Ultimamente, o mundo tem direcionado seu olhar para uma preocupação latente: a escassez de recursos naturais não renováveis e que estão sendo mal utilizados, especialmente na construção civil.

A recente conscientização de que os recursos do planeta são limitados irá gerar uma verdadeira revolução tecnológica e cultural, igualmente, ou senão mais importante, que a Revolução Industrial.

Não se trata apenas da redução do consumo energético ou da descoberta de energias alternativas, mas também da conservação do nosso capital de recursos, ou melhor, do que nos resta para que as gerações futuras possam suprir suas necessidades.

(JOURDA, 2012)55

Muito tem se falado em sustentabilidade, e esta palavra, agora, virou o tema da moda, mas de que maneira podemos aplicar tal conceito na arquitetura de fato?

É exatamente aí que entra um outro conceito, também bastante mencionado atualmente, o de Bioarquitetura, que nada mais é, do que, a aplicação de técnicas construtivas sustentáveis, específicas para cada parte, para cada ambiente, para cada etapa de uma obra, buscando fazer sempre um melhor uso dos materiais previamente escolhidos, diminuindo a necessidade do uso indiscriminado da água, incentivando, ainda, o seu reaproveitamento, reduzindo a produção de resíduos sólidos, e direcionando-os para aplicações que permitam sua reutilização.

Bioarquitetura é pensar e agir de forma ecologicamente correta.

Dentro da Bioarquitetura, se estende um braço demasiado interessante, especialmente para nosso país, que por ser um país continental, é um grande produtor de recursos naturais. A Bioarquitetura de Terra nos incentiva a utilizar a própria terra crua como matéria prima fundamental na estrutura, fechamento e acabamento das obras, assim como eram feitas as casas, desde os primórdios de nossa história, como, por exemplo, construções de adobe, pau-a-pique e taipa.

O uso da terra como matéria prima e como técnica construtiva, inspirada nas construções antigas e tradicionais, além de tornar a construção mais econômica e limpa, também possibilita mais rapidez na obra, gera poucos resíduos sólidos, e estes, além de não interferirem de forma prejudicial na natureza, ainda podem perfeitamente ser aproveitados em outras obras.

Como se já não bastasse tantas qualidades, existe ainda a mais positiva para os que irão habitar tais construções: a garantia do conforto ambiental interno! Paredes feitas com terra, proporcionam um clima mais ameno internamente.

Com a utilização de técnicas construtivas sustentáveis, relacionadas ao uso da terra como principal matéria prima, cada vez mais haverá procura, pela busca dos benefícios que foram acima citados. Isso também provocará a necessidade de haver cada mais mão de obra qualificada no mercado, consequentemente, abrirá mais oportunidades para mais e mais pessoas, desde os que extraem a matéria prima até os que as aplicam!

A Bioarquitetura, se aplicada de fato, pode proporcionar uma considerável melhora na qualidade de vida humana, social e principalmente, qualidade em aspectos ambientais, reduzindo o uso de bens não renováveis, incentivando o uso racional dos materiais, promovendo a consciência ecológica, além de garantir construções mais limpas, com menor custo financeiro, com mais rapidez e, não menos importante, criando ambientes confortáveis termicamente, melhorando o bem estar individual.

Sustentabilidade é vida.

Arquiteta e Professora Universitária Marina Fernandes Carvalho