Dr. Márcio Rene da Silveira

Orientador (a): Dra. Eloísa Dias Abboud Hanna
Colaborador (a): Dra. Thaís Tubini
Disciplina: TCC Geriatria / Gerontologia
Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos – CBES

Resumo: O objetivo deste trabalho foi verificar o nível de conhecimento dos profissionais fisioterapeutas sobre o tema “Parada Cardiorrespiratória e Reanimação Cardiopulmonar Cerebral em pacientes idosos”. Confirmando as dificuldades e a falta de conhecimento e de atualização sobre o tema, realizar uma palestra informativa sobre o assunto com as atualizações preconizadas, a fim de capacitar o profissional fisioterapeuta a realizar uma reanimação Cardiopulmonar Cerebral de forma correta, segura e de qualidade, aumentando as chances de sobrevida dos pacientes.

Palavras-chave: Reanimação Cardiopulmonar Cerebral; Parada Cardiorrespiratória; Fisioterapia; Idosos.

Abstract: The objective is to verify the level of knowledge of professional physiotherapists about the theme "Cardiopulmonary Cerebral Resuscitation in elderly patients", after checking the difficulties and lack of knowledge and update on the theme, conduct an informative lecture on the topic with the updates advocated making the able and competent professional physiotherapist will perform a Cardiopulmonary Cerebral Resuscitation in correct, safe and quality, so the chances of survival of patients greater.

Key-words: Cardiopulmonary Cerebral Resuscitation; Cardiopulmonary Arrest Physiotherapy; Aged.

INTRODUÇÃO

No Brasil, em 2006 aproximadamente 250.000 pessoas foram a óbito devido à PCR decorrente de complicações de doenças cardíacas. Segundo estudos, essa será a principal causa de morte e incapacitação no país até 2020 (1).

Pelo menos 40% das vítimas de PCR morrem antes de chegar ao hospital e apenas 25% a
30% dessas vítimas sobrevivem em ambientes extra-hospitalares. Por esse motivo, deve-se enfatizar cada vez mais a prevenção e a detecção precoce das patologias que podem evoluir para esse quadro, de modo que mortes sejam evitadas e haja promoção de uma melhor qualidade de vida para a população (1)..

Estima-se que a incidência de PCR em idosos em instituições de longa permanência é de cerca de 20 a 35% entre a população alvo.Em 90% dos casos de PCR esses idosos vão a óbito antes de serem admitidos na unidade hospitalar.

Como a incidência de PCR é relativamente alta, a grande maioria dos idosos vai a óbito, o que confirma a importância da abordagem desse tema. Nas instituições de longa permanência, as possibilidades de erros são inúmeras durante o atendimento a PCR, o que pode acarretar em lesões no SNC e/ou óbito (1).

Infelizmente, o prognóstico de pacientes com parada cardiorrespiratória (PCR) ainda é muito ruim; uma fração muito pequena de pacientes consegue ter alta hospitalar e levar uma vida produtiva. Acredita-se que parte do prognóstico ruim da PCR deva-se à inadequada técnica de RCP, o que foi comprovado pelo estudo realizado em Chicago (EUA) em que os pesquisadores apontaram que (2):

• 80% dos profissionais estavam desatualizados sobre o tema Reanimação Cardiopulmonar Cerebral;
• 40% dos profissionais não sabiam reconhecer corretamente os sinais de uma PCR;
• 50% dos profissionais desconheciam a seqüência do BLS (ABC);
• Os pacientes ficavam sem compressão torácica por quase ¼ do tempo de RCP;
• Em mais de 1/3 dos pacientes, as compressões não foram adequadas;
• Os socorristas costumavam hiperventilar o paciente com ventilações em números excessivos ou com um grande volume;
• 50% das compressões torácicas realizadas eram muito superficiais e não foram aplicadas durante 24 a 49% do tempo durante RCP;
• ¹/3 das RCP não ocorria rodízio dos compressores, ocorrendo aumento da fadiga e a ineficiência das compressões.

Os profissionais que atendem uma PCR devem estar devidamente treinados sobre as técnicas de reanimação, integrados com uma equipe estável e muito bem organizados, com uma diversificação de funções tal, que não possam ocorrer mal-entendidos ou equívocos no momento de atuação.

A integração das equipes de reanimação obtém-se a partir de constantes treinos sobre a técnica de RCP e com material didático adequado. É fundamental o conhecimento da atuação de cada membro em caso real.

Enfatiza-se a necessidade da obrigatoriedade hospitalar de cursos práticos semestrais sobre RCP, bem como treinamentos trimestrais e mensais dos serviços emergenciais e cuidados intensivos, com o propósito de atender à necessidade de atualização continua requerida pelos avanços da área de saúde (3).

Em resumo, a equipe deve ser competente, ter serenidade e estar familiarizada com a técnica e com o restante do grupo. É imprescindível a realização do protocolo da forma habitual para evitar perdas de tempo desnecessárias quando a situação for real (3).

Revisão Bibliográfica

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

Parada Cardiorrespiratória (PCR) é a cessação abrupta das funções cardíaca, respiratória e cerebral, comprovada pela ausência de pulso central (carotídeo e femoral), ausência de movimentos ventilatórios (apnéia) ou presença de respiração agônica, midríase (dilatação das pupilas), cianose (coloração azulada da pele, causada por diminuição da perfusão tecidual) além de estado de inconsciência (4).

É determinada por quatro ritmos cardíacos:

• Assistolia - não há atividade ventricular e, portanto, nenhuma contração ventricular (4);
• Atividade elétrica sem pulso - está associada à ausência de pulso, porém com a presença de algum tipo de atividade elétrica (4);
• Fibrilação ventricular - desorganização elétrica ventricular, sendo um exagero do automatismo das fibras ventriculares de Purkinje. No traçado do eletrocardiograma, a freqüência cardíaca é elevada e desorganizada, entre 80 a 300 bpm (4);
• Taquicardia ventricular sem pulso - ocorre principalmente em indivíduos com doença arterial coronariana, como isquemia miocárdica. Apresenta-se com freqüência maior que 100 bpm e não superior a 220 bpm. Estas alterações eletrocardiográficas estão associadas à ausência de pulso palpável (1).

A parada cardiorrespiratória (PCR) é o tipo mais comum de emergência médica. Entretanto, uma pode ser conseqüência da outra. Tanto a parada cardíaca quanto a respiratória podem ocorrer de forma isolada, levando rapidamente ao aparecimento da outra ocorrência (5).

CAUSAS

A doença cardiovascular é a causa mais freqüente de morte nos países industrializados e, assim, os conceitos de reanimação cardiopulmonar (RCP) tendem a concentrar-se na isquemia cardíaca como causa primária de parada cardiorrespiratória (PCR), seguidas de causas não cardíacas (causas secundárias) (6).

A PCR pode acontecer por causas cardíacas (4):

• Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS);
• Acidente Vascular Encefálico (AVE);
• Angina Pectoris;
• Doença coronariana aterosclerótica;
• Infarto agudo do miocárdio (IAM);
• Espasmo da artéria coronária;
• Estenose aórtica;
• Miocardiopatias;
• Estenose subaórtica hipertrófica e idiopática;
• Miocardite aguda
• Aneurisma aórtico ou ventricular com dissecção ou ruptura;
• Doença cardíaca congênita;
• Síndrome do prolapso da válvula mitral.



E ainda causas não cardíacas (4):

• Hipertensão pulmonar;
• Embolia pulmonar;
• Hemorragia cerebral ou subaracnóide;
• Asfixia;
• Distúrbios eletrolíticos;
• Desequilíbrios ácido-básicos;
• Trauma e AVE;
• Hipovolêmica;
• Hipotermia;
• Tamponamento cardíaco;
• Hiper ou Hipoglicemia;
• TEP;
• Tóxicos;
• Septicemia;
• Queda.

QUADRO CLÍNICO

• Ausência de pulso (radial, femoral e carotídeo) (7);
• Arresponsivo (inconsciente) (1);
• Pele fria, azulada ou pálida (7);
• Parada respiratória, freqüente, mas não obrigatória (7);
• Dilatação pupilas (midríase) freqüente, mas não obrigatória (4);
• Ausência de movimentos respiratórios (apnéia) (7);
• Cianose (cor azul arroxeada dos lábios, unhas, não obrigatória) (5).

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR CEREBRAL
O termo reanimação cardiopulmonar cerebral é utilizado para designar o conjunto de medidas terapêuticas que visam à recuperação das funções cardiocirculatórias, respiratório e à preservação da integridade funcional do SNC, utilizadas no tratamento da parada cardiorrespiratória (PCR) (4).

É a aplicação de prescrições estandardizadas com desenvolvimento seqüencial, cujo objetivo é primeiro substituir e, posteriormente, restaurar as funções respiratórias e circulatórias espontâneas, deficiências que ocorrem na parada cardiorrespiratória (PCR) (3).

COMPLICAÇÕES

As complicações mais freqüentes das massagens cardíacas, especialmente nos idosos, são:

Complicações Imediatas:

• Manutenção da parada cardíaca - esta é a complicação mais grave e acarreta a morte do paciente (3);
• Fraturas costais - pode dar-se por uma má compressão durante as manobras, ao se deslocar o ponto de apoio para o rebordo costal, em vez de pressionar sobre o esterno. É mais fácil aparecerem quando se utiliza um cardiocompressor (3);
• Pneumotórax, hemotórax e contusão pulmonar - aparecem como conseqüência do deslocamento de fraturas costais ou ao aplicar-se a técnica de via centra
• Afundamento de tórax (3);
• Contusão cardíaca (3);
• Lacerações do baço e do fígado (8).



Complicações tardias (neurológicas):

São as que mais problemas acarretam e aparece como conseqüência da anoxia cerebral produzida pela PCR, podendo deixar o paciente numa situação de vida vegetativa e/ou com várias seqüelas (3).

BLS (Basic Life Suport)

A - Atenção, ajuda e desobstruir vias aéreas:

ATENÇÃO: chamar a vítima, utilizando as duas mãos sobre os ombros (4);
AJUDA: solicitar serviço médico de emergência, descrevendo o estado geral do paciente (4);
DESOBSTRUIR VIAS AÉREAS: o socorrista deve aproximar-se da vítima e colocar-se de joelhos próximo à cabeça. Abrir a boca e inspecioná-la em busca de objetos estranhos, vômito ou sangue que possam obstruir a passagem do ar. A seguir, deve ser feita a abertura de via aérea, com a manobra de hiperextensão da cabeça (4).

OBS.: A pessoa inconsciente apresenta relaxamento da musculatura anterior do pescoço, o que possibilita a queda da base da língua sobre a farínge obstruindo as VAS. Deve-se lançar mão de manobras que possibilitem a desobstrução, sendo a de Ruben a mais eficaz (hiperextensão da cabeça e elevação do mento) (4).

B - Boa Respiração:

BOA RESPIRAÇÃO: o acesso do deslocamento de ar é feito rapidamente quando o socorrista abre a via aérea com a manobra de hiperextensão da cabeça e “olhando, ouvindo e sentindo” por movimento de ar (5 a10 segundos para avaliação da respiração). Na ausência de movimentos respiratórios, ventilar o paciente, iniciando as ventilações com uma máscara facial e/ou ambu: são duas ventilações, com 1 segundo de duração cada (4).

OBS.: Ambú é um balão de borracha ou outro material elástico não-poroso, de volume variável, que está equipado com uma válvula unidirecional de passagem de ar, o que permite que o ar ambiente do balão ou da fonte de oxigênio se dirija para a saída do balão, que poderá ser conectada ao tubo endotraqueal ou a uma máscara hermética (4). Graças ao balão, a respiração artificial pode ser realizada de uma forma mais cômoda e eficaz (4). Apesar destas bolsas auto-infláveis serem mais higiênicas e permitirem maior oferta na FIO2, muitas vezes este tipo de ventilação é menos eficaz que a boca-boca (4).

C - Circulação:

CIRCULAÇÃO: confirmação da ausência de pulso, não-palpável nas artérias carotídea e femoral. O socorrista deve checar a presença de pulso na artéria do lado próximo a si.
Realizar compressões torácicas com os braços estendidos 90° em relação ao tórax do paciente, com articulações dos cotovelos fixas transmitindo ao esterno da vítima a pressão exercida pelo peso do seu corpo, mão não-dominante sobre mão dominante.
Dedos entrelaçados/estendidos com objetivo de que somente a área hipotênar da mão seja utilizada, mãos apoiadas no centro do esterno (linha intermamilar). A profundidade da compressão deve ser de 4 a 5 cm (5). A freqüência deve ser de cerca de 100/min e a relação entre compressões e ventilações de 30:2, sendo 5 ciclos ou por 2 minutos (quantas vezes forem necessárias) (5).
Após o final de cada um dos 5 ciclos de 30:2, o socorrista deve parar e checar pulso novamente, rodiziando com os outros socorristas, para que as compressões sejam eficazes (4).

OBS.: Teoria da bomba cardíaca - Acredita-se que a compressão do coração entre o esterno e a coluna vertebral gere aumento de pressão nos ventrículos, fechamento das válvulas A-V e ejeção do sangue para os pulmões e aorta. Durante a fase de relaxamento da compressão torácica, a reexpansão da caixa causa pressão intratorácica subatmosférica, o que facilita o retorno venoso (6).

Teoria da bomba torácica - Durante a compressão torácica gera-se pressão intratorácica bastante positiva, o que expulsa o sangue das estruturas torácicas para a periferia (pois as artérias não se colapsam, uma vez que possuem paredes grossas, e como as veias subclávias e jugulares internas possuem válvulas, não ocorre fluxo retrógrado). Durante a fase de relaxamento, ocorre aumento do retorno venoso pelo mesmo mecanismo descrito anteriormente (6).

NOVAS DIRETRIZES NO ATENDIMENTO A PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA CEREBRAL (BLS)

Em novembro de 2005 foram publicadas simultaneamente as diretrizes de Reanimação do Conselho Europeu de Reanimação (ERC) e da Associação Americana do Coração (AHA). Estas diretrizes foram embasadas no consenso do Comitê Internacional de Reanimação reunido com a presença de representantes de todos os continentes. Com isso surgiram as novas diretrizes no atendimento a PCR (5).

As Diretrizes 2005 da AHA sobre RCP, baseiam-se na mais ampla revisão da literatura já publicada sobre reanimação. O processo foi organizado pela Aliança Internacional de Comitês de Reanimação (International Liasion Comunitee on Ressuscitation, ILCOR) e envolveu 380 especialistas em reanimação de nível internacional, durante 36 meses. Os cientistas se reuniram para a discussão e debate final em janeiro de 2005, em uma conferência internacional patrocinada pela American Heart Association (5).

As modificações visam simplificar e enfatizar o papel dos procedimentos de suporte básico de vida como estratégias fundamentais para melhorar a sobrevivência após uma parada cardíaca. A mensagem mais importante das diretrizes 2005 é que uma RCP de alta qualidade, ou seja, realizada adequadamente, salvará vidas (5).

PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES RELACIONADAS A TODOS OS SOCORRISTAS INTRODUZIDAS NAS DIRETRIZES 2005 DA AMERICAN HEART ASSOCIOTION (AHA) SOBRE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR CEREBRAL

1. Ênfase e recomendações para melhorar a aplicação de compressões torácicas eficazes

2005(Nova): As compressões torácicas eficazes restabelecem o fluxo sanguíneo durante a RCP. As diretrizes enfatizam os seguintes aspectos sobre as compressões torácicas aplicadas durante a RCP (9): Para a aplicação de compressões torácicas eficazes, todos os socorristas devem fazer “compressão forte, rápida, sem parar”; para imprimir o tórax em uma freqüência de aproximadamente 100 compressões por minuto, para todas as vítimas (exceto recém-nascidos); permitir que o tórax retorne totalmente (retorne à posição normal) após cada compressão, e utilizar aproximadamente o mesmo tempo para compressão e relaxamento; tentar minimizar as interrupções das compressões torácicas. Cada vez que as compressões torácicas são interrompidas, o fluxo sanguíneo cessa.

2000 (Antiga): A importância da qualidade e freqüência das compressões torácicas, a importância do retorno total da parede torácica e a necessidade de minimizar a interrupção das compressões torácicas não eram enfatizadas (9).

2. Uma única relação compressão – ventilação para todos os socorristas que atuam sozinhos, em dupla ou mais socorristas para todas as vítimas (exceto recém-nascidos)

2005 (Nova): A AHA recomenda uma única relação compressão – ventilação de 30:2 para todos os socorristas que atuam sozinhos, em dupla ou mais socorristas, para ser utilizada em todas as vítimas, desde lactentes (exceto recém-nascidos) até adultos. Essa recomendação se aplica a todos os socorristas e a todos os profissionais de saúde que realizam RCP por 1, 2 ou mais socorristas (10).

2000 (Antigo): Para a RCP em adultos, a relação compressão – ventilação recomendada era de 15: 2. Para a RCP em lactentes e crianças, recomendava-se uma relação compressão – ventilação de 5:1 (9).

3. Recomendação de que cada ventilação de resgate seja aplicada durante 1 segundo e produza visível elevação do tórax

2005 (Nova): Cada ventilação de resgate deve ser aplicada durante 1 segundo. Essa recomendação se aplica a todos os socorristas. Cada ventilação de resgate deve produzir elevação do tórax (os socorristas devem ser capazes de visualizar a elevação do tórax). Todos os socorristas devem aplicar o número recomendado de ventilações de resgate. Todos os socorristas devem evitar aplicar um número excessivo de ventilações (mais que o recomendado) ou ventilações muito longas ou forçadas (11).

2000 (Antigo): Muitos volumes diferentes eram recomendados para as ventilações de resgate, com e sem suplemento de oxigênio. As ventilações deviam ser aplicadas durante 1 segundo ou por mais de 1 a 2 segundos (9).

2005 (Nova): Todos os socorristas devem respirar normalmente (não devem respirar profundamente) antes de iniciarem a aplicação de ventilação de resgate boca-a-boca ou boca-dispositiva de barreira (9).

2000 (Antigo): Os socorristas eram instruídos a respirar profundamente antes de aplicarem uma ventilação de resgate boca-a-boca ou boca-máscara (11).

4. Verificação da respiração em adultos, crianças e lactentes

2005 (Nova): Se o socorrista prestar atendimento a uma vítima adulta sem responsividade, deve abrir as vias aéreas e levar de 5 a 10 segundos (mas não mais de 10 segundos) para verificar a presença de respiração normal. Se esse padrão de respiração não estiver presente, o socorrista deve aplicar 2 ventilações de resgate (12).

5. Reabertura das vias aéreas se a primeira ventilação de resgate não causar elevação do tórax

2005 (Nova): Quando os socorristas aplicam 2 ventilações de resgate deve fazer com que o tórax se eleve, ou seja, o socorrista deve ser capaz de visualizar a elevação do tórax. Se a primeira ventilação não fizer o tórax elevar, o socorrista deve realizar uma nova manobra de inclinação da cabeça – elevação do queixo antes de tentar aplicar a segunda ventilação de resgate (9).

O socorrista não deve fazer mais de 2 tentativas de aplicar uma ventilação de resgate que faça o tórax elevar, porque é importante aplicar as compressões torácicas (13).


6. Não aplicar ventilações de resgate sem compressões torácicas

2005 (Nova): Imediatamente após aplicar as 2 primeiras ventilações de resgate, o socorrista deve iniciar ciclos de 30 compressões torácicas e 2 ventilações de resgate. O socorrista não deve ser orientado a aplicar ventilação de resgate sem compressões torácicas (exceto no AHA Heartsaver Pediatric First Aid Course) (15).

2005 (Nova): Todos os socorristas devem aplicar cada ventilação de resgate por 1 segundo, durante a RCP (através de respiração boca-a-boca, boca-dispositivo de barreira, boca-máscara ou “cuff”-máscara. O volume de cada ventilação de resgate deve ser suficiente para produzir uma elevação torácica visível. Os socorristas devem evitar a aplicação de mais ventilações de resgate que o recomendado ou de ventilações de resgate muito longas ou forçadas (9).



7. Ênfase na profundidade e freqüência das compressões torácicas, no retorno da parede torácica e nas interrupções mínimas

2005 (Nova): As compressões torácicas eficazes são essenciais para promover o fluxo sanguíneo durante a RCP. As diretrizes 2005 enfatizam que o socorrista deve “fazer compressões fortes, rápidas e sem interupções permitindo que o tórax retorne, após cada compressão” (10).

As compressões torácicas mais eficazes são produzidas se o socorrista comprimir rapidamente e com força, em uma freqüência de 100 compressões por minuto, permitindo o total retorno torácico após cada compressão e minimizar as interrupções das compressões (9)
.
Os profissionais de saúde devem interromper as compressões torácicas com a menor freqüência e limitar as interrupções para intervalos inferiores a 10’, exceto para intervenções como a inserção de uma via aérea avançada ou o uso de um desfibrilador. As interrupções para ventilação de resgate ou para verificação do pulso devem levar menos de 10 segundos (14).

Profundidade da compressão para adultos, lactentes ou crianças (embora a profundidade de compressão para lactentes e crianças não seja mais apresentada em polegadas, porém descrita apenas como 4-5 cm da profundidade do tórax) (16).

8. Os socorristas devem se revezar na aplicação de compressões a cada 5 ciclos (2 minutos)

2005 (Nova): Quando houver mais de um socorrista presente, eles devem se revezar no papel de “compressor”, aproximadamente a cada 2 minutos ou 5 ciclos de RCP (1 ciclo de RCP = 30 compressões e 2 ventilações de resgate). Os socorristas devem tentar concluir o revezamento em 5 segundos ou menos (9).

9. Organizar ações para o alívio da obstrução das vias aéreas por corpo estranho

2005 (Nova): A terminologia usada para diferenciar as vítimas de engasgo que necessitam de intervenção (por exemplo, compressões abdominais rápidas ou golpes nas costas e compressões torácicas rápidas) daquelas que não necessitam foi simplificada para classificar as condições somente em sinais de obstrução leve versus obstrução grave das vias aéreas. Os socorristas devem atuar se notarem sinais de obstrução grave: oxigenação inadequada e aumento da dificuldade para respirar, tosse silenciosa, cianose ou incapacidade para falar ou respirar. Os socorristas devem fazer a seguinte pergunta: “Você está engasgado?” Se a vítima sinalizar afirmativamente com a cabeça, a ajuda será necessária (9).

Se a vítima ficar sem responsividade, todos os socorristas são orientados a telefonar para o serviço de emergência médica no momento adequado e realizar RCP. Existe uma modificação do protocolo de 2000: toda vez que o socorrista abre as vias aéreas (com a manobra de hiperextensão da cabeça- elevação do queixo), para aplicar as ventilações de resgate, ele deve inspecionar a boca e remover quaisquer objetos, caso haja. A elevação da língua e da mandíbula não é mais preconizada e a varredura digital às cegas não deve ser realizada (14).

A Manobra de Heimlich é o melhor método pré-hospitalar de desobtrução das vias aéreas superiores por corpo estranho. Essa manobra foi descrita pela primeira vez pelo médico americano Henry Heimlich em 1974 e induz uma tosse artificial, que deve expelir o objeto da traquéia da vítima. Resumidamente, uma pessoa fazendo a manobra usa as mãos
para fazer pressão sobre o final do diafragma. Isso comprimirá os pulmões e fará pressão sobre qualquer objeto estranho na traquéia (13).

Procedimento - A pessoa a aplicar a manobra deverá posicionar-se atrás da vítima, fechar o punho e posicioná-lo com o polegar para dentro entre o umbigo e o osso esterno.

Com a outra mão, deverá segurar o seu punho e puxar ambas as mãos em sua direção, com um rápido empurrão para cima e para dentro a partir dos cotovelos. Deve-se comprimir a parte superior do abdomen contra a base dos pulmões, para expulsar o ar que ainda resta e forçar a eliminação do bloqueio. É essencial repetir-se a manobra acerca de cinco a oito vezes. Cada empurrão deve ser vigoroso o suficiente para deslocar o bloqueio (14). Caso a vítima fique inconsciente, a manobra deve ser interrompida e deve ser iniciada a reanimação cardiorrespiratória (13).

10. Estabilização pós-ressuscitação

2005 (Nova): Os cuidados pós-ressuscitação incluem a proteção da função miocárdica com a previsão de que o embotamento miocárdico stunning possa estar presente, requerendo medidas de suporte vasoativo. É razoável
para os profissionais que mantenham um controle rigoroso da glicose, mas estudos
adicionais são necessários para determinar precisamente as concentrações sanguíneas de glicose que requerem insulinoterapia e a faixa alvo das concentrações de glicemia (15).

Os sinais clínicos que estão fortemente correlacionados com o óbito ou com uma evolução neurológica insatisfatória são os seguintes: ausência bilateral de resposta cortical para os potenciais evocados somato-sensitivos do nervo mediano mensurados 72 horas (nos pacientes normotérmicos) após uma agressão hipóxia-isquemica (asfixia); ausência de reflexo corneano, após 24 horas; ausência de resposta pupilar, após 24 horas; falta de resposta motora, após 24 horas e falta de resposta motora, após 72 horas (16).

2000 (Antigo): Nenhum sinal neurológico específico era citado como prognóstico (9).


Materiais e Métodos

Foi elaborado um questionário “pré-teste” com questões alternativas de “A a D”, referente ao tema proposto na pesquisa, com todas as informações necessárias para uma boa qualificação sobre “Parada Cardiorrespiratória” e “Reanimação Cardiopulmonar Cerebral”, com questões envolvendo normas atualizadas, normas ultrapassadas e informações desencontradas sobre o tema. No último item do questionário, o profissional fisioterapeuta avalia o grau de dificuldade em responder as questões, atribuindo uma nota de O (zero) a 10 (dez), sendo 0 (zero) nenhuma dificuldade em responder o questionário e 10 (dez) o máximo de dificuldade possível em responder as questões.

Em seguida, foi realizada uma palestra com informações atualizadas sobre o tema envolvendo todos os itens do questionário pré-teste, de forma prática e teórica, seguida de uma mesa redonda com discussões e dúvidas sobre “Parada Cardiorrespiratória” e “Reanimação Cardiopulmonar Cerebral”.

Após o fechamento da palestra, os profissionais receberam um novo teste, chamado de “pós-teste”, com as mesmas questões existentes no questionário “pré-teste”, as quais no final, depois de responderem todo o questionário, teriam que atribuir uma nova nota com classificação de 0 (zero) a 10 (dez), demonstrando agora, no atual momento, o nível de dificuldade sobre o tema envolvido nas questões alternativas.

Todos os profissionais que participaram da pesquisa, realizando o “pré-teste”, participando da palestra, e após realizando o “pós-teste”, receberam uma apostila abordando tudo sobre “Parada Cardiorrespiratória” e “Reanimação Cardiopulmonar Cerebral”, para com a mesma, em caso de alguma dúvida, poder solucionar o problema o mais rápido e simples possível.

Resultados

A pesquisa realizada teve uma amostra de 40 profissionais fisioterapeutas, sendo 18 (45%) do sexo masculino e 22 (55%) do sexo feminino. Com idade variante de 18 a 32 anos, sendo 17,5% (7) com idade entre 18-21 anos, 50% (20) com idade entre 22-25 anos, 20% (8) com idade entre 22-25 anos, 20 % (8) com idade entre 26-30 anos e 12,5% (5) com idade superior a 30 anos.

A grande maioria dos participantes (32,5%/13 participantes) era recém-formados (menos de 1 anos de conclusão de curso); outros 30% (12 participantes) tinham de 1-3 anos de formados; 22,5% (9 participantes) tinham de 4-5 anos de formados e 15% (6 participantes) tinham acima de 5 anos de formados.

Foi perguntado aos profissionais sobre o nível de conhecimento sobre Reanimação Cardiopulmonar Cerebral (RCP), onde classificaram 27,5% (11 participantes) nenhum conhecimento, 60% (24 participantes) pouco conhecimento, 12,5% (5 participantes) médio conhecimento e 0% (zero participantes) muito conhecimento.

Houve um questionamento sobre a quantidade de vezes que realizaram as manobras de RCP, onde 95% (38 participantes) dos pesquisados disseram nunca ter realizado tal procedimento e somente 5% (2 participantes) relataram terem realizado uma vez as manobras de RCP.

Antes dos pesquisados assistirem a palestra informativa (teórico – prática), responderam sobre o nível de dificuldade em preencher o questionário “pré-teste”, sendo que 7,5% (3 participantes) responderam ter obtido um grau de dificuldade nota 5; 2,5% (1 participante) nota 6; 12,5% (5 participantes) nota 7; 42,5% (17 participantes) nota 8; 17,5% (7 participantes) nota 9; 17,5% (7 participantes) nota 10. Após os fisioterapeutas terem assistido a palestra informativa, responderam novamente sobre o grau de dificuldade em responder as questões, que foi classificado como questionário “pós-teste”, onde 35% (14 participantes) responderam ter obtido grau de
dificuldade nota zero; 22,5% (9 participantes) nota 1; 20% (8 participantes) nota 2; 15% (6 participantes) nota 3; 2,5% (1 participante) nota 4; 5% (2 participantes) nota 5.

Os fisioterapeutas, no questionário “pré-teste”, questionário realizado antes da palestra informativa que continha 17 questões fechadas, obteve uma média de: 3 acertos (15% / 6 participantes); 4 acertos (22,5% / 9 participantes); 5 acertos (22,5% / 9 participantes); 6 acertos (10% / 4 participantes); 7 acertos (22,5% / 9 participantes); 8 acertos (5% / 2 participantes); 9 acertos (2,5% / 1 participante).

Após terem participado da palestra, responderam novamente o mesmo questionário com 17 questões fechadas que foi chamado de questionário “pós-teste”, onde obtiveram uma média de: 11 acertos (2,5% / 1 participantes); 12 acertos (5% / 2 participantes); 13 acertos (12,5% / 5 participantes); 14 acertos (17,5% / 7 participantes); 15 acertos (30% / 12 participantes); 16 acertos (7,5% / 3 participantes); 17 acertos (25% / 10 participantes).

Discussão

Durante a revisão bibliográfica, somente 1 artigo científico abordava o tema PCR / RCP direcionado aos profissionais fisioterapeutas, e de forma superficial, de modo que não havia dados suficientes para que fosse incluído neste estudo.

Segundo relatos dos participantes, muitos disseram que frente à PCR ficariam “estáticos”, sem prestar socorro, pois não sabiam por onde começar, e após terem recebido a informação teriam, agora, condições de prestar assistência de qualidade, bastando praticar as manobras de RCP.

Os resultados desse estudo mostram que a formação na graduação de Fisioterapia é falha ou insuficiente quando referido aos temas "Parada Cardiorrespiratória" e "Reanimação Cardiopulmonar Cerebral", uma vez que o assunto é pouco abordado e o interesse dos profissionais fisioterapeutas é bem restrito.

Os dados obtidos demonstram que o nível de dificuldade em responder as questões “pré-teste” foi elevado, ou seja, 77,5% (31 participantes) relataram dificuldade “nota 8,9 e 10”.

Dados obtidos posteriormente a respeito do nível de dificuldade em responder o “pós-teste”, demonstraram mínima dificuldade, ou seja, 77,5% (31 participantes) relataram “nota 0, 1 e 2”.

Todas as 17 questões do questionário “pré-teste” tiveram número de erros significativos, com médias de 70% de erratas, exceto as questões 1 e 2, com média de acertos de 60%; tais questões abordavam a definição de PCR e suas principais causas.

Após assistirem a palestra informativa, a média de acertos no questionário “pós-teste” foi de 90%, exceto a questão 4 com 60% de erratas, onde era abordado o mnemônico ABC, ou seja, a definição do ABC (Basic Life Support).

Em relação ao número de acertos do questionário “pré-teste” 65% (24 participantes), acertou de 3 a 5 questões. Posteriormente, 62% (25 participantes) obtiveram de 15 a 17 acertos no questionário “pós-teste”.

O tema abordado é de suma importância para todos os profissionais da área da saúde, especificamente os profissionais fisioterapeutas, porém falta abordagem sobre o assunto, deixando os mesmos com informações superficiais e ultrapassadas.

Foi observado ao longo da pesquisa que alguns participantes tinham conhecimento sobre o tema, porém esse conhecimento estava ultrapassado, tornando esses profissionais incapazes de realizar RCP de qualidade. A última atualização das Diretrizes de RCP da AHA (American Heart Association) foi em 2005, sendo as mesmas renovadas de 5 em 5 anos.

Conclusão

Foi atingido o objetivo proposto neste estudo, pois todos os participantes que obtiveram média de 4 a 7 acertos nos questionário “pré-teste”, após terem participado da palestra informativa (teórico-prática), passaram a ter uma média de acertos de 14 a 17 questões do questionário “pós-teste.”

Esta pesquisa comprovou que, ao fornecer o conhecimento básico (teórico-prático) sobre “Parada Cardiopulmonar” e “Reanimação Cardiopulmonar Cerebral”, tornou os profissionais fisioterapeutas participantes capazes de prestar assistência pré-hospitalar satisfatória durante a Reanimação Cardiopulmonar Cerebral (RCP).

Todos os participantes saíram da palestra satisfeitos com as informações recebidas, e com autoconfiança em realizar as manobras de RCP de qualidade, aguçando e estimulando a busca pelo conhecimento, tornando a teoria em prática.

Referências Bibliográficas

Calil AM, Paranhos WY. O enfermeiro e as situações de emergências. São Paulo: Atheneu, 2007.

Rodríguez JM. Guias práticos de enfermagem: emergências. São Paulo: MC Grave Hell Interamericana do Brasil, 2002.

Woods S, Froelicher ESS, Motzer SU. Enfermagem em Cardiologia. 4ª ed. Barueri: Manole, 2005.

Miguel Jr A. Emergência geriátrica. Disponível em: http://www.medicinageriatrica.com.br. Acesso em: 10 abr 2009.

Reis CE. Parada cardiorrespiratória. Disponível em: http://www.medstudents.com.b. Acesso em: 10 abr 2009.


Almir Junior A. Manual do atendimento pré hospitalar corpo de bombeiros do Paraná. Curitiba: SIATE/CBPR, 2006.

Oliveira RC da. Reanimação cardiorrespiratória em adultos: aspectos atuais. Revista Brasileira Anestesiologia, 2002; supl. 28:91-110,

Vieira SRR, Timerman A. Consenso Nacional de Ressuscitação Cardiorrespiratória. Arq Bras Cardiol, 1996; 66h37min-402.

Pazin Filho A; Santos JC; Castro RBP; Bueno CDF, Schmidt A. Parada Cardiorrespiratória (PCR). Medicina, Ribeirão Preto, 36: 163-178, abr/dez. 2003.

Bianco ACM, Timerman A. Parada Cardíaca no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Revista da SOCESP set/out 2001 vol. 1 n. 5: 990-99.
Oselka G, Troster EJ. Aspectos éticos da ressuscitação cardiopulmonar. Rev. Assoc. Med. Bras, 2001, vol.47, n.1: 17-18.

Zanin J, Nascimento ERP do, Barra DCC. Parada e reanimação cardiorrespiratória: conhecimentos da equipe de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. bras. ter. intensiva, 2006, vol.18, n.2: 143-147.

Vieira SRR, Timerman A. Consenso Nacional de Reanimação Cardiorrespiratória (FUNCOR). Arquivos Brasileiros de Cardiologia – junho 1996, vol. 66 n. 6:13.

Olson KR. Parada cardio-respiratória. University of California, San Francisco. Disponível em: http://www.intox.org/. Acesso em: 20 abr 2009.

Meeker-O'Connell A. Brasil. Como funciona a ressuscitação cardíaca. Disponível em: http://ressuscitacao-cardiopulmonar7.saude.hsw.uol.com.br. Acesso em: 15 abr 2009.

Lane JC. Novas diretrizes de reanimação cardiorrespiratória cerebral da sociedade americana de cardiologia (2005 - 2006). Arq. Bras. Cardiol., 2007, vol.89, n.2: 17-18.


Agradecimentos

Agradeço aos meus familiares, alicerce e base da vida do ser humano; aos meus companheiros de profissão que me ajudaram a desenvolver a pesquisa; a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização do trabalho de conclusão de curso e, principalmente, a DEUS, pois ELE é que rege nossas vidas.