Benefícios da aplicação de Auditoria Interna conforme a norma série ISO 19011 nas empresas de pequeno porte no Brasil.
Cláudio Luís de Faria¹
Dalvo Ramires Balzon²
RESUMO
A proposta deste Artigo é elucidar os benefícios da aplicação de Auditoria Interna de
primeira parte conforme Guerra (2002) com base nos critérios da norma ISO
9001:2008, conforme Manãs (1994), em empresas de pequeno porte no Brasil,
sendo estas de qualquer seguimento de mercado. Procuramos abordar as principais
características da auditoria de primeira parte, identificando as aderências e
flexibilidade que permitem sua adequação ás peculiaridades do ramo da empresa e
da maneira pessoal de gestão do administrador. Os resultados apontaram para
vantagens competitivas, melhora nos processos, redução de custos por meio da
redução de retrabalhos e melhora das ações corretivas nas análises criticas dos
processos.
Palavras chave:
¹Bacharel em Administração de Empresas com Ênfase em Gestão de Negócios.
²Professor e Pesquisador em Economia e Meio Ambiente.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente em torno de 157 países integram a ISO ? International
Standardization Organization, a ISO é especializada em padronização, cujos
membros são entidades normativas de âmbito nacional, no Brasil é representada
pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que podem ser utilizadas
igualmente por todos os países do mundo.
Cerca de 157 países integram esta importante organização internacional,
especializada em padronização, cujos membros são entidades normativas de âmbito
nacional e o Brasil é representado pela ABNT.
Esta pesquisa tem como objetivo elucidar os conceitos e vantagens que a
Auditoria de primeira parte, conforme Guerra (2002) e Manãs (1994) poderá
contribuir para a obtenção de melhores resultados e maior segurança nos processos
das empresas de pequeno porte no Brasil.
A hipótese da pesquisa é que a Auditoria de primeira parte nas empresas de
pequeno porte no Brasil poderá colaborar diretamente com a obtenção de melhores
resultados, práticas administrativas e produtivas através da multiplicação de novas
técnicas para a sociedade empresarial.
Justifica-se a hipótese pelo fato do tema referido ser de suma importância por
ser atual e poderá contribuir diretamente para esclarecer os conceitos sobre os
benefícios da Auditoria Interna conforme Guerra (2002) em empresas de pequeno
porte no Brasil.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Auditoria ISO 19011
Segundo Dias Reis [apud Vico Mañas (1994)], a auditoria interna da
qualidade é, a nosso ver, a principal ferramenta que a alta administração possui para
acompanhar e redirecionar se necessária, a efetiva implementação do sistema da
qualidade.
Sobre os relatórios emitidos pela auditoria da qualidade, a alta administração
ou o seu representante deve efetuar uma análise critica e discuti-los com as
gerências envolvidas, de forma a aprimorar a implementação do sistema da
qualidade.
Diz Manãs (1994) que "o fornecedor deve implantar um sistema abrangente
de auditorias internas da qualidade, planejadas e documentadas, para verificar se as
atividades da qualidade estão em conformidade com a forma planejada e para
determinar a eficácia do sistema da qualidade".
Segundo Guerra (2002), a auditoria é um processo sistemático, documentado
e independente, para obter evidência da auditoria e avaliá-la objetivamente para
determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos.
Já para Pereira Mello et al (2009), uma vez elaborado o programa de auditoria
interna, este deve ser divulgado para toda organização. Com algumas semanas
(geralmente duas) de antecedência da data marcada para a auditoria, os auditores
devem ser informados do plano de auditoria, ou seja, dos horários e do itinerário que
os auditores pretendem seguir. Esse plano serve para garantir aos auditores que os
responsáveis pelas áreas estarão presentes no horário marcado para acompanhar a
auditoria.
A organização deve selecionar os colaboradores que serão capacitados para
a execução das auditorias internas. Usualmente, essa capacitação é feita mediante
curso de formação de auditores internos, com carga horária mínima de 16 horas;
além disso, essas pessoas devem conhecer bem a norma ISO 9001 e,
preferencialmente, possuir o ensino médio completo. Os auditores não poderão
auditar suas próprias áreas de trabalho, para garantir a objetividade e imparcialidade
do processo.
2.2 Benefício
Para Pereira Mello et al (2009), a maioria dos usuários obtém logo benefícios
mensuráveis no processo dos requisitos da norma em suas operações. Esses
benefícios iniciais são geralmente devidos a melhorias na organização e na
comunicação interna. Os benefícios devem ser reforçados por meio de auditoria
interna eficaz e análise critica pela direção do desempenho do sistema.
2.3 Gerenciamento de um programa de Auditoria
2.3.1 Generalidades
Um plano de auditoria pode conter uma ou mais auditorias, dependendo do
tamanho, natureza e complexidade da organização a ser auditada. Essas auditorias
podem ter uma variedade de objetivos e podem incluir auditorias combinadas ou em
conjunto.
Um programa de auditoria também inclui todas as atividades necessárias para
planejar, programar e organizar os tipos e números de auditorias e para fornecer os
recursos para conduzi-las de forma eficaz e eficientemente dentro do período de tempo
especificado e uma organização poderá estabelecer mais de um plano de auditoria.
2.3.2 Definindo objetivos, escopo e critérios da auditoria
Dentro dos objetivos globais de um programa de auditoria convém que uma
auditoria individual seja baseada em objetivos, escopo e critérios documentados.
Os objetivos da auditoria, de acordo com Dias Reis [apud Vico Mañas (1994)]
definem o que é para ser realizado pela auditoria e podem incluir o seguinte:
a) Determinação da extensão da conformidade do sistema de gestão
auditado, ou partes dele com o critério de auditoria;
b) Avaliação da capacidade do sistema de gestão para assegurar a
concordância com requisitos estatutários, regulamentares e contratuais;
c) Avaliação da eficácia do sistema de gestão em atingir seus objetivos
especificados;
d) Identificação de áreas do sistema de gestão com potencial para melhoria.
2.3.3 Selecionando a equipe de Auditoria
Quando a auditoria for declarada viável, convém que uma equipe de auditoria
seja selecionada levando em conta a competência necessária para alcançar os
objetivos de auditoria. Se só há um auditor, convém que ele execute todos os deveres
aplicáveis a um líder de equipe de auditoria.
Ao se decidir o tamanho e a composição da equipe da auditoria Dias Reis [apud Vico
Mañas (1994)], afirma que convêm que seja dada consideração ao seguinte:
a) objetivos, escopo, critério da auditoria e duração estimada da auditoria;
b) se a auditoria é uma auditoria combinada ou em conjunto;
c) competência global necessária da equipe da auditoria para alcançar os
objetivos da auditoria;
d) requisitos estatutários, regulamentares, contratuais e de certificação/registro,
se aplicáveis;
e) necessidade de se assegurar a independência da equipe da auditoria em relação às
atividades a serem auditadas e evitar conflito de interesse;
f) habilidade dos membros da equipe da auditoria de interagir eficazmente com
o auditado e trabalhar em conjunto;
g) idioma da auditoria e entendimento das características sociais e culturais
particulares do auditado; estes pontos podem ser atendidos pelas próprias habilidades
do auditor ou pelo apoio de um especialista.
Ainda para o autor, convém que o processo para assegurar a competência
global da equipe da auditoria inclua os seguintes passos:
a) Identificação do conhecimento e das habilidades necessárias para alcançar
os objetivos da Auditoria;
b) Seleção dos membros da equipe da auditoria de modo que todo o
conhecimento e as habilidades necessárias estejam presentes na equipe de
auditoria.
c) Se necessário deve ser incluído um especialista e auditores em treinamento
podem participar mais convém que auditem com supervisão e orientação.
d) O cliente e o auditado podem pedir substituição de membros da equipe de
auditoria por motivos razoáveis como conflito de interesses e comportamento
pouco ético, convém que informem o responsável pelo programa de auditoria
para que em conjunto solucionem o assunto.
2.3.4 Atributos pessoais dos Auditores
Convém que auditores para Dias Reis [apud Vico Mañas (1994)] que possuam
atributos pessoais, de forma a permiti-los atuar de acordo com os princípios de
auditoria, como:
a) Conduta justa;
b) Apresentação justa;
c) Devido cuidado profissional;
d) Independência;
e) Abordagem baseada em evidência.
Ainda Dias Reis [apud Vico Mañas (1994)] afirma que convém que um auditor
seja:
a) Ético, isto é, justo, verdadeiro, sincero, honesto e discreto;
b) Mente aberta, isto é, disposto a considerar idéias ou pontos de vista alternativos;
c) Diplomático, isto é, com tato para lidar com pessoas;
d) Observador, isto é, ativamente atento à circunvizinhança e as atividades
físicas;
e) Perceptivo, isto é, instintivamente atento e capaz de entender situações;
f) Versátil, isto é, se ajuste prontamente a diferentes situações;
g) Tenaz, isto é, persistente, focado em alcançar objetivos;
h) Decisivo, isto é, chegue a conclusões oportunas baseado em razões lógicas e
análise; e
i) Autoconfiante, isto é, atue e funcione independentemente enquanto interage de
forma eficaz com outros.
As Características da Auditoria Interna para Dias Reis [apud Vico Mañas (1994)]
são propostas, baseadas nas normas da ISO série 9000, e são avaliadas por
Auditores Internos treinados e capacitadas por um órgão certificador ou consultoria
especializada.
As características destas auditorias são:
a) Autorizadas pela administração superior;
b) Avaliações de práticas reais, evidentes, comparadas com requisitos
estabelecidos;
c) Têm métodos e objetivos específicos;
d) São programadas com antecedência;
e) São realizadas com prévio conhecimento e na presença das pessoas cujo
trabalho será auditado;
f) Realizadas por pessoal experiente, treinado e independente da área auditada;
g) Resultados e recomendações são examinados e, em seguida, acompanhados
para verificar o cumprimento das ações corretivas;
h) Não têm ação punitiva, mas corretiva e de aprimoramento;
i) As auditorias podem ser classificadas quanto ao tipo, à finalidade e à
empresa auditada.
Dias Reis [apud Vico Mañas (1994)] afirmam que quanto aos tipos temos:
a) Auditoria de adequação: é uma auditoria para avaliar a documentação do
sistema implantado, comparando-o com os padrões especificados pelas
normas ISO.
b) Auditoria de conformidade: neste tipo de auditoria o auditor deve procurar a
evidência de que o auditado está trabalhando de acordo com as instruções
documentadas.
Já quanto à finalidade temos:
a) Auditoria do sistema: dá ênfase aos aspectos de documentação e
organização do sistema da qualidade.
b) Auditoria de processo: avalia a execução (projeto, fabricação, construção,
montagem, etc.) de um processo ou serviço.
c) Auditoria do produto: dá ênfase à reinspeção do produto pronto e à análise de
registros dos resultados dos ensaios, testes e inspeção.
Quanto às empresas auditadas, para Dias Reis [apud Vico Mañas (1994) temos:
a) Auditoria interna: é a auditoria realizada sob a responsabilidade da própria
empresa (organização), onde os auditores devem ser totalmente
independentes do setor/serviço a ser auditado. A vantagem deste tipo de
auditoria é que os auditores e os auditados sentem-se mais a vontade para
discutir internamente os resultados.
b) Auditoria externa: é a auditoria realizada sob a responsabilidade de uma
empresa independente da que está sendo auditada. A vantagem é o caráter
de independência associado à experiência trazida pelos auditores de outras
organizações.
2.4 Empresa
Segundo Wikipédia (2011) uma empresa é um conjunto organizado de meios
com vista a exercer uma atividade particular, pública, ou de economia mista, que
produz e oferece bens e/ou serviços, com o objetivo de atender a alguma
necessidade humana.
O lucro, na visão moderna das empresas privadas, é conseqüência do
processo produtivo e o retorno esperado pelos investidores. As empresas de
titularidade do Poder Público têm a finalidade de obter rentabilidade social.
As empresas podem ser individuais ou coletivas, dependendo do número de
sócios que as compõem. No Brasil existem cerca de 6 (seis) milhões e 600
(seiscentos) mil empresas formais, das quais 99% são microempresas e pequenas
empresas.
2.5 Empresa de Pequeno Porte (EPP)
Para Wikipedia (2011) uma empresa de pequeno porte é uma pessoa jurídica
com receita bruta anual entre 240 mil e 1,2 milhão de reais conforme o Ministério da
Fazenda do Brasil. Em se tratando de Empresa de Pequeno Porte, conforme
definido na Lei n.º 9.317, de 06/12/96; os pisos salariais corresponderão em 80%
(oitenta por cento) das funções correspondentes, estabelecidas na clausula 02.
3 METODOLOGIA
Neste trabalho apresentaremos, inicialmente, algumas abordagens sobre o
sistema de Auditoria Interna, de primeira parte. As pesquisas têm característica
qualitativa e foram realizadas no período de 2010 a 2011, tendo como principal fonte
de pesquisa livros específicos sobre Sistema de Gestão da Qualidade e arquivos
eletrônicos fornecidos no curso para Auditor Interno da Qualidade ISO 19011:2002.
A utilização da fonte de pesquisa publicada em 1997, o livro ISO (9000) Um
Caminho para a Qualidade Total, foi proposital. O objetivo é demonstrar que, mesmo
após uma década, esta publicação continua atualizada, comparada com a versão
apresentada por Guerra (2002), pois as cláusulas e/ou critérios sofreram poucas
alterações.
Com objetivo de ter mais subsídio sobre o assunto, não apenas limitando á
pesquisas publicadas em artigos ou livros, participei do curso EAD (Ensino a
Distância) para formação de Auditor Interno da Qualidade ? ISO 19011:2002,
oferecido pela consultoria Com Êxito através do portal www.comexito.com.br. O
referido curso foi composto por oito módulos, diversos exercícios de fixação e carga
horária de 40 h.
4 RESULTADOS
4.1 Identificação dos benefícios
Alguns dos benefícios trazidos para uma empresa que utiliza o sistema de
Auditoria Interna, conforme Guerra (2002) são:
a) Abertura de novos mercados;
b) Maior conformidade e atendimento às exigências dos clientes;
c) Menores custos de avaliação e controle;
d) Melhor uso de recursos existentes;
e) Aumento da lucratividade;
f) Maior integração entre os setores da empresa;
g) Melhores condições para acompanhar e controlar os processos;
h) Diminuição dos custos de remanufatura.
4.2 Pontos Fortes
A auditoria externa, de terceira parte, avalia se uma empresa (ou processo)
está apta a receber o certificado da série ISO 9001. A empresa certificada é
periodicamente avaliada por auditorias de acompanhamento (realizadas de seis em
seis meses). Estas auditorias são feitas para verificar se a empresa continua
atendendo aos requisitos estabelecidos e verificados em auditorias anteriores.
No caso de a empresa não atender aos requisitos estabelecidos
anteriormente, duas atitudes podem ser tomadas pelo órgão certificador segundo
Guerra (2002):
a) Se forem encontradas não-conformidades razoáveis, é determinado um prazo
para uma nova auditoria.
b) Se forem encontradas não-conformidades graves, a empresa pode perder o
certificado; caso o tenha.
5 CONCLUSÃO
A busca de melhorias contínuas no processo produtivo das empresas de
pequeno porte é uma das metas das organizações modernas. A eliminação de
perdas, de retrabalho e de dinheiro está na pauta da maioria das instituições,
públicas e privadas, que pretendem sobreviver nesse mercado cada vez mais
competitivo.
A aplicação da Auditoria, de primeira parte, conforme Guerra (2002), com
base nos critérios da ISO 9001:2008, proporciona ás empresa de pequeno porte
melhor controle de seus processos, melhor utilização dos recursos disponíveis,
aumento de competitividade e melhor satisfação de seus clientes.
Para a aplicação dos conceitos e critérios de auditoria conforme Guerra
(2002), não se faz necessária a obtenção de algum tipo de certificado emitido por
órgão certificador para a empresa que será auditada, porém os Auditores deverão
possuir certificado de conclusão do curso para Auditor Interno.
Para que a empresa seja auditada os conceitos do Sistema de Gestão da
Qualidade deverão estar implementados, pois são fatores predecessores para a
realização da Auditoria Interna.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Normas da família NBR ISO
9000. Disponível em http://www.abnt.org.br/cb25/ em 10/01/2011 as 21 h.
GUERRA, Márcia Regina. Curso de Auditor Interno ISO 19011:2002.
Disponível em www.comexito.com.br em 10/01/2011, as 19:40 h.
MANÃS, Vico. ISO 9000 - Um Caminho para a Qualidade Total. Editora Érica: 1ª
Edição, 1994.
Pereira Mello, Carlos Henrique, et al. ISO 9001:2008 - Sistema de Gestão da
Qualidade para Operações de Produção e Prestação de Serviços. São Paulo.
Editora Atlas, 2009.
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