Nessa linha, o Brasil avançou três posições no ranking de países mais competitivos do mundo e tem apresentado desempenho favorável em meio à crise internacional. As conclusões são do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Gerencial (IMD, na sigla em inglês), que divulgou no dia 20 de maio, seu tradicional ranking de competitividade.

Apesar das melhoras, o Brasil ainda está em 40º lugar entre as 57 economias avaliadas. Portanto, ainda é considerado um dos que menos têm condições de disputar o mercado internacional. Em 2008, a posição era 43ª.

Por conta da crise, este ano o IMD criou um "teste de estresse", a partir de indicadores que mostram quais países resistiram melhor às turbulências. O Brasil ficou em 20º lugar, à frente de EUA (28º), Alemanha (24º) e Japão (26º); porém atrás de outros grandes emergentes como Índia (13º) e China (18º), num ranking liderado pela Dinamarca.  Essa colocação se deve principalmente por causa da eficiência do setor empresarial e da estabilidade e coesão social (16ª posição).

Os analistas do IMD atribuíram a melhora especialmente ao item performance econômica, que andou 10 postos e passou a ocupar o 31°, além do bom desempenho do setor empresarial, que subiu dois níveis, atingindo o 27°. Embora esteja bem mais perto do fim da fila do que do início, o Brasil foi o único dos “Brics” que deu passos à frente — a sigla reúne também a Rússia, a Índia e a China, que ficaram menos competitivos neste ano.

Como é feito o estudo
O estudo analisa 323 indicadores, divididos em quatro categorias: performance econômica, eficiência do governo, eficiência das empresas e infraestrutura.

O levantamento, feito anualmente desde a década de 1980, foi realizado junto a mais de 13 mil empresários e executivos de empresas multinacionais e procura fazer um retrato da competitividade e a impressão dos empresários em mais de 50 países.

Forças e fraquezas
O Brasil é considerado menos dependente de financiamento externo, porque tem um sistema bancário sólido. E, ainda, conta com um mercado doméstico forte. Em linhas gerais, os países que se saíram melhor na crise são os que têm economia diversificada, indústria com valor agregado e um maior peso dos serviços na economia – segundo o IMD World Competitiveness Center . O desempenho econômico, especialmente no que diz respeito à atividade doméstica, é a sua principal força., já que o país se recuperou da 47ª posição em 2007 para a 41ª em 2008 e 31ª agora.

As principais fraquezas residem na falta de eficiência do governo em todas as esferas -nesse quesito, o Brasil fica em 52º na lista (com destaques negativos para as finanças pública e a legislação para os negócios)- e de infraestrutura, o que inclui as bases tecnológicas, cientificas, de educação, saúde pública e ambiente.

Pesam contra ainda o baixo grau de abertura ao comércio exterior, a persistente taxa de desemprego e o baixo PIB per capita. O Brasil também está em último lugar, por exemplo, no número de dias necessários para se abrir uma empresa e no número de procedimentos necessários para se abrir uma empresa. Está em penúltimo no spread (diferença entre a taxa de juros de captação e a taxa de empréstimo dos bancos).

E o resto do mundo?
A lista é liderada novamente pelos Estados Unidos, seguidos de Hong Kong, que ultrapassou Cingapura neste ano (veja quadro). Nos 10 primeiros, os outros sete estão entre os que oferecem melhores condições de vida a seus habitantes, como os nórdicos. O Brasil ficou à frente da Argentina (55º), Itália (50°), Rússia (49°), África do Sul (48°) e México (46°). Mas atrás de Peru (37°), Coreia do Sul (31º), Índia (30°) e China (20°). De um ano para o outro, os russos perderam duas posições, os indianos, uma e os chineses, três.

A maioria dos países mostrou estagnação no estudo do ano passado. Economias altamente dependentes do mercado externo perderam posições, como é o caso de Taiwan, que passou da 13ª para a 23ª posição. A crise e os ganhos de competitividade do Brasil fizeram com que diminuísse a distância entre o País e nações mais bem colocadas.

Neste ano, foram incluídas mais duas nações - Catar e Cazaquistão -, passando a lista para um total de 57 economias pesquisadas. A Finlândia se destacou como a nação que mais ganhou posições, voltando, inclusive, para o grupo das dez mais importantes do WCY. Já Grécia, Irlanda, Colômbia e Taiwan, ficaram entre as que estão em pior situação, com as maiores perdas no ranking. A Estônia foi a que teve a maior queda (12 posições).

O Chile, uma das economias mais abertas da América Latina, continuou na liderança da região e ganhou uma posição.

Bibliografia:
Jornal Gazeta Mercantil de 20 de maio de 2009
Jornal O Estado de São Paulo de 20 de maio de 2009
Jornal Folha de São Paulo de 20 de maio de 2009
Jornal O Globo de 20 de maio de 2009