BH do amanhã

José Maria Couto Moreira*


Mais empolgante, e alegra nossa alma, é quando assistimos a uma manifestação unânime que acena com um otimismo carregado de esperanças e alegorias provocativas do futuro do planeta. Foi o que despertou os cariocas e o público brasileiro quando da inauguração festiva do Museu do Amanhã, na antiga cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, aquele espaço à beira do mar azul que nos legaram os irmãos portugueses.
No Rio, a implosão do viaduto que por lá corria, aquela massa hirsuta e escura de concreto armado junto aos insuportáveis ruídos veiculares, cedeu a uma solução urbanística vanguardeira de delicada plasticidade, só comparável às adotadas nos centros mais civilizados do mundo. O novo museu conta-se como mais uma ação efetiva e aplaudida de internacionalização da cidade, a que se juntam o arrojado edifício da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, e o novo Museu da Imagem e do Som, que se ergue numa arquitetura instigante e bela na Avenida Atlântica. Este conjunto de atrações prenuncia o sucesso nas Olimpíadas a se realizarem no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, obras que se conjugarão para emprestar à cidade a lembrança de uma Barcelona de Gaudi, também a beira mar plantada.
Enquanto isso, Belo Horizonte, que agora experimenta uma vida cultural mais agitada do que outras capitais, aguarda uma intervenção urbanística que proporcione a seus moradores um orgulho maior do que permite traduzir sua eloquente história.
O circuito cultural da Praça da Liberdade representa um avanço extraordinário no esforço memorial e pedagógico, resultante da conjugação de esforços comandada por Aécio e Anastasia, finalizada com a Sala Minas Gerais. A Cidade Administrativa, conquanto se lhe oponham inconveniências, foi uma realização arquitetonicamente virtuosa, e nada visionária como ação administrativa, cujo defeito o tempo corrigirá, qual seja a implantação de um transporte público rápido e confiável. Esta iniciativa valorizou o vetor norte da cidade, até então condenado a melhorias secundárias. E a estas melhorias se ajuntam a construção da nossa futura catedral, cuja planta, retirada da alma genial de Niemeyer, é executada pelo entusiasmo de nosso eminente arcebispo, e completará o desenho futurista de uma nova região.
Contudo, nossa capital merece uma benfeitoria a torná-la ponto de visitação ou estada obrigatória.
Ao governo passado foi sugerida a edificação no sopé da serra do curral, em arquitetura avançada, de um instituto de altos estudos, que acolheria o tema da liberdade (patrimônio moral dos mineiros) abrangendo outras vertentes do pensamento. Conteria também uma documentação museológica vasta do que representa a liberdade em todos os tempos e em todo o mundo, revelando ainda em requintes midiáticos os movimentos insurrecionais civis e militares ocorridos no país, inclusive a guerra com o Paraguai, episódio pouco conhecido dos brasileiros.
Uma iniciativa deste porte credenciaria BH a figurar no “index” das cidades notáveis.

*Advogado