INTRODUÇÃO

O setor avícola destaca-se nos cenários nacional e internacional por apresentar um crescimento na produção e no consumo de carne de frango. Em 2005, a produção de carne de frango no Brasil foi 9,348 milhões de toneladas, volume 10% superior ao obtido em 2004. Em 2005, as exportações brasileiras de carne de frango aumentaram 12,20% em relação a 2004, atingindo patamar de 2.761 milhões de toneladas de carne de frango.

Em 2006, a produção de frangos de corte no Brasil não aumentou da mesma magnitude dos últimos anos, pois o cenário internacional não favoreceu as exportações (Avicultura Industrial, 2006). Desse modo, a produção de carne de frango estabilizou em torno de 9,300 milhões de toneladas.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, com safras superiores à faixa de 35 milhões de toneladas nos três últimos anos, e a avicultura brasileira utiliza aproximadamente 25% desta produção. Portanto, o Brasil é um país privilegiado por ter grande disponibilidade deste grão, bem como de seus subprodutos, entre eles, a farinha de gérmen de milho, obtida a partir da retirada do amido do grão do milho, que apresenta elevados teores de gorduras e proteínas e moderado teor de carboidratos. Existem também constantes estudos para disponibilização no mercado novas variedades, como o milho de alta gordura, que possui aproximadamente o dobro do conteúdo de EE em relação ao milho comum.

As poedeiras de ovos marrons estão se tornado cada vez mais eficiente e produtivas, chegando ao ponto dos produtores começarem a vê-las como competidoras das aves de ovos brancos, principalmente com relação a massa de ovos.

As linhagens de poedeiras de ovos marrons vermelhos requerem 10% a mais das necessidades nutricionais das poedeiras de ovos brancos (NRC, 1994). A maior parte da perda de calor das aves ocorre por vaporização, contudo, quando submetidas a baixas temperaturas essa perda ocorre através da radiação e as necessidades energéticas para manter a temperatura corporal são maiores. Em altas temperaturas as aves regulam seu consumo de alimento com menor perfeição que em baixas temperaturas ( LEESSON e SUMMERS). Quanto maior a concentração energética maior será o consumo de energia metabolizável pelas aves.

A região de Manaus no estado do Amazonas, caracteriza-se por apresentar altas temperaturas e umidade relativa praticamente durante o ano todo, assim o presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de diferentes níveis de energia metabolizável em raçoes de poedeiras de ovos marrons.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente experimento foi conduzido na fazenda experimental da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas- UFAM, em Manaus situada na BR174 Km 38 no período de Agosto a Dezembro de 2002.

Foram utilizadas 144 poedeiras de ovos marrons da linhagem Isa Brown com 30 semanas de idade, durante 3 ciclos de 28 dias, totalizando 12 semanas. Todas as aves foram pesadas no inicio do experimento para uniformização das parcelas, e a coleta dos ovos foi realizada três vezes ao dia (8:00, 11:00 E 17:00 horas) e a seguir registrada cada ocorrência. Nos dois últimos dias de cada ciclo (28 dias), os ovos eram coletados para posterior determinação do peso e massa do ovo.

Os tratamentos consistiram de seis níveis de energia metabolizável (EM) na ração (2650,2700, 2750, 2800, 2850, 2900 kcal/kg) em ração isoprotéicas. As rações foram constituídas de milho, farelo de soja, farinha de carne e osso, calcário, fosfato bicálcico, sal, premix vitamínico e mineral e formuladas afim de atender as exigências nutricionais de acordo com as recomendações de ROSTAGNO et al., 1994.

            Foram avaliadas as seguintes variáveis: produção de ovos, consumo de EM, consumo de ração, peso do ovo, massa do ovo e conversão alimentar (consumo de ração/massa de ovo). Durante todo o período experimental, foram anotados diariamente a umidade relativa e a temperatura do ar no interior do galpão. Foi aplicado o delineamento experimental inteiramente casualizado com seis tratamentos  com quatro repetições de seis aves por parcelas. Sendo os dados interpretados com analise de variância e regressão polinomial.

 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 A tabela 1. mostra os resultados referidos as variações estudadas. As análises estatísticas nos revelam efeito significativo dos tratamentos experimentais sobre a produção de ovos, consumo de ração, peso do ovo, massa do ovo e conversão alimentar (P<0,05).

Tabela 1. Desempenho de poedeiras de ovos marrons alimentadas com níveis crescentes de energia. 2014

Variáveis                                    Níveis de energia (Kcal de EM/kg de ração)

 

2650

2700

2750

2800

2850

2900

R2

CV(%)

Produção de ovos (%)

73,78

77,67

80,08

78,77

75,96

75,34

-

5,65

Consumo de ração em (g)

97,25

103,50

100,75

100

98,50

99,25

-

3,42

Consumo de EM (Kcal)

257,71

279,45

277,06

281,26

280,72

291,45

0,73

3,73

Peso do ovo (g)

59,28

61,39

61,52

62,66

61,43

61,43

-

3,92

Massa do ovo (g)

43,75

47,69

49,21

49,39

46,32

46,32

-

7,15

Conversão alimentar

Kg ração/Kg massa de ovo

2,23

2,17

2,05

2,04

2,11

2,15

-

6,99

Entretanto houve efeito com regressão linear para o consumo de EM (r2=0,73; y=-0,227+0,100x; CV=3,73%), com melhores resultados nos níveis intermediários. Diante desses resultados pode-se constatar que embora o consumo de ração tenha se mantido estável entre os tratamentos, houve variação do consumo de EM, evidenciando-se a deficiência do mecanismo quimiostático da regulação do consumo. Tais resultados estão condizentes com os encontrados na literatura.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados e nas condições em que foram conduzidos o experimento, pode-se concluir que podem ser utilizados qualquer uma das rações sem alterar os índices produtivos do consumo de ração, produção de ovos e conversão alimentar, sendo rações com maiores níveis de energia metabolizável, proporcionaram melhor desempenho no peso de ovos.  Recomendando-se rações com os níveis intermediários de 2750 e 2800 kcal de EM/kg de ração.

REFERÊNCIAS

LEESON, S. & SUMMERS, J.D. Commercial Poultry Nutrition. University Books. 1997, 350 p.

 NATIONAL ACADEMY OF SCIENCE – NRC. Nutrient requirements of swine. 10. ed. Washington, D.C., 1998. 189 p.

 R. H. Davis, O. E. M. Hassan and A. H. Sykes (1972). The adaptation of energy utilization in the laying hen to warm and cool ambient temperatures. The Journal of Agricultural Science, 79, pp 363-369. doi:10.1017/S0021859600032354.

 ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T. DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2005. 186p