AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL COM RELAÇÃO À VALIDADE E A NECESSIDADE DE REFRIGERAÇÃO DOS ALIMENTOS.

Assessment of knowledge of elementary school children about the validity and the need for refrigeration of food

 

ELIZA SOUSA ALVES MOTA. Nutricionista formada pela Universidade de Guarulhos – UNG. Especialista em Segurança Nutricional e Qualidade dos Alimentos pela UGF.

SAMANTA CORDEIRO SILVA. Bacharel em Enfermagem pela UNINOVE - SP. [email protected]

 

 SHAISTA POPE. Bacharel em Farmácia e Bioquímica pela UNINOVE. [email protected]

 

 JOÃO VICTOR FORNARI. Enfermeiro e Nutricionista, Mestre em Farmacologia pela UNIFESP. Docente do Departamento de Saúde da UNINOVE. Professor dos cursos de Pós-graduação da Universidade Gama Filho – UGF. [email protected]

 

 ANDERSON SENA BARNABÉ. Biólogo, Mestre e Doutor em Saúde Pública pela USP – SP. Docente do Departamento de Saúde da UNINOVE. Professor dos cursos de Pós-graduação da Universidade Gama Filho – UGF. [email protected]

 

 RENATO RIBEIRO NOGUEIRA FERRAZ. Biólogo, Mestre e Doutor em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo – SP. Docente do Departamento de Saúde da UNINOVE. Professor dos cursos de Pós-graduação da Universidade Gama Filho – UGF. [email protected]

 

 

RESUMO

Introdução. Consideramos segurança alimentar a quantidade, qualidade e regularidade de acesso dos alimentos, proporcionando alimento livre de contaminação ao indivíduo. Prazos de validade e refrigeração dos alimentos são aspectos de qualidade importantes para um alimento livre de contaminação. Desta forma dá-se a importância do presente estudo, com o intuito de propor novas campanhas educativas sobre o assunto. Objetivo. Avaliar o conhecimento de crianças do ensino fundamental, com relação à validade e a necessidade de refrigeração dos alimentos. Método.  Pesquisa descritiva, prospectiva, quantitativa, realizada com crianças do ensino fundamental, pela aplicação de questionário com questões fechadas sobre o assunto proposto. Resultado. O número de crianças que declararam conhecimento sobre os aspectos abordados foi superior a metade da amostra, porém afirmaram consumir alimentos fora dos padrões e aspectos abordados. Conclusão. O trabalho demonstra a necessidade de novas campanhas educativas com abordagem maior sobre os aspectos de qualidade citados.

Descritores: Validade dos alimentos, Criança, Refrigeração dos alimentos.

INTRODUÇÃO

O conceito de segurança alimentar se deu à partir da segunda guerra mundial, levando-se em consideração os aspectos de qualidade, quantidade e regularidade de acesso aos alimentos. Afirma-se que segurança alimentar consiste em proporcionar ao indivíduo o alimento de forma segura (livre de contaminações), e que o mesmo possa ter o acesso com a quantidade e regularidade necessária, conforme nos indicam as diretrizes para a população brasileira (BELIK, 2003).

Em 2004 na II conferência nacional de segurança alimentar e nutricional, ficou estabelecido que segurança alimentar e nutricional é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social e econômica e ambientalmente sustentáveis (SANTOS,2007).

No aspecto de qualidade, o alimento a ser consumido deve estar livre de qualquer tipo de contaminação, problemas de apodrecimento dentre outros, como os decorrentes dos prazos de validade já ultrapassados, pois a qualidade visa aspectos microbiológicos, organolépticos, sensoriais, higiênicos (BELIK, 2003).

Quanto à observação de qualidade, a serem abordados temos, a refrigeração (congelamento, resfriamento) e a validade dos alimentos.  No tocante a refrigeração e ou, congelamento são formas de conservação a frio, a fim de evitar alterações na qualidade do alimento (PORTARIA CVS 06, 1999).

Um dos fatores contribui com maior freqüência para a determinação de surtos de toxinfecções alimentares é a operação de resfriamento realizada de maneira inadequada (MAURICIO, 2004). O favorecimento das toxinfecções é devido à reconstituição de alimentos secos, ao descongelamento de alimentos congelados, à manipulação e ao processamento, à cocção, à manipulação pós-cocção, à conservação pelo calor, ao resfriamento, ao reaquecimento e aspectos ligados a higiene (MAURICIO, 2004).

Os alimentos podem produzir contaminação durante as etapas de processamento, com uso de materiais inadequados, ou ainda limpeza inadequada dos mesmos sem o devido material para tal finalidade, bem como infestação de insetos e roedores , e armazenamento inadequado. Passando destas etapas para a exposição em centros de distribuição, supermercados, mercearias, chegando a casa do consumidor, segundo a organização mundial da saúde 70% dos casos de enfermidades transmitidas por alimentos tem origem no seu manuseio inadequado pelo consumidor final (ALMEIDA, 1998).

Segundo orientação da Portaria CVS 06/ 1999, entende-se por alimento armazenado sob congelamento, aquele que é submetido a temperatura de 0ºC ou menos, já os alimentos armazenados sob refrigeração, são aqueles submetidos a temperatura de 0ºC à 10ºC, bem como os alimentos armazenados em temperatura ambiente, segundo especificações do produto e recomendações do fabricante são considerados como estoque seco.

A validade e ou vida de prateleira de um produto é definida pelo tempo de produção e embalagem até o momento em que o produto esteja impróprio para consumo, ou seja, com prazo de validade vencido (HUNGRIA, 2002).

Os alimentos, quer sejam industrializados ou não, mantém-se em constante atividade biológica, manifestada por alterações de natureza química, física, microbiana, ou enzimática, que os levam a perda da qualidade, tornando-os impróprios para o consumo humano (ROÇA, 1994).

O termo vida de prateleira, (validade ou vencimento dos alimentos) é utilizado quando se refere ao período de tempo entre a elaboração e o consumo do alimento, no qual é mantida a aceitação do produto pelo consumidor. Durante esta, o produto deve apresentar qualidade satisfatória em termos de valor nutricional, propriedades sensoriais e qualidade microbiana (ROÇA, 1994).

Segundo a Portaria CVS 06/1999, é impróprio o uso de produtos vencidos (fora de validade).

Dada à importância dos aspectos de qualidade, “refrigeração” e “validade dos alimentos”, e notando-se o grande número de mães que hoje trabalham fora no intuito de aumentar a renda familiar, bem como o número de crianças em idade escolar que realizam suas refeições sozinhas, e que em alguns casos, até compram alguns alimentos sem a supervisão de um adulto, julga-se importante avaliar o conhecimento de escolares visando fornecer dados para formação de campanhas educativas envolvendo tais aspectos citados.


OBJETIVO

Avaliar o conhecimento de crianças regularmente matriculadas no ensino fundamental, com relação à validade e a necessidade de refrigeração dos alimentos.

 

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa descritiva, prospectiva e quantitativa, realizada no mês de setembro/2011, em uma escola da região leste de SP. Participaram da pesquisa um grupo de 28 alunos da segunda série do ensino fundamental, com média de idade de 7,75 aproximadamente oito anos. Alunos das demais séries não participaram desta pesquisa.

O instrumento de coleta de dados foi um questionário elaborado com 11 questões fechadas sobre o assunto proposto, onde as crianças levaram aproximadamente de 12 minutos para responder, sem a participação dos pesquisadores.

As variáveis observadas foram, sexo, idade, além de questões específicas relacionadas à validade e ou vencimento dos alimentos, e refrigeração dos mesmos antes do consumo, as variáveis foram apresentadas pelos seus valores absolutos e percentuais relativos à amostra, sem a aplicação de testes estatísticos específicos.

Esta pesquisa foi autorizada pela direção da escola através da assinatura de documento específico, bem como registrada no SISNEP sob o nº483299 e autorizada pelos pais e ou responsáveis através da assinatura de TCLE.

 

RESULTADOS

A amostra foi composta por 28 alunos, sendo 16 do sexo masculino, representando 57% da amostra, e 12 do sexo feminino, totalizando 43% do total. Com relação aos dois aspectos de qualidade observados na pesquisa (refrigeração e validade dos alimentos), 19 crianças declararam conhecer sobre os mesmos, representando 68% da amostra. Quanto ao aspecto validade dos alimentos, 7 crianças (25%) declararam desconhecer o que é data e ou prazo de validade dos alimentos. Apenas 3 crianças (11%), declararam desconhecer a importância de refrigeração dos produtos alimentícios, 20 crianças (71%), declararam conhecer à respeito do aspecto validade dos alimentos, ao passo que 25 crianças (89% da amostra, declararam ter conhecimento sobre a importância da refrigeração. Observou-se ainda 5 crianças (18%), que declararam consumir alimento fora de refrigeração.

 

DISCUSSÃO

A segurança alimentar consiste no envolto de quantidade, qualidade e regularidade de acesso aos alimentos, um foco importante é a qualidade, onde encontramos aspectos que proporcionam o alimento livre de contaminação, prazos de validade e refrigeração dos alimentos são dois aspectos importantes (BELIK, 2003).

Com relação aos aspectos estudados, o número de crianças que declararam conhecê-los foi superior à metade da amostra, estando de acordo com os resultados de SFORNI (2006).

No tocante a refrigeração, as crianças relataram conhecer a importância deste processo de conservação, indicando o lugar correto de armazenamento de alguns alimentos, os que são conservados em geladeira (sob refrigeração), e os que são conservados em local seco (sob temperatura ambiente), o que se encontra em SFORNI, (2006) onde as crianças relatam os locais de armazenamento de alguns alimentos, correlacionando-os com o processo de conservação adequado.

As crianças não dispõem de explicações sobre os efeitos no organismo, frente ao consumo de alimentos fora de refrigeração e ou prazos de validade ultrapassados, elas apenas relatam suas impressões sensoriais, alterações na cor, cheiro, textura, etc... (SFORNI, 2006).

Portanto apesar dos alertas sobre o consumo impróprio do alimento fora de validade e ou refrigeração inadequada, ainda nos defrontamos com crianças e até outras parcelas da população praticando este consumo inadequado.

 

CONCLUSÃO

Apesar do conhecimento em alerta ao consumo impróprio de alimentos fora da validade e ou refrigeração adequada, faz-se necessária a criação de novas campanhas educativas, com o intuito de salientar a importância da observação de seus efeitos na alimentação para saúde do indivíduo, visto que a falta destes, pode implicar em possíveis contaminações e ou infecções.

 

REFERÊNCIAS

BELIK, Walter. Perspectivas para Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil. Saúde e Sociedade, v.12, n.1, p.12-20, 2003.

SANTOS, Sandra Maria Chaves dos; SANTOS, Leonor Maria Pacheco. Avaliação de Políticas Públicas de Segurança Alimentar e Combate à Fome no Período de 1995-2002. Abordagem metodológica. Cad. Saúde Pública, v.23, n.5, p.1029-1040, 2007.

Diretoria Técnica do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde. Regulamento Técnico sobre os Parâmetros e Critérios para Controle Higiênico Sanitário em Estabelecimentos de Alimentos. Portaria CVS 06 de março de 1999.

MAURÍCIO, Angélica Aparecida; MATIOLI, Graciette. Diagnóstico das Etapas de Compra, Armazenamento e Preparação de Alimentos Perecíveis por Pais de Escolares de uma Cidade do Noroeste do Paraná. Ciência, Cuidado e Saúde, v.3, n.3, p.253-259, 2004.

ALMEIDA, Cláudio R. O Sistema HACCP como Instrumento para Garantir a Inocuidade dos Alimentos. Organização Pan Americana de Saúde, v.23, p.525, 1998.

HUNGRIA, Thais Davila; LONGO, Priscila Larcher. Viabilidade de Lactobacillus Casei em Alimento Probiótico Infantil Relacionado à Vida de prateleira. Revista Saúde, v.3, n.3, p.10-15, 2009.

ROÇA, Roberto de Oliveira; ALVES, Rachel Starlin Assad; BONASSI, Ismael Antônio. Vida de Prateleira de Fiambres Elaborados com Carne de Frango. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29, n.11, p.1769-1778, 1994.

SFORNI, Marta Sueli de Farias; GALUCH, Maria Terezinha Bellanda. Aprendizagem Conceitual nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Educar, v.5, n.28, p.217-229, 2