Declaração de Compromisso de Honra

Declaro que esta Monografia Científica é resultado da minha investigação pessoal sob as orientações dos meus supervisores e a mesma nunca foi apresentada em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico.














Maputo, Aos 10 de Dezembro de 2009
Autor
Hélder Manuel Sitoe




Epígrafe




" Todas as substâncias são veneno, não há nenhuma que não pode ser considerada veneno. A dose definirá o veneno".

Paracelsus, 1538

Dedicatória

Dedico esta conquista ao homem que foi meu grande exemplo de carácter, amizade e hombridade: meu pai.
A saudade é imensa e a dor muito grande, mas sei o quanto esta monografia o deixaria orgulhoso.
A minha mãe e aos meus irmãos que por mim tudo fizeram na esperânça do amanha,

Dedico!


Agradecimentos

Pela colaboração e contribuição nas mais distintas formas, ao longo do período estudantil, registo o meu fraterno agradecimento aos parceiros de jornada que seguem nomeados os quais também figuram como representantes de muitos outros que aqui não foram mencionados:

 A Deus dador de vida eterna e gratuita, por permitir a realização de mais uma etapa académica na minha vida, o meu muitíssimo obrigado.
 Aos meus supervisores, Dr. Pita Sitoe e Engº. Khalid Cassam, pela atenção, acompanhamento incondicional, debates frutuosos e permanentes durante a realização do meu trabalho.
 Vai o meu profundo agradecimento ao Ministério da Educação e Cultura, Dptº. de Planificação e a Direcção Nacional dos Serviços Agrários, Dptº. de Sanidade Vegetal, pelo apoio durante a realização deste trabalho.
 Ao Dr. Samo do Dptº. de Matemática da FCNM pela ajuada na análise estatística e aos Srs. Bila e Cossa pelo apoio durante os trabalhos de campo.
 A todos os docentes do Departamento de Biologia e funcionários da FCNM pelo apoio moral e pelos ensinamentos transmitidos ao longo da minha formação.
 A todos os colegas do curso de licenciatura em ensino de Biologia, pela orientação, amizade e companheirismo ao longo da formação académica.
 Aos produtores rurais de Boane que se dispuseram a participar deste trabalho.
 E a todos que não pude mencionar, os meus profundos e calorosos agradecimentos.

Resumo
No ano de 2009 foi realizada uma pesquisa com o objectivo de avaliar o nível de conhecimentos sobre a manipulação de agrotóxicos no sector agrícola do distrito de Boane. A mesma, teve lugar em duas associações de agricultores tendo envolvido 74 interlocutores. Durante o trabalho de campo foi posssível fazer a recolha de dados com o recurso a entrevista estruturada.
A escolaridade que predominou foi o 1º grau do ensino primário incompleto, correspondente a 36.5% da população.
Todos os interlocutores declararam utilizar agrotóxicos nas suas propriedades para o controle e combate à pragas, porém usam-nos sem o devido equipamento de protecção individual, pois 29.7% não os possui e 70.3% utiliza-os de forma incompleta, estando deste modo sujeitos ao risco de exposição por estes produtos.
Em geral, cerca de 70.3% dos agricultores têm sofrido intoxicações ocupacionais durante as suas actividades e destes, 92.3% são intoxicações agudas e 7.7% intoxicações crónicas.
O baixo nível de escolaridade, as dificuldade financeiras em paralelo com as crenças transmitidas através de graus de parentesco referentes ao uso e manuseio de agrotóxicos contribuem para a utilização inadequada dos mesmos e a consequente intoxicação dos agricultores.
Deste modo, há fraca sustentabilidade para a saúde, agricultura e para o meio ambiente na região de Boane devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos.
























Palavras chave: agricultores, intoxicação, manipulação de agrotóxicos, região de Boane.
Lista de Figuras
Figura 1: Percentages referentes ao grau de escolaridade dos agricultores...................... 16
Figura 2: Percentagem dos agricultores quanto ao aprendizado de uso de pesticidas ......17
Figura 3: Percentagem dos agricultores relativa à recepção de informação de uso de pesticidas............................................................................................................................17
Figura 4: Percentagem dos agricultores quanto à leitura do rótulo...................................18
Figura 5: Percentagem dos agricultores relativamente à observação das condições atmosféricas.......................................................................................................................19
Figura 6: Percentagem dos agricultores quanto ao período de aplicação do pesticida.............................................................................................................................19
Figura 7: Percentagem dos agricultores quanto à aplicação do pesticida em dias com vento...................................................................................................................................20
Figura 8: Equipamentos de protecção possuidos pelos agricultores..................................21
Figura 9: Instrumentos usados para a medição do produto................................................22
Figura 10: Percentagem dos agricultores quanto ao consumo de algo durante a aplicação............................................................................................................................22
Figura 11: Instrumentos usados para a aplicação do pesticida..........................................23
Figura 12: Percentagem dos agricultores face ao método usado para desentupir o pulverizador.......................................................................................................................23
Figura 13: Percentagem dos agricultures referentes aos sinais de advertencia após a aplicação dos agrotóxicos..................................................................................................24
Figura 14: Percentagem dos agricultores relativamente as condições de armazenamento dos agrotóxicos..................................................................................................................24
Figura 15: Percentagem dos agricultures referente ao local onde guardam o resto do produto após a pulverização...............................................................................................25
Figura 16: Destino das embalagens apôs o uso pelos agricultores....................................25
Figura 17: Percentagem dos agricultores relativamente ao conhecimento das vias de contaminação dos agrotóxicos...........................................................................................26
Figura 18: Percentagem dos agricultures referente ao conhecimento de existência de casos de intoxicações por agrotóxicos...............................................................................27
Figura 19: Percentagem dos agricultores quanto ao momento de intoxicação..................27
Figura 20: Percentagem dos agricultures quanto ao conhecimento dos sintomas de intoxicação por agrotóxicos...............................................................................................28



Lista de tabelas
Tabela 1: Quantidade da população usada para o estudo..................................................24

Lista de Abreviaturas
DNSA Direcção Nacional de Serviços Agrários
Dptº. Departamento
DUAT Direito do uso e aproveitamento da terra
e.g. Exemplo
FCNM Faculdade de Ciências Naturais e Matemática
Fig. Figura
INE Instituto Nacional de Estatística
L.N.H.A.A. Laboratório Nacional de Higiene de Alimentos e Águas
MEC Ministério da Educação e Cultura
OMS Organização Mundial da Saúde
PCIGA-ETP Projecto de Capacitação Institucional para a Gestão Ambiental nas Escolas Técnico-Profissionais de Moçambique
SDAE Serviços Distritais de Actividades Económicas
Tab. Tabela
UP Universidade Pedagógica
1. INTRODUÇÃO
1.1. Caracterização de Agrotóxicos
Agrotóxicos são substâncias ou mistura de substâncias de natureza química ou biológica, usada para evitar ou combater pragas ou doenças, que reduzem a produtividade ou que afectam negativamente a qualidade dos produtos em áreas de culturas agrícolas e de produção animal e, no controlo de vectores causadores de doenças ao Homem (PCIGA-ETP, 2008).
As substâncias supracitadas são amplamente utilizadas nas diversas culturas de importância económica, proporcionando a produção de alimentos a um preço acessível, porém a utilização indiscriminada destes produtos pode causar danos à saúde humana, animal e ao meio ambiente, principalmente nos países em desenvolvimento, e.g. Moçambique (DOMINGUES et al, 2004).
Em Moçambique, a utilização de substâncias organossintéticas (agrotóxicos) para o controle de pragas e doenças que afectam a produção agrícola foi largamente difundida no início da década 80, depois da formação de empresas estatais, baseadas em alto grau de mecanização (MAPILELE, 1996).
Segundo relatórios de 2002 à 2007 referentes as importações de agrotóxicos no país, apontam que a situação está a ser bastante crescente com o passar dos anos, pois em 2002 foram importados cerca de 13.912 Kg de 42 produtos diferentes de agrotóxicos, em 2005, cerca de 687.837 Kg de 497 produtos diferentes de agrotóxicos e em 2007, cerca de 1.222.304.8 Kg de 433 produtos diferentes de agrotóxicos.

De acordo com PARPA (2001), a agricultura é a prioridade na estratégia do Governo para o desenvolvimento e redução da pobreza. E estando o país em vias de desenvolvimento, com uma população estimada em cerca de 20.530.714 milhões de habitantes, mais de 70% destes vivem nas zonas rurais e dependem da agricultura para o seu sustento e sobrevivência.
A província de Maputo em particular, situa-se na zona sul do país e de acordo com INE, baseado no censo populacional de 2007, a população da província é estimada em cerca de 1.205.553 (um milhão, duzentos e cinco mil, quinhentos e cinquenta e três) habitantes.
O clima predominante na faixa costeira é tropical húmido com a pluviosidade média anual entre 800 e 1000, seco na zona do interior com pluviosidade média anual entre 400 e 800. Apresenta terras altas e baixas e o sistema de cultivo dos agricultores é basicamente de consociação de culturas (PSS, 2003).

A escolaridade é um factor de condição social associado a melhores condições de saúde, incluindo um efeito protector contra intoxicações por agrotóxicos. A baixa escolaridade tem sido um problema, na medida em que esta dificulta a leitura de recomendações de segurança inclusas nos rótulos (FARIA, et al, 2007). De acordo com o Departamento de planificação do Ministério da Educação e Cultura, até o presente ano (2009) a taxa de analfabetismo em Moçambique é de 43%, sendo que na província de Maputo a taxa é estimada em 22%, situação que vai crescendo ao longo das províncias da zona centro e norte do país.

Considerando a ampla utilização de agrotóxicos nas diversas culturas de importância económica, a população está exposta ao risco de contaminação.
Nas actividades de produção agrícola em que são utilizadas estas substâncias, ZOLDAN (2005) afirma que o trabalhador, a sua família, o meio ambiente e o consumidor se expõem, seja pela manipulação ou pelo consumo de culturas que receberam destes produtos durante o cultivo. Deste modo, as intoxicações por estes, representam um dos principais riscos de acidentes a que os trabalhadores rurais estão expostos.

Embora a utilização dos agrotóxicos proporcione o aumento da produtividade agrícola, possibilitando a produção de alimentos com qualidade a um custo menor (JAMES, 1993, citado por DOMINGUES, 2004), é preciso citar que o emprego massivo e indiscriminado destes produtos tem criado problemas sérios no meio ambiente (solo e água), toxicidade para o Homem e animais, desenvolvimento de resistência de pragas aos insecticidas, surgimento de pragas secundárias e o efeito residual (CHICONELA et al. 1999).

A ocorrência de insectos, doenças, nemátodos, ervas daninhas e outros organismos tem constituído um factor que limita a actividade agrícola (CHICONELA et al. 1999). De acordo com os Serviços Distritais de Actividades Económicas de Boane (SDAE), na região de Boane as hortícolas cultivadas nos últimos anos têm sido atacadas por várias pragas e doenças, que diminuem o valor delas em quantidade e qualidade. Em relação a esta problemática, os agricultores se vêem obrigados a usar agrotóxicos como defensivos ou preventivos. Deste modo, há indícios do uso indiscriminado destes produtos pelos agricultores de Boane, que nas suas actividades agrícolas utilizam-nos com conhecimento deficiente das normas de uso e maneio dos mesmos.
SEGEREN et al., (1994), afirma que estes produtos são tóxicos e quando usados sem as devidas técnicas e regras originam também prejuízos a saúde dos aplicadores e dos consumidores, a agricultura e ao meio ambiente.

De acordo com CHICONELA et al. 1999, os agrotóxicos produzem intoxicação ao Homem por ingestão, absorção pela pele, por inalação dos vapores.
Os autores afirmam ainda que a intoxicação é mais rápida quando estas substâncias agrotóxico penetram no organismo por via oral; quando a penetração se realiza através da pele, a intoxicação é mais lenta e podendo ser muito mais lenta por via inalatória, salvo em algumas excepções. O maior perigo na manipulação destes, está na absorção pela pele.

Para evitar ou minimizar as intoxicações por agrotóxicos o PCITG-ETP, 2008, recomenda que algumas normas devem ser consideradas, nomeadamente, ler o rótulo do conteúdo antes de preparar a mistura, identificar claramente a praga/doença a tratar e seleccionar o produto adequado, usar os equipamentos de protecção individual (EPI), respeitar o intervalo de segurança, guardá-los em locais próprios e seguros, lavar o equipamento e tomar banho.

O uso adequado de agrotóxicos é um dos temas que vem atraindo a atenção de vários segmentos do sector agrícola, uma vez que tem implicações em três áreas básicas de grande importância no contexto global da sustentabilidade da agricultura: a preservação do ambiente, a segurança da saúde dos usuários e a segurança alimentar (SANTOS, 2009).

1.2. Problemas de estudo e justificativa
As nossas unidades sanitárias não possuem relatórios que nos possam dar uma visão geral no que diz respeito ao registo de casos de intoxicações agudas e crónicas de pessoas que padecem devido a acção dos agrotóxicos e este fenómeno está aliado ao facto de que o modo de acção destes pode ser intimamente confundido com outras enfermidades como é o caso da tuberculose, malária, dermatoses, etc.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as publicações mais recentes estimam que entre trabalhadores de países em desenvolvimento, os agrotóxicos causam anualmente 70 mil intoxicações agudas e crónicas que evoluem para óbito. E pelo menos 7 milhões de doenças agudas e crónicas não-fatais, devido a estas substâncias (FARRIA, et al. 2007).
De acordo com o Laboratório Nacional de Higiene de Alimentos e Águas (L.N.H.A.A) do Ministério da Saúde, em 2008 foram notificados vários casos de pessoas vítimas de intoxicações devido ao consumo de couve contendo resíduos de agrotóxicos não especificados.

As intoxicações por estas substâncias são condicionadas por factores intimamente relacionados com o uso inadequado, a alta toxicidade de alguns produtos, a falta de uso de equipamentos de protecção e as dificuldades no sistema de vigilância. E ainda, o quadro é agravado pelo baixo nível de escolaridade em paralelo com altos níveis de uso destes produtos durante a actividade agrícola.

Em Moçambique não existem ainda trabalhos realizados relativos ao controle de uso e manuseio adequados de agrotóxicos e se existem são bastante exíguos. Daí surge a necessidade e a pertinência desta pesquisa que visa apurar os níveis de conhecimento sobre a manipulação e aplicação de agrotóxicos que, de certa forma contribuirá para a realização de outras pesquisas relacionadas ao mesmo assunto em outros locais do país.

2. OBJECTIVOS DO TRABALHO
2.1. Objectivo Geral
Estudar o nível de conhecimentos dos agricultores relativos a manipulação de agrotóxicos no sector familiar da região de Boane.

2.2. Objectivos Específicos
 Avaliar o grau de instrução dos agricultores relativamente a utilização de agrotóxicos no sector familiar de Boane;
 Verificar os procedimentos utilizados pelos agricultores de Boane para o manuseio e aplicação de agrotóxicos;
 Averiguar a existência de casos de intoxicações ocupacionais e alimentares humanas pelo uso de agrotóxicos e consumo de alimentos portadores de resíduos de agrotóxicos;
 Contribuir para a monitorização da saúde da comunidade da região de Boane.

3. QUESTÕES DE ESTUDO E HIPÓTESES
3.1. Questões de estudo
1. Qual é o grau de instrução dos agricultores do sector familiar de Boane relativamente ao uso e manuseio de agrotóxicos?
2. Quais são os procedimentos utilizados pelos agricultores do sector familiar de Boane para a manipulação e aplicação de agrotóxicos?
3. Existirão casos de intoxicações ocupacionais por agrotóxicos, bem como as resultantes do consumo de alimentos contendo resíduos de agrotóxicos na região de Boane?

3.2. Hipóteses
1.
H1: Os agricultores do sector familiar de Boane não têm nenhuma instrução relativamente ao uso e manuseio de agrotóxicos.

H0: Os agricultores do sector familiar de Boane têm alguma instrução quanto ao uso e manuseio de agrotóxicos.

2.
H1: Os agricultores do sector familiar de Boane não procedem como deve ser no que diz respeito aos procedimentos para uma correcta manipulação e aplicação de agrotóxicos.

H0: Os agricultores do sector familiar de Boane procedem como deve ser no que diz respeito aos procedimentos para uma correcta manipulação e aplicação de agrotóxicos.

3.
H1: Existem casos de intoxicações ocupacionais por agrotóxicos, bem como as resultantes do consumo de alimentos contendo resíduos dos mesmos na região de Boane.
H0: Não existem casos de intoxicações ocupacionais por agrotóxicos e as as resultantes do consumo de alimentos contendo resíduos destas substâncias na região de Boane.

4. METODOLOGIA DO TRABALHO
4.1. Descrição da Área de Estudo
O estudo foi feito no distrito de Boane ? província de Maputo, em duas associações que fazem o uso e manuseio de agrotóxicos durante as suas actividades agrícolas, sediadas nas regiões de Mazambanine e da Massaca.

Esta região caracteriza-se pela presença de um rio denominado Umbeluzi, o qual tem sido usado pela população local para a lavar a roupa, pesca, irrigação das machambas, entre outras actividades.
Este rio fornece igualmente água a cidade de Maputo e Matola, o que não deixa de lado a possibilidade dos habitantes destas regiões de estarem expostos ao risco de contaminação pelo consumo desta água.

As culturas mais produzidas nesta região são a couve, alface, repolho, folha de abóbora, cenoura, pimento, cebolinha, feijão verde, pepino, etc. Estas culturas são destinadas ao consumo ou para a venda.

4.1.1. Cooperativa 25 de Setembro ? Mazambanine
A Cooperativa 25 de Setembro está localizada no distrito de Boane, região de Mazambanine, localidade de Gueguegue e dista cerca de 35 Km da cidade de Maputo e 4 Km da vila de Boane e encontra-se próximo à estação agrária de Umbeluzi. Esta associação apresenta um título de direito do uso e aproveitamento da terra (DUAT) sobre uma área de 80.9 hectares, sendo que destes apenas 40 hectares foram ocupados por cerca de 38 trabalhadores inscritos na associação.

Em casos de enfermidades de doenças a comunidade de Mazambanine conta com os cuidados médicos do Hospital Geral de Boane situado a sensivelmente 5Km daquela região.

4.1.2. Associação Regantes da Massaca I e II
A Associação Regantes da Massaca I e II encontra-se localizada no distrito de Boane, localidade de Massaca II, dista cerca de 15 Km da vila de Boane e encontra-se próxima à Escola Primária de Massaca II. Esta associação conta com 95 camponeses inscritos e têm um título de DUAT sobre uma área de 149.9 hectares, sendo que destes 39 hectares encontram-se fora do uso.
Esta comunidade conta com um posto de saúde localizado nas instalações da Escola Primária da Massaca II.

4.2. Critérios de Metodologia
4.2.1. Fase preparatória
Deslocou-se aos SDAE de Boane, com vista a explicar o objectivo da pesquisa e também para solicitar autorização para a realização das actividades do campo naquela região. O pesquisador entrou em contacto com a técnica responsável na área de produção e esta, por sua vez, informou que a região de Boane é constituída por três associações que utilizam agrotóxicos durante as suas actividades e posteriormente disponibilizou contactos telefónicos de três técnicos extensionistas que iriam trabalhar com o pesquisador, os quais estão distribuídos em número de um para cada associação, nomeadamente: Cooperativa 25 de Setembro, Associação Regantes da Massaca I e II e Associação de Manguissa.

4.2.2. Escolha dos interlocutores
A escolha dos interlocutores foi baseada no facto de estes estarem a trabalhar directamente na agricultura e também por utilizarem agrotóxicos.

4.2.3. Elaboração do instrumento de entrevista
Durante o mês de Maio de 2009, foi elaborada uma entrevista do tipo estruturada que segundo FORTIN (1999), é aquela em que o investigador exerce o máximo controlo sobre o conteúdo, o desenrolar da entrevista, a análise e a interpretação da medida. Esta, esteve composta por questões fechadas (cujas respostas são determinadas antecipadamente), consideradas relevantes para o levantamento de dados que permitirão a concretização dos objectivos do problema em pesquisa. A entrevista está estruturada em três capítulos onde, cada capítulo está paralelamente ligado a um objectivo específico da pesquisa (Apêndice A).

4.2.4. Aplicação do teste
Segundo CROXTON (1962), depois de se elaborar a estrutura da entrevista, esta deve ser submetida a um teste para reformular as perguntas de modo a diminuir problemas relacionados a dificuldade de compreensão. O teste envolveu cerca de 10 interlocutores e foi efectuado numa associação de agricultores do Bairro de Infulene, região de residência do pesquisador, o qual apresenta características similares as da zona em estudo.

4.2.5. Trabalho de campo
O trabalho de campo para este estudo, consistiu na recolha de dados com vista a avaliar o nível de conhecimentos dos agricultores do sector familiar do distrito de Boane, província de Maputo, relativamente ao uso de agrotóxicos, os procedimentos para a sua manipulação e por fim levantar aspectos relacionados a intoxicações devido a exposição ou ao consumo de alimentos portadores de resíduos de agrotóxicos.
Os dados foram colhidos no mês de Maio durante o meio de semana num período compreendido entre as 8:00 horas e as 13:00 horas e foi possível entrevistar aleatoriamente 74 agricultores que se encontravam a trabalhar nas suas machambas.

4.2.6. Amostragem
Para esta pesquisa foram escolhidos agricultores do distrito de Boane que durante as suas actividades utilizam agrotóxicos.
Para a obtenção do tamanho da amostra dos agricultores que foram inquiridos recorreu-se a amostragem probabilística a qual serve para assegurar certa precisão na estimação dos parâmetros da população (FORTIN, 1999). Dentro da amostragem probabilística escolheu-se a amostragem aleatória símples, que de acordo com este autor, é uma técnica com que cada um dos elementos (sujeitos) que compõe a população alvo tem uma chance igual de ser escolhido para fazer parte da amostra, em paralelo com as recomendações de CROXTON (1962), as quais referem que deve-se recorrer a um senso de modo a conseguir uma amostra significativa.
Foram inquiridos deste modo, agricultores em duas das três associações que lidam com agrotóxicos no sector agrícola de Boane, constituindo deste modo uma amostra estatística de 55.6%.

4.2.7. Metodologia de avaliação
Para a avaliação usou-se métodos qualitativos e quantitativos como forma de aproveitar as vantagens que cada um dos métodos proporciona.

4.2.7.1. Avaliação qualitativa
Segundo TORANZOS (1969), para este tipo de avaliação devem ser usados como principais instrumentos de recolha de dados a consulta de documentos existentes, conversas informais e observação.
As conversas informais e as entrevistas estruturadas foram feitas em grupos de intervenientes (Associados). A base de grupos de intervenientes foi as associações de agricultores da região de Mazambanine e da região da Massaca, assistidas pelos SDAE de Boane sob orientação de um extensionista de cada associação.

4.2.7.2. Avaliação quantitativa
Para este tipo de avaliação recorreu-se as recomendações de TORANZOS (1969), que sugere que neste tipo de pesquisa o principal instrumento de recolha de dados deve ser essencialmente a entrevista estruturada (inquérito). Posteriormente foram estimadas as percentagens de uso e manuseio de agrotóxicos.
4.2.8. Análise dos dados
Os dados foram analisados de forma quantitativa e se usou o pacote estatístico SPSS V. 12.0 for Windows e Excel para apurar as percentagens de respostas colhidas. Usou-se também o Excel para as representações gráficas.

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo está a descrição dos resultados após o levantamento de dados com recurso ao uso de um roteiro semi-estruturado descritos pelos camponeses.

Durante o trabalho de campo foram inquiridos 74 agricultores, dos quais 39 (52.7%) são homens e 35 (47.3%) mulheres em 2 associações de agricultores de Boane, nomeadamente Cooperativa 25 de Setembro e Associação Regantes da Massaca I e II, e estas apresentam um universo de 133 agricultores inscritos (Tabela 1).
Região Homens Mulheres Total
Mazambanine 17 17 34
Massaca 22 18 43
Total 39 35 74
Tab. 1: Quantidade da população usada para o estudo

I. Avaliar o grau de instrução dos agricultores face a utilização e manuseio de agrotóxicos
Procurou-se saber sobre o grau de escolaridade dos camponeses e, dos que frequentaram a escola responderam que possuem o ensino geral do sistema nacional de educação onde cerca de 36.5% tem o 1º grau, 20.3% o 2º grau, 4% o nível básico e por fim cerca de 39.2% afirmou não ter nenhum grau de escolaridade conforme os dados da figura 1.

Em relação aos agrotóxicos, os mais usados pelos agricultores da região de Boane e encontrados nos campos visitados para o controlo de pragas são de apenas uma categoria (insecticidas). 100% foram unânimes ao afirmarem que usam insecticidas durante as suas actividades.

A aplicação de agrotóxicos sintéticos carece de uma atenção bastante especial por parte dos seus utilizadores uma vez serem produtos tóxicos e também pelas implicações que deles podem advir. Quase metade dos agricultores quando questionados com quem aprenderam a usar estes produtos afirmaram terem aprendido sozinhos, com o vendedor e outros com amigos ou familiares e outra metade diz ter aprendido com o técnico extensionista.

Quando questionados sobre a recepção de alguma informação no que diz respeito ao uso e manuseio de agrotóxicos aquando da sua aquisição por parte dos vendedores, cerca de 89.2 % dos interlocutores afirmou receber alguma informação e os restantes responderam não receber nenhuma informação.

Procurou-se saber se os agricultores obedeciam os intervalos de segurança e 100% responderam que obedeciam aos intervalos de segurança para cada cultura.

II. Identificar os procedimentos para o manuseio e aplicação dos agrotóxicos
Quando questionados sobre a presença ou não do rótulo nos agrotóxicos por eles adquiridos, 100% responderam que os seus produtos vem com rótulo.
Não obstante os agrotóxicos adquiridos (nas lojas) estarem rotulados em português, 31.1% dos agricultores não tem o hábito de lêr os rótulos, 21.6% deles afirmaram lêr de vez em quando, não com muita frequência e por fim 47.3% dos agricultores têm se preocupado com a leitura do rótulo antes de usar o produto (Figura 4).

Da avaliação dos dados colhidos, constatou-se que antes de preparar a calda todos os agricultores tem avaliado as condições atmosféricas, sendo que 60.8% referente a possibilidade de ocorrência de chuvas, 27% em relação ao vento e 12.2% em relação à intensidade da luz (Figura 5).

Questionados em relação à hora de aplicação dos agrotóxicos, observou-se uma grande variação por parte dos agricultores. Cerca de 89.2% dos agricultores diz preferir aplicar de manhã logo nas primeiras horas do dia em que a temperatura ainda está muito fresca no intervalo das 5-9 horas e 10.8% dos agricultores, afirmaram optarem em aplicar simplesmente no final da tarde, no intervalo compreendido entre 15-18 horas após a rega (figura 6).

Em relação aos dias com ventos fortes procurou-se saber dos agricultores se pulverizavam as culturas nestas condições, onde 68.9% afirmaram que não aplicavam o produto e 31.1% respondeu que aplicava.

Os agricultores quando questionados se conheciam e tem usado o devido EPI antes de manusearem e aplicarem os agrotóxicos, apesar de saberem qual o equipamento de protecção que se deve usar, 70.3% se encontra exposto aos mesmos por não os utilizarem por completo e os restantes 29.7% afirmaram não usar nenhum tipo de EPI.
Dos agricultores que usam o EPI não por completo, são descritos os equipamentos que possuem na figura à baixo (Fig. 8)

Os instrumentos utilizados para a medição do agrotóxicos pelos agricultores da região em estudo durante a preparação da calda são variáveis, mas com a mesma medida de aproximadamente 25ml. Um número muito reduzido dos agricultores (2.7%) afirmaram usar tampas de garrafas de água para fazer as medições. Contudo 74.3% dos agricultores utilizam tampas dos frascos dos próprios agrotóxicos para medir a quantidade de produto a usar e 23% usam a proveta graduada (fig. 9).

Durante a aplicação dos agrotóxicos 94.6% dos agricultores afirmaram que não costumam comer, fumar e mexer a vista porque é perigoso. Apenas 2.7% deles afirmaram comer algo enquanto aplicam os agrotóxicos e 2.7% afirmaram comer algo de vez em quando não sendo frequente.

Em geral 98.6% dos agricultores disseram que utilizam pulverizador dorsal para as aplicações e apenas 1.4% disse usar baldes.

No caso de os bicos entupirem no momento da aplicação apenas 9.5% dos agricultores usa arrame fino ou palhinha para desentupir. Cerca de 71.6% desmonta e lava o material, 18.9% sacodem e sopram para desentupir.

Para evitar que pessoas estranhas entrem no campo após tratamento com agrotóxicos, apenas 1.4% assinala o campo como tratado com agrotóxicos, 55.4% informam oralmente e 43.2% não fazem nada.

No que diz respeito as condições de armazenamento de agrotóxicos, 31.1% dos nossos interlocutores afirmaram que armazenam-nos em casa, mas em um local apropriado onde estes encontram-se separados com outros géneros alimentícios, 44.6% deles afirmaram que preferem deixar os produtos na machamba onde escondem-nos numa cova coberta por capim e por fim 24.3% dos agricultores afirmaram que deixam os seus produtos no armazém da associação.

Quando questionados sobre as condições de segurança do local onde guardam o resto do produto que sobra após a pulverização, 64.9% dos agricultores responderam que deixa o resto do produto num local com chave ou cadeado, 16.2% enterra no solo e 18.9% em um local sem chave ou cadeado.

Procurou-se saber sobre o destino das embalagens vazias, onde 58.1% dos interlocutores disse que queimava-os, 2.7% afirmou que depositava no lixo, 10% enterrava e por fim 25.7% respondeu que deixava em qualquer parte na machamba.

III. Identificar a existência de casos de intoxicações ocupacionais e alimentares pelo uso de agrotóxicos e consumo de alimentos portadores de resíduos de agrotóxicos
Quando questionados sobre o conhecimento da toxicidade dos agrotóxicos para a saúde humana, 100% dos agricultores foram unânimes ao responderem que têm esse conhecimento e dos riscos que deles possam advir.

Cerca de 70.3% dos agricultores afirmou conhecer as vias de contaminação dos agrotóxicos no organismo humano, sendo que os restantes 29.7% disseram não saber quais as vias de contaminação. Dos agricultores que conhecem as vias de contaminação, são apresentadas na figura à baixo (figura 17) as principais vias por eles conhecidas.

Procurou-se saber sobre a ocorrência de intoxicações por consequência da utilização de agrotóxicos 21.6% dos agricultores afirmaram que sim, 58.1% afirmaram que não e por fim 20.3% responderam que não tinham conhecimento do assunto (figura 18).

Em relação à intoxicações por agrotóxicos, 70.3% dos agricultores afirmaram já terem sido intoxicados por agrotóxicos durante as suas actividades e 29.7% afirmaram nunca terem sofrido alguma intoxicação por estes produtos. Dos que já tiveram alguma intoxicação, 92.3% afirmaram ter ocorrido logo após aplicação (intoxicação aguda) e os outros 7.7% depois de uma exposição prolongada (intoxicação crónica).

No que concerne a venda de alguma cultura logo após a pulverização dos campos 97.3% dos agricultores foram unanimes ao afirmarem que não podiam vender nenhuma cultura e os restantes 2.7% responderam que podiam vender.

Cerca de 29.7% dos agricultores não sabem quais são os sintomas de intoxicação por agrotóxicos, sendo estes conhecidos por 70.3%. Dos que conhecem os sintomas de intoxicação, citaram principalmente sintomas como dores de cabeça, diarreias, vómitos, irritação nas vias respiratórias e febres (figura 20).

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
I. Grau de instrução dos agricultores referente a utilização de agrotóxicos
A razão de 39.2% dos interlocutores não apresentarem nenhum grau de escolaridade deve-se ao facto de não terem tido a oportunidade de frequentar a escola uma vez que seus pais não lhes matricularam quando crianças na escola tendo-lhes submetido apenas a actividade agrícola. De acordo com NADAL et al. (1996) citado por ZOLDAN (2005), o nível de escolaridade influencia o grau de satisfação das pessoas, melhora a qualidade do trabalho e permite a adopção de tecnologias aprimoradas, tanto no processo produtivo como na gestão e desenvolvimento da tecnologia, coloca os agricultores numa situação em que, cada vez mais, é exigido educação e cultura para manter a competitividade num mercado que se globaliza progressivamente. Portanto, a escola é a base na qual são transmitidos valores, os quais as sociedades guiam-se no sentido de superar quaisquer eventualidades com que se possam deparar no seu dia-a-dia.

No aspecto referente a utilização de agrotóxicos os agricultores de Boane afirmam optarem pelo recurso aos insecticidas para o controlo e combate às pragas pelo facto dos insectos serem os organismos que mais atacam as culturas em geral. Não utilizam herbicidas, fungicidas, nematicidas, raticidas ou outras categorias de agrotóxicos.

No que concerne a possibilidade de recorrer ao combate biológico para o controlo de pragas, doenças ervas daninhas que este, leva consigo a vantagem de ser mais económico sob ponto de vista de aquisição e também por ser menos perigoso para o Homem e o meio ambiente, 100% dos agricultores responderam que não conhecem a técnica e por essa razão usam apenas insecticidas. A possibilidade de uso desta técnica para o controlo de pragas reveste-se de grande importância, pois estudos de CRUZ (1996), apontam que em muitas zonas do país há muita falta de meios para a aplicação bem como de protecção durante a aplicação dos agrotóxicos e por outro lado, a irregularidade no aprovisionamento dos agrotóxicos têm consequências sérias na defesa das culturas contra as pragas e doenças, porque como quase todas estas substâncias têm um espectro de acção bastante largo, eliminando não só as pragas ou doenças que se pretende combater, mas também muitos dos seus inimigos naturais. Por essa razão, a aplicação destas, carece de uma atenção bastante especial por parte dos seus utilizadores uma vez serem produtos tóxicos e também pelas implicações que deles podem advir.

Relativamente ao aprendizado do uso de agrotóxicos, o facto de 14.9% dos agricultores afirmarem que aprenderam sozinhos a usar estes produtos e 25.7% terem aprendido com um amigo ou familiar, remetem a uma atitude de mudança de comportamento por parte deles por fazerem uso indiscriminado destes produtos sem nenhuma orientação técnica dos extensionistas, o que pode estar a perigar a saúde animal e humana bem como o meio ambiente.

Segundo MUCAVELE & MABOTE (2001), os extensionistas tem como principal tarefa, a intervenção profissional baseada na comunicação para induzir mudanças voluntárias na conduta de um presumido público ou utilidade colectiva através da transmissão de informações úteis e de assistência aos produtores na aquisição de conhecimentos, capacidades e atitudes necessárias para eles utilizarem eficazmente esta informação ou tecnologia, bem como, melhorar o processo de tomada de decisão sobre a utilização de recursos, contribuindo deste modo para a melhoria dos seus rendimentos.

Quanto a recepção de alguma informação referente ao uso e manuseio de agrotóxicos após a compra de cada produto agrotóxico, cerca 10,8% dos agricultores afirmou não precisar de nenhuma informação por tratar-se de produtos que já vem usando há bastante tempo. Esta situação devia ser evitada porque foi visto que em Moçambique, a importação de produtos diferentes de agrotóxicos evoluiu drasticamente nos últimos anos e nesta óptica se os agricultores não recebem a informação adequada referente ao uso e maneio de agrotóxicos aliado a não observância das recomendações do rótulo, por um lado põem em causa a própria saúde, a do público em geral bem como a o meio ambiente e por outro lado não irão controlar eficazmente a praga que se pretende combater, uma vez que as recomendações para o uso destes produtos podem ser diferentes das que estavam familiarizados.

Para proteger os consumidores de produtos agrícolas contra a contaminação com agrotóxicos, através da sua ingestão, tem que se observar o intervalo de segurança. Uma vez que 100% dos agricultores respeitam os intervalos de segurança para cada cultura, pode-se esperar ter uma situação minimamente controlada no que diz respeito à possíveis intoxicações por consumo de alimentos portadores de resíduos de agrotóxicos para o público em geral, bem como para os próprios agricultores. Estes resultados são bastante encorajadores quanto a promoção da saúde, pois segundo OLMI (2004), respeitando-se o intervalo de segurança para cada cultura evita-se que resíduos de agrotóxicos permaneçam nos produtos em quantidades superiores aos limites máximos tolerados, causando problemas de saúde aos consumidores, tais como dores de cabeça, diarreias, vómitos, febres, problemas de pele, respiratórios, etc.


II. Procedimentos usados pelos agricultores para o manuseio e aplicação dos agrotóxicos
A maioria dos agrotóxicos adquiridos pelos nossos interlocutores não apresentam rótulo, apesar de 100% dos agricultores terem sido unânimes ao afirmar que os seus produtos vêm com rótulo, o que contradiz com o que foi observado durante o trabalho de campo, pois foi possível notar que a maior parte dos agricultores adquirem o seu produto em vendedores ambulantes, sendo este, medido em sacos plásticos. Esta situação contraria aquilo que são as normas pré-estabelecidas para o uso e manuseamento de agrotóxicos.

O facto de 31.1% dos agricultores não terem o hábito de ler o rótulo, 21.6% lêrem-no de vez em quando e 47.3% se preocuparem com a leitura do rótulo antes de usar o produto aliado ao baixo nível de escolaridade dos agricultores, levam a concluir que os agricultores do sector familiar de Boane não fazem um bom uso dos agrotóxicos no que refere a este factor.

Segundo SEGEREN (1994), é importante que sejam adquiridos produtos que trazem consigo o rótulo e que este seja lido cuidadosamente, pois contêm todas as instruções essenciais sobre a utilização do agrotóxico, ou seja, as concentrações ou doses a usar, a técnica a utilizar, o vestuário de protecção, a época de aplicação, o número de tratamentos a efectuar e ainda os intervalos de segurança a respeitar.

No concernente as condições atmosféricas a observar antes da aplicação dos agrotóxicos, 60.8% dos agricultores diz que em dias de chuvas não aplicam e 31.1% afirmam não aplicar em dias com ventos, pois segundo eles a chuva pode lavar o produto e o vento faz voar o agrotóxico para outros alvos, o que será um desperdício. Por outro lado, 89.2% dos agricultores aplica os agrotóxicos de manhã logo nas primeiras horas do dia em que a temperatura ainda está muito fresca no intervalo das 5-9 horas, segundo eles a estas horas é muito fácil trabalhar e cerca de 10.8% dos agricultores opta em aplicar no final da tarde, no intervalo compreendido entre 15-18 horas após a rega, porque de acordo com eles o produto vai actuar durante a noite. Estes dados mostram que em relação a este factor os agricultores conhecem o manuseamento dos agrotóxicos, pois de um lado recomendações de SEGEREN (1994) apontam que é melhor fazer a aplicação destes produtos logo de manha uma vez que as horas mais quentes do dia são impróprias para aplicação, porque a acção do sol reduz a eficácia do produto evaporando-se deste modo uma parte dele e por outro lado STOLL (1987), recomenda que para evitar a acção negativa dos raios solares sobre os agrotóxicos a aplicar, é melhor fazer as pulverizações no final de tarde.

Contudo, mesmo que a maioria dos agricultores tenha afirmado aplicar tais produtos em horas recomendadas, foi observado durante a recolha de dados que muitos agricultores fazem aplicações no intervalo de tempo compreendido entre as 9-12 horas e, estas horas fazem parte das mais quentes do dia. Aplicações dos agrotóxicos em horas quentes podem tornar os agrotóxicos ineficazes ao controlo das pragas, pela acção negativa dos raios solares que os desactivam estes agrotóxicos.

No aspecto que refere ao uso de equipamento de protecção antes de manusearem e aplicarem os agrotóxicos, notou-se que os agricultores sabem qual o equipamento de protecção que se deve usar, mas 70.3% se encontra exposto, pois utilizam parcialmente estes equipamentos (alguns têm de um só tipo, de dois ou três tipos diferentes) e 29.7% não possuem nenhum tipo de EPI.

Dos equipamentos considerados imprescindíveis durante o trabalho com agrotóxicos, apenas 5 indivíduos (6.7%) possuem botas, máscara e roupa de protecção, todos estes equipamentos em conjunto. O não uso devido dos equipamentos de protecção pressupõe que os agricultores se encontram expostos a estes produtos. Assim, estes correm o risco de se contaminarem por inalação e pela absorção pela pele, acumulando resíduos tóxicos no organismo, que a médio ou longo prazo podem ser fatais para o agricultor devido a sintomas tais como cefaleia (dores de cabeça), dores abdominais, disenteria, irritabilidade, ansiedade, alteração do sono e da atenção, fadiga, etc. (SANTOS, 2009).

Por esta razão, acredita-se que os agricultores da região em estudo possam se encontrar em estado clínico de intoxicados, sendo que alguns com intoxicação aguda e outros em estado de intoxicação crónica dependendo do tempo de exposição e da classe do agrotóxico.

Em relação ao uso de instrumentos adequados para a medição da quantidade de agrotóxicos durante a preparação da calda notou-se um fraco uso dos mesmos, 74.3% dos agricultores usam tampas dos recipientes do próprio produto, 2.7% usam colher de sopa e por outro lado apenas 23% usam o instrumento recomendado que é a proveta graduada. Esta situação pode contribuir para a medição de quantidades acima ou abaixo das que seriam ideais para o controlo da praga que se pretende combater e consequentemente as dosagens recomendadas não serão cumpridas. Como consequência, de um lado pelas doses excessivas pode se ter a intoxicação do próprio aplicador em paralelo pelo facto de este não usar os devidos EPI, desperdício do produto e de valores monetários usados para a sua aquisição, formação de resíduos de agrotóxicos sobre as culturas e a poluição ambiental; por outro lado, pela aplicação de doses baixas em relação as recomendadas, pode se ter a situação de desperdício do produto, resistência da praga que se pretende combater e desperdício de valores usados para a compra do produto.

No aspecto referente a utilização do pulverizador dorsal, apesar de 98.6% usarem-no durante a pulverização, este resultado é contraditório ao que se observou durante as actividades no campo, pois durante a recolha de dados foi visto agricultores a fazerem o uso de baldes e regadores, usando vassouras e sacos desfiados para as aplicações. Isto faz com que haja risco de se aplicarem elevadas quantidades de calda nas plantas, porque a quantidade que sai do bico do regador não é uniforme, aumenta a exposição dos agricultores a todos os riscos possíveis de contaminação, porque o movimento que se tem feito para a aplicação possibilita que o agrotóxico atinja o corpo do aplicador.

Durante a pulverização e depois desta, há cuidados essenciais que devem ser tomados em conta no concernente ao material e a sinalização dos campos tratados com agrotóxicos. Como foi possível notar, apenas 9.5% dos agricultores usam arame fino ou uma palhinha para desentupir os pulverizadores, sendo que 71.6% deles, desmontam e lavam-nos e continuam a aplicação, o que não lhes deixa isentos de contaminação pela pele porque não usam o EPI no momento da lavagem. E os restantes 18,9% sacodem e sopram para desentupir sobre o risco de se contaminarem oralmente ao soprar e pela pele ao sacudir. No que concerne a sinalização dos campos, apenas 1.4% dos interlocutores assinala o campo como tratado com agrotóxicos, porém esta percentagem considera-se bastante ínfima quando comparada aos 55.4% dos agricultores que afirmaram usar a informação oral e outros 43.2% que simplesmente não fazem nada. Os agricultores informam simplesmente a família em casa e os que não fazem nada, afirmam que o cheiro de agrotóxico é muito forte quando se acaba de pulverizar e se sente facilmente.

Segundo OVERHOT & CASTLETON (1989), a causa mais comum de envenenamento por agrotóxicos de operadores é o contacto pela pele. Assim, para evitar contaminações, estes, no mínimo deveriam utilizar mascara de respiração, calças compridas, camisas manga comprida, luvas e botas de borracha. E quanto a não sinalização dos campos após o tratamento por agrotóxicos, MUIAMBO et al., (1993), recomendam que depois da aplicação dos agrotóxicos se deve assinalar o campo como tratado, deve-se também fazer a avaliação da eficácia e o registo num bloco ou caderno e a data de aplicação. Para que se identifiquem as áreas tratadas e se saiba quando se fez a última aplicação, de forma a evitar a repetição de tratamento antes do período no qual se deve aplicar novamente e evitar que pessoas estranhas colham as culturas sem saber que estão tratadas.

Os agricultores ao verem suas parcelas sinalizadas como tratadas com agrotóxicos evitariam passar por estas usando alternativas nos campos e os indivíduos com a intenção de furtar as culturas evitariam também os lugares tratados, o que de certa forma poderia reduzir os riscos de contaminação a que os agricultores e consumidores estão sujeitos.

Em relação ao armazenamento dos agrotóxicos, o facto de 44.6% dos agricultores armazená-los em covas cobertas de capim, 31.1% nas próprias residências e 24.3% nos armazéns da associação pressupõe que, de uma maneira geral, os agricultores não o fazem da forma correcta, pois durante o trabalho de campo foi possível notar principalmente que os armazéns e o local onde deixam na machamba não oferecem as condições exigidas para o armazenamento destes químicos como ventilação, local fresco, direcção dos ventos predominantes na área e outros. Entretanto, no que concerne ao enterrar dos produtos nas machambas, SEGEREN (1994), recomenda que nunca se deve deixar os produtos químicos abandonados para evitar qualquer possibilidade de envenenamento de pessoas inexperientes (principalmente crianças), animais domésticos e do próprio solo. Contudo, sabe-se que os agrotóxicos têm tendência de sofrer alterações quando armazenados em sítios inadequados, além disso os agentes climáticos principalmente nos climas tropicais como o de Moçambique podem afectar consideravelmente as suas propriedades físicas, químicas e biológicas (OVERHOT & CASTLETON 1989).

A predominância dos agricultores (64.9%) que após a pulverização guardam o resto do produto agrotóxico em local passível de ser trancado implica que eles tem algum conhecimento de uma correcta gestão no que diz respeito às condições de segurança a tomar em conta após cada pulverização, pois SEGEREN (1994) recomenda que todos os produtos tem que ser fechados à chave, de tal forma que sejam inacessíveis à crianças e pessoas não-autorizadas. Todavia, 18.9% dos agricultores optam em deixar estes produtos num local sem chave ou cadeado, sendo que esta situação propicia à riscos de ocorrência de incidentes de contaminação por estes produtos à pessoas não visadas, principalmente crianças.

Cerca de 16.2% dos agricultores afirmaram que após a aplicação dos agrotóxicos, o produto que restar é enterrado no solo da própria machamba onde fica guardado até a próxima pulverização e que optavam por este meio porque nas suas casas não haviam condições mínimas necessárias de segurança para guardar estes produtos, pois eles tem crianças em casa e por outro lado, tem medo de que por ingenuidade estas possam mexer nestes produtos e por conseguinte sofrer alguma contaminação. Esta situação pode conduzir a contaminação e consequente empobrecimento dos solos e que também de acordo com OVERHOT & CASTLETON (1989), o produto em si pode sofrer algumas alterações nas suas propriedades químicas tornando-se deste modo ineficaz para a próxima pulverização no combate à praga que se pretenda exterminar. Por outro lado, em casos de chuva excessiva estes produtos podem afectar as águas subterrâneas pela lixiviação e escoamento superficial dos mesmos e também o ecossistema aquático (caso do rio Umbeluzi).

Em relação ao destino das embalagens vazias, 58.1% dos agricultores queima-as, pressupondo por um lado, um correcto destino destas embalagens porque estas ficam completamente destruídas e consequentemente inutilizáveis; por outro lado, esta acção leva consigo um aspecto bastante negativo, pois os restos de produtos existentes nesses recipientes contaminam severamente o meio ambiente, apesar de que MELLO e ESPOSITO (1988), sugerem que os recipientes combustíveis devem ser queimados e que a combustão deve ser feita em condições onde o vento não põe em risco a disposição do fumo tóxico em direcção as casas de habitação, de pessoas, de animais, ou de culturas.

Uma vez existir uma percentagem considerável, cerca de 25,7% dos agricultores, que deita fora as embalagens vazias nas machambas, implica que estes fazem uma má eliminação destas. Esta situação põe a população exposta aos agrotóxicos, porque pode passar alguém e, inocentemente usar o recipiente para beber água ou utilizá-lo para uma outra finalidade e se contaminar. Os recipientes podem também serem arrastados pelo vento para as valas de drenagem de água, e por esta via contaminarem as águas correntes, que podem atingir os rios e contaminar outras espécies lá existentes. De acordo com recomendações de SEGEREN (1994), em nenhuma circunstância se deve permitir que as embalagens vazias sejam usadas para alimentos, rações para animais ou água potável.

III. Existência de casos de intoxicações ocupacionais e alimentares pelo uso de agrotóxicos e consumo de alimentos portadores de resíduos de agrotóxicos

Todos os agricultores afirmam conhecer a toxicidade dos agrotóxicos para o Homem e fazem o uso deles durante as suas actividades para o controle e combate as pragas que infestam as suas culturas, manifestam medo de se intoxicar na manipulação e utilização destes produtos, pois conhecem o risco que eles representam ou porque 70.3% deles já terem sido intoxicados e por reconhecer as consequências danosas à saúde dos utilizadores. Para se trabalhar com esses produtos em um ambiente são, evitando-se a contaminação dos utilizadores e para a preservação da saúde pública MUAIAMBO et al. (199), recomendam que os agrotóxicos devem ser tratados como substâncias perigosas para o Homem e outros seres vivos bem como para o meio ambiente, devendo por isso, serem correctamente manuseados e utilizados de acordo com as normas e cuidados especificados para cada produto.

O facto de 70.3% dos agricultores afirmarem que conhecem as vias de contaminação por agrotóxicos e 29.7% não terem nenhum conhecimento, sendo que dos que possuem conhecimento, 28.4% conhece a via pela pele, 32.4% a via inalatória, 5.4% a oral e 4.1% a via ocular, aliado ao facto de não usarem os devido EPI?s ou usarem-nos parcialmente implica que os agricultores encontram-se expostos a riscos de contaminação durante as suas actividades. De acordo com os agricultores a sua exposição a estes produtos deve-se a falta de recursos financeiros para a compra do devido equipamento de protecção individual, pressupondo que estes não levam a sério este assunto, pois se as intoxicações agudas conduzissem a morte, de facto este assunto iria ser tomado com bastante seriedade e se iria procurar logo de seguida condições para a sua mitigação.

A ocorrência de agricultores que tiveram alguma intoxicação durante as suas actividades (70.3%), sendo que destes 92.3.9% logo após a aplicação e 7.7% após uma exposição prolongada é um forte indicativo de problemas de saúde dos agricultores relacionados geralmente à intoxicações agudas em grande escala e de intoxicações crónicas em pequena escala. No entanto, segundo ZOLDAN (2005), é importante notar que as intoxicações agudas quando não tratadas podem conduzir a ocorrência de intoxicações crónicas cujos sintomas são comuns a uma série de doenças e os médicos dificilmente identificam os agrotóxicos como a causa do problema e para o caso do nosso país esta situação é devida a falta ou escassez de meios e laboratórios especializados nas nossas unidades sanitárias. Ainda neste contexto, segundo esta autora é importante salientar que sintomas inespecíficos (dor de cabeça, falta de apetite, fadiga, nervosismo, dificuldade para dormir) presentes em diversas patologias, frequentemente são as únicas manifestações da intoxicação por agrotóxicos, razão pela qual raramente se estabelece esta suspeita diagnostica. A presença desses sintomas em pessoas com história de exposição à estas substâncias deve conduzir à investigação diagnostica de intoxicação, pois um tratamento equivocado pode piorar as condições do paciente.

A predominância dos agricultores (97.3%) que não vende os seus produtos após as pulverizações e por terem focalizado aspectos relacionados com a toxicidade dos agrotóxicos para a saúde, bem como o tempo de espera para a colheita dependendo do tipo de agrotóxico, significa que estes têm informação consistente sobre os riscos de contaminação por resíduos de agrotóxicos assim como os intervalos de segurança para cada cultura.
Os restantes agricultores (2.7%) salientam que podem vender tais produtos, o que pressupõe que estes não têm nenhum conhecimento em relação a este factor. Esta situação põe em causa a saúde pública, através da exposição do público em geral a riscos de contaminação por ingestão de alimentos contendo resíduos de agrotóxicos.

A maior frequência dos agricultores (70.3%) que conhecem os sintomas de intoxicação por agrotóxicos é um factor bastante positivo, pois de acordo com ZOLDAN (2005), conhecendo os sintomas de intoxicação torna-se fácil conduzir a uma investigação diagnóstica de intoxicação durante a auscultação médica podendo em seguida ser recomendado um tratamento adequado, porque um tratamento equivocado pode vir a piorar as condições do paciente.

7. CONCLUSÕES
O nível de escolaridade que é muito baixo, as crenças transmitidas através de graus de parentesco, os problemas financeiros, contribuem para a utilização inadequada dos agrotóxicos no sector agrícola familiar em Boane;
Em geral os agricultores que usam agrotóxicos durante as suas actividades na região de Boane apesar de receber informação adequada sobre o uso e manuseio de agrotóxicos, apresentam conhecimento deficiente das técnicas e regras adequadas ao seu uso, daí pode-se afirmar que estes, possuem um baixo nível de conhecimentos referentes aos procedimentos correctos para o uso e manuseio de agrotóxicos;
Uma vez que a maioria dos interlocutores obedecem os intervalos de segurança para cada cultura após as pulverizações, pode-se afirmar que provavelmente existem casos de intoxicações alimentares por consumo de alimentos portadores de resíduos de agrotóxicos;
Os agricultores sabem da necessidade de utilizar os equipamentos de protecção individual, porém não o fazem por falta de condições financeiras para a compra dos mesmos. Nestas condições pode-se antecipar que existe grande exposição dos agricultores à agrotóxicos;
Quase todos os agricultores têm sofrido intoxicações agudas durante o trabalho com agrotóxicos que em alguns casos evoluem para crónicas, sendo os sintomas comuns a muitas outras doenças;
A falta do uso correcto dos procedimentos para a manipulação de agrotóxicos no sector agrícola de Boane, constitui um grande risco à saúde pública, para a agricultura, bem como para a contaminação do meio ambiente. Torna-se evidente que há fraca sustentabilidade para a saúde, agricultura e ambiente no uso dos agrotóxicos, pelos agricultores do local de estudo.

8. RECOMENDAÇÕES
Os SDAE?s elevem o número de extensionistas a operar naquela região, pois o efectivo existente (um para cada associação) não é suficiente para disseminar a informação do uso e manuseio correcto de agrotóxicos que é do fraco domínio pelos agricultores. Por outro lado, que desenvolvam programas de capacitação dos agricultores, ligados as formas adequadas de uso e manuseio dos agrotóxicos, no controlo das pragas e doenças de forma a aumentar os conhecimentos dos mesmos;

Se sensibilize aos agricultores da região em estudo quanto a importância do diagnóstico e tratamento dos casos de intoxicações ocupacionais agudas, pois o não tratamento pode conduzir à condição de intoxicação crónica;

Se instruam os agricultores que não possuem condições financeiras para a aquisição dos devidos EPI?s, que recorram ao uso de lenços, camisas de manga comprida, calças e envolver as mãos com sacos plásticos para o preparo da calda e durante a pulverização;

Se dê uma maior atenção aos manipuladores de agrotóxicos quanto à importância do uso correcto dos procedimentos do manuseio destes produtos, para a saúde pública, para a agricultura bem como para evitar a contaminação do meio ambiente;

Se considere vital a implementação da obrigatoriedade de exames periódicos (de rotina) aos agricultores que lidam com agrotóxicos nas suas actividades com vista a apurar o grau de intoxicação dos mesmos;

Em trabalhos do género, seja feito um estudo aprofundado com vista a investigar questões de saúde relacionadas à intoxicações crónicas que acredita-se que sejam confundidas com outras doenças devido a sua sintomatologia que é comum.

Os Serviços de Saúde relacionem os sintomas do paciente com a sua profissão durante o levantamento da sua história clínica de modo a conduzir a uma suspeita diagnóstica de intoxicação por agrotóxicos.

O MISAU faça registos de casos de intoxicações agudas e crónicas por agrotóxicos, como forma de ter a disposição dada concreta da actual situação sobre o grau de intoxicação dos manipuladores destes produtos.

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