A vi em cima da pedra, água na canela
Se encolhe na fúria de espuma
Segui seus passos desajeitados
Como quem ama deitado
Deitada na areia
A observo extasiada
Sua cara feia, suas pernas tortas

Deste jeito que me conquista
Te perdi de vista
Num vacilo do olhar
No vôo da ave dos pensamentos no imenso mar

Vi o seu, ao lado meu
Aquele que antes eu entrava, deitava e rolava
Que conhecia, dormia e fumava

Entrei e vi aquele outro que na água dos prantos se encontrou
Se encontrou em frente ao mar,
Que estava eu a contemplar
Quero ir pra lá, onde na úmida areia respingada da folha que balança eu possa os pés molhar
Onde aquele olhar nunca desdenha
Só deseja e desenha

A mão na massa de cabelos longos que o vento insiste em tentar levar sem descanso
Para onde aquela corajosa de pernas tortas se levou num vôo manso.