Avaliação Multidimensional dos Idosos Aposentados Associados a uma Entidade Sindical

 

Multidimensional Assessment of Elderly Retirees Associated with a Labor Union

Evaluación Multidimensional de los Ancianos Jubilados Asociados a una Organización Sindical

 

Bárbara Helena de Brito Angelo. Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças/UPE; Especialista em Obstetrícia; Enfermeira do SAMU Metropolitano do Rio Grande do Norte; Mestrando em Enfermagem Pela UFPE.

 

Débhora Ísis Barbosa e Silva. Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças/UPE, Coordenadora do Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde da Escola Técnica Estadual Almirante Soares Dutra.

 

Gabriele Louise de Albuquerque Lima e Figueiredo Lins. Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças/UPE.

 

Maria do Amparo Souza Lima .Mestre em Hebiatria. Professora do Departamento de Saúde do Idoso da Universidade de

Pernambuco.

 

Fernando Damasceno de Albuquerque Angelo. Graduação em Educação Física pela UFPE. Pós-graduado em fisiologia do exercício pela Gama Filho.

Resumo

 

Objetivo: Traçar o perfil biopsicossocial dos idosos aposentados vinculados ao Sindicato dos Servidores da Universidade de Pernambuco.  Método: Estudo exploratório de abordagem quantitativa. A população foi constituída pelos idosos associados a uma entidade sindical, sendo a amostra composta por 42 idosos que demonstraram interesse em participar da pesquisa. Os dados foram obtidos através do instrumento de avaliação multidimensional, elaborado pelas professoras da disciplina de Saúde do Idoso da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG), da Universidade de Pernambuco (UPE). O trabalho foi submetido ao comitê de ética em Pesquisa do HUOC n° 082/2007. Resultados: Dos 42 idosos estudados, 66,7% são do sexo feminino, 50% estão na faixa etária de 70 a 80 anos, 40,5% são casados, 66,6% concluíram o ensino fundamental e 76,2% têm residência própria, 26,2% residem com cônjuge e filhos, 83,3% contam com a ajuda nas atividades diárias, 56,3% participam de atividades físicas, 85,7% fazem uso de medicamentos, 88% usam lentes corretivas e 76,2% fazem uso de prótese dentária, 33,3% já sofreram quedas, sendo que 14,3% destes tiveram fraturas. Conclusão: Os idosos estudados apresentam um bom nível biopsicossocial e estão inseridos no seio familiar. Poucos investem numa boa qualidade de vida, desenvolvendo atividades físicas e mantendo hábitos saudáveis.  Descritores: idoso; geriatria; enfermagem; aposentadoria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Abstract

 

 

 Objective: Tracing the biopsychosocial profile of elderly retirees linked to the University of Pernambuco Server's Union.  Method: An exploratory study with a quantitative approach. The population was constituted by the elderly associated with a union entity, being the sample comprised of 42 seniors who had shown interest in participating in the survey. The data were obtained through multidimensional assessment instrument, prepared by the teachers of the elderly Health discipline at the College of nursing Nossa Senhora das Graças (FENSG), at the University of Pernambuco (UPE). The work was submitted to the Committee of ethics in research of HUOC No. 082/2007. Results: Of 42 elderly studied, 66.7% are female, 50% are in the age group 70 to 80 years, 40.5% are married, 66.6% completed elementary education, and 76.2% have their own residence, 26.2% live with spouses and children, 83.3% rely on to help in the day-to-day activities, 56.3% participate in physical activities, 85.7% take medicine, 88% use corrective lenses and 76.2% use of dentures, 33.3% already suffered falls, and 14.3% of these had fractures. Conclusion: The elderly studied have a good biopsychosocial level and are within their family. Few invest in a good quality of life, developing physical activity and maintaining healthy habits.  Descriptors: elderly; geriatrics; nursing; retirement. 

 

 

 

 

 

 

Resumen

 Objetivo: Rastrear la perfil biopsicosocial  de ancianos jubilados vinculados la Sindicato de los Servidores de la Universidad de Pernambuco.  Método: Estudio exploratorio del enfoque cuantitativo. La población estuvo constituida por personas ancianos asociada a un sindicato, la muestra se compone de 42 personas mayores que han mostrado interés en participar en la investigación. Los datos fueron obtenidos a través del instrumento de evaluación multidimensional, desarrollado por el profesor de Salud de Anciano de la Universidad de Enfermería Nuestra Señora de Gracia (FENSG) de la Universidad de Pernambuco (UPE). El estudio fue presentado a la comité de ética en la Investigación del HUOC N º 082/2007. Resultados: De los 42 ancianos estudiados, 66,7% son mujeres, 50% son mayores de 70 a 80 años, 40,5% están casadas, 66,6% completó la escuela primaria y 76,2% son propietarios de viviendas, 26,2% vive con su cónyuge y los niños, 83,3% tiene ayuda en el día a día, 56,3% participó en actividades físicas, 85,7% use drogas, 88% usa lentes correctivos y 76,2% hacen uso de prótesis dental, 33,3% había sufrido caídas, de las cuales 14.3% deles tuvieran fracturas. Conclusión: Los ancianos estudiados tienen un nivel biopsicosocial bien y se insertan en la familia. Pocos invertir en una buena calidad de vida, el desarrollo de la actividad física y mantener hábitos saludables.  Descriptores: ancianos; geriatría, enfermería, jubilación. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Introdução

 

A longevidade é, sem dúvida, um triunfo. Contudo, há diferenças significativas entre a transição demográfica vivenciada por países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Nos primeiros, o envelhecimento está associado às melhorias nas condições de vida, enquanto que nos outros, não houve tempo para uma reorganização social e da área de saúde.1

         No Brasil, o processo de envelhecimento da população tem acontecido de forma rápida, contínua e acentuada.   Segundo o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) estima-se que no ano de 2020, 13,6% da população terá 60 anos ou mais e em 2050 esse valor poderá dobrar, chegando a 29,7%.2

O envelhecimento é considerado um processo cumulativo, que se torna irreversível, universal, não patológico, onde ocorre uma deterioração do organismo maduro, podendo incapacitar o indivíduo a desenvolver algumas atividades. A velhice não significa doença e muitas pessoas conservam a saúde até a idade avançada.3

         Apesar de o envelhecimento ser um processo fisiológico e não patológico, é comum o aumento de doenças crônico-degenerativas que alteram o perfil de morbimortalidade em pessoas acima de 60 anos. A hipertensão e a diabetes mellitus merecem atenção especial por serem as principais causadoras da diminuição da capacidade funcional, além das quedas e transtornos psicossociais.4

         Para o controle de doenças crônicas prevalentes em idosos, multifármacos são prescritos por médicos, causando muitas vezes desconforto e confusão. Um acompanhamento multidisciplinar envolvendo profissionais qualificados se faz necessário para que a qualidade de vida seja melhorada e os anos por viver sejam aproveitados de maneira notável.4-5

Pode-se observar que na singularidade desse grupo etário é preciso trabalhar de maneira interdisciplinar para que uma melhor qualidade de vida seja ofertada, levando em consideração uma avaliação multidisciplinar, estratégias podem ser lançadas para que resultados positivos possam ser constatados. 6,5

Justifica-se a relevância deste estudo por considerar que o tema abordado, pertinente pela sua atualidade e importância no contexto do envelhecimento populacional, possa trazer resultados que subsidiarão o planejamento de estratégias de atenção à saúde.

 

 

Métodos

 

 Trata-se de um estudo do tipo descritivo-exploratório, no qual buscou-se observar, registrar, analisar e correlacionar um determinado fenômeno, porém sem manipulá-lo.7

O presente estudo foi desenvolvido com os idosos aposentados da Universidade de Pernambuco, associados ao Sindicato da Instituição. No momento da pesquisa, a Universidade de Pernambuco contava com 154 idosos aposentados associados ao sindicato, contudo, a amostra foi composta por 42 idosos e foi estabelecida tendo os seguintes critérios de inclusão:

•  Demonstrar interesse em participar;

•  Ser orientado quanto ao tempo e espaço;

•  Ter 60 anos ou mais de idade;

•  Estar inscrito no Instituto Nacional de Seguridade Social ou em processo de inserção.

         Esta pesquisa se propôs a analisar a qualidade de vida e a saúde física, social e emocional dos indivíduos após a aposentadoria. O material utilizado para coleta de dados foi o instrumento de avaliação multidimensional, elaborado pelas professoras da disciplina de Saúde do Idoso da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG)- Universidade de Pernambuco (UPE). Os dados foram coletados em domicílio, nos meses de março e abril de 2008.

Nesta pesquisa foram respeitados os princípios defendidos pela bioética registrados na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e do Ministério da Saúde, sobre a pesquisa envolvendo seres humanos. A realização do estudo ocorreu após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), conforme parecer n° 082/2007 e mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

 

Resultados

 

 

 

 

Gráfico 1-Distribuição das características sócio-demográficas dos idosos, Recife-PE, 2008 (n=42).

 

O gráfico 1 mostra a distribuição das condições familiares e sociais dos entrevistados: residem em sua maioria com parentes e amigos, e são estes que propiciam apoio em momentos difíceis e nas atividades domésticas diárias. Ainda de acordo com o gráfico 1, a rede social tão importante à preservação da identidade do idoso foi pouco citada no estudo, apenas 38% dos idosos relataram participar de alguma atividade após a aposentadoria.

 

 

 

Gráfico 2-Distribuição das características de saúde dos idosos, Recife-PE, 2008 (n=42).

 

O gráfico 2  apresenta as condições de saúde da população estudada. Apenas 7,1% dos entrevistados são tabagistas e 31,1% são etilistas, estes últimos referem o hábito ocasionalmente. A medicação controlada está presente em 33,7%, porém 85,7% referem fazer uso de outros fármacos diariamente, aproximadamente 72,2% fazem uso de até duas medicações/dia.

         A distribuição das condições de saúde por sexo fica da seguinte forma: pouco menos da metade das mulheres estudadas (46,4%) se submeteram ao exame preventivo de câncer de colo de útero. No sexo masculino a prevenção de câncer de próstata foi relatada em 42,8% dos casos e destes 14,3% referem ter encontrado alguma alteração.

 

 

 

Gráfico 3-Distribuição da frequência e características de quedas em idosos, Recife-PE, 2008 (n=42).

 

Quando analisamos as quedas, nos deparamos com a seguinte realidade: caiu nos últimos 12 meses 33,3% da amostra, sendo apenas um episódio em 57,1% dos casos e pelo menos duas vezes em 28,6%. Dos idosos que caíram, 21,4% referiram não contar para ninguém e 14,3% apresentaram pelo menos uma fratura. O medo de novas quedas foi relatado por 85,7% dos idosos.

 

Discussão

 

         De acordo com pesquisas recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de idosos representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, somando 8,6% da população brasileira. As mulheres são maioria, representando 62,4% dos idosos brasileiros. Neste estudo, foram entrevistados 42 indivíduos, dos quais 66,7% foram do sexo feminino, assemelhando-se à realidade nacional, com prevalência da faixa etária compreendida entre os 70 e 80 anos.8

Dados do Censo 2010 mostram que as pirâmides etárias de base larga e ápice estreito, as quais caracterizaram a população brasileira por longos anos, estão sendo substituídas por outras com o topo mais largo, caracterizando um aumento da expectativa de vida no País. 8

Ouve-se com freqüência que o Brasil não é mais um país jovem. Hoje, temos aproximadamente 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos e projeções indicam que seremos o 6º país do mundo em número de idosos no ano de 2020, com aproximadamente 32 milhões de pessoas na referida idade.9

À medida que a expectativa de vida dos idosos evolui, aumenta também os anos compartilhados com o companheiro (a). Foi possível observar que 40,5% dos entrevistados eram casados. Quando indagados a respeito da composição de membros da residência, 88% dos entrevistados referem morar com parentes ou amigos.

 A família é considerada o habitat natural da pessoa humana. Nela somos mais naturais, mais nós mesmos, conhecidos, sem máscaras sociais, pelos nossos defeitos e pelas nossas boas qualidades. A família é realmente o ambiente “ecológico” do ser humano, o mais normal para a vida do mesmo.10

Ainda de acordo com Santos (2000), o papel da família é importante em todas as fases da vida, porém torna-se particularmente relevante em dois períodos polares: o período educativo, na infância e o da velhice. Em ambas as situações, a consideração do indivíduo como pessoa é a forma mais eficiente de manter o equilíbrio afetivo do ser humano, propiciando seu desenvolvimento harmônico e natural.

O planejamento para os cuidados e a compreensão das questões psicossociais que a pessoa idosa enfrenta deve ser realizado dentro do contexto da família. Quando ocorrem necessidades de dependência, o cônjuge freqüentemente assume o papel do cuidador primário. Na ausência de um cônjuge, um filho adulto geralmente assume as responsabilidades e pode, mais adiante, precisar de ajuda para os fornecimentos do cuidado e do apoio.11

         Tão importante quanto o apoio e a convivência com entes queridos é a garantia de um ambiente onde o idoso possa sentir-se seguro. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou ainda em instituição pública ou privada.12 Residem em imóvel próprio 76,2 % da amostra estudada. O ambiente tem um papel fundamental na qualidade de vida e bem estar de qualquer cidadão, por este motivo é indispensável que o idoso se sinta acolhido e respeitado no local de sua residência. 

          A convivência em grupos é outro fator determinante para a manutenção de uma vida salutar. Contudo, ainda é reduzido o quantitativo de pessoas acima de 60 anos que frequentam espaços coletivos. Apenas 38% dos idosos relataram participar de alguma atividade após a aposentadoria, entende-se atividade como prática de exercício físico regular, grupos da terceira idade, clubes de dominó, dentre outros.

         Analisando os agravos à saúde, 7,1% dos entrevistados afirmaram ser tabagistas. No Brasil, aproximadamente um terço da população adulta é fumante ativo, sendo 16,7 milhões de homens e 11,2 milhões de mulheres. Porém, não existem dados específicos referentes à população com idade maior do que 65 anos. As principais afecções relacionadas ao tabagismo são: hipertensão arterial sistêmica, doenças cerebrovasculares, doenças coronarianas, doenças pulmonares e determinados tipos de neoplasias. 13

         Em relação ao consumo de álcool pelos idosos, a literatura aponta para um aumentando consideravelmente: 15 % dos idosos que procuraram atendimento em um ambulatório de geriatria da cidade de São Paulo apresentaram a condição de dependência de álcool.14 No presente estudo, não foi possível identificar dependência, contudo pouco mais de 30% da amostra referiu fazer uso de álcool esporadicamente.

         Medicamentos representam um dos itens mais importantes da atenção à saúde do idoso. Pessoas com idade avançada tendem a usar mais produtos farmacêuticos e apresentam particularidades que as tornam vulneráveis a efeitos adversos. Aproximadamente 85,7% referem fazer uso de algum medicamento diariamente, sendo 33,7% usuários de fármacos com atuação no sistema nervoso, realidade acima da média nacional comprovada em estudo realizado em área urbana do Nordeste, no qual 13,5% dos entrevistados faziam uso de algum fármaco desta categoria terapêutica.15-16

         Na perspectiva da prevenção e promoção à saúde, o combate ao câncer (CA) de colo uterino é uma ferramenta preciosa na redução da morbidade e mortalidade em mulheres. O exame preventivo é um método de rastreamento e diagnóstico precoce de câncer de colo uterino. Apesar de ser uma doença de fácil diagnóstico, tecnologia simplificada e tratamento acessível, estima-se que 20 em cada 100 mil mulheres venham a desenvolver a doença a cada ano.17

Um grande empecilho no combate ao CA de colo uterino é a não adesão por parte de mulheres, em especial as mais velhas. Dentre os argumentos utilizados pelas mesmas, vergonha e dor são os mais citados.18 Apenas 46,4% das idosas referiram ter realizado o exame ao menos uma vez nos últimos anos.

         Não diferentemente das mulheres, pouco mais de 40% dos homens estudados referem ter realizado o toque retal para diagnóstico de alterações prostáticas. Gomes et al (2008), afirmam que o referido exame toca em aspectos simbólicos do ser masculino que, se não trabalhados, podem não só inviabilizar essa medida de prevenção secundária como também a atenção à saúde do homem em geral.

         Biologicamente o envelhecimento caracteriza-se por ser um processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível, que se instala em cada individuo desde o nascimento e o acompanha por todo o tempo de vida possível, terminando com a morte. Neste trajeto, provoca no organismo modificações morfológicas, fisiológicas e bioquímicas.10

         Dentre as modificações fisiológicas, as alterações ósseas merecem destaque. Nas duas primeiras décadas de vida, predominando a formação, há um incremento progressivo da massa óssea; após a soldadura das epífises, persiste ainda um predomínio construtivo ósseo. A partir daí, praticamente estabiliza-se a taxa de formação, enquanto a de reabsorção aumenta. Por conseguinte passa a ocorrer perda progressiva, absoluta, da massa óssea até então presente, eis a “osteopenia fisiológica.”20

         O risco de fratura em consequência da reabsorção óssea é particularmente alto em vértebras, úmero, rádio, fêmur e tíbia. Os músculos diminuem de tamanho e perdem força, flexibilidade e resistência, aumentando o risco de quedas.11

Um terço dos pesquisados referiu ao menos uma queda no último ano e 14,3% das quedas resultaram em fratura. Apesar de mais de 85% dos idosos referirem medo de novas quedas, não foi reduzido o contingente de entrevistados que não contaram a ninguém o episódio, aumentando o risco de futuros acidentes ou até mesmo de incapacidades.

As quedas representam um sério problema para as pessoas idosas e estão associadas a elevados índices de morbidade e mortalidade, redução da capacidade funcional e institucionalização precoce.1

         O ambiente residencial pode aumentar o risco de quedas e deve ser incluído na programação de avaliação da pessoa idosa. Alguns dos riscos comumente observados nas residências são: presença de escadas, ausência de diferenciação entre degraus e corrimãos, iluminação inadequada, tapetes soltos e obstáculos no chão, como fios elétricos e pisos mal conservados. 1

Segundo Perracini (2002) os problemas relacionados ao ambiente incluem qualquer fator que cause insegurança e ofereça risco, restrinja o acesso e a escolha de preferências, limite o desempenho ou cause desconforto.

Profissionais que trabalham com o processo do envelhecimento nas mais diversas áreas do saber têm o desafio de proporcionar o bem estar dos idosos, potencializando suas funções globais, a fim de obter maior independência, autonomia e melhor qualidade para essa fase de vida. 22

 

Conclusão

 A partir dos resultados obtidos, conseguiu-se traçar o perfil multidimensional das condições de vida dos idosos aposentados, vinculados ao Sindicato dos Servidores da Universidade de Pernambuco.

         Dentre os resultados obtidos, observou-se que houve prevalência de idade entre 70 e 80 anos (50%), 40,5%, são casados, 66,6% concluíram o ensino fundamental, 76,2% residem em imóvel próprio, 26,2% dos entrevistados residem em sua maioria com parentes e amigos, e 38% dos idosos relataram participar de alguma atividade após a aposentadoria, 7,1% dos entrevistados são tabagistas e 31% são etilistas. 33,7% fazem uso de medicação controlada e 85,7% referem fazer uso de outros fármacos diariamente, aproximadamente 72,2% fazem uso de até duas medicações/dia. 

         Da totalidade das mulheres estudadas, 46,4% se submeteram ao exame preventivo de câncer de colo de útero. No sexo masculino a prevenção de câncer de próstata foi relatada em 46,4% dos casos e destes 14,3 apresentaram alguma alteração.

         No ano anterior a pesquisa 33,3% dos idosos estudados sofreram quedas; dos que caíram, 14,3% apresentaram pelo menos uma fratura. O medo de novas quedas foi relatado por 85,7% dos idosos.

         Tratando-se de um grupo seleto de idosos aposentados, provenientes de uma Universidade e inseridos em um sindicato, avaliados através de um instrumento detalhado, que considera as múltiplas dimensões características do processo de envelhecimento, podem-se redimensionar as ações propostas e ou voltadas para esse grupo, integralizando efetivamente ensino, pesquisa e extensão, como espaço de troca, participação e produção de conhecimento, no que diz respeito às questões de envelhecimento, para que políticas de promoção à saúde e assistência integrada possam ser elaboradas e voltadas especificamente para essa população.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências

 

1- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2007.

 

2- IBGE. Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 –Revisão 2008 [acesso em 05 de mar 11]. Disponível em:  http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?Vcodigo=POP 305&t= revisão-2008-projecao-da-populacao-grupos-especiais-de-idade.

 

3- Tier CG, Fontana RT, Soares NV. Refletindo sobre idosos institucionalizados. Revista Brasileira de Enfermagem. 2004; 57(3):332-5.

 

4- Rosa TEC, Benicio MHD, Latorre MRDO,  Ramos LR. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Rev. Saúde Pública. 2003; 37(1):40-48.

 

5- Carboni  RM, Reppeto  MA. Uma reflexão sobre a assistência à saúde do idoso no Brasil. Revista Eletrônica de Enfermagem. [periódico na internet]. 2007 Jan-Abr [acesso em 05 de mar 2011]; 9(1): 251-260. Disponível em: http://revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/7152/5064

                                                         

6- Alves LC, Leite IC, Machado, CJ. Perfis de saúde dos idosos no Brasil: análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2003 utilizando o método grade of membership. Cad Saúde Pública [periódico na internet]. 2008  mar [acesso em 05 abril 2011].  24(3): 535-546. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008000300007 &lng=en.doi: 10.1590/S0102-311X2008000300007.

 

7- Cervo AL, Bervian P.A. Metodologia Científica. 5ª edição. São Paulo: Prentice/Hall do Brasil; 2006.

 

8- IBGE. CENSO 2010. [acesso em 30 de mar 2011]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/censo2010/piramide_etaria/index.php.

 

9- Projeto Lar dos Idosos. [acesso em 12 ago 2008]. Disponível em: http://www.medicina.ufmg.br/laridosos/introdu.htm>.

 

10- Santos, SSC. Enfermagem geronto-geriátrica. Da reflexão à ação cuidativa. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB; 2000.

 

11-Smeltezer SC, Bare BG. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 9ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006.

 

12- Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto do idoso– 2 ed. Revisada – Brasília: Ministério da Saúde; 2005.

 

13- Kumpel C, Porto EF, Castro AAM, Leite JRO, Margarida UO, Edith FS. Características clínicas relacionadas ao tabagismo de indivíduos idosos assistidos pelo Programa Saúde da Família. Rev Bras de Med Pediatria Moderna. 2010 jun; 67(6):208-213.

 

14- Freire AS, Castro NFC, Silva MB. Alcoolismo na velhice na perspectiva do profissional de Saúde. Seminário de Iniciação científica. Universidade Federal de Uberlândia; 2008.

 

15- Loiola Filho A, Uchoa E, Firmo JOA, Lima –Costa MF. Estudo de base populacional sobre o consumo de medicamentos entre idosos: Projeto Bambuí. Cad. Saúde Pública. 2005 mar-abr; 21(2):545-553.

 

16- Coelho Filho JM, Marcopito LF, Castelo A. Perfil de utilização de medicamentos por idosos em área urbana do Nordeste do Brasil. Revista de saúde pública. 2004;38(4):557-64.

 

17- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília : Editora do Ministério da Saúde; 2006.

 

18- Resende TC. O exame ginecológico na perspectiva da mulher idosa. Caderno Esp Fem. 2005 jan/jun; 13(16):109-23.

 

19- Gomes R, Nascimento EF, Rebello LEFS, Araújo FC. As arranhaduras da masculinidade: uma discussão sobre o toque retal como medida de prevenção do câncer prostático. Ciênc saúde colet. 2008; 13(6):1975-1984.

 

20- Edison RCS. Tratado de Geriatria e Gerontologia. In: Freitas Freitas et al. Rio de janeiro: Guanabara Koogan; 2002.

 

21- Perracini M. Planejamento Adaptação do Ambiente para pessoas idosas. In: Freitas et al. Rio de janeiro: Guanabara Koogan; 2002.

 

22-Davim RMB, Nunes VMA, Araújo MGS, Silva RAR, Alchieri JC. Aspectos relacionados à capacidade funcional de idosos institucionalizados. Rev enferm UFPE on line [periódico na internet].2011 mai [acesso em 06 set 2011]; 5(3):692-97. Disponível em: http://www.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/view/1504/pdf_481.