MESTRADO EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

AVALIAÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS DE MATERIAIS PERFURO CORTANTES POR EQUIPE DE ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

David Alves de Araújo

Recife

2009

DAVID ALVES DE ARAÚJO

AVALIAÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS DE MATERIAIS PERFURO CORTANTES POR EQUIPE DE ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 

Trabalho apresentado ao Instituto Miguel Torga como requisito parcial para obtenção de nota da Disciplina Segurança e Higiene do Trabalho do Curso de Mestrado em Gestão de Recursos Humanos e Comportamento Organizacional.

Professora: Emília Telo

Recife

2009

INTRODUÇÃO

Com o aumento da demanda de serviços na área de saúde, as equipes do atendimento pré-hospitalar (APH) ficam susceptíveis á vários riscos durante a execução de suas atividades ocupacionais. Os riscos estão relacionados principalmente por manuseio de forma direta ou indireta de materiais orgânicos de vítimas com patologias desconhecidas (ALBERT, 2004, p 5).

A necessidade do conhecimento de APH nos dias de hoje é requisito básico para qualquer profissional de saúde atuante, tendo em vista que, o atendimento pré-hospitalar é um procedimento que consiste no conjunto de medidas e procedimentos entre o instante em que ocorreu o acidente e uma crise súbita (ALBERT, 2004, p 2).

As situações de emergência exigem raciocínio rápido, agilidade, qualidade e segurança individual as quais devem andar lado á lado no atendimento para evitar riscos de contágio (NARA, 2007, p 58).

Todo profissional de emergência deve aderir rigorosamente às precauções padronizadas para minimizar o risco de contaminação. Fica claro que o profissional de Recursos Humanos (RH) tem um papel primordial por ser formadora de opinião e responsável em grande parte pelo treinamento das equipes, contribuindo assim para uma diminuição do potencial de transmissão ás infecções através de sangue e fluidos corporais por meio de materiais perfuro cortantes, sendo necessário a  utilização de equipamento de proteção individual (EPI) (FIGUEIREDO, 2006, p 62).

Outro ponto relevante é pelo fato que a assistência de Enfermagem ao paciente fora do ambiente hospitalar possui complexidade que requer do profissional, conhecimentos específicos para atuar de forma rápida, eficaz e sistemática em relação aos agravos de saúde, em situações e locais distintos (FIGUEIREDO, 2006, p 63). É neste ponto que é pertinente profissionais de recursos humanos para ver o perfil adequado do profissional de saúde.

O estudo em questão é direcionado para os profissionais de recuros humanos que irão atuar no âmbito hospitalar com profissionais do APH e que tem como alicerce a biossegurança desses profissionais que devem seguir ao realizar procedimentos em qualquer situação, uma vez que a equipe multiprofissional está exposta à contaminação de diversos patógenos. Assim sendo, despertou-se o interesse em conhecer, um pouco mais sobre o outro lado do resgate pré-hospitalar, que não é apenas o atendimento ao paciente, mas também, com o cuidado ao profissional que atua nestes atendimentos de urgência, pois não se sabe ao certo o que será encontrado e se existe conhecimento para se proteger adequadamente diante do inesperado.

1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Atendimento pré-hospitalar e o seu contexto histórico

As guerras de origem política-expansionista e religiosa, nos séculos XVIII e XIX, contribuíram para o estabelecimento da prática de socorrer feridos e doentes do campo de batalha em hospitais de campanha. “Assim, iniciou-se o atendimento pré-hospitalar. Contudo, apesar destas experiências, foi somente na segunda metade do século XX que estas lições foram aplicadas à população geral” (TAKEDA, 2002, p 16).

O atendimento pré-hospitalar pode representar a oportunidade de sobrevida para vítimas de acidentes, violência e pacientes com agravo da saúde de uma maneira em geral.

(...) nessa fase, por meio de regulação médica, torna-se possível a adequação de recursos humanos e materiais às reais necessidades do paciente, podendo, desta forma, exercer influência nas taxas de morbidade e mortalidade (SANTOS, E.S.; TIMERMAN, A.; et al, 2000, p 50-67).

Neste sentido, o atendimento pré-hospitalar deve pressupor uma regulação médica, a obediência de protocolos de atendimento, especialmente no suporte básico, um sistema de radiocomunicação, uma perfeita integração com a área hospitalar e programas de capacitação inicial e reciclagem permanente (GONÇALVES; RODRIGUES, 2001, p 518).

o treinamento torna-se imperativo. O que se observa na rotina do atendimento pré-hospitalar das equipes que trabalham nos serviços de emergências é que o atendimento tem sido realizado de acordo com as medidas preconizadas pelo Curso de Suporte Avançado de Vida no Pré-Hospitalar (Prehospital Trauma Life Support - PHTLS) (FIGUEIREDO, 2006, p. 63)

A assistência de Enfermagem ao paciente fora do ambiente hospitalar possui complexidade que requer do profissional, conhecimentos específicos para atuar de forma rápida, eficaz e sistemática em relação aos agravos de saúde, em situações e locais distintos.

Assim, o atendimento pré-hospitalar pode ser definido como a assistência prestada, em um primeiro nível de atenção, aos portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica, quando ocorrem fora do ambiente hospitalar, podendo acarretar sofrimento, seqüelas ou mesmo a morte (BRASIL, 2004a, p 1).

O atendimento pré-hospitalar corresponde, portanto, a uma seqüência de tarefas que devem ser desempenhadas por diferentes segmentos da sociedade, incluindo dentre eles e principalmente o cidadão comum.

corresponde o elo mais importante, uma vez que o compete identificar o mais rápido possível a situação de agravo à saúde e de perigo, proteger a si e aos demais presentes, prestar os primeiros atendimentos e acionar o serviço de atendimento de emergências (FIGUEIREDO, 2006, P.64-65).

Esse serviço deve contar também com uma frota de veículos compatível com as necessidades da população de uma região, podendo, portanto, extrapolar os limites municipais, considerando-se aspectos demográficos e os indicadores de saúde. “O Ministério da Saúde, no Brasil, utiliza os padrões internacionais de atendimento pré-hospitalar, que preconiza uma ambulância básica para cada 100 mil habitantes e uma UTI móvel para cada grupo de 500 mil” (BRASIL, 2004b, p 2).

Nos Estados Unidos, desenvolvem-se treinamentos de emergências médicas, habilitando profissionais para atuar em ambiente pré-hospitalar, em três níveis técnicos, quais sejam, básico, intermediário e paramédico. Este é autorizado a ministrar medicamentos, executar intubação, usar desfibriladores, interpretar eletrocardiograma, realizar manutenção avançada de vias aéreas superiores, dentre outros procedimentos (GRUPO TÉCNICO DE EMERGÊNCIA, 2004, p 1).

No Brasil, existem cidades, como por exemplo, a cidade de São Paulo, já têm o sistema de atendimento pré-hospitalar, que possui características do modelo americano e do modelo francês. Esse sistema consiste na existência de uma central reguladora que utiliza com o máximo de eficiência os recursos médicos disponíveis. A categorização dos pacientes por um médico faz com que o acesso aos hospitais de referência fique reservado para os feridos e os doentes mais graves, evitando sua superlotação por casos menos graves que podem ser tratados em estruturas mais leves. Da mesma forma, com essa regulação médica os meios de atendimento pré-hospitalar mais sofisticados são direcionados prioritariamente para os casos mais graves (BRASIL, 2004, p.52).

Deste modo, os serviços de atendimento pré-hospitalar devem ser estruturados e oferecidos de forma precoce e por equipes especializadas, na perspectiva de melhorar e qualificar o atendimento às emergências, contribuir para reduzir a mortalidade, diminuir o tempo de internação hospitalar, seqüelas e os prognósticos de reabilitação, além de organizar a assistência, agilizando o atendimento (BRASIL, 2006, p.52-55).

1.2 Biossegurança

A Constituição Federal contempla a saúde como um direito social e dever do Estado, prevendo a estruturação de um sistema de saúde universal no acesso, igualitário no atendimento assistencial e equânime na distribuição dos recursos, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso aos serviços de saúde.

observa-se que saúde e políticas públicas estão visceralmente ligadas. A saúde é um direito fundamental do ser humano, que visa à redução dos riscos de doenças e de outros agravos, garantindo às pessoas bem estar físico, mental e social (BRASIL, 1990, p1).

Esse novo paradigma requer que seja implementada a capacidade de garantir a segurança, promovendo a saúde, protegendo a vida. No entanto, é fundamental entender que os aspectos inatos de segurança, não podem se desenvolver sem a mesma implementação e atenção tecnológica. Deve-se entender o produto "segurança" como um conjunto que envolve ações de planejamento, mudança de comportamentos, capacitação de pessoal, aquisições de equipamentos, redefinição de projetos, que devem estar disponibilizados à comunidade de forma harmônica, contando, como principal objetivo, a promoção da segurança, indiscriminadamente (BRASIL, 1990, p 3).

Entende-se aqui como segurança o estado no qual os perigos e condições que levam ao dano físico, psicológico ou material são controlados no sentido de preservar a saúde e o bem estar das pessoas. É um recurso essencial da vida que os indivíduos necessitam para realizar suas aspirações. Acrescenta-se que a segurança, além de ser como a saúde, um direito fundamental dos seres humanos, é também um pré-requisito para a manutenção e melhoria do bem estar da população (TAMBELLINI; OSANAI; 2001, p 59).

Embora se pretenda, nesta pesquisa, estudar apenas o atendimento pré-hospitalar é importante que se saiba que um sistema de emergência possui um conceito mais amplo, uma vez que com um atendimento pré-hospitalar bem estruturado e de melhor qualidade, começaram a chegar doentes mais graves nos hospitais de referência que antes morriam no local do acidente. “Assim, um sistema de emergência deve contemplar quatro fases distintas, porém atuando de forma integrada, a saber: ações de prevenção, atendimento pré-hospitalar, atendimento intra-hospitalar e reabilitação” (GONÇALVES; RODRIGUES 2001, p 36).

o atendimento pré-hospitalar torna-se um desafio para os países em desenvolvimento. Na maioria das vezes, cabe ao serviço público assumir o serviço de atendimento pré-hospitalar, pois raramente elas são rentáveis para um serviço privado, sem que tenha um incentivo financeiro do Estado. Por esse motivo, o atendimento das emergências torna-se a imagem mais visível da saúde pública (NARA, 2007, p 55).

Portanto, a biossegurança é uma condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes ás atividades que possam comprometer á saúde humana, animal, vegetal e o meio ambiente (VARGAS, 2006, p 2).

Sendo assim, há necessidade dos Recursos Humanos intervirem de forma efetiva no processo de satisfação das necessidades humanas e aos cuidados dos riscos ocupacionais. Sem falar que a agilidade é um dos principais requisitos para atuar em Atendimento Pré-Hospitalar exigindo decisões rápidas e ações precisas.

Sendo assim, diante de uma rotina tão ágil e muitas vezes contra o tempo, os profissionais ficam a todo o momento expostos a diversos riscos como: infecções, contaminações e acidentes, principalmente por manusearem de forma direta ou indireta materiais orgânicos, excretados e secretados de pacientes portadores de doenças desconhecidas, sendo fonte de transmissão de microorganismos para os profissionais e outras vítimas (NARA, 2007, p 56).

Para reduzir os riscos de contágio, no atendimento de emergência, ao chegar no local do acidente, o socorrista deve isolar o local, proteger a vítima dos curiosos e impedir que tentem movê-la desnecessariamente. Procurar pela causa das lesões e não alterar a posição do acidentado, sem antes adotar condutas adequadas, como o uso de EPIS (equipamento de proteção individual). Para assim, proterger-se de transmissão, principalmente, de hepatite B e HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana (LOPEZ, 2000, p 2 e 3).

É de extrema importância para os profissionais de saúde que se tenha o conhecimento da cadeia de transmissão da infecção (Anexo B) para evitar a proliferação do patógeno. Uma infecção consiste na entrada e multiplicação de um agente infeccioso nos tecidos de um hospedeiro. Se o agente infeccioso falhar em provocar a lesão nas células e tecidos, a infecção é assintomática. Quando este agente infeccioso se multiplica, gerando sinais clínicos é sintomática. Se a doença infecciosa pode ser transmitida diretamente de uma pessoa para outra, é uma doença transmissível ou contagiosa (SMELTZER & BARE, 2004, p 2240).

Os principais equipamentos de proteção individual (EPI’S) existem para proteger os trabalhadores, e que devem ser usados corretamente. Os principais equipamentos de proteção individual em um atendimento pré-hospitalar são: luvas, máscaras, uniforme, óculos, dentre outros. Ainda, um dos equipamentos de proteção mais importantes, as luvas, tem importância maior, pois protegem as partes do corpo com maior risco de exposição, as mãos. Já as máscaras têm o objetivo de evitar inalação de vapores orgânicos, névoas ou finas partículas tóxicas através de vias respiratórias. Os uniformes são de extrema importância para as equipes de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) e, equipes de bombeiros.  Os óculos servem para proteção da mucosa dos olhos contra respingos (gotículas) gerados pelo espirro do paciente ou durante a atividade de assistência Corroborando de acordo com a portaria n° 26/06 de 12/05/98, a lavagem das mãos é uma das normas mais importantes na defesa contra infecções (CARLA, 2003, p 11).

2 METODOLOGIA

 

2.1 Tipos de Estudo

Este estudo foi do tipo bibliográfico e descritivo por meio de um estudo de caso com abordagem quantitativa.

A pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificadas sob este titulo e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Entre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental (GIL, 2002, p 42).

2.2 Local de Estudo

A pesquisa foi realizada em um serviço de referência em APH, junto às equipes de emergências no Estado de Pernambuco, no período de março de 2009.

2.3 População e Amostra

Fizeram parte da pesquisa 195 profissionais da equipe (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e condutores) que atuam no resgate pré-hospitalar ligados diretamente ao atendimento das vítimas. A técnica de amostragem adotada será a amostra não probabilística.

2.4 Procedimentos de Coleta de Dados e Análise do material coletado

Os dados foram coletados através de avaliação de um questionário que foi respondido pelos participantes do estudo.

Esses dados foram processados e analisados manualmente e os resultados foram apresentados através de porcentagem sob forma de tabelas, complementados na análise descritiva do autor da pesquisa.

3. ANÁLISE E PROCESSAMENTO DOS DADOS

 

Este capítulo abordar os resultados obtidos com o estudo de caso aplicado com todos os profissionais da equipe (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e condutores) que atuam no resgate pré-hospitalar e que estão ligados diretamente ao atendimento das vítimas.

Tabela 01: Perfil dos profissionais socorristas pesquisados segundo: sexo, faixa etária e escolaridade

 

Variável

          Nº

      %

SEXO:

Feminino

Masculino

 TOTAL

FAIXA ETÁRIA

21 – 30 anos

31- 40 anos

41- 50 anos

51- 60 anos

TOTAL

 

ESCOLARIDADE

Ensino médio

Ensino Superior Completo

Ensino Superior Incompleto

Especialização

Mestrado

 

 

 

93

102

 

195

 

27

126

27

15

 

195

 

78

54

30

30

3

 

 

48%

52%

 

100%

 

14%

64%

14%

8%

 

100%

 

40%

28%

15%

15%

2%

 

 

Os dados da tabela 01 demonstram que foram entrevistados 195 profissionais, sendo 102 (52%) do sexo masculino e 93 (48%) do sexo feminino. Em relação a faixa etária dos profissionais, observou-se no geral 31-40 anos 126 (64%). Ao analisar os dados da escolaridade dos profissionais socorristas, observou-se que 78 cursaram o ensino médio (40%), 54 o ensino superior completo (28%), 30 superior incompleto (15%), 30 especialização (15%) e 3 têm Mestrado (2%).

Tabela 02: Imunização no cartão de vacina, medidas de segurança ocupacionais na saúde e dificuldades encontradas pelos profissionais em medidas de segurança no (APH)

Variável

      %

IMUNIZAÇÃO: CARTÃO DE VACINA

SIM

NÃO

TOTAL

 

MEDIDAS DE SEGURANÇA OCUPACIONAIS NA SAÚDE

Luvas de procedimento

Máscaras

Óculos protetores

Macacão

Todos acima

DIFICULDADES PARA ADOÇÃO DE MEDIDAS DE SEGURANÇA Sobrecarga de trabalho

Falta de cursos específicos

Inexperiência ou pouco domínio

Situação de emergência

Falta de hábito

Falta de tempo

Dificuldade de adaptação ao EPI

Nenhuma das respostas

126

69

195

138

138

123

03

51

21

42

48

9

18

18

12

9

65%

35%

100%

71%

71%

63%

1,5%

26%

11%

22%

33%

5%

9%

9%

6%

5%

Conforme dados coletados, 126 (65%) dos entrevistados encontram-se em dia com o seu cartão de vacinação, 138 pessoas (71%) utilizam os equipamentos de segurança, os outros 03 (1,5%) utilizam outros tipos de equipamento de segurança, como por exemplo, avental. Quanto as dificuldades encontradas pelos profissionais para adoção de medidas de segurança, 21 (11%) disseram ter sobrecarga de trabalho, 42 (22%) alegam falta de curso específicos, 48 (48%) da inexperiência ou pouco domínio sobre o assunto, 9 (5%) relataram que se encontra em situação de emergência de equipamentos, 18 (9%) por falta de hábito não utilizam o equipamento, 18  (9%) que é a falta de tempo, 12 (6%) têm dificuldade de adaptação ao EPI e 9 (5%) não se enquadram em nenhuma das opções levantadas.

Tabela 03: Capacitação de segurança no trabalho, ocorrência de acidente de trabalho, recebimento de apoio da instituição e facilidades encontradas pelos profissionais em medidas de segurança no (APH)

Variável

      %

CAPACITAÇÃO DE SEGURANÇA NO TRABALHO

Curso

Especialização

Mestrado

Doutorado

Outros

Nenhum

OCORREÊNCIA DE ACIDENTE DE TRABALHO

Sim

Não

RECEBIMENTO DE APOIO DA INSTITUIÇÃO

Psicológico

Financeiro

Recursos Humanos

Nenhum

FACILIDADES PARA ADOÇÃO DE MEDIDAS DE SEGURANÇA

Segurança na realização das tarefas

Incentivo e orientação sobre a necessidade de segurança

Disponibilidade de um recipiente adequado para descarte perfuro cortante

Disponibilidade de EPI

Conhecimento acerca dos riscos de contaminação/acidente de trabalho

 

 

99

15

__

__

9

57

 

 

54

141

 

 

9

3

21

159

 

 

129

99

141

75

135

 

 

51%

8%

__

__

5%

29%

 

 

28%

72%

 

 

5%

2%

11%

82%

 

 

66%

51%

72%

38%

69%

 

Conforme dados relatados, 99 (51%) relataram ter curso de capacitação de segurança do trabalho, 15 (8%) que têm especialização, os demais têm outro tipo de capacitação e/ou nenhuma capacitação na área. 54 (28%) já tiveram ocorrência em acidente de trabalho e 141 (72%) não tiveram nenhum acidente. 159 (82%) relataram que não recebem nenhum apoio da instituição neste item segurança, 21 (11%) que recebem algum tipo de apoio por profissionais de Recursos Humanos, 9 (9%) receberam apoio psicológico e apenas 3 (2%) receberam apoio financeiro. Quanto as facilidades encontradas para adoção de medidas de segurança, 141 (72%) ter disponibilidade de um recipiente adequado para descarte perfuro cortante, 135 (69%) têm conhecimento acerca dos riscos de contaminação/acidente de trabalho, 129 (66%) ter segurança na realização das tarefas, 99 (51%) tem incentivo e orientação sobre a necessidade de segurança e 75 (38) tem disponibilidade de EPI.

4 DISCUSSÃO

Foram entrevistados 195 profissionais, sendo 52% do sexo masculino e 48% do sexo feminino. Em relação a faixa etária dos profissionais, observou-se no geral 31-40 anos, teve 68% destacando-se o maior percentual de faixa etária. Ao analisar os dados da escolaridade dos profissionais socorristas, observou-se que 37% cursaram o ensino médio, e 28% o ensino superior.

Já a literatura mostra que os cuidados prestados aos enfermos iniciaram-se por antigos personagens precursores do sexo feminino dos quais embasou atualmente a Enfermagem, profissão que era considerada, ideológicamente, pelo sexo feminino porque cuidar de pessoas era tido como aptidão inata da mulher e não do homem (ROBAZZI, 1999, p 84).

Conforme também a literatura, os profissionais envolvidos neste serviço estão enquadrados no que se refere à Portaria nº 814/GM, de 1º de julho de 2001, que exige que o enfermeiro tenha conhecimento, competência técnica e administrativa para agir de forma rápida, segura, eficaz e sistemática (FIGUEIREDO, 2006, p. 63).

Em relação a imunização, 65% dos entrevistados encontram-se em dia com o seu cartão de vacinação e os outros 35% não estão totalmente imunizados. Em relação a medidas de segurança, 71% utilizam os equipamentos de segurança EPI, tais como: luvas de procedimento, óculos protetores e máscaras, ou outros 28% utilizam outros tipos de equipamento de segurança, como por exemplo, avental. Ao analisar os dados sobre as dificuldades encontradas pelos profissionais para adoção de medidas de segurança 11% disseram ter sobrecarga de trabalho, 22% alegam falta de curso específicos, 33% falaram da inexperiência ou pouco domínio sobre o assunto, 5% relataram que se encontra em situação de emergência de equipamentos, 9% disseram por falta de hábito não usam o equipamento, 9% disseram que é a falta de tempo, 6% têm dificuldade de adaptação ao EPI e 5% não se enquadram em nenhuma das opções levantadas.

A equipe de enfermagem do serviço de emergência é submetida a uma constante pressão geradora de ansiedade e estresse (VEIGA, 1995, p 68-101).

O contato com microorganismos patológicos oriundos de acidentes ocasionados pela manipulação de material perfur-cortantes ocorre, com grande freqüência na execução do trabalho de enfermagem. A exposição ocupacional por material biológico é entendida como a possibilidade de contato com sangue e fluídos orgânicos. Esses acidentes são por muitas vezes por meio de agulhas ou objetos cortantes e contato direto com pele e/ou mucosas (MARZIALE; RODRIGUES, 2002, p 45).

Entende-se aqui como segurança o estado no qual os perigos e condições que levam ao dano físico, psicológico ou material são controlados no sentido de preservar a saúde e o bem estar das pessoas. É um recurso essencial da vida que os indivíduos necessitam para realizar suas aspirações. Acrescenta-se que a segurança, além de ser como a saúde, um direito fundamental dos seres humanos, é também um pré-requisito para a manutenção e melhoria do bem estar da população (TAMBELLINI; OSANAI; 2001, p 59).

51% relataram ter curso de capacitação de segurança do trabalho, 8% disseram que têm especialização, os demais 31% têm outro tipo de capacitação e/ou nenhuma capacitação na área. 28% já tiveram ocorrência em acidente de trabalho e 72% não tiveram nenhum acidente. 82% relataram que não recebem nenhum apoio da instituição neste item segurança, 11% disseram que recebem algum tipo de apoio, 5% receberam apoio psicológico e apenas 2% receberam apoio financeiro. Em relação às facilidades encontradas por profissionais para adoção de medidas de segurança no atendimento, 66% disseram ter segurança na realização das tarefas, 51% também responderam que têm incentivo e orientação sobre a necessidade de segurança, 72% responderam também que têm disponibilidade de um recipiente adequado para descarte perfuro cortante, 38% disseram que tem disponibilidade de EPI e 69% tem conhecimento acerca dos riscos de contaminação/acidente de trabalho.

Portanto, segundo a Portaria GM nº 2.048/2002 afirma que todos profissionais incluindo os oriundos da área de saúde, devem realizar curso de capacitação e habilitação para o atendimento às urgências (BRASIL, 2004, p 84-85).

O objeto de saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e doença dos grupos humanos em sua relação com o trabalho (ALESSI et al, 1994, p 32).

O atendimento pré-hospitalar deve pressupor uma regulação médica, a obediência de protocolos de atendimento, especialmente no suporte básico, um sistema de radiocomunicação, uma perfeita integração com a área hospitalar e programas de capacitação inicial e reciclagem permanente (GONÇALVES; RODRIGUES, 2001, p 518).

Portanto, é de extrema importância para os profissionais de saúde que se tenha o conhecimento da cadeia de transmissão da infecção para evitar a proliferação do patógeno. Uma infecção consiste na entrada e multiplicação de um agente infeccioso nos tecidos de um hospedeiro. Se o agente infeccioso falhar em provocar a lesão nas células e tecidos, a infecção é assintomática. Quando este agente infeccioso se multiplica, gerando sinais clínicos é sintomática. Se a doença infecciosa pode ser transmitida diretamente de uma pessoa para outra, é uma doença transmissível ou contagiosa (SMELTZER & BARE, 2004, p 2240).

CONCLUSÃO

 

O atendimento pré-hospitalar antes de tudo, exige que a equipe de enfermagem tenha experiência, capacidade de decisão, tranqüilidade, percepção e capacitação para atuar em diversas situações complexas. Portanto, buscou iniciar está conclusão com a lembrança de que as causas externas matam cerca da metade das vítimas sem que qualquer atendimento possa salvá-las, pois suas lesões são incompatíveis com a vida. São também as mais importantes causas de incapacitação física permanente ou temporária nessa população, levando a perdas econômicas, previdenciárias e grandes dispêndios em tratamentos de complicações na saúde dos pacientes.

Desta maneira, um profissional de Recursos Humanos que vai atuar no universo hospitalar é pertinente que o mesmo treine os profissionais de saude para uma prevenção aos riscos ocupacionais, embora se saiba que é um problema que possui obstáculos na sua resolução por envolver questões de evidenciam o social, político e de conflitos da natureza humana.

O resultado da pesquisa, seja bibliográfico ou de campo, evidenciaram que deve-se refletir sobre o uso de medidas de segurança nos atendimentos de urgência, em ocorrências de APH. Assim, se observa no decorrer da pesquisa realizada, seja na pesquisa bibliográfica ou na pesquisa de campo, pode-se concluir que é importante, sob a perspectiva da eficácia, ter um serviço de atendimento pré-hospitalar com profissionais de enfermagem qualificados, equipamentos médicos apropriados, bem como da presença de uma estrutura para admissão de pacientes em hospitais de referência.

O atendimento pré-hospitalar é uma atividade de responsabilidade e competência da área de saúde, que pode e deve ter parceiros de outras áreas, tais como de recursos humanos para conseguir seu principal objetivo que é o de atender sempre, da melhor forma possível, à população, garantindo tanto a saúde como também a segurança dos profissionais de saúde na prestação do serviço móvel.

Tendo em vista que a equipe de enfermagem é uma das principais categorias profissionais sujeita a acidentes com pérfuro-cortantes. Esse número elevado de exposição relaciona-se com o fato do grupo ser maior nos serviços de saúde, ter mais contato direto na assistência aos pacientes e também ao tipo e a freqüência realizada por esses profissionais.

Neste contexto, foi perceptível com o estudo de caso, que é relevante o número de trabalhadores de enfermagem expostos a material biológico, portanto, é necessário que todas as instituições conheçam seu perfil epidemiológico de acidentes ocupacionais envolvendo este tipo de material para poderem intervir de maneira coerente, elaborando estratégias de prevenção adequadas ao perfil próprio de cada instituição.

Sendo assim, o futuro reserva aos profissionais que atuam na área de saúde, mais qualificação, treinamento constante pela equipe de Recursos Humanos, equipamentos e instrumentos mais sofisticados, bem como responsabilidades adicionais. Dentre outras coisas, esses profissionais deverão estar plenamente conscientes das possibilidades e riscos dos serviços prestados em serviço de atendimento móvel de urgência, devendo, portanto, em conjunto com a instituição, examinar cuidadosamente cada risco e determinar a melhor forma de praticá-lo.

Por fim, espera-se que este estudo sirva de estímulo a novas investigações, uma vez que não se pretende esgotar, nesse momento, as possíveis soluções, como é o caso de capacitação profissional, prioritariamente para a equipe de enfermagem para atenuar o problema, mas acredita-se que, a pesquisa possa contribuir para a melhoria da prestação do serviço de forma eficiente e eficaz, dentro do contexto da realidade brasileira.

REFERÊNCIAS

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FIGUEIREDO, Nebia Maria Almeida de. Enfermagem: Cuidando em emergência. 2ª edição revisado São Paulo: Yendis, 2006, p.65-100.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed., São Paulo: Atlas, 2002, 42-175p.

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