua preferência pela centralização política e administrativa e propõe um poder moral para prevenir a corrupção administrativa. Empreendeu a ‘Campanha dos Andes’ que culminou com a batalha de Boyacá, a 7 de agosto de 1819, e três dias depois entrou vitorioso em Bogotá.

A Mensagem de Monroe representou antes de mais nada "a expansão de uma política nacional cuja aplicação cabia unicamente ao Govemo dos Estados Unidos.

A Doutrina Monroe, usualmente resumida na expressão "América para os americanos``, na realidade atendeu apenas aos interesses norte-americanos. Não houve solidariedade continental quando os dirigentes estadunidenses opuseram-se ao projeto de união americana no Congresso do Panamá, nem quando o Tratado Guadalupe-Hidalgo (1848) assegurou-lhes a Califórnia, Novo México, Arizona, Utah, Nevada e Texas que foram tomados ao México após vitoriosa campanha militar. Muito menos houve solidariedade continental quando o Tratado Clayton-Bulwer (1850), assinado com a Inglaterra, fixou as respectivas áreas de influência das duas sociedades e os EUA assumiram o compromisso de não empreender sem os ingleses a construção de um canal na América Central.

Baseado nos resumos dos documentos analisados, podemos fazer algumas aproximações e distanciamentos entre o bolivarismo e o monroismo.

Existem várias formas de integração, mas duas podem ser particularmente caracterizadas: uma elimina apenas as fronteiras econômicas para tornar mais lucrativa à exploração do trabalho; a outra se caracteriza como processo de libertação e desenvolvimento com justiça para todos. A participação orgânica da Sociedade Civil e dos trabalhadores se justifica para tornar a forma de integração um processo de libertação. 

O bolivarismo representa a visão pan-americana concebida por Simon Bolívar (1783-1830), venezuelano que dirigiu a luta pela independência da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador. Em vários escritos (cartas e proclamações) defendeu a necessidade de união face à possível contraofensiva da Espanha, apoiada pela Santa Aliança.

Essa idéia de união das sociedades americanas, Bolívar apresentara antes mesmo da Carta da Jamaica. ``A sua exposição prática já é perceptível em um artigo que Bolívar escreveu para o Morning Chronicle, de Londres (5 de setembro de 1810), dizendo que se os venezuelanos fossem obrigados a declarar guerra à Espanha convidariam todos os povos da América a eles se unirem em uma confederação. O plano surge novamente no Manifesto de Cartagena, escrito por Bolívar em 1812, e mais claramente em 1814, quando, como libertador da Venezuela, enviou a circular que condicionou a liberdade dos novos Estados ao que ele chamou de união de toda a América do Sul em um único corpo político.

O Monroísmo representa a visão norte-americana do Pan-Americanismo, bem distinta do bolivarismo e fundada no predomínio dos EUA sobre os demais Estados americanos. Sua primeira manifestação foi a Mensagem Presidencial de James Monroe enviada ao Congresso dos EÚA (1823). Nela, Monroe negava aos europeus o direito de intervenção no continente americano, seja para criar áreas de colonização, seja para suprimir a independência recém-conquistada pela maioria dos Estados americanos.

A análise do documento evidencia que os Estados Unidos opunham-se à Europa da Santa Aliança. Desse modo, a Mensagem de Monroe representou antes de qualquer coisa “a expansão de uma política nacional cuja aplicação cabia unicamente ao governo dos Estados Unidos”. Além disso, a atitude e as palavras de Monroe não continham qualquer garantia que livrasse os demais povos americanos das agressões ou intervenções dos Estados Unidos.

REFERENCIAS

BOLÍVAR, SÍMON. IDEÁRIO POLÍTICO: CARTA DA JAMAICA. Disponível em: http://www.presidencia.gob.ve/doc/publicaciones/otras_publicaciones/bolivar_ideario_politico.pdf. Acesso em 20-11-2012.

BOLÍVAR, SÍMON. IDEÁRIO POLÍTICO: DISCURSO DE ANGUSTURA. Disponível em: http://www.presidencia.gob.ve/doc/publicaciones/otras_publicaciones/bolivar_ideario_politico.pdf. Acesso em 20-11-2012.

BOLÍVAR, SÍMON. IDEÁRIO POLÍTICO: MANIFESTO DE CARTAGENA. Disponível em: http://www.presidencia.gob.ve/doc/publicaciones/otras_publicaciones/bolivar_ideario_politico.pdf. Acesso em 20-11-2012

GADOTTI, Moacir. O MERCOSUL EDUCACIONAL E OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI: La Patria es América. Disponível em: http://siteantigo.paulofreire.org/pub/Institu/SubInstitucional1203023491It003Ps002/Mercosul_Educacional_2004.pdf. Acesso: 20-11-2012.

MONROE, James. MENSAGEM DE MONROE. Disponível em: http://www.historia.seed.pr.gov.br/arquivos/File/fontes%20historicas/doutrina_monroe.pdf. Acesso em: 20-11-2012.