RESUMO


Algumas das principais políticas para a educação no País, hoje, centram-se sobre a "correção do fluxo escolar", isto é, a diminuição dos índices de evasão e repetência, assim como as diversas práticas de "aceleração". Os resultados dessas políticas são avaliados por meio de estatísticas de desempenho escolar, que vêm sendo alardeadas pelos educadores como grandes vitórias. Este artigo pretende olhar o avesso da produção desses dados, isto é, buscar como eles vêm sendo produzidos e utilizados no cotidiano das escolas, suas interações coma cultura escolar e seus efeitos sobre a aprendizagem das crianças. Com esses objetivos, está baseado em todos os obtidos em observações e pesquisas de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental das escolas em geral. Essa experiência de pesquisa relatada reforça a importância de nos posicionarmos a favor da permanência das crianças e jovens na escola, mas contra a maquiagem estatística da ignorância e do fracasso do sistema em ensinar.















ABSTRACT


Some of the political principal for the education in the Country, today, are centered about the correction of the school "flow, that is, the decrease of the escape indexes and repetition, as well as the several practices of "acceleration". The results of those politics are appraised through statistics of school acting, that have been boasted by the educators as great victories. This article intends to look the contrary of the production of those data, that is, to look for like them has been produced and used in the daily of the schools, your interactions with the school culture and your effects on the children?s learning. With those objectives, it is based on data obtained in observations and researches from 1 st to 4 th series of the fundamental teaching of the schools in general. That experience of told research reinforces the importance of we position ourselves in favor of the children?s permanence and young in the school. But against the statistical make-up of the ignorance and of the failure of the system in teaching.















SUMÁRIO


INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 10
CAPÍTULO I Visão Crítica sobre Reprovação ------------------------------------------------- 11
CAPÍTULO II A influência da família no desenvolvimento do indivíduo --------------- 26
CAPÍTULO III ? De olho no boletim ------------------------------------------------------------- 37
CAPÍTULO IV ? Avaliação Reprovação Escolar ----------------------------------------------- 45
CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------------ 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------------------ 51















INTRODUÇÃO


No campo da educação, todos aqueles que se dedicam ao estudo do problema da reprovação escolar não desconhecem o processo de naturalização do fracasso escolar conduzido pela instituição escolar que, apoiada em um discurso pretensamente científico, reduz o fracasso a uma simples questão de incapacidade pessoal.
Ainda que políticas públicas recentes de melhoria do fluxo escolar no ensino fundamental (ciclos, promoção automática e diversas outras formas de combate à repetência e ao atraso) tenham conseguido assegurar maior permanência de crianças e jovens na escola, ainda são grandes a defasagem idade-série e a evasão escolar. Embora o gênero traga conseqüências para a maneira como pais e mães se relacionam com as professoras ? podendo interferir na aprovação ou na reprovação dos filhos ? de modo geral, são recentes as pesquisas na área educacional que tem levado em conta a presença efetiva de mulheres nas relações família-escola, o âmbito de uma tradição que privilegia utilização de categorias sexualmente cegas, tais como ?pais? (masculino genérico), família?, ou ainda, professores (conquanto esteja se tratando, no ensino fundamental, majoritariamente de mulheres professoras).
Assim, o objetivo deste trabalho é compreender a reprovação escolar, seus motivos e conseqüências, bem como mostrar uma visão crítica sobre o assunto, cada capítulo nos traz uma avaliação desse caso.












CAPÍTULO I

VISÃO CRÍTICA SOBRE A REPROVAÇÃO

1 ? Reprovação Escolar

A reprovação escolar começa desde o início das aulas. Portanto, é a partir de agora que os pais devem acompanhar seus filhos. |Existem muitos sinais de que algo não vai bem e precisam ser observados: Desinteresse na aula? Não entende o que o professor fala?Não gosta do professor? Não faz as tarefas de casa?Não te material Nem sabia que tinha de entregar? Quer cabular a aula, sempre se atrasa, tudo é motivo para faltar? Por que está evitando ir à aula? Fugir resolve?
Não estuda, mas quando o faz é na ultima hora, bem na véspera da prova? Vê a matéria somente durante a aula? Nem sabe a matéria que o professor que está abordando? Sabota comunicados da escola? Chega a falsificar assinatura em advertências? Ele se diz inocente? Só entrega o boletim na segunda-feira, correndo, pois precisa devolvê-lo naquele di, porque não tem como esconder ou adiar?
Não quer perder o programa do final de semana? Promete que vai melhorar e os pais acreditam, sem acompanhar esta promessa? São tantos os sinais que nenhum pai nem mãe podem dizer que foram pegos de surpresa no final do ano. Nenhum aluno poderia ser aprovado de graça.
Pouca coisa é tão cercada por equívocos, em nossa escola básica, quanto à questão da reprovação escolar, que se perpetua como um traço cultural autoritário e anti-educativo.







Começa pela abordagem errônea na qual se sustenta. Em toda prática humana, individual ou coletiva, a avaliação é um processo que acompanha o desenrolar de uma atividade, corrigindo-lhe os rumos e adequando os meios aos fins. Na escola brasileira isso não é considerado.
A atividade pedagógica que se dá na escola supõe um quase infindável conjunto de atividades, de recursos, de decisões, de pessoas, de grupos e de instituições, que vão desde as políticas públicas. As medidas ministeriais, passando pelas secretárias de educação e órgãos intermediários, chegando à própria unidade escolar em que se supõem envolvidos o diretor, seus auxiliares, a secretaria, os professores, seu salário, suas condições de trabalho, o aluno, sua família, os demais funcionários, os coordenadores pedagógicos, o material didático disponível etc. etc. Mas, no momento de identificar a razão do não aprendizado, apenas um elemento é destacado: o aluno.
Só ele é considerado culpado, porque só ele é diretamente punido com a reprovação. Como se tudo, absolutamente tudo, dependesse apenas dele, de seu esforço, de sua inteligência, de sua vontade. Para que, então, serve a escola? Essa pergunta, aliás, vem bem a propósito de forma equivocada e anti-científica como se concebe o ensino tradicional ainda dominante entre nós.
Apesar de a Didática ter reiteradamente demonstrando a completa ineficiência do premio e do castigo como motivações para o aprendizado significativo, ainda se lança mão generalizadamente da ameaça da reprovação como recurso pedagógico. Segundo esse hábito, revelador, no mínimo, da tal ignorância dos fundamentos da ação educativa, à escola compete apenas passar informações, ameaçando o aluno com a reprovação caso ele não estude.











Daí a grita de professores, pais e imprensa de modo geral contra a retirada da reprovação na adoção dos ciclos, afirmando que, livre da ameaça da reprovação, o aluno não se motiva para o estudo. Ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa ser prazeroso e desejado pelo aluno.
Nisso se resume o papel essencial da escola: levar o aluno a querer aprender. Este é um valor que não se adquire geneticamente; é preciso uma consistente relação pedagógica para apreendê-lo. Sem ele. O aluno só estuda para ser livre do estudo, respondendo a testes e enganando a si, aos examinadores e à sociedade. >as defender a retirada da reprovação não significa apoiar "reformas" demagógicas de secretarias de educação com a finalidade de maquiar estatísticas.
Essa prática, embora coíba o vício reprovador, nada mais acrescenta para a superação do mau ensino. Com isso, o aluno que, após reiteradas reprovações, abandonava e escola, logo nas primeiras séries, agora consegue chegar as séries finais do ensino, mas continua quase tão analfabeto quanto antes. A diferença é que agora ele passa a incomodar as pessoas, levando os mal informados a porem a culpa pelo mau ensino na progressão continuada.
Pouca coisa é tão cercada por equívocos, em nossa escola básica, quanto a questão da reprovação escolar, que se perpetua como um traço cultural autoritário e anti-educativo. Começa pela abordagem errônea de avaliação na qual se sustenta. Em toda prática humana, individual ou coletiva, a avaliação é um processo que acompanha o desenrolar de uma atividade, corrigindo-lhe os rumos e adequando os meios aos fins.
Na escola brasileira isso não é considerado. Espera-se um ano inteiro para se perceber que tudo estava errado. Qualquer empresário que assim procedesse estaria falido no primeiro ano de atividade. E mais: em lugar de corrigir os erros, repete-se tudo novamente: a mesma escola, o mesmo aluno, o mesmo professor, os mesmos métodos, o mesmo conteúdo...É por isso que a realidade de nossa escola,não é de repetentes, mas de multirrepetentes. Absurdo semelhante ocorre quando se trata de identificar a origem do fracasso.






A atividade pedagógica que se dá na escola supõe um quase infindável conjunto de atividades, de recursos, de decisões, de pessoas, de grupos e de instituições, que vão desde as políticas públicas, as medidas ministeriais, passando pelas secretarias de educação e órgãos intermediários, chegando à própria unidade escolar em que se supõem envolvidos o diretor, seus auxiliares, a secretaria, os professores, seu salário, suas condições de trabalho, o aluno, sua família, os demais funcionários, os coordenadores pedagógicos, o material didático disponível. Etc. etc. Mas, no momento de identificar a razão do não aprendizado, apenas um elemento é destacado: o aluno.
Só ele é considerado culpado, porque só ele é diretamente punido com a reprovação. Com se tudo, absolutamente tudo, dependesse apenas dele, de seu esforço, de sua inteligência, de sua vontade. Para que, então, serve a escola?Essa pergunta, aliás, vem bem a propósito da forma equivocada e ainti-científica como se concebe o ensino tradicional ainda dominante entre nós.
Apesar de a Didática ter reiteradamente demonstrado a completa ineficiência do prêmio e do castigo como motivações para o aprendizado significativo, ainda se lança mão generalizadamente da ameaça da reprovação como recurso pedagógico. Segundo esse hábito, revelador, no mínimo, da tal ignorância dos fundamentos da ação educativa, à escola compete apenas passar informações, ameaçando o aluno com a reprovação caso ele não estude.
Daí a grita de professores, pais e imprensa de modo geral contra a retirada da reprovação na adoção dos ciclos, afirmando que, livre da ameaça da reprovação, o aluno não se motiva para o estudo. Ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa ser prazeroso e desejado pelo aluno.
Nisso se resume o papel essencial da escola: levar o aluno a querer aprender. Este é um valor que não se adquire geneticamente; é preciso uma consistente relação pedagógica para apreendê-lo. Sem ele, o aluno só estuda para ser livre do estudo, respondendo a testes e enganando a si, aos examinadores e à sociedade. Mas defender a retirada da reprovação não significa apoiar "reformas" demagógicas de secretarias de educação com a finalidade de maquiar estatísticas.
Essa prática, embora coíba o vício reprovador, nada mais acrescenta para a superação do mau ensino. Com isso, o aluno que, após reiteradas reprovações, abandonava a escola, logo nas primeiras séries, agora consegue chegar as séries finais do ensino, mas continua quase tão analfabeto quanto antes. A diferença é que agora ele passa a incomodar as pessoas, levando os mal informados a porem a culpa pelo mau ensino na progressão continuada.
Mas o aluno deixa de aprender, não porque foi aprovado, mas porque o ensino é ruim, coisa que vem acontecendo desde muito antes de se adotar a progressão continuada. Apenas que, antes, esse mesmo aluno permanecia na primeira série, ou se evadia tão mais analfabeto agora. Mas aí era cômodo, porque ele deixava de constituir problema para o sistema de ensino. Agora, com a aprovação, percebe-se a reiterada incompetência da escola.
A reversão dessa situação exige que o elemento que estrutura a escola básica deixe ser a reprovação para ser aprendizado. É preciso reprovar, não os alunos, para encobrir o que há de errado para encobrir o que há de errado no ensino e isentar o Estado de suas responsabilidades, mas as condições de trabalho, que provocam o mau ensino e impedem o alcance de um direito constitucional.

2. Olhando para as Escolas

Lançando um olhar sobre a escola de hoje, ainda temos presente muitos aspectos que precisam ser melhorados. Não podemos esquecer de destacar os passos e avanços já dados pelas escolas,na educação de forma geral.
Uma das preocupações nossas hoje, é lançarmos um olhar mais aprofundado, sem querer esgotar o assunto, sobre o universo muito amplo na reprovação
Esta reflexão exige cuidado e uma visão crítica sobre a escola, sobre o sistema escola presente na sociedade. Partindo na realidade atual, veremos que a reprovação está presente ainda hoje nem nossas escolas, até como uma forma de repressão. Também é importante lançar um olhar sobre a escola seriada e a escola de ciclos, essa ultima que traz uma nova e inovadora forma de educar nossas crianças, adolescentes e jovens.

3. Reprovação x aluno

O aluno que é reprovado muitas vezes sente-se excluído da escola, lugar em que ele vai porque busca aprender e ao chegar lá, se não conseguir acompanhar o ritmo dos professores e da própria escola é reprovado, quantas vezes for preciso. Acredito que a escola deve ser um lugar onde os alunos possam sanar suas dúvidas e aprender aquilo que não sabem, pois é para isso que vão até ela. O aluno que é reprovado mais uma vez, tem maiores chances de ser um desistente. Começa o ano, e se não está bem sai da escola, pois sebe que vai reprovar. "Em boa parte, por saber que será fatalmente reprovado ou por já ter passado por reprovações e estar defasado em termos de idade com relação aos demais colegas, que o aluno abandona e escola".
A escola precisa ajudar o aluno com mais dificuldades para que este não se sinta excluído, mas incluído.
O estudante precisa sentir-se incluído no grupo escolar, na escola como um todo, sabendo que ele faz parte desde todo e que sem ele a escola não terá sentido para existir. Muitas escolas excluem seus alunos com provas, que são instrumentos para classificar os alunos e nada mais. Conhecimento não pode ser medido por notas e se assim fizermos estaremos correndo um grande risco de afastarmos as pessoas da escola, pois a mesma não está preparada para avaliar as diversas inteligências e capacidades que os alunos têm.
Se o aluno não se encaixa dentro daquilo que a escola quer, ele é taxado como não inteligente como alguém não sabe nada, e até, eu ousaria dizer, "burro". Miguel Arroyo, questiona sobre "que sentido tem reprovar um aluno em seu percurso de formação". Parece que se não reprova a escola não cobra, não exige. Quando reprovamos e retemos um aluno nos reprovamos como humanos. Reprovando, reprovando, de tanto reprovar um aluno colocamo0s em sua mente que ele não Sab anda, sempre vai ser perdedor, nunca consegue, e assim acabamos confirmando aquela imagem negativa que ele, muitas vezes recebe de si em casa, ou concebe por não conseguir uma oportunidade de emprego.
Se os professores soubessem realmente as conseqüências emocionais, psíquicas que uma reprovação causa num aluno, acredito que pensariam muito antes de fazer isso. Depois de ter caminhado durante um ano, é muito dolorido ter que regressar repetir de novo este ano.
O aluno é reprovado não só nas matérias, mas na sociedade, na família, no grupo de amigos. E isso só porque ele não conseguiu, em muitos casos, a média preestabelecida pela escola numa disciplina. Mesmo que em outras disciplinas ele tenha sido aluno dez, mas na de matemática, por exemplo, não conseguiu tirar seis, que é a média da escola, ele é reprovado. Neste aspecto deveria ser avaliada a caminhado do aluno num todo, buscando ver onde está o problema, na escola, no professor, na família, nele mesmo. Tantas e tantas vezes o aluno é "desqualificado" por não ter aprendido uma disciplina.
Na hora de decisão não deveria pesar apenas os conteúdos, mas, deveria verificar-se a postura ligada à cidadania que o aluno tenha adquirido. Mas nem sempre é assim. Vítor Henrique Paro descreve que na reunião de conselho de classe que assisti, não vi essa preocupação presente. Esse item não constou como pauta das discussões para decidir se o aluno podia passar para o ciclo seguinte ou não.
A cultura acaba sendo vista como algo interessante, bonito, mas não conta ponto na hora de avaliar a caminhada de um aluno. O que vale é exclusivamente o conteúdo das disciplinas regulares do currículo. Se tiver apto a acompanhar o conteúdo seguinte, o aluno será promovido; se não, não será.
Muitos professores reprovam o aluno para ver se aprende, para resolver de vez o seu problema. Estão enganados, na maioria dos casos ele acaba afundando ainda mais os alunos. Pois, como foi dito acima, que a escola não deveria ser um lugar onde se reprova os alunos, mas um lugar onde eles possam aprender para crescer. A escola é o lugar os alunos buscam respostas para suas indagações e se o professor não é capaz de dialogar com o aluno, ele acaba sendo excluído da escola.
A escola precisa conhecer o contexto concreto em que seus alunos estão envolvidos, a realidade que os cerca, para assim poder ajudá-los melhor. Conhecendo seus alunos, seus problemas, dificuldades, realidade familiar, social, será mais fácil compreender e auxiliar o aluno no seu processo educacional.
O professor não busca avaliar seu método para ver se os alunos estão conseguindo aprender desta forma. É mais fácil culpar os outros pelo insucesso do que reconhecer as próprias culpas. Às vezes parece que o melhor professor é aquele que reprova e não aquele que reprova a todos. O melhor professor deveria ser aquele que ajuda os alunos na construção do seu conhecimento, dando e eles chances e indicando os caminhos que podem seguir para conhecer e saber mais.
Assim nossas escolas deixam de ser um lugar de inclusão, onde o aluno sinta-se bem e vá para lá com o objetivo de aprender e passa a excluir os alunos, classificando-os, e essa classificação acaba excluindo os alunos que tem alguma dificuldade. A sociedade reclama e ninguém gesta de gente assim, mas esquecendo-nos que eles apenas estão reproduzindo aquilo que a escola ensinou e deu ênfase. Acreditamos que a reprovação deve ser avaliada muito bem, para que nossos alunos não continuem sendo vítimas de um sistema que exclui os que têm mais dificuldades.
A saber, a escola é o lugar onde se busca o conhecimento dos mais diversos modos, pois se todos fossem inteligentes o suficiente não precisaria de escolas. Se a escola não entender isso acabará sempre fazendo com que seus alunos sejam apenas instrumentos, coisas e não meios e pessoas que caminham com ela. A reprovação diminui e diminuirá quando a atenção se voltar àqueles que têm mais dificuldades em aprender e compreender as coisas. Nada de classificar alunos.
Muitos caminhos terão que ser trilhados para chegarmos ao nosso sonho de escola. A família, a sociedade, não podem se isolar da escola. Todas precisam caminha juntas para que nossos alunos cresçam com dignidade, estudem sua realidade. De nada adianta, ou pouco interessa ficar decorando nomes d países estrangeiros, quando não se conhece que tipo de ar respiramos, que tipo de água bebemos, que tipo de alimentação consumimos, de onde nossa água, nosso alimento vem. Fazer com que nossos alunos aprendam a partir da sua realidade e estudem porque gostem e não porque tem que estudar por medo de não atingir a média escolar.

4. Repetir o ano ? um prejuízo
A crise que uma repetência de ano pode causar na cabeça dos pais faz com que muitas escolas hesitem antes de reprovar uma criança. E, no entanto, há casos em que repetir o ano pode significar não só um alívio, como um fecundo recomeço na vida daquela criança. A questão é: quando e por que reprovar?
Penso que jamais se deve reprovar uma criança por causa de um conteúdo específico. Porque ela vai mal em Matemática, por exemplo. Um conteúdo específico pode ser recuperado com relativa facilidade. A criança ainda não aprendeu a dividir por dois algarismos no período regular às aulas? Ora, se vice der oportunidade, não será difícil para ele recuperar isso.
A reprovação escolar tem de estar ligada à capacidade geral de aprender que a criança demonstrou naquele período de aulas. Há uma soma de dificuldades que foram-se acumulando e que tornaram aquela criança incapaz de cumprir as exigências mínimas requeridas na série seguinte.
A reprovação nunca acontece por fator isolado. Se você reprova uma criança na terceira série e examina seu histórico, certamente percebe que ela já teve dificuldades na alfabetização, especialmente na segunda série, quando começou a trabalhar mais com textos de Ciências e Estudos Sociais. As exigências foram aumentando ela chegou a um ponto em que era muito penoso continuar.
O resultado é uma criança desinteressada nas aulas, sempre fazendo um grande esforço para produzir respostas pouco satisfatórias.
Ela mesma não se sente bem. Começa a se comparar com as demais. Seu auto-conceito vai sendo afetado, ela se sente pior do que as outras, menos capaz, menos inteligente. E, o que é pior: os pais também vão vendo a criança desta maneira. Adianta prolongar esta situação?
Mas insisto em que a criança nunca deve ser reprovada porque vai mal numa determinada matéria, mas apenas por que seu desenvolvimento, como um todo, não está correspondendo. Em todas as classes você vai encontrar crianças que se revelam mais rápidas ou mais lentas para aprender. Essa lentidão pode ser explicada por um problema específico da criança naquele momento. Ou então ela não adquiriu direito conhecimentos que agora começam a fazer falta. Isso acontece particularmente com crianças que mudam muito de escola. A dificuldade de acompanhar a primeira série é causada, não raro, por uma alfabetização insuficiente. E aqui é bom, lembrar que nem todos os métodos de alfabetização funcionam igualmente bem com todas as crianças.
Existe reprovação também por causa da própria estrutura da escola. A criança que repete, nunca repete em tudo. Ela nunca ficou o ano inteiro sem aprender nada. Nunca perdeu o ano. O problema é que a escola é dividida por séries e não áreas de conhecimento. Isso é meio injusto. Uma criança pode ir mal em linguagem e muito bem em matemática, em desenvolvimento emocional e físico. No entanto, ela talvez seja reprovada porque não está preparada para o conjunto de exigências da próxima série.
Se não houvesse este sistema de séries, tais reprovaçãoes talvez não precisassem acontecer.
Uma reprovação que, a meu ver, deve ser evitada ao máximo é aquela que ocorre na quinta série. É uma época em que o aluno está vivendo uma passagem de idade, cheia de namoros, esportes, novos amigos. Ele tem tudo para se desorganizar um pouco e ir mal na escola. Mas isso não significa que ela não tenha capacidade para fazer a sexta série. Em vez de reprová-lo sumariamente, é mais aconselhável trabalhar no sentido de desenvolver sua responsabilidade e sua melhor organização no tempo.
É uma fase de desorganização emocional, que é transitória, normal, e não necessariamente precisa ser punida com uma reprovação.
Infelizmente o problema da repetência escolar parece que é muito mais sério para os pais do que as crianças em si. A primeira reação, em geral, é tirar o filho da escola. No entanto, bem conduzida, a criança aceita a repetência com muito mais naturalidade.
Há crianças que, definitivamente, revelam um ritmo de aprendizagem mais lento. Estas necessitam de escolas especiais, cuja estrutura preveja este ritmo mais lento. Infelizmente, existem poucas escolas assim. E não se pode confundir capacidade mais lenta de aprendizagem com deficiência mental. Embora a educação seja uma área tão decisiva no desenvolvimento do filho, raramente ela é assumida pelo pai e pela mãe. Principalmente durante a pré-escola e o primeiro grau, a educação corre por conta da mãe. Surge um problema escolar e a gente logo telefona para a mãe. Mesmo ao educador, jamais ocorre telefonar para o pai, para o trabalho do pai. Nas reuniões de pais, a proporção é de 20 mães para 2 pais. Isso só aumenta os equívocos na hora de uma reprovação.
Outros pais têm um acesso de raiva e resolvem bater no filho, cortar brincadeiras. É muito difícil eles entenderem que, às vezes, a realidade é simples. Que as crianças têm diferentes ritmos de desenvolvimento. Que não estão absolutamente perdendo tempo ? foram mal em Matemática e Português e estão bem em Estudos Sociais e Educação Física. Elas só precisam de mais tempo. E por que precisam? As razões são várias. A própria família está muito desestruturada e a criança não tem tranqüilidade para produzir bem. Ou naquele ano a criança está com muita atividade. O que eu noto é que a criança aceita bem a reprovação quando ela é bem explicada e trabalhada. Quando a própria família aceita, mas não aquela aceitação na base do tudo bem, não tem importância. Porque também não é para aceitar uma criança que não está produzindo bem.
São reações altamente emocionais e compreensíveis. Discutível é a atitude de, na maioria das vezes, tirarmos a criança daquela escola. A escola, que era considerada boa durante quatro, cinco anos, de repente, é a culpada. E a criança, em vez de parar e se recuperar, vai para outra escola e depois, quem sabe, para outra. É mais fácil responsabilizar a instituição do que tentar perceber que o problema pode estar na criança. E só muito raramente vai se tratar de problemas neurológicos sérios, como os de motricidades ou de linguagem. Na maioria das vezes, é apenas um acúmulo de pequenas dificuldades que, superadas num ano de repetição, vão fazer com eu a criança comece a produzir melhor e seu auto-conceito melhore tremendamente. Não adianta a criança ter certificado. É o desenvolvimento real da criança. E a pergunta que faço para os pais é a seguinte: por que todo mundo tem que se desenvolver no mesmo ritmo esperado pela escola?

4.1 ? Avaliação ou reprovação?
"Esse sistema seriado, em que o aluno só passa para série seguinte se tiver construído um mínimo de conhecimento da série atual, precisa ser modificado. Temos que ser coerentes. Se utilizarmos o sistema seriado não podemos utilizar a aprovação automática. Tem que haver a reprovação nos casos que, comprovadamente, consistem na melhor forma de fazer com que o aluno aprenda. No entanto, se o aluno pode aumentar sua velocidade em algumas disciplinas escolares, mas precisa ir mais devagar em outras, porque ele precisa reprovar? Ou até mesmo se o aluno vai bem mais devagar que outros porque ele precisaria ser estigmatizado com uma reprovação? Num sistema em séries ele não teria problemas. Não tenho todas as respostas, nem saberia resolver todos os problemas. Não tenho todas as respostas, nem saberia resolver todos os problemas que um sistema diferente do atual traria, mas com certeza do jeito que está apenas estamos fazendo de conta que avaliamos"
Na educação escolar, professores, pais, responsáveis e educadores devem estar atentos para o aparecimento das fragilidades da criança.
A aprovação ou reprovação devem considerar a aprendizagem, relacionando-a com o desenvolvimento e o amadurecimento cognitivo, emocional e biológico.
Educar é, antes de tudo, alimentar e esperança de que o outro e nós mesmos podemos mudar ampliando nossa possibilidade de convívio e de conhecimento. (BRUNO,2005,p.71)









CAPÍTULO II
A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO RENDIMENTO ESCOLAR DO INDIVÍDUO

1 - Modernidade X família
O extenso histórico da família brasileira veio atravessando muitas transformações importantes, que estão inclusas no contexto sócio-político-econômico do país. Os casamentos tinham interesses econômicos e que as mulheres eram apenas reprodutoras. Os filhos, considerados extensão do patrimônio do patriarca, ao nascer dificilmente experimentavam o sabor do aconchego e da proteção materna, pois eram amamentados e cuidados pelas amas de leite.
No período de vinte anos, vária mudanças aconteceram no nível sócio-político-econômico ligadas ao processo de colonização da economia capitalista, que vem interferindo na dinâmica da estrutura familiar, como a conhecemos, e possibilitando mudanças em seu padrão tradicional de organização.
O homem reconquistou tudo o que sonhou e vive assustado com a dimensão da própria obra. A sociedade necessita de alfabetizadores emocionais, urgentemente. É necessário ensinar ao homem desta era, que ousa brincar tão ardentemente de Deus, a ler, interpretar e administrar as próprias emoções. Procuram-se digitadores da informática humana, técnicos capazes de ensinar a auto-estimulação dos hormônios que formam o padrão químico do bem estar. (BOECHAT,2003 p.40)
Diante do trecho acima, percebe-se quanto o homem sente-se perdido, ante a imensidão do que conquistou. A relação familiar, também, vê-se perdida diante de inúmeras inovações sociais, morais e físicas, que acabam por alterar toda a estrutura interna do homem.
Este trabalho pretende mostrar, ainda mais evidente, a relação familiar que, a cada dia, torna-se mais frágil e superficial, provocando a transferência da responsabilidade dos pais a outros como: escola, professores, babás, entre outros. Assim cria-se ? na família ? um ambiente hostil onde as pessoas não se conhecem, apenas dividem um espaço físico (a casa), mas não se complementam, não se ajudam ou expressam amor uma pelas outras. De acordo com Boechat (2003, p 42), que fala que "Quem se perdeu não foi o jovem foi o adulto que não está conseguindo ler a modernidade e a confunde com frieza, distanciamento, solidão, perdas".
Diante da rapidez com que as coisas estão acontecendo, a relação que se estabelece entre pais e filhos ? nesta sociedade moderna ? traz uma série de incerteza e inseguranças quanto ao tipo de relação familiar que deve ser construída em família, o que, normalmente, acarreta problemas quanto à adequação do aluno (filho) ao meio social (inclusive à escola).
Içambi Tiba, psiquiatra e psicodramatista, escreveu sobre a importância que a educação familiar tem durante toda a vida do indivíduo, independente da era em que se está inserido, para ele:
A maior segurança para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos para singrar os mares. Por maior segurança, sentimento de preservação e de manutenção que possam sentir junto aos pais, os filhos nasceram para singrar os mares da vida, onde vão encontrar aventuras e riscos, terras, culturas e pessoas diferentes. Para lá levarão seus conhecimentos e de lá trarão novidades e outros costumes, ou, se gostarem dali, poderão permanecer, porque levam dentro de si um pouco dos pais e de seu país.(TIBA, 2002, p.23)
Ressalta-se a importância de refletir o quanto a educação e os costumes transmitidos pela família, influenciam a conduta e o comportamento apresentado pelo indivíduo em qualquer local, independente da presença familiar.
Na escola não é diferente. Também nela, o aluno apresenta ? ou não ? os costumes e hábitos aprendidos e vivenciados no ambiente familiar.
O acompanhamento e a relação desenvolvida em família são indispensáveis para que o aluno se insira no ambiente escolar sem maiores problemas.
Para Tiba (1996, p. 178) "É dentro de casa, na socialização familiar, que um filho adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter saúde social [...]". Entretanto, com as mudanças sociais, esta relação tem sido afetada cada vez mais. O trabalho, e outras atividades, têm consumido o tempo dos pais que se vêm incapazes de educar seus filhos, atribuindo (erroneamente) este papel ? exclusivamente ? à escola.
Segundo Tiba (2002, p.180) "[...] percebo que as crianças tem dificuldade de estabelecer limites claros entre a família e a escola, principalmente quando os próprios pais delegam à escola e educação dos filhos [...]".
A formatação familiar no Brasil, também sofreu uma série de alterações. Nos últimos vinte anos, a estrutura e a dinâmica familiar sofreram mudanças em seu padrão tradicional de organização devido às evoluções sociais, políticas, econômicas e culturais relacionadas ao capitalismo.
PEREIRA (1995, P.135) defende que:
[...] a queda da taxa de fecundidade, devido ao acesso aos métodos contraceptivos e de esterilização; tendências de envelhecimento populacional; declínio do número de casamentos e aumento da dissolução dos vínculos matrimoniais constituídos, com crescimento das taxas de pessoas vivendo sozinhas; aumento da taxa de coabitações (casal que vive junto de maneira informal), o que permite que as crianças recebam outros valores; menos tradicionais; aumento do número de famílias chefiadas por uma só pessoa, principalmente por mulheres que trabalham fora e têm menos tempo para cuidar da casa e dos filhos.

É verdade que a modernidade trouxe uma série de mudanças, inclusive na família, mas tal realidade não isenta a instituição familiar de seu papel educador ? primordial ao desenvolvimento e integração do filho à sociedade.
De acordo com Kaloustian (1988, p 22) a família é:
[...] é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma domo vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais.
A educação familiar é um fator bastante importante na formação da personalidade da criança, desenvolvendo sua criticidade, ética e cidadania refletindo diretamente no processo escolar.
E vemos que a organização familiar não é:
[...] somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é bem o centro da vida social... A educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio á sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto... A família tem sido, é e será a influencia mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. (GOKHALE, 1980, P.33)

Seguindo essa linha de pensamento outro autor que afirma que:
[...] o comportamento das crianças no ambiente escolar e em casa, na verdade, uma reação às atitudes de seus pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de comportamento como ausência de atenção e agressividade, é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo, que não consegue, em sala de aula, ficar parada em momento algum, mostrando-se sempre nervosa, brigona, agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja uma relação conflituosa com a família ou a relação, também conflituosa entre os pais, os quais brigam o tempo todo na frente dos filhos e acabam descontando na criança, com desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais. Este fenômeno tão comum, leva a criança pedir ajuda, demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando a atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL, 1984 , p.47)

Sendo assim, é importante ressaltar que a escola é passageira, para o indivíduo, (com a finalidade de enriquecimento intelectual, entre outros) a família, seus costumes e hábitos perduram por toda a vida do mesmo. Em virtude disso é incoerente que os pais atribuam à escola a primeira educação de seus filhos.
De acordo com Tiba (2002, p.181)
[...] Para e escola, os alunos são apenas transeuntes psicopedagógicos. Passam por um período pedagógico e, com certeza, um dia vão embora. Mas, família não se escolhe e não há como mudar de sangue. As escolas mudam, mas os pais são eternos [...].
Os pais não podem confundir a atribuição de responsabilidade com o abandono da supervisão escolar ? necessária a todo ser humano. A responsabilidade é extremamente importante para o desenvolvimento da criança, mas ? como em toda etapa da vida do indivíduo ? necessita de um ser mais experiente ( no caso a família) para nortear as atitudes a serem tomadas pelo mesmo.
A própria lei garante a participação familiar no processo de ensino-aprendizagem de seus filhos, todavia, nem sempre as famílias se dispõem a esta participação. O dever da família com o processo de escolaridade e a importância da sua presença com contexto escolar é publicamente reconhecido na legislação nacional e nas diretrizes no Ministério da Educação.
Ressalta-se a importância sobre a construção de uma relação de amizade e companheirismo ? onde se conheça problemas, anseios e especificidades ? entre família e escola, visto que as duas devem trabalhar para o mesmo objetivo, sendo, portanto, parceiras, e não rivais.
Entretanto, mesmo conhecendo os problemas e peculiaridades das famílias ? e por conseqüência dos educandos ? se houver um interesse mútuo em solucioná-los, o esforço de detectar tais problemas tornam-se nulos, impedindo que a escola e o professor possam intervir para o sucesso do educando. O interesse e participação familiar são fundamentais.
Na participação, um sujeito sempre espera algo do outro. E para que isto de fato ocorra é preciso construção coletiva de uma relação de diálogo mútuo, onde cada parte envolvida tenha o seu momento de fala, mas também de escrita, onde exista uma efetiva troca de saberes. A capacidade de comunicação exige a compreensão da mensagem que o outro quer transmitir e para tal faz-se necessário o desejo de querer escutar o outro, a atenção às ideias contrárias. Uma atitude de desinteresse e de preconceitos pode danificar profundamente a relação família/escola e trazer sérios prejuízos para o sucesso escolar e pessoal dos educandos.

2. Definindo rendimento escolar
A realidade que se apresenta nas escolas, no que diz respeito ao rendimento qualiquantitativo e ao comportamento de seus alunos, tem preocupado e suscitado uma série de estudos sobre o rendimento escolar nos educandos.
O termo "rendimento escolar" leva a interferência ao sucesso qualitativo e quantitativo do educando. Diz-se rendimento escolar referindo-se a formação de um cidadão pro ? ativo e consciente de seu papel em sociedade, tal comportamento vai além do conhecimento intelectual.
Segundo Vicente Martins (2005 s/p)
A lei de Diretrizes e bases ? LDB, ao disciplinar a estrutura e o funcionamento da educação básica, determina, no seu art. 23, que a educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. Este princípio de flexibilidade de organização curricular orienta também, ainda no inciso V do artigo 23, que a verificação do rendimento escolar observará o seguinte critério: a) avaliação continua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais.

Assim, é possível definir que o rendimento escolar é muito mais amplo e complexo do que parece, exigindo esforço e dedicação não só dos pais e professores, mas do aluno ? que é agente ativo de todo o processo.
Cervera (2007, s/p) comenta que "Os pais, não podem esquecer que o protagonista da aprendizagem é o filho, o estudante, que nunca pode ser sujeito passivo do processo educativo".
A educação escolar baseia-se na formação do indivíduo em um cidadão crítico reflexivo e que tenha consciência de seu importante papel na construção ? ou desconstrução ? da sociedade em que está inserido.
Com base no conceito supracitado é que se faz vital a compreensão sobre o conceito do termo aprendizagem ? rendimento escolar ? para o alcance de objetivos satisfatórios no processo em questão. Visto que, havendo uma homogeneidade quanto a conceitos básicos pertencentes à questão educativa, haverá, por conseguinte, uma coerência nas ações dos agentes nela envolvidos.
De acordo com Cervera (2007, s/p):
Para a aquisição de conhecimentos não basta que os professores expliquem e exijam, é preciso que o aluno realize o trabalho correspondente de aprender, que não é só ?compreende? mas analisar, completar ou ampliar, memorizar, etc.
Percebe-se então que o rendimento escolar, não se resume as notas, mas a uma série de ações que culminam em um aprendizado qualiquantitativo ? atrelando boas notas ao verdadeiro aprendizado.
Sendo assim, torna-se indispensável á compreensão familiar de que as notas são conseqüências e não objetivo fundamental do processo educativo, o que deve ser, de fato, levado em consideração é o esforço e dedicação do aluno (filho) que, inevitavelmente, alcançará boas notas.
Segundo Gokhale (2007, p. 23):
Os pais deviam evitar as reações desproporcionais perante "as notas". Dissemos que o importante é o esforço que o filho desprendeu, não os resultados alcançados. Uma nota elevada sem esforço não merece um premio e, por vezes, uma aprovação pode ser motivo para uma celebração.
Deve-se ter a consciência de que nem sempre as melhores notas são conseqüências de grandes esforços e vice-versa. O foco central deve ser a aprendizagem significativa.
2.1 ? Família ? escola: parceria vital
A literatura defende que as crianças que têm o acompanhamento familiar ? boa convivência, relacionamento, regras, limites, entre outros ? tem bom rendimento escolar, tanto quantitativa, quanto qualitativamente, não apresentando dificuldades quanto às normas e rotinas escolares.
O acompanhamento familiar pode evitar uma possível reprovação e possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando.
Tiba (2002, p.181), afirma que "se os pais acompanharem o rendimento escolar do filho desde o começo do ano poderá identificar precocemente essas tendências e, com o apoio dos professores, reativarem seu interesse por determinada disciplina em que vai mal".
Ressalta-se que se houvesse a parceria entre pais e escola, possivelmente, ocorreria o alcance de bons resultados em relação ao aluno (filho).
De acordo com Cervera (2005 s/p): "A responsabilidade dos estudos recai sobre os pais, os professores e sobre o filho-aluno. É uma responsabilidade partilhada e, portanto, nenhuma das três partes deve permanecer à margem desta tarefa ou ter ópticas diferentes".
Tiba (2002, p 183) afirma que "[...] quando a escola o pai e a mãe falam a mesma língua e têm valores semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos e não joga a escola contra os pais vice-versa [...]".
Um passo importante para a construção de uma parceria entre a escola e a família é, sem dúvida, a identificação desta como instituição educadora, tendo sempre o que transmitir e o que aprender. "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo."(FREIRE, 1987, p.68).
Para que a parceria dê certo é preciso que haja respeito mútuo, o que favorece a confiança e demonstram competência em ambas as partes. Mas, para que isso aconteça, é preciso haver delimitações no papel de cada uma. Muitas famílias delegam à escola toda a educação dos filhos, desde o ensino das disciplinas específicas até a educação de valores, a formação do caráter, ale da carência afetiva que muitas crianças trazem de casa, esperando que o professor supra essa necessidade. Por outro lado, algumas "famílias sentem-se desautorizadas pelo professor, que toma para si tarefas que são da competência da família" (SZYMANSKI, 2003, P.74).
Sendo assim, é importante ressaltar que, a escola tem como função estimular a construção do conhecimento nas áreas do saber, consideradas fundamentais para o processo de formação de seus alunos. Essa é uma missão específica da escola, portanto, nenhuma família tem a obrigação de ministrar ou transmitir informações específicas ou científicas. Por outro lado, não cabe ao profissional da educação assumir responsabilidades inerentes à família do aluno. Porém, deve despertar tratamentos respeitosos, confiantes e afetuosos, como profissional e membro da sociedade que é, mas não como um membro da família.
A família deve acolher a criança, oferecendo-lhe um ambiente estável e amoroso. Muitas infelizmente, não conseguem manter um relacionamento harmonioso. Para algumas pessoas, é bastante difícil, seja por questões econômicas ou sociais. Ao observar este universo, as escolas podem criar um ambiente familiar diferente, "ajudando-as a caminhar para fora de um ambiente familiar adverso e criando uma rede de relações, fora das famílias de origem, que lhes possibilite uma vida digna, com relações humanas estáveis e amorosas". (SZYMANSKI, 2003, p. 62-63).
Percebe-se, hoje, que a escola assume funções outrora reservadas à instituição familiar, não conseguindo suportar tantas atribuições. Em virtude disso há a necessidade da parceria entre família e escola.
Ao se falar no relacionamento família/escola, muitos fatores merecem ser levados em consideração. É importante perceber que as ações da família são, na maioria das vezes, muito diferente das ações desenvolvidas na escola, principalmente nas classes sociais baixas, onde o nível de escolaridade e verbalização torna a participação crítica das famílias algo quase impossível. Até participam dos encontros realizados nas escolas, mas de forma passiva, apenas ouvem o que está sendo dito, recebem notas e reclamações quanto ao comportamento dos filhos e não opinam, já que, muitas, acreditam não poder acrescentar nada ao ambiente escolar. Estas famílias não sabem que, mesmo sendo analfabetas ou com baixa escolarização, podem contribuir na aprendizagem dos filhos e desenvolver hábitos coerentes como desenvolvido na escola.
É bem verdade que muitas escolas, entretanto, não facilitam a participação das famílias e, muito menos, incentivam o desenvolvimento de parcerias. Algumas se colocam na posição de detentoras do saber, acreditando que só elas têm o poder de decisão. Outras acreditam no potencial das famílias, respeitam as decisões e levam em consideração os sentimentos e emoções das famílias. Temos, ainda, escolas que valorizam a interdependência,, a reciprocidade e a tomada de decisões em conjunto.
Para Szymanski (2003, p.66) afirma que:
Os conflitos entre famílias e escolas podem advir das diferenças sociais, valores, crenças, hábitos de interação e comunicação subjacentes ao modelo educativo. Tanto crianças como pais podem comportar-se segundo modelos educativos que não são os da escola.
Em virtude disto e de outros fatores, acaba ocorrendo um conflito de idéias entre família e escola, ocasionando o insucesso de processo educacional e, por conseqüência, do rendimento escolar.
Neste relacionamento escola/família, troca de informações pode possibilitar a descoberta de significados comuns. Com a devida orientação, a família pode encontrar saídas para seus problemas, de forma a possibilitar que suas crianças e adolescentes desfrutem dos seus direitos de liberdade, respeito e dignidade, inclusive garantidos pó lei. Contudo, "não pode deixar de ser dito que sentimentos são ingredientes na construção de nosso modo de ver o mundo". (SZYMANSKI, 2003, p.36).





CAPÍTULO III
DE OLHO NO BOLETIM

3 ? De olho no boletim
Todo final de ano a história se repete: pais que durante o ano letivo não tiveram tempo nem de ir ao colégio para receber o boletim de seus filhos, agora aparecem, cheios de culpa pelo abandono parcial de prole, e querendo remediar o decorrente complexo de culpa, acusando a escola pelo fracasso escolar dos filhos.
Içami Tiba, reconhecido mestre em Educação, em seu novo livro "Adolescente: quem ama, educa! "trata, dentre outros assuntos, no capítulo 2, página 210, da importância do boletim.
"É importante os pais estarem atentos as provas, conferirem os boletins da escola desde o início do ano (e não só aparecerem no colégio com advogados, tios, avós, cachorro de estimação, e todo mundo querendo dar aulas de educação) e comentarem o resultado com o filho. O boletim é uma das referencias de como eles estão se saindo nos estudos. Faz parte da vida cobrar o que se delega. O filho tem o poder de estudar. Os resultados podem ser melhores quando se cobra o boletim (o boletim de alguns alunos, em geral os que acabam reprovados, ficam no colégio, às vezes o ano todo, sem que alguém tenha tempo de ir buscá-lo, mesmo após telefonemas e avisos solicitando a tão fundamental presença)".

Nenhum profissional pode ser bom se não cumprir as suas obrigações e souber atender bem os seus clientes (patrões, sócios, parceiros, concorrentes, etc.). Com obrigações e prazos não cumpridos, perdem-se empregos, contratos, concorrências, etc.
Pais que não acompanham o boletim correm o risco de serem surpreendidos por reprovações (e em geral o são). A repetência escolar geralmente reflete duas falências: a do próprio repetente ( que não são cobradas pelos motivos colocados no início desse artigo) e a dos seus pais, cujo investimento só deu prejuízo.
As possibilidades de passar de ano são muito maiores do que as de repetir. Para ser aprovado, basta que se produza um pouco mais que a metade do que lhe é solicitado.
Para não ser reprovado, ainda existem várias oportunidades, tais como recuperações semestrais, finais, etc. Repetir significa fracassar em tudo isso.

3.1 - A revolta é dos pais
O que magoa e revolta os pais é a reação do filho à sua repetência com uma grande indiferença. Até parece que não foi ele que repetiu o ano (em geral, pais de alunos reprovados querem encontrar culpados, de preferência, fora do âmbito familiar). Os pais ainda se preocupam com a auto-estima de reprovado, como o filho vai olhar seus colegas aprovados, como vai ser visto pelos mais novos colegas de classe, etc.
Todos esses sofrimentos e prejuízos poderiam ser evitados caso o boletim não fosse negligenciado. É impossível que um filho bem-nascido, normal, numa escola média, não consiga recuperar um primeiro bimestre malfeito.
Infelizmente o boletim, apesar de ser muito precário, ainda é um dos únicos meios da avaliação par acompanhar o desempenho do estudante. Portanto, não importam quais sejam as conversas, explicações ou desculpas dos filhos, nada deve justificar uma nota (ou conceito) baixa e muito menos uma repetência escolar.
Os pais delegaram ais seus filhos o poder de estudar. Está claro que têm que cobrar o boletim. Portanto, para evitarmos dissabores e cenas desagradáveis de pais desesperados ? por culpa, exclusiva de filhos irresponsáveis ? ao final de mais um ano letivo que se inicia, vamos ler "Adolescentes: quem ama, educa!" para conhecer e dar mais atenção aos filhos adolescentes de hoje, muito mais informados, globalizados e independentes que os do passado, mas mais abandonados, tendo, em alguns casos, terceirizada sua formação e educação.

3.2 ? Reprovação o que deu errado?
Todos os pais têm consciência da importância dos estudos para o futuro dos filhos.
Assim que os filhos nascem escolhem os nomes e fazem planos sobre o que desejam para eles.
Muitas famílias exigem muito das crianças, pois desejam ver logo o filho ingressando na universidade, não levando em conta seu desenvolvimento e aptidão. Esforçam-se no apressar a leitura e em métodos para acelerar sua aprendizagem sem se dar conta de como se sente a criança. Reforçam com prêmios e elogios qualquer sucesso da criança e apontam e punem qualquer insucesso ou dificuldade.
Por outro lado há indiferença de muitos pais que negligenciam toda ação educativa e abdicam de sua autoridade sobre a criança. Não participam das reuniões escolares, não se preocupam em acompanhar durante o ano escolar, os progressos ou dificuldades da criança. O estudante fica por conta própria e não tem um ponto de apoio, caso necessite.
Estes dois extremos nos mostram o quanto os pais, na ânsia de criar os filhos neste mundo competitivo, acabam utilizando estratégias equivocadas quanto ao acompanhamento escolar.
O acompanhamento dos pais deve ser adequado à idade da criança, porém, mesmo na adolescência, os pais têm que se mostrarem presentes e prontos a auxiliar, caso seja necessário.
A reprovação escolar pode ser devida a muitos motivos, desde alguma dificuldade específica em determinada disciplina, inadaptação escolar, baixa freqüência escolar, baixa freqüência às aulas até negligencia dos pais.
A escola para a criança é como trabalho para o adulto. Aquela que estuda com interesse, aprende o valor da aprendizagem e conta com o apoio dos pais, leva este aprendizado para a vida futura. A que deixa tudo para o dia da prova, necessita de aulas particulares, pois não estudou o suficiente, e só funciona na base de ameaças ou castigos, terá a mesma conduta quando adulta.
Se o filho reprova na escola, o próprio fracasso já será uma fonte de tristeza suficiente para ela, não cabendo reprimendas ou cobranças. A reprovação deve servir como reflexão para todos, pais e filho, para reavaliarem onde houve falhas e todos crescerem com a experiência.
A reprovação não é uma experiência agradável, porém, não é um motivo que deve desabonar o estudante, pois, às vezes, esta pode servir para que ele aprenda o valor do estudo e desenvolva métodos mais eficientes no próximo ano escolar.
Pouca coisa é tão cercada por equívocos, em nossa escola básica, quanto à questão da reprovação escolar, que se perpetua como um traço cultural autoritário e anti-educativo. Começa pela abordagem errônea de avaliação na qual se sustenta. Em toda prática humana, individual ou coletiva, a avaliação é um processo que acompanha o desenrolar de uma atividade, corrigindo-lhe os rumos e adequando os meios aos fins.
Na escola brasileira osso não é considerado. Espera-se um ano inteiro para se perceber que tudo estava errado. Qualquer empresário que assim procedesse estaria falido no primeiro ano de atividade. E mais: em lugar de corrigir os erros, repete-se tudo novamente: a mesma escola, o mesmo aluno, o mesmo professor,, os mesmos métodos, o mesmo conteúdo...É por isso que a realidade de nossa escola não é de repetentes, mas de multirrepetentes. Absurdo semelhante ocorre quando se trata de identificar a origem do fracasso.
A atividade pedagógica que se dá na escola supõe um quase infindável conjunto de atividades, de recursos, de decisões, de pessoas, de grupos e de instituições, que vão desde as políticas públicas, as medidas ministeriais, passando pelas secretarias de educação e órgãos intermediários, chegando à própria unidade escolar em que se supõem envolvidos o diretor, sem auxiliares, a secretaria, os professores, seu salário, suas condições de trabalho, o aluno, sua família, os demais funcionários, os coordenadores pedagógicos, o material didático disponível etc.etc. Mas, no momento de identificar a razão do não aprendizado, apenas um elemento é destacado: o aluno.
Só ele é considerado culpado, porque só ele é diretamente punido com a reprovação. Como se tudo, absolutamente tudo, dependesse apenas dele, de seu esforço, de sua inteligência, de sua vontade. Para que, então; serve a escola? Essa pergunta, aliás, vem bem a propósito da forma equivocada e anti-científica como se concebe o ensino tradicional ainda dominante entre nós.
Apesar de a Didática ter reiteradamente demonstrado a completa ineficiência do premio e do castigo como motivações para o aprendizado significativo, ainda se lança mão generalizadamente da ameaça da reprodução como recurso pedagógico. Segundo esse hábito, revelador, no mínimo, da total ignorância dos fundamentos da ação educativa, à escola compete apenas passar essas informações, ameaçando o aluno com a reprovação caso ele não estude.
Daí a grita de professores, pais e imprensa de modo geral contra a retirada da reprovação na adoção dos ciclos, afirmando que, livre da ameaça da reprovação, o aluno não se motiva para o estudo. Ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa ser prazeroso e desejado pelo aluno.
Nisso se resume o papel essencial da escola: levar o aluno a querer aprender. Este é um valor que não adquire geneticamente; é preciso uma consistente relação pedagógica para apreendê-lo. Sem ele, o aluno só estuda para se ver livre do estudo, respondendo a testes e enganando a si, aos examinadores e à sociedade. Mas defender a retirada da reprovação não significa apoiar "reformas" demagógicas de secretarias de educação com a finalidade de maquiar estatísticas.
Essa prática, embora coíba o vício reprovador, nada mais acrescenta para a superação do mau ensino. Com isso, o aluno que, após reiteradas observações, abandonava a escola, logo nas primeiras séries, agora consegue chegar as série finais do ensino, mas continua quase tão analfabeto quanto antes. A diferença é que agora ele passa a incomodar as pessoas, levando os mal informados a porem a culpa pelo mau ensino na progressão continuada.
Mas o aluno deixa de aprender, não porque foi aprovado, mas porque o ensino é ruim, coisa que vem acontecendo desde muito antes de se adotar a progressão continuada. Apenas que, antes, esse mesmo aluno permanecia na primeira série, ou se evadia tão ou mais analfabeto que agora. Mas aí era cômodo, porque ele deixava de construir problema para o sistema de ensino. Agora, coma aprovação, percebe-se a reiterada incompetência da escola.
A reversão dessa situação exige que o elemento que estrutura a escola básica deixe de ser a reprovação para ser o aprendizado. É preciso reprovar, não os alunos, para encobrir o que há de errado no ensino e isentar e Estado de suas responsabilidades, mas as condições de trabalho, que provocam o mau ensino e impedem o alcance de um direito constitucional.
Apesar de a Didática ter reiteradamente demonstrado a completa ineficiência do premio e do castigo como motivações para o aprendizado significativo, ainda se lança mão generalizadamente da ameaça da reprovação como recurso pedagógico. Segundo esse hábito, revelador, no mínimo, da total ignorância dos fundamentos da ação educativa, á escola compete passar apenas informações, ameaçando o aluno com a reprovação caso ele não estude. Daí a grita de professores, pais e imprensa de modo geral contra a retirada da reprovação nos ciclos, afirmando que, livre da ameaça da reprovação, o aluno não se motiva para o estudo. Ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa ser prazeroso e desejado pelo aluno.
Nisso se resume o papel essencial da escola: levar o aluno a querer aprender. Este é um valor que não se adquire geneticamente; é preciso uma consistente relação pedagógica para apreendê-lo. Sem ele, o aluno só estuda para ser livre do estudo, respondendo a testes e enganado a si, aos examinadores e à sociedade.

3.3 ? Repetência: fracasso do aluno ou da escola
A repetência, um dos sintomas em que se traduz o fracasso escolar, é fenômeno de grandes proporções, aparentemente em declínio no mundo. Essa endemia, conforme salientado por um relatório (AMADIO, 1996, p.28), se choca com a mensagem de Jomtien, segundo a qual todas as crianças podem aprender. E se coloca, portanto, como um grande obstáculo diante dos compromissos da Educação para Todos, que envolvem a democratização da educação de qualidade, em que a escola não pode ser a usina de insucesso, mas uma instituição que atende às necessidades de aprendizagem.
Esse complexo desafio não tem respostas simples. Dentre elas, Lei de Diretrizes e Bases (Brasil, 1996), que recepciono expressamente Declaração Mundial de Educação para Todos, sem impor formulários, mas respeitando experiências prévias, facultou à educação básica organizar-se em "séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim recomendar".
Com base nesse dispositivo, avançaram experiências de dissertação, como alternativa à organização escolar, entre elas a formação de ciclos e a aceleração da aprendizagem. A experiência acumulada no País hoje é tal ordem que urge resenhar as pesquisas realizadas sobre o assunto para se dimensionar luzes e sombras, vantagens e desvantagens de alternativas que têm sido seguidas. Certamente perguntas difíceis raramente recebem respostas fáceis e indisputáveis.





















CAPÍTULO IV
AVALIAÇÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR

A questão da avaliação escolar é de extrema complexidade. Há décadas é analisada pelos educadores, pelas secretarias de educação e pelo próprio MEC. Não há conclusões definitivas sobre o assunto, ainda que criativas modalidades avaliativas tenham sido formuladas. Mas há um processo: avaliar é preciso. Sem avaliação perdem-se parâmetros da aprendizagem e os objetivos do ensino.
A avaliação sempre acompanha a modalidade e a prática de ensinar. Avalia-se segundo a concepção pedagógica, implícita ou explícita, que o professor e a escola tenham consigo. A pedagogia tradicional baseava-se na exposição verbal da matéria, seguindo os passos da motivação inicial, apresentação das idéias principais, associação com conhecimentos já estudados, síntese das idéias e aplicação em forma de exercícios. Atenção, obediência, silêncio eram componentes essenciais da aula.
O objetivo era transferir a aprendizagem ao aluno. A avaliação se fazia por verificação imediata, com perguntas orais ou exercícios para tarefa em casa; ou por verificação por final de unidades, com provas escritas e, eventualmente, trabalhos de casa. O incentivo era ás vezes, negativo, com notas baixas e comunicação aos pais; ou dispositivo, com classificações e prêmios.
Há tendências e concepções pedagógicas mais recentes, como a pedagogia libertadora (método Paulo Freire, especialmente aplicado na alfabetização de adultos), a libertária (auto-gestão pedagógica) e a crítico ? social dos conteúdos (destaque aos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais). Predominam, nestas concepções, as discussões, os trabalhos em grupo, a formulação e assimilação ativa e reelaborativa dos conteúdos por parte do aluno. Os critérios da avaliação consideram a permanente participação e a apropriação criativa do conhecimento. Portanto, a exigência da aprendizagem é ainda maior que a tradicional, pois não basta apenas memorizar ou repetir o que o professor ensinou.
Entre a concepção e prática tradicional e as novas concepções há diversas tendências pedagógicas, com avaliações que lhes sejam equivalentes. Também, há professores que mesclam eclética e acriticamente as várias pedagogias, o que pode ser bastante problemático. Tem predominado, especialmente na 1ª fase do Ensino Fundamental, a proposta pedagógica construtiva.
A prática atual do ensino-aprendizagem tem realçado a avaliação processual. Avalia-se ao longo do ano, considerando-se múltiplos aspectos, gradualidade da aprendizagem e criativa apreensão do conhecimento. Avalia-se qualitativa e quantitativamente.
No século XX ? especialmente depois dos estudos sobre a estrutura complexa da mente, o processo da evolução cognitiva, a percepção do mundo segundo a psicologia das idades -, a organização curricular e a avaliação da aprendizagem passaram por profunda mudança. Predomina, no Brasil, particularmente no Ensino Fundamental, a organização por série. A passagem de uma série a outra se faz via avaliação.
E quanto a reprovação? Respeitada a 1ª fase do Ensino Fundamental (quando a criança ainda está num momento inicial de seu estudo na escola), tendo presente que avaliação não é instrumento de punição, considerando que todo o esforço e reforço complementar de ensino tenham sido feitos, tudo isso considerado, se ainda não houve adequada e suficiente aprendizagem, a reprovação é inevitável. Isso porque não é apenas o aluno que está em questão; é, também, no futuro, a incidência social de sua capacidade ou despreparo intelectual.
4.1 ? Reprovação? Não, muito obrigado!

Pouca coisa é tão cercada por equívocos, em nossa escola básica, quanto à questão da reprovação escolar, que se perpetua como um traço cultural autoritário e anti-educativo. Começa pela abordagem errônea de avaliação na qual se sustenta. Em toda prática humana, individual ou coletiva, a avaliação é um processo que acompanha o desenrolar de uma atividade, corrigindo-lhe os rumos e adequando os meios aos fins. Na escola brasileira isso não é considerado. Espera-se um ano inteiro para se perceber que tudo estava errado.
Qualquer empresário que assim procedesse estaria falido no primeiro ano de atividade. E mais: em lugar de corrigir erros, repete-se tudo novamente: a mesma escola, o mesmo aluno, o mesmo professor, os mesmos métodos, o mesmo conteúdo...
É por isso que a realidade de nossa escola não é de repetentes, mas de multirrepetentes. Absurdo semelhante ocorre quando se trata de identificar a origem do fracasso. A atividade pedagógica que se dá na escola se supõe um quase infindável conjunto de atividades, de recursos, de decisões, de pessoas, de grupos e de instituições, que vão desde as políticas públicas, as medidas ministeriais, passando pelas secretarias de educação e órgãos intermediários, chegando à própria unidade escolar em que se supõem envolvidos o diretor, seus auxiliares, a secretaria, os professores, seu salário, suas condições de trabalho, o aluno, sua família, os demais funcionários, os coordenadores pedagógicos, o material didático disponível etc. etc. Mas, no momento de identificar a razão do não aprendizado, apenas um elemento é destacado: o aluno.
Só ele é considerado culpado, porque só ele é diretamente punido com a reprovação. Com se tudo, absolutamente tudo, dependesse apenas dele, de seu esforço, de sua inteligência, de sua vontade. Para que, então, serve a escola? Essa pergunta, aliás vem bem a propósito de forma equivocada e anti-científica como se concebe o ensino tradicional ainda dominante entre nós.
Apesar de a Didática ter reiteradamente demonstrado a completa ineficiência do prêmio e do castigo como motivações para o aprendizado significativo, ainda se lança mão generalizadamente da ameaça da reprovação como recurso pedagógico.
Segundo esse hábito, revelador, no mínimo, da total ignorância dos fundamentos da ação educativa, à escola compete apenas passar informações, ameaçando o aluno com a reprovação caso ele não estude.
Daí a grita de professores, pais e imprensa de modo geral contra a retirada da reprovação na adoção dos ciclos, afirmando que, livre da ameaça da reprovação, o aluno não se motiva para o estudo. Ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa ser prazeroso e desejado, pelo aluno.
Nisso se resume o papel essencial da escola: levar o aluno a querer aprender. Este é um valor que não se adquire geneticamente; é preciso uma consistente relação pedagógica para apreendê-lo.
Sem ele, o aluno só estuda para se ver livre do estudo, respondendo a testes e enganando a si, aos examinadores e à sociedade. Mas defender a retirada da reprovação não significa apoiar "reformas" demagógicas de secretarias de educação com a finalidade de maquiar estatísticas. Essa prática, embora coíba o vício reprovador, nada mais acrescenta para a superação do mau ensino. Com isso, o aluno que, após reiteradas reprovações, abandonava a escola, logo nas primeiras séries, agora consegue chegar às séries finais do ensino, mas continua tão analfabeto quanto antes. A diferença é que agora ele passa a incomodar as pessoas, levando os mal informados a porem a culpa pelo mau ensino na progressão continuada.
Mas o aluno deixa de aprender, não porque foi aprovado, mas porque o ensino é ruim, coisa que vem acontecendo desde muito antes de se adotar a progressão continuada. Apenas que, antes, esse mesmo aluno permanecia na 5ª série, ou se evadia, tão ou mais analfabeto que agora. Mas aí era cômodo, porque ele deixava de construir o problema para o sistema de ensino. Agora, com a aprovação, percebe-se a reiterada incompetência da escola.
Só a consciência desse fato deveria bastar como motivo para se eliminar de vez a prática da reprovação no ensino básico: porque ela tem servido de álibi para secular incompetência da escola que se exime da culpa que é dela e di sistema que a mantém. A reversão dessa situação exige que o elemento que estrutura a escola básica deixe de ser a reprovação para ser o aprendizado. É preciso reprovar, não os alunos, para encobrir o que há de errado no ensino e isentar o Estado de suas responsabilidades, mas as condições de trabalho, que provocam o mau ensino e impedem o alcance de um direito constitucional.


























CONCLUSÃO



A família é essencial para o desenvolvimento do indivíduo, independente se sua formação. É no meio familiar que o indivíduo tem seus primeiros contatos com o mundo externo, com linguagem, com a aprendizagem e aprende os primeiros valores e hábitos. Tal convivência é fundamental para que a criança se insira no meio escolar sem problemas de relacionamento disciplinar, entre ele os outros.
A sociedade urge por uma parceria de sucesso entre famílias e escolas, pois acreditamos que só assim poderemos, realmente, fazer uma educação de qualidade e que possa promover o bem estar de todos.
Só assim poder-se-á alcançar uma sociedade coerente em que seus agentes conheçam e cumpram seus papéis em todos os processos, sobretudo, no processo educacional, sem deixar de lado o familiar e social.












REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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