Avaliação e Medidas Educacionais
Publicado em 02 de fevereiro de 2010 por Euclydes Guelssi Filho
O
ingresso do estudante no ensino superior precisa ser muito adequado e
acolhedor. É preciso compreender que os jovens que ocupam esse espaço social –
Ensino Superior – ainda estão em processo de construção de suas identidades e,
por isso, aprendem não só uma profissão mas também sobre a sociedade, sobre os
outros e até sobre si próprios.
Os
educadores, portanto, precisam investir tanto na dimensão cognitiva, quanto
humana do desenvolvimento. Não podemos considerar que jovem estudante “cresceu”
e, então, não precisa de atenção especial, como também não podemos apenas
cuidar e acolher, sem refletir nos desafios necessários para que todos possam
avançar cognitivamente.
Por
isso, o Prof. Adjunto da UESC (Universidade
Estadual de Santa Cruz) Mirco Solé, Doutor em Biologia e avaliador
institucional e de cursos do Ministério da Educação em documento editado em 2006
pelo MEC (2004, p.53), reitera que não se trata de compartimentos estanques.
À
medida que meninos e meninas se mostram mais competentes na área cognitiva,
suas possibilidades de inserir-se socialmente aumentam, bem
Por
outro lado, se eles adquirem mais segurança nas relações, perdem o medo de
errar, se lançam mais e, conseqüentemente aprendem mais.
Neste
sentido, é fundamental que o educador, ao planejar cada situação didática,
reflita sobre seu grupo e seus alunos, considerando o desenvolvimento cognitivo
da faixa etária de seus componentes, além de contemplar características
culturais e individuais que os jovens trazem para este espaço que é coletivo;
partindo deste pressuposto entendemos por avaliação formativa aquela que, por
exemplo, considera que os jovens estudantes desta faixa etária enfrentam a
mudança de uma fase de pensamento ainda muito centrada em um caráter egocêntrico,
e considerando a formação média deficitária trazida por estes estudantes temos
que os mesmos ainda apresentam dificuldades para adquirir e trabalhar conceitos
e processos cognitivos cada vez mais sofisticados, como aqueles previstos para
o ensino superior.
Justamente
por isso é sempre muito importante pensar na utilização de materiais adequados
para que estes jovens possam experimentar diferentes hipóteses e construir suas
aprendizagens de forma sólida.
E
para que o professor participe dessa construção de conhecimento significativa,
o mesmo deve, de fato, reconhecer necessidades características da faixa etária
com que atua; respeitá-las bem
Por
tudo isso, as situações de avaliação não devem ser isoladas, mas sim, devem
fazer parte de um processo, iniciado desde os primeiros dias de aula. Estamos,
portanto, falando de uma avaliação formativa, da avaliação
A
primeira conclusão a que podemos chegar é a de que as situações de avaliação
não precisam ser criadas para avaliar e medir o que este jovem estudante ainda
não conseguiu aprender, mas sim para analisar as intervenções adequadas que
contribuam para o avanço de cada um destes indivíduos.
Consideramos
que ao longo de toda a vida os seres humanos diferem entre si no modo e no
tempo como aprendem, qualquer situação de avaliação deve, portanto, fornecer
possibilidades de execução para que todos possam realizá-las de acordo com o
nível em que se encontram, embora fosse ideal e até utópico, que tais
características psico-sociais pudessem ser superadas, embora a realidade fática
nos apresente outra necessidade.
E
se não nos esquecermos que a aprendizagem de qualquer conteúdo é um processo
que se dá na interação entre os alunos e, entre professores e alunos, nas
atividades de avaliação desse mesmo processo (que também devem ser consideradas
Desta
arte, a avaliação que pretende-se defender é aquela que se faz de forma
constante e que permite refletir sobre o conteúdo trabalhado, o modo
de trabalho e os resultados obtidos. Toda esta análise implica na
revisão do conteúdo e no planejamento da continuidade de atividades
significativas de aprendizagem e avaliação formativa.
Assim,
temos que o momento de avaliação deve sempre ser encarado
Por
esta esteira de pensamento, temos que se faz necessário modificar o foco do “que
olhar”: ao invés de observar apenas
o produto da aprendizagem (respostas finais dadas pelos estudantes do
ensino superior), precisamos analisar o
processo (as estratégias usadas para enfrentar os desafios e auxiliar este
estudante a adquirir os conhecimentos e habilidades necessários para sua
formação).
Isto
posto,
há
a necessidade de avaliar para que o
processo de aprendizagem tenha averiguado suas metas e seja corrigido
constantemente seu rumo e suas ações;
avaliamos se os objetivos propostos
foram alcançados e não se houve a “mera transmissão” do conhecimento;
como método de avaliação, temos que ter em mente uma
sequência de atos concatenados, baseados não em um sistema punitivo, mas sim
formativo do ponto de vista da construção do conhecimento;
ainda
sobre este prisma temos que quem
avalia é o docente assim
Com
isso, a avaliação deve se dar a serviço
de toda a sociedade, pois somente com processos educacionais inclusivos e
libertadores (FREIRE), norteados nas necessidades do próprio aluno, de sua
instituição de ensino, de sua sociedade e de seu meio.
Sobre
o mesmo prisma, RIOS (2004) assevera que:
“Investir na formação dos docentes em
encontros proporcionados no espaço institucional substitui, progressivamente,
ações individualizadas por ações coletiva. Estas últimas permitem ao docente
contribuir efetivamente para a construção do Currículo na Instituição, em uma concepção
de transcender a matriz curricular e desenvolver diferentes saberes,
competências e habilidade.
Essa constatação, num trabalho de avaliação
de docentes, é essencial, pois sinaliza que estamos caminhando ao encontro dos
nossos objetivos. O professor, ao deparar-se com o próprio crescimento,
ratifica a contribuição da avaliação formativa para o seu aperfeiçoamento”
(Rios, 2004).
Assim, o texto apresentado mostra-nos
uma necessidade existente em qualquer grupo docente, qual seja, o da formação e
aperfeiçoamento continuados, contudo, o autor apresenta uma medida que gera
economia e de ganho de processos, uma vez que convida aos docentes para
prepararem-se de forma conjunta (aqui, a máxima do ditado popular se faz atual
e verdadeira: a união faz a força!),
já que tais atividades podem ser realizadas em locais e datas que atendam as
necessidades de um grupo específico de docentes, além de permitir uma maior
interação sócio-cultural entre os mesmos.
Neste mesmo sentido, temos que
as atividades podem ser direcionadas também para o interesse das instituições
de ensino enquanto gestão do
paradigma educacional formado pelo tripé “docente-discente-gestão” já
que as atividades podem ser iniciadas pela avaliação das necessidades de cada
curso, bem como pela obrigatoriedade legal de formação dos quadros docentes de
cada IES imposta pelo Ministério da Educação – MEC.
Ainda de acordo com o texto,
se a formação do professor foi embasada pelas avaliações institucionais interna
e externa, à partir do momento em que aquele mesmo docente entender que sua
formação será melhorada de acordo com a percepção de seus próprios alunos,
haverá a validação e ratificação de tais avaliações