PROPOSIÇÃO PEDAGÓGICA DE UTILIZAÇÃO DOS VARIADOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO HOLÍSTICA

Dério José Faustino Junior 1
Jean Carlos Neris de Paula 2
Raul Sartori Bortoloti 3
Reynaldo José Pretti 4

RESUMO

O presente artigo objetiva apresentar uma proposta de realização pedagógica ligada à avaliação no processo de ensino-aprendizagem. A discussão visa a teorizar sugestivamente sobre a formação ampla dos educandos no mundo globalizado, o qual pressupõe um sistema educacional que estimule o saber combinado da teoria e da prática, ancorado na cidadania analítica, crítica e criativa. Para tanto, a metodologia avaliativa precisa se mostrar capaz de maximizar holisticamente a educação.

PALAVRAS-CHAVE: Avaliação, Holística, Ensino, Aprendizagem, Educação, Escola, Cidadania.

ABSTRACT

This article presents a proposal to hold teaching in the assessment in the teaching-learning process. The discussion aims to theorize suggestively on the extensive training of students in the globalized world, which presupposes an educational system that encourages knowledge combined theory and practice citizenship anchored in analytical, critical and creative. Therefore, the methodology of evaluation needs to prove itself capable of maximizing education holistically.

KEYWORDS: Assessment, Holistic, Teaching, Learning, Education, School, Citizenship.

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1 Especialista em Gestão da Qualidade e Produtividade pela Fucape Business School e Especialista em Gestão Empresarial pela Faculdades Integradas Espírito-Santenses. E-mail: [email protected]
2 Especialista em Linguística pela Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: [email protected]
3 Especialista em Gestão Empresarial e Negócios pela Universidade Vila Velha. E-mail: [email protected]
4 Especialista em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo. E-mail: [email protected]

1. INTRODUÇÃO

Existem muitas discussões realizadas sobre avaliação pedagógica sendo realizadas mundo afora, entretanto poucas são as definições alcançadas, uma vez que os encontros educacionais sugerem de forma aberta ações avaliativas não sistemáticas. Tal indefinição acaba por permitir a cada professor que crie seus mecanismos de avaliação.

Essa liberdade tende a gerar discussões espinhosas acerca do tema, além de instaurar um caos no sistema escolar, visto que se encontram excelentes teorias de ensino e aprendizagem, porém poucas referências sistemáticas no tocante a metodologias avaliativas.

Por essa razão, urge a formulação sistematizada de uma avaliação holística na educação, voltada a valorizar e desenvolver o aluno de forma ampla, exigindo dos professores métodos variados e complementares, não centralizados apenas em provas, testes, exercícios de verificação da aprendizagem, embora esses instrumentos não possam ser desprezados.

As atividades de ensino, portanto, devem valorizar a avaliação formativa:

Formativa tem como função informar o aluno e o professor sobre os resultados que estão sendo alcançados durante o desenvolvimento das atividades; melhorar o ensino e a aprendizagem; localizar, apontar, discriminar deficiências, insuficiências, no desenvolvimento do ensino- aprendizagem para eliminá-las; proporcionar feedback de ação (leitura, explicações, exercícios) (SANT'ANNA, 2001, p. 34).

2. AVALIAÇÃO VARIADA, ALTERNADA, COMBINADA E COMPLEMENTAR

A variação de sistemas avaliativos já utilizados constitui uma relevante proposta de avaliação diversificada e abrangente. Mesmo considerando a flexibilidade contextual de cada realidade, o sistema escolar precisa definir alguns pontos essenciais a serem ensinados e avaliados de forma variada, alternada, combinada e complementar.

Assim, por meio da aplicação de atividades avaliativas importantes ao crescimento global dos discentes, torna-se imprescindível envolver os estudantes em tarefas que valorizem a frequência, o comportamento e a participação nas aulas; a realização de trabalhos escritos e apresentados individual e coletivamente; e a execução de provas interdisciplinares, objetivas e discursivas, com leitura e produção de textos, afinal ler e escrever deve ser responsabilidade de todas as disciplinas.

A variabilidade avaliativa, assim, centra-se na concepção ampla de avaliação, conforme explica Caldeira (2000):

A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica. (p. 122)

3. PARTICIPAÇÃO ESCOLAR

Quanto à participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, torna-se fundamental que os estudantes reconheçam que a frequência, o bom comportamento e o envolvimento direto nas aulas, com respeito às regras regimentais da escola, ampla e antecipadamente debatidas e esclarecidas, constituem quesitos relevantes de avaliação de cada período escolar. E a observação atenta dos professores se faz imprescindível, já que os docentes devem avaliar o estudante como um todo, dentro de sua interatividade socioeducacional.

Por essa razão, todos os acontecimentos precisam ser analisados pelo núcleo pedagógico, em diálogo com a família, para que se possa auxiliar e orientar os educadores na avaliação da participação dentro e fora da classe, valorizando, desse modo, o chamado currículo oculto. Afinal, a própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece em seu artigo primeiro:

Art 1º – A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Desse modo, atenta-se para um norte holístico na educação:

O termo Educação Holística foi proposto pelo americano R. Miller (1997) para designar o trabalho de um conjunto heterogêneo de liberais, de humanistas e de românticos que têm em comum a convicção de que a personalidade global de cada criança deve ser considerada na educação. São c consideradas todas as facetas da experiência humana, não só o intelecto racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas também os aspectos físicos, emocionais, sociais, estéticos, criativos, intuitivos e espirituais inatos da natureza do ser humano. (Yus, 2002, p.16).

4. TRABALHOS E PESQUISAS

A realização de trabalhos escolares e de pesquisas temáticas são cada vez mais indispensáveis no ensino globalizado, marcado pela presença da internet, a qual fornece relevantes informações para a interação dos indivíduos e o desenvolvimento dos alunos, que precisam se apresentar como autores e pesquisadores, não meramente copiadores de sites.

Além disso, não se podem ignorar outros meios de se obter informação, os quais se revelam também muito importantes, como livros, revistas, jornais televisivos e impressos, rádios entre outros suportes textuais.

Por tudo isso, mostra-se urgente que se reforcem na escola atividades escritas e apresentadas, coletiva e individualmente, envolvendo diversificados gêneros textuais, com o intuito de proporcionar o crescimento intelectual e expressivo dos sujeitos em desenvolvimento educativo. Esse tipo de ação formativa exige a propagada pedagogia de projetos, defendida por alguns teóricos da educação:

O trabalho com projetos traz uma nova perspectiva para entendermos o processo de ensino e de aprendizagem. Aprender deixa de ser um simples ato de memorização e ensinar não significa mais repassar conteúdos prontos (HERNANDEZ, 1998; 2000).

5. PROVAS, TESTES E EXERCÍCIOS AVALIATIVOS

As provas, culturalmente fortalecidas no sistema avaliativo, não devem ser temidas, mas valorizadas, na proporção certa, já que precisam ser aplicadas, porém o processo avaliativo não pode ser centralizado apenas nelas, visto que se torna necessário compreender o valor de outros mecanismos avaliativos que precisam ser combinados aos testes. Entretanto se faz útil que os alunos aprendam a realizar provas, uma vez que muitas organizações as utilizam em seus concursos, o que indica que o alunado tem que passar por isso para aprender e obter bons resultados quando for avaliado por tal método.

Assim sendo, verifica-se a fundamentalidade também dos testes, dos exercícios e das provas na avaliação, sem concentrar todo o processo de ensino-aprendizagem de um determinado conteúdo em apenas uma ou duas provas, prática comum entre alguns educadores.

Por esse entendimento, os educandos precisam da realização de provas com questões objetivas, para aprenderem a marcar gabaritos, e também discursivas, para treinarem a escrita e a apresentação de cálculos. Também se faz necessária a proposição de avaliações orientadas e interdisciplinares de produção de texto, isto é, escritura e reescritura de redações, já que a confecção textual tem se mostrado importante no Enem, nos concursos e nos variados vestibulares.

Tais provas, juntamente a trabalhos e pesquisas, elaboradas segundo as variadas especificidades de cada disciplina, observando-se a relevante interdisciplinaridade, dentro de necessidades e possibilidades, podem, inclusive, até por conta do número reduzido de aulas de determinadas disciplinas, fazer parte de atividades integradoras de área, tendo em vista que o conhecimento não se apresenta compartimentado, mas integrado a diversos saberes.

Nesse sentido, convém entender o saber conforme apregoa Álvarez Méndez (2002):

(...) o conhecimento deve ser o referente teórico que dá sentido global ao processo de realizar uma avaliação, podendo diferir segundo a percepção teórica que guia a avaliação. Aqui está o sentido e o significado da avaliação e, como substrato, o da educação. (p. 29)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma avaliação periódica em blocos avaliativos diversificados possibilita uma observação global, holística, do aluno, dimensionando equitativamente a valorização de itens importantes ao crescimento do indivíduo em transformação pela educação, como nível de frequência às aulas, índice de envolvimento com os assuntos discutidos, aproveitamento em provas, testes e exercícios, bem como dedicação às atividades de leitura, pesquisa, escritura e apresentação de diversificados trabalhos teóricos e práticos, executados individual e coletivamente, visando a preparar o aluno para interações sociais, pois o sistema educacional não pode pensar apenas em rendimento em provas.

Em suma, o presente trabalho propõe que a avaliação tem que ser diversificada, já que os objetivos da educação são variados e não se restringem apenas a apreender conteúdos. Assim, deve-se entender que tal proposta representa uma sistematização avaliativa inclusiva do professor como elemento fundamental do processo, haja vista que se estabelecem somente metodologias genéricas de aproveitamento combinado de atividades já usadas na educação, solicitando aos docentes que insiram seus conteúdos e planos de atividades no contexto vivenciado em classe.

Essa prática educacional entende como pedagogicamente correto não centralizar a avaliação em apenas um instrumento e formar o educando como cidadão capaz de transformar o mundo em que vive e enfrentar as adversidades da vida usando a razão e a emoção, que precisam estar inclusas nos modelos avaliativos, já que importam na interatividade tanto o Quociente de Inteligência (QI) quanto o Quociente de Emoção (QE).

7. REFERÊNCIAS

ÁLVAREZ MÉNDEZ, Juan M. Avaliar para conhecer: examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002.

CALDEIRA, Anna M. Salgueiro. Ressignificando a avaliação escolar. In: Comissão Permanente de Avaliação Institucional: UFMG-PAIUB. Belo Horizonte: PROGRAD/UFMG, 2000. p. 122-129 (Cadernos de Avaliação, 3).

HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf Acesso em 19-11-2013.

SANT'ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar?: Critérios e instrumentos. 7. ed. Vozes. Petrópolis 2001.

YUS, Rafael. Educação Integral: uma educação holística para o século XXI. Trad. Daisy Vaz de Moraes. – Porto Alegre: Artmed, 2002.