BEM-AVENTURADOS OS SOLDADOS

A Mão que sustentava o Universo recebeu o prego de um soldado.” (Max Lucado, EUA, 11/01/1955)

Sim, prezado pensador Max Lucado, este seu pensamento é sábio porquanto se coaduna com o Evangelho: “Tendo, pois, os SOLDADOS crucificado a Jesus, (…) Se eu não vir o sinal dos cravos nas suas MÃOS, e não meter o dedo no lugar dos cravos. (…) Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas MÃOS…” (Jo.19:23; 20:25,27)

Os judeus, antigo povo de Deus, dos quais descende Jesus Cristo segundo a carne (Rm.9:5), movidos pela inveja (Mt.27:18; Mc.15:10) e pelo furor (Lc.6:11) rejeitaram Jesus como Messias (o Cristo – Jo.1:41; 4:25), como Filho de Deus, como Salvador (id.1:11), como Rei (id.19:14,15), como Autor da Vida, dando-lhe, como consequência dessa rejeição, a morte (At.3:15); contudo, Deus não rejeitou ao seu povo (Rm.11:1-4).

E, no ápice desta máxima rejeição (Mt.21:42; Mc.12:10; Lc.20:17; At.4:11), coube aos soldados a tétrica missão de incrementar as ações mais atrozes contra Jesus Cristo, desde o seu nascimento.

Com efeito, conforme Mt.2:16, os aquartelados mataram todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém da Judeia, objetivando matar o Menino Jesus (aliás, infanticídio este muito bem retratado na pintura “O Massacre dos Inocentes”, de Peter Paul Rubens (1577–1640), obra datada de 1636–1638.

Noutro tempo (futuro chegado para o pretérito de Jo.7:30), os soldados prenderam a Jesus Cristo (Mt.26:50; Mc.14:46; Lc.22:54) e o maniataram (Jo.18:12); deram-lhe açoites (Mt.27:26,27; Mc.15:15; Lc.23:16; Jo.19:1) e o despiram (Mt.27:27,28,31; Mc.15:20); teceram uma coroa de espinhos e puseram-lha sobre a cabeça (Mt.27:29; Mc.15:16,17; Jo.19:2); escarneceram dEle (Mt.27:29; Mc.15:20; Lc.23:11,36); cuspiram nEle e bateram em sua cabeça com uma cana (Mt.27:30; Mc.15:19); o desprezaram (Lc.23:11); deram-lhe bofetadas (Jo.19:2,3); fizeram-no carregar a sua cruz (id.v.17); deram-lhe a beber vinho misturado com fel (Mt.27:34); crucificaram-no (Jo.19:23) cravando as suas mãos (id.20:25,27); quiseram quebrar-lhe as pernas, mas, vendo-o já morto, furaram-lhe o lado com uma lança (id.vv.32-34); receberam muito dinheiro dos religiosos desgraçados, objetivando cometer a mais deslavada mentira, com a finalidade de encobrir o maior e mais inefável acontecimento da História da Humanidade: A RESSURREIÇÃO DO SENHOR JESUS CRISTO (Mt.28:11-15)!

Jesus Cristo que é a própria Ressurreição e a Vida (Jo.11:25).

E todos sabemos, de sobejo, que esse negócio de receber muito dinheiro, no malfadado universo do embuste, sobretudo no rentável mercado da religião da mentira, da mentira religiosa, ainda está (e como está!) em voga nos tempos hodiernos…

E a soldadesca, depois de haver recebido de João Batista o imprescindível ensino para não mais praticar a extorsão, a denúncia falsa e o descontentamento com o soldo (Lc.3:14), sob as ordens de um pacóvio encarcerou (Mc.6:17) e degolou o mesmo João Batista, o Precursor de Jesus Cristo e maior Profeta de todos os tempos: O rei, pois, enviou logo um SOLDADO da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere.” (id.v.27).

E, na azáfama do fiel cumprimento aos irretorquíveis regulamentos da caserna, logo após a Ascensão do Senhor Jesus Cristo os sôfregos castrenses encerraram na prisão os doze Apóstolos (At.5:18,25,26) e mataram à espada o Apóstolo Tiago (id.12:2); aprisionaram o Apóstolo João (id.5:18,25,26) e, algum tempo depois, noutra prisão, isolaram-no numa ilha, onde, provavelmente, ficou até a sua morte (Ap.1:9); lançaram na prisão o Apóstolo Pedro (At.5:18,25,26; 12:3-4), acorrentaram-no (id.12:6) e, provavelmente, o mataram (Jo.21:18-19; 2Pd.1:14); encarceraram o Apóstolo Paulo (At.16:23; 21:32-33; 28:16,20), deram-lhe açoites (id.16:22-23), acorrentaram-no (id.16:24; 21:32-33), conduziram-no para Roma num navio (id.27:1,6,31,32), intentaram matá-lo na viagem (id.v.42) e, algum tempo depois, provavelmente o mataram (2Tm.4:6).

Jesus Cristo nunca fez acepção de pessoas, deixando de atender a quem quer que seja; e a todos, inclusive os soldados, Ele atendeu com o mesmo Amor indescritível (Mt.8:5-13; Lc.7:1-10).

E a maior porque mais inefável bênção que o Senhor Jesus Cristo concedeu aos soldados é traduzida em Palavras da Vida Eterna (Jo.6:68). Certo dia, os truculentos sacerdotes e fariseus mandaram prender Jesus; porém, antes que as armas dos guardas atingissem ao Mestre, as Palavras da Vida Eterna por Ele proferidas atingiram-nos: “Os fariseus ouviram a multidão murmurar estas coisas a respeito dEle; e os principais sacerdotes e os fariseus mandaram guardas para o prenderem. (…) Alguns deles queriam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs as mãos. Os guardas, pois, foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? RESPONDERAM OS GUARDAS: NUNCA HOMEM ALGUM FALOU ASSIM COMO ESTE HOMEM.” (Jo.7:32,44-46)

Ora, qual o poder de uma espada de aço diante do Poder da Espada do Espírito (Ef.6:17)?

Indubitavelmente, o soldado mais notável naqueles idos foi o centurião italiano Cornélio.

Informa-nos o evangelista Lucas, que o histórico militar desse insigne centurião (que significa comandante de cem (100) soldados) não apresenta nenhum registro de truculência contra os civis indefensos; muito pelo contrário, está dito que esse gentio era “piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus.” (At.10:2)

Contudo, não obstante ostentar altos valores morais e espirituais, Cornélio não era salvo espiritualmente, e necessitou, para ser salvo, alcançar conosco, os remidos, “fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo.” (2Pd.1:1)

Então, após haver ele alcançado a santíssima fé” (Jd.20), fé que é tão somente “dom de Deus” (Ef.2:8), Lucas registra: “… Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a Vida.” (At.11:18)

Destarte, o considerável soldado Cornélio foi o precursor da gentilidade, na fé cristã; por isso, bem-aventurados os soldados (judeus e gentios) que alcançam conosco “fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”, aos quais Deus concede também “o arrependimento para a Vida”. VIDA ETERNA ETERNAMENTE INAMISSÍVEL. Aleluia!

Lázaro Justo Jacinto