Desde o descobrimento do país, quando os portugueses se apropriaram do segredo da extração do pigmento vermelho do pau-brasil, milhares de espécies nativas foram contrabandeadas e transformadas em patentes internacionais.

A Biopirataria ocorre quando há a apropriação, tráfico ou roubo de animal, planta, princípio ativo ou conhecimento tradicional com fins lucrativos.

É um mal que abate e enfraquece cada vez mais o nosso país, incluindo-se a perda de seu patrimônio genético e biosférico (conjunto dos ecossistemas da terra). É uma atividade altamente rentável, que movimenta bilhões de dólares.

Apesar do Brasil ser um país megadiverso, extremamente rico em espécies de animais e plantas. Atualmente são conhecidas aproximadamente 10% das espécies brasileiras, algo em torno de 226 mil espécies, mas esse número pode chegar a quase dois milhões de seres vivos (segundo Eduardo Vélez, Ministério do Meio Ambiente).

O medicamento denominado de Captopril, utilizado para combater a pressão alta, que é resultante do veneno da cobra jararaca brasileira. Ele foi patenteado por uma multinacional, que usa o produto como carro-chefe de suas vendas. O incrível é que o nosso país, inclusive paga royalties para usar o medicamento.

Já o cupuaçu, uma empresa japonesa conquistou os direitos de comercialização da marca "cupuaçu" não só no Japão, mas também nos EUA e na União Européia. Com isso os produtos brasileiros foram barrados naqueles mercados. Depois de muito trabalho na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil conseguiu o cancelamento do registro.

Os produtos brasileiros mais procurados pelos biopiratas das florestas são: casca do jatobá, casca do ipê-roxo, folha da pata-de-vaca, cipó unha-de-gato, casca de canelão e a casca da catuaba. Segundo os especialistas, existem mais de 100 espécies medicinais na flora brasileira.

Outro tráfico bem conhecido é o dos animais, que abastece o mais variado mercado (colecionadores, pet-shop, profissionais de artesanato, etc). Em nosso território, existem 23% do total de espécies em processo de extinção no planeta.
De acordo com estudo do Ibama, só 10% dos animais capturados ilegalmente por ano no Brasil chegam a ser comercializados; os 90% que restam morrem.

Os biopiratas têm passaportes e se camuflam sob muitos disfarces: inocentes turistas bem intencionados, cientistas ou estudiosos da flora e da fauna. Aproveitam a carência social e econômica da nossa população, principalmente dos índios.

Para o Brasil reduzir ou quem sabe acabar com os biopiratas, necessitará de mais fiscalização nas áreas ambientais ameaçadas, fiscalização moderna, proibição de patentes e produtos sem autorização dos países de origem, e principalmente em investimento cultural.