Era uma tarde de quinta feira, eu me sentia melhor pessoa do mundo, me sentia forte, como se nada pudesse me ferir ou mudar aquela tao profunda e segura sensação.
     Andando pelo corredor do segundo andar, tendo as cândidas paredes como testemunhas do minha auto compreensão, o celular toca. O numero eu reconheço imediatamente, é ele. Meio aborrecido, incrédulo e confesso que com um pouco de tesao atendo a chamada.
- oi…-diz ele, com uma voz fraca.
 -Oi - Respondo energicamente começando a me consternar sobre seu estado.
- Hnm, tudo bem?
- Aham, e com você?
- É, sei là, agente pode conversar?
- Claro - Eu sabia o que viria em seguida, eu iria ate sua casa, ele imploraria para voltar, nos transaríamos, eu iria dizer que o problema nao era ele e sim eu, que eu nao conseguia me comprometer e bla bla bla
- Pode vir aqui em casa?
- 5 minutos to ai, beijo - Como previsto.
- Beijo

    O cenário estava armado. Eu teria sexo naquela tarde, mas o quanto ia ter que ouvi-lo era a duvida, mas là fui eu. Bato na porta e ouço "ta aberta", numa cena pitoresca mas nao triste nem feia, vejo-o sentado na cama, barba por fazer, olhos azuis ornamentados de delicados flocos brancos olhando pra mim. Ele faz um sinal para eu sentar na cama e eu prontamente atendo. O quarto esta escuro, alguns raios de luz entram pela janela mas a luminosidade principal provem da pequena abertura do banheiro. A conversa começa como esperado:

- Eu pensei muito sobre agente essa semana…
- Eu também (mentira)
- Eu gosto muito de você, eu sei que você nao quer mais, mas eu nao sei que fazer...
- Ah, eu sei… mas tipo, o problema nao é você, tipo, eu nao consigo me comprometer sabe.. meu sentimento já nao é mais o mesmo e eu nao sinto tanta vontade de estarmos juntos...
- Eu sei.. mas...
- Mas?
- Posso te abraçar?
- Claro - foi mais rápido do que eu imaginava.

     O abraço foi forte e como esperado se transformou em um beijo, a medida que nossos corpos se tocavam, o sexo era eminente. Naquele momento uma pequena ressalva me fez parar e falar " você tem certeza? eu nao sei se isso vai ser bom pra você…" e foi ai, neste exato momento em que eu, o fodedor bonzão perdi todas as minhas defesas. Ele olhou pra mim, com os olhos cheios de lagrimas, numa posição completamente subjugada, olhando de baixo… seus olhos pareciam safiras boiando em cachoeiras de pequena escala, sua voz, agora com uma certeza flamejante e penetrante disse: "tenho, eu PRECISO de você". Foi como um tiro, uma verdadeira flecha de cupido. Tudo estava programado na minha mente, eu iria na casa dele, ouviria que ele tinha pra falar, transaríamos e depois eu ia embora seguir com a minha vida. Mas nao foi assim, com essas palavras ele abriu uma ponte, ou melhor, um túnel no meu coração, por onde ele entrou e se instalou por muito tempo. Quando terminamos o sexo, eu tentei continuar com o papo "posso te garantir lealdade mas nao fidelidade", mas dentro do meu coração, eu sabia, eu o amava