RESENHA
FONTES, Jirlan Costa, LIMA, Alexsandra Santana. Bairro Santa Maria: Uma realidade em Sergipe. Aracaju/ Se. 2008. 60 p.

Esta resenha tem como objetivo descrever o processo de urbanização, ocorrido em Aracaju na década de 80 quando houve o processo de expansão habitacional no sentido de adequar um contingente invasor e favelístico, pretendendo destituir alojamentos e favelas localizadas nos bairros América, Tamandaré, Parque da Cidade (morro do urubu) e a favela da Tieta situada no Centro administrativo de Aracaju no bairro Capucho; sendo assim, várias famílias foram transferidas e o local escolhido para dar suporte como moradia foi a Terra Dura, outrora, pertencente ao Município de São Cristovão, mas, que por Decreto da Lei 2811, o prefeito de Aracaju Augusto Gama em 2000, decretou a mudança do nome passando a se chamar Bairro Santa Maria, este pertenceria a Aracaju e daria suporte habitacional a população que vivia em condições inadequadas espalhadas pela capital aracajuana.
Alexsandra Santana Lima é graduada em História pela Universidade Tiradentes (UNIT) em 2008. Atualmente faz pós-graduação em História da Educação pela Faculdade Pio Décimo e cursa Licenciatura de Geografia na Universidade Federal de Sergipe (UFS), é professora de História e Geografia no Colégio Edial na cidade de Nossa Senhora do Socorro ? Se.
Jirlan Costa Fontes é graduada em História pela Universidade Tiradentes (UNIT), 2008. Esta se especializando em História da Educação pela Faculdade Pio Décimo e cursa Licenciatura em Geografia na Universidade Federal de Sergipe (UFS), atualmente trabalha no Arquivo Público de Estado de Sergipe.
Este trabalho foi originalmente a monografia de conclusão de curso, das citadas pesquisadoras desenvolvidas sob a orientação da Profª Dinamara Feldens e vai possibilitar ao leitor viajar no aspecto de compreender como se constituiu um dos maiores e diversos bairros de Aracaju com seus reflexos e contradições socioeconômicas e culturais.
A monografia foi dividida em dois capítulos: O primeiro vai abordar a mudança da capital e o seu desenvolvimento urbanístico, destacando a formação e a expansão do bairro Terra Dura, traçando um perfil urbano e das pessoas que o habitam, que apesar dos vários problemas socioeconômicos e de infra-estruturas, está localizado na zona sul da capital, modelando e definindo o espaço. O segundo capitulo vai elencar o problema da lixeira que fazia parte da comunidade, os eventuais problemas de saúde e as condições insalubres em que viviam.
Aracaju criada para ser a nova capital, em detrimento da decadente São Cristovão, é uma das primeiras cidades planejadas do país calcadas em ideais de modernidade e progresso. Houve a transferência para o então Povoado do Santo Antonio do Aracaju as margens direita do rio Sergipe em 17 de março de 1855, consolidada por Inácio Barbosa que contava com o apoio de alguns que compunha a classe elitizada. A falta de planejamento da construção que adequasse o futuro da nova Capital fez com que desde cedo Aracaju enfrentasse sérios problemas, desde as condições do solo, clima e população.
As cidades não nascem por si só, mas fazem parte de um conjunto em que sociedade e processos ambientais se inter-relacionam, qualquer tipo de mudança em um, resulta conseqüências ao outro. Com estudos e pesquisas de campo realizadas, o bairro Santa Maria que é o nosso objeto de estudo, evidencia este problema, as enchentes, deslizamentos e poluição são constantes, não houve ordenação e aproveitamento da área em expansão em função da natureza; a estrutura física desordenada, as ruas e vielas sem calçamento, esgotos a céu aberto, sem saneamento básico, constantemente exposto a riscos, principalmente em épocas de chuvas, quando as águas escorrem morro a baixo, derrubando barracos e tudo que encontra pela frente.
O Santa Maria é um dos bairros mais populosos da capital aracajuana, de acordo com a SEPLAN- Secretaria Municipal de Planejamento, os primeiros registros de moradores são do ano de 1932, as casas eram edificadas as margens do canal Santa Maria, no qual a economia baseava-se na carvoaria e na pesca. O bairro está situado na zona de expansão urbana de Aracaju, compreendendo os conjuntos Santa Maria, Antonio Carlos Valadares, Padre Pedro, Loteamento Marivan, a lixeira e outras comunidades, tendo como via de acesso a Avenida Alexsandro Alcino, pela direita da Avenida Heráclito Rollemberg e a Avenida Walter Barreto pelo Conjunto Orlando Dantas. A referida região era desabitada, sem água ou luz elétrica, área inóspita, desprovida de qualquer tipo de infra-estrutura ou planejamento habitacional, o bairro ganhou características urbanas a partir do momento em que a ocupação recebeu contingente invasor, a migração motivou a saída de muitos de seus lugares de origem na perspectiva de adquirir uma casa própria.
O lixo de Aracaju até o ano de 1985 era depositado no bairro Soledade, localizado na zona norte da capital aracajuana, por questões ambientais, expansão, saúde e por estar muito próxima ao rio do Sal, houve a transferência para o Bairro Santa Maria, antiga Terra Dura, localizada no Município de São Cristovão. É sabido que o lixo produzido está diretamente ligado ao crescimento populacional, ao consumo de produtos industrializados e descartáveis, caracterizando uma sociedade consumista; no ano de 1989, o destino do lixo de Aracaju tornou-se uma questão judicial, o lixão sem dúvida foi o meio indigno de sobrevivências de muitas famílias, que de forma precária e de exacerbado acúmulo de miséria encontrava no lixo a única maneira de sobreviver.
A análise deste estudo feita pelas autoras demonstra um estilo conciso e claro onde a leitura é de fácil interpretação e compreensão, apresentando fontes para pesquisas históricas, com dados informativos e cronológicos. Reconstituir a História do bairro Santa Maria resgatou memórias que contextualizam o cotidiano das sociedades contemporâneas, onde se fez uso de fontes bibliográficas e da história oral, com entrevistas a moradores, com visitas e observações de campo o qual enriqueceu a pesquisa de forma fantástica e instigante.
Esta pesquisa abrange um público amplo, desde historiadores, geógrafos, antropólogos, sociólogos e pesquisadores de áreas afins que buscam um material riquíssimo para estudos, para leitores que buscam conhecimentos reveladores sobre a sociedade sergipana.