AVALIAÇÃO NA EJA : COMO  DIMINUIR  O DISTANCIAMENTO ENTRE TEORIA E PRÁTICA.

 ROSÂNGELA SILVA CARNEIRO

 RESUMO

Este artigo traz como objetivo principal uma reflexão das técnicas o processo de avaliação das escolas que atende a EJA – Educação de Jovens e Adultos  no turno noturno  do Município de Dias D’Ávila. . Nesse intuito, foi realizada pesquisa de campo com 10(dez) professores que trabalham na EJA e 10 (dez) alunos dos respectivos professores no ano de 2012, considerando os aspectos junto a essa problemática, também foram feitos questionamentos a 10 (dez) profissionais entre coordenadora e vice-diretora que atuam nessa modalidade de ensino com oproposito de compreender este problema que afeta a maioria dos alunos. Os resultados mostraram que os fatores extra- escolares, são de grande relevância para o rendimento dos alunos , no entanto, os métodos utilizados pelo professor , também estão contribuindo para o baixo aproveitamento da avaliação dos mesmos. Percebe-se claramente a responsabilidade da escola no sentido de propor estratégias eficazes para garantir o bom aproveitamento dos alunos e diminuir a aprovação automática.

Palavras – chave: avaliação na EJA, motivação, práticas pedagógicas.

1 – INTRODUÇÃO

        O presente trabalho tem como objetivo principal, a prática avaliativa, para que esta não seja solitária, e sim um compromisso professor/aluno, e que possa, favorecer a grandes transformações. A iniciativa deste trabalho investigativa para EJA deu-se por conta da relação construída com este público, enquanto professora e coordenadora  da EJA no município de Dias D’Àvila, durante a pesquisa houve a constatação  nas cinco escolas que oferece essa modalidade de ensino que grande numero de alunos só comparece a escola para fazer a avaliação ou seja comparece no dia de fazer a “prova”, sem  qualquer importância com o aprendizado.                          Analisando o exposto, compreende-se que os critérios de avaliação utilizados em todas as escolas são apoiados em notas, é preciso que a distribuição dos mesmos apresente uma relação de valoração equilibrada para cada atividade. Como exemplo, a atividade de seminário e alguns projetos desenvolvidos nas escolas traz um valor tão baixo que poderá desmotivar os alunos para tal, visto que, a pedagogia utilizada é a da “nota”.

     Neste contexto, este trabalho procurou indagar como a avaliação reflete ao processo educacional do individuo e como diminuir o distanciamento entre teoria e prática na avaliação nessa modalidade. 

                                              

2- UMA REFLEXÃO  SOBRE A AVALIAÇÃO DA EJA

      Considerando que a permanência dos Jovens e Adultos na escola é marcada por muitas dificuldades como problemas financeiro e conciliar trabalho e estudo, avaliar simplesmente por avaliar não transforma a realidade, a avaliação Pedagogicamente, é mais interessante que seja feita durante o processo para obter informações sobre a aprendizagem dos alunos, esta é a avaliação formativa.

            Segundo Luckesi ( 1996,p-69),[...] entendemos a avaliação como um juízo dequalidade sobre dados relevantes, tendo em visita uma tomada de decisão  compreendemos assim, que o processo pretende atingir, bem como o quanto o aluno aprendeu e que estratégia é preciso ser reformulada e /ou alterada para que esse objetivo seja atingido. 

         O professor deve estar atento aos aspectos que possam contribuir com seu desempenho e dos alunos, promovendo uma aprendizagem significativa, assim a educação encontra-se diante de uma nova forma de avaliar promovendo, uma mudança politica social, pois a avaliação formativa diz respeito a um projeto de sociedade  onde não há exclusão e  individualismo e muito menos punição .

            Não há como negar que ainda na avaliação de EJA  no município de Dias D’Ávila usa como critério as notas e todas atribuem pesos diferenciados para cada atividade, dependendo do valor de cada uma, de acordo com critérios estabelecidos somente pelos professores. A avaliação da aprendizagem é feita de forma a classificar o estudante.

         A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) determina que a avaliação seja ”continua e cumulativa” e que os aspectos qualitativas prevaleçam sobre as quantitativos. Os resultados conquistados  pelos estudantes ao longo  do ano escolar devem ser mais valorizados  que a nota da prova final.  

            A maioria dos estudantes se interessam só em  saber a nota da prova. Esse é um comportamento aprendido já que normalmente a “avaliação” escolar se confunde como a principal informação que é dada aos alunos e seus pais é a nota. Obviamente, isso pode e deve ser modificado.

          O educando precisa de um feedback a respeito do que ele fez seja um trabalho, uma prova, uma apresentação, deve ser detalhado, positivo e construtivo. É preciso detectar as causas do erro e buscar estratégias para superar as dificuldades dos alunos. Portanto, o resultado mais importante da avaliação deve ser a qualidade do feedback que pode ser dado individualmente por escrito, ou coletivamente, por meio de comentários  pessoais e não o número de questões certas ou a nota, acertos e erros  que o professor encontrou.

              Mas o que se constata é o poder do professor que se coloca numa atitude de reter as informações que se referem ao estudante , somente ele tem acesso  esta atitude dá margem ao professor de conceder ou tirar as notas. Sendo que compartilhada a avaliação com educando este poderá fazer sua autocrítica e melhorar o seu desempenho.

3 – METODOLOGIA

   O presente estudo foi realizado junto as 05 (cinco) escolas que atende a EJA (Educação de Jovens e adultos) no município de Dias D’Ávila, as escolas contam com  turmas de alfabetização, de aceleração I , aceleração II do ensino fundamental.

 A metodologia desenvolvida foi baseada em pesquisas bibliográficas, de campo e documental o referencial da pesquisa bibliográfica deu-se a partir de material já elaborado, constituídos de livros, resoluções, legislações pertinentes. A pesquisa documental foi realizada a partir de diário de classe, documentos estatísticos da secretaria da escola, e listas de frequência dos alunos nos dias das “provas”. A pesquisa de campo foi feita através de investigação qualitativa através questionários contendo questões fechadas e abertas direcionado para 10 (dez) alunos e 10 (dez) professores, coordenadores  e gestores da EJA no referido ano .

 

4- ÁNALISE E DISCUSSÃO DO RESULTADO DA PESQUISA

   4.1 Perfil dos entrevistados/ alunos

            As entrevistadas são professoras  graduadas em pedagogia  e em disciplinas especificas,  algumas  trabalham 60h e em dois municípios. Os alunos  entrevistados 70% do sexo feminino e 30% do sexo masculino, todos multi- repetentes . Analisando, este perfil do aluno pode-se perceber que há uma grande distorção idade serie, demostrando que a maioria dos entrevistados esteve  bastante tempo afastado da escola.

4.2 – Importância do estudo para vida

            Conforme resultados obtidos na pesquisa, observou-se que  os entrevistados consideram o estudo importante por estar diretamente ligado a melhoria de  vida, mas  afirmam estão na escola porque precisam do certificado para o trabalho.                            

  “ Preciso levar o atestado para o trabalho de que estou estudando.”

Neste contexto, pode verificar que para os entrevistados a importância do estudo está relacionada com questão de profissão.

                                                                                                            4.3-  Entrevista com os estudantes

            Ao serem indagados sobre a avaliação e como ela poderia contribuir na sua aprendizagem, pode-se perceber que os entrevistados concordam que se as escolasfossem  mais dinâmicas e atraentes a avaliação não causaria  o medo.

“ A professora diz pega só  a caneta, lápis e borracha fico nervosa nesta hora”

“  A avaliação para mim é como fazer um teste como profissional por isso fico bem concentrado”

Quanto perguntados a eles como eram avaliados responderam:

“ Somos avaliado através de teste, prova e trabalho. Na hora da prova eu mim sinto nervosa mais desafiada”.

Fonte: pesquisa de campo realizada pela autora, 2012

            Nessa perspectiva, pode-se entender que o importante que a escola reveja sua didática pedagógica no sentido de ofertar o que teoricamente a equipe escolar conhece que são aulas mais atraentes.

4.4 – Entrevista com os professores

     4.4.1 Dificuldade  no processo avaliativo da EJA

            Ao ser questionado quanto ás dificuldades encaminhadas no processo da avaliação da EJA os professores enunciam como fatores mais relevantes: A ausência dos estudantes nas aulas, as mesmas declararam  que os mesmo não tem interesse em aprender algo, mas sim no certificado para o trabalho ,disseram ainda que a escola facilita muito para o educando levando o mesmo a não ter responsabilidade com os estudos.

         “Os alunos fazem a matricula e somem só aparece no dia da prova e a coordenação sugere uma atividade compensatória é por isso que os alunos fazem isso.”                                                                                                                            

         Nesta fala percebe-se que as escolas lutam para combater a evasão escolar , procurando estratégias para manter o estudante na escola , através do dialogo e oportunidade de retorno a mesma, compreendendo que o aluno da EJA deve ter um

Olhar diferenciado, o que não quer dizer que se deve facilitar mas sim oportunizar .

   4.4.2. Concepção dos professores sobre a avaliação.

 “ A avaliação se dá de forma processual e contínuo”.

“Para construir as avaliações tomo como base o desenvolvimento individual diário, nas atividades desenvolvidas durante ás aulas”

“Utilizo como instrumentos para avaliação atividades diárias, atividades em dupla, grupo , pesquisa e prova escrita.”

“ O processo avaliativo se dá constantemente, valendo-se de diversos instrumentos”

“ O processo avaliativo se dá na observação e desempenho dos alunos durante as atividades proposta respeitando o seu conhecimento prévio sobre determinado assunto.”

            Como pode-se perceber nas falas acima, dos estudante e professores, existe um  distanciamento entre teoria e prática pedagógica quando o assunto é avaliação.    

 

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

            O estudo desenvolvido sobre a avaliação nas cinco escolas pública municipal que atende a EJA em Dias D’Ávila, mostrou vários contexto da avaliação, este artigo apresenta os resultados da pesquisa realizada com estudantes, bem como, seus professores do  ensino fundamental do ano 2012.

         A avaliação é uma ferramenta pra repensar o trabalho que está sendo feito, por isso defendo a auto -avaliação como um processo em que o educando reflita sobre a sua aprendizagem, com responsabilidade assim como também seja reforçado nos alunos a ideia do compromisso com o aprender. Deixar claro a eles que a nota é uma formalidade exigida pelo sistema, mas não garante que o  conhecimento foi adquirido.

          De acordo com os estudos para construção desse artigo fica evidente que o  instrumento para avaliação seja construído por professores  e estudantes, gerando no educando  um desejo de busca e não um sentimento de derrota  é importante que  os resultados do rendimento dos alunos sejam devolvidos aos mesmos, garantindo-lhes atendimento individual para sanar suas dificuldades e reorientar a aprendizagem.

Como diz Cipriano Luckesi . Solidarizar-se com o educando não é um ato de piegas, que considera que tudo vale, mas sim um ato  amoroso, ao mesmo tempo dedicado e exigente, que tem como foco de atenção a busca do melhor possível.

   Sendo assim a avaliação esta presente o tempo inteiro e isso tem sim uma interferência social por isso deve ser diversificadas as estratégias de avaliação, utilizando outras atividades pedagógicas para a busca do conhecimento, não atribuindo pesos “irrelevantes” que poderão desestimular  a realização dos mesmos, que se faça “revisão de conteúdos” e a atividades de recuperação paralela  buscando resgatar conhecimentos  adquiridos em etapas anteriores.

            Diante dos relatos, constata-se que a avaliação está interligada a muitos fatores, o ideal seria ter, menos estudantes pra que pudesse conhecê-los  mais, para que pudesse dar uma aula mais prolongada, que tivesse  tempo para construira avaliação, mas tempo para avaliar e não deixar de ser solidário a este publico que já sofreu e ainda sofre com as desigualdades sociais.

 

6 – REFERENCIAS

 LUCKESI, Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar. 13.ed. São Paulo: Cortez, 2002.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à Universidade. 8. ed., Porto Alegre : Mediação, 1996.

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo : Cortez, 1995.

BRASIL Lei nº 9 394/96, de 20 de dezembro de 1996.Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional .Brasília,DF,1996.

 BRASIL .Ministério da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Alunos e alunas da EJA. Brasília: Coleção trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos,2006.

 BRASIL. Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal 1988.

 FREIRE ,P .Educação e Mudança.30ª ed. São Paulo: Paz e Terra 2007.