O Auto-exame das mamas quando realizado de forma correta e contínua pode prevenir o câncer de mama e seus agravos. Assim o objetivo deste estudo foi identificar o nível de conhecimento das mulheres a cerca do AEM. Trata-se de um estudo exploratório de caráter quantitativo. Para a coleta de dados utilizou-se uma entrevista, direcionadas a amostra de vinte mulheres cadastradas no PACS jardim Ouro Branco. Ao término da pesquisa concluímos que a partir do estudo proposto percebemos que apesar das divulgações do AEM ainda existem mulheres que não conhecem e não praticam o auto-exame das mamas, no entanto comprovamos que a maioria das entrevistadas realizam de forma correta e utilizando todas as etapas do AEM: palpação, inspeção e expressão mamilar. Outra questão relevante é a atuação dos profissionais de saúde trabalhando por meio da prevenção e promoção das doenças, de forma a conscientizar a população feminina a estarem inserindo a pratica do AEM no seu cotidiano. PALAVRAS-CHAVES: Câncer de mama; Auto-exame das Mamas; Educação em Saúde.

1 INTRODUÇÃO

 De acordo com as informações colhidas no INCA apud Silva & Santos (2008), o câncer de mama é muito corriqueiro em diversos países. Este tipo

O câncer é um grave problema de saúde pública em todo mundo, não só pelo número de casos confirmados através dos diagnósticos a cada ano, mas também pelo investimento financeiro que é solicitado para equacionar as questões de diagnóstico e tratamento. Atualmente, o câncer é considerado como a segunda causa de morte atualmente por esta patologia que acomete as mulheres no nosso país (BRASIL apud MOLINAet  al., 2003).

Segundo o Ministério da Saúde, as taxas de incidência mudam conforme a área geográfica, observando-se índices mais baixos em partes da China, Japão e índia as taxas intermediarias na America do Sul, Caribe e Europa Oriental e as mais elevadas na Europa Ocidental. Porem nos últimos anos vem ocorrendo aumento considerável nas taxas de incidência dessa doença, principalmente na Ásia e em países da Europa Central. Dentro do Brasil as taxas com maior incidência foram identificadas nas áreas urbanas do que em áreas rurais (BRASIL apud MINISTÉRIO da SAÚDE, 2001).

Pode-se usar como métodos de rastreamento de câncer de mama: o exame Mamográfico (MMG), o Exame Clínico das Mamas (ECM) e o Auto-Exame das Mamas (AEM). Vários ensaios clínicos demonstraram uma redução da mortalidade em mulheres entre 50-74 anos de idade com a realização anual de MMG, associada ou não ao exame físico realizado pelo médico, como método de rastreamento. Entretanto, esse método possui um custo considerável, não sendo economicamente viável em certas populações. O AEM, por sua vez, possui um custo baixo, podendo ser realizado pela própria mulher regularmente em intervalos menores. Todavia existem dois fatores extremamente importantes para o benefício de seu uso: acurácia na detecção de lesões palpáveis e freqüência de realização do exame (KERLIKOWSKE et al. apud BORBA et al .,1998).

Uma das principais finalidades da prática do auto-exame é identificar pequenas tumorações ainda limitados na glândula mamária, esse método é conveniente devido sua utilidade, e oportuno devido suas vantagens, podendo ser aplicado mensalmente, para aumentar a sua precisão. Tendo como objetivo principal fazer com que as mulheres conheçam as suas mamas detalhadamente facilitando a percepção de qualquer alteração na mama ou na axila (BRASIL apud DAVIM, 2003).

Dessa forma, levando em consideração a alta incidência do câncer de mama, percebendo a importância da prática do AEM de forma correta, como futuras enfermeiras atuantes, também, na saúde da mulher, surgem o seguinte questionamento: qual o tipo de conhecimento que as mulheres têm sobre o auto-exame das mamas? Elas praticam o auto-exame? Se não praticam, porque não o fazem?

Foram estas indagações e a prática no atendimento a essas mulheres durante a graduação que nos levaram a pensar e propor esta investigação.

Neste sentido, parte-se do pressuposto de que as mulheres não praticam por apresentarem um conhecimento limitado em relação ao AEM. Com isso, identificar o número de mulheres que conhecem o AEM, o número de mulheres que o praticam de forma correta, bem como os fatores associados à ausência de sua prática, tornou-se nosso grande desafio.   

O presente estudo decorre em três momentos. O primeiro deles apresenta a introdução do trabalho. O segundo momento é o desenvolvimento, o mesmo se divide em revisão de literatura que aborda dados epidemiológicos e fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama, além de explanar sobre aspectos gerais e diagnósticos de câncer, e sobre a importância da educação em saúde.

Ainda no desenvolvimento, apresenta a caminhada metodológica realizada para a confecção desse trabalho e os resultados obtidos durante a coleta de dados. O terceiro e último momento é a conclusão.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

2.1.1 Dados Epidemiológicos

De acordo com estudos realizados o câncer de mama é a primeira causa de morte em mulheres nos Estados Unidos, Canadá e Europa. No Brasil, o tumor maligno apresentou-se o mais incidente, em 2006, com 48.930 casos novos e incidência de 51,7 por 100.000 mulheres. No Nordeste, estimou-se para 2008 uma incidência de 27,0 por 100.000 mulheres. Tem sido notado que tanto a incidência como a taxa bruta de mortalidade vem proporcionando um aumento significativo nos últimos anos (INCA apud COUCEIRO et al., 2009).

Nos últimos anos ocorreu aumento significativo da incidência e mortalidade do câncer de mama em todo o mundo. Conforme dados encontrados, esta neoplasia maligna é o resultado da interação de fatores genéticos com estilo de vida, hábitos reprodutivos no meio ambiente (JONHSON apud OLIVEIRA et al., 2006).

2.1.2 Fatores de Risco Para o Câncer de Mama

O câncer de mama, como muitos dos cânceres, tem fatores de risco conhecidos. Alguns destes fatores são modificáveis, ou seja, pode-se alterar a exposição que uma pessoa tem a este determinado fator, diminuindo a sua chance de desenvolver este câncer. Existem também os fatores de proteção. Estes são fatores que, se a pessoa está exposta, a sua chance de desenvolver o câncer é menor (MEDEIROS, 2001).

Para Silva et al. apud Geber et al. (2001) a idade é um dos fatores que contribui para o surgimento do câncer de mama. Embora se saiba que as diferentes patologias podem ocorrer em qualquer faixa etária, observa-se que diferentes problemas são mais prevalentes em períodos distintos da vida da mulher. Alterações funcionais e os tumores benignos são mais comuns no período da menarca, porém sendo mais diagnosticadas no período do climatério.

Conforme dados encontrados, a terapia de reposição hormonal influencia no desenvolvimento do câncer de mama, principalmente se essa exposição ocorrer na pós-menopausa. A progesterona e o estrogênio juntos aumentam um risco muito mais do que se o estrogênio estivesse agindo sozinho no corpo da mulher de forma individualizada (LESTER; COTRAN, 2000).

Como explica Silva et al. apud Geber et al. (2001), a história familiar apresenta-se como fator de risco relevante para o surgimento da doença, uma vez que irmãs e filhas de mulheres que desenvolveram o câncer de mama tem três vezes mais chances de adquirir esta patologia, ao passo que clientes com mãe e uma irmã afetadas possuem 14 vezes mais chances de terem a doença.Porém a porcentagem de mulheres portadoras do câncer de mama que tinha parentesco de primeiro grau não ultrapassaram a trinta por cento.

As mulheres que são expostas a radiação tem maior chance de adquirir o câncer de mama. Pois quanto mais jovem, e maior a dose de exposição à radiação será maior a chance de desenvolver a doença (LESTER; COTRAN, 2000)

Apesar de não conhecer exatamente todo o mecanismo causal do câncer de mama, há comprovações de que a interação entre os fatores genéticos e ambientais exerce papel importante na causa e na evolução da doença. A ajuda dos fatores externos é comprovada pela observação de que populações de origem asiática ao migrarem para países ocidentais, como os Estados Unidos, tendem a crescer o risco de desenvolver câncer de mama nas gerações seguintes. Fortalecendo assim a hipótese de que fatores relacionados à dieta, ao hábito de fumar, à ingestão de bebidas alcoólicas e à paridade, os quais são bem requintados se comparados países orientais com países ocidentais, devem exercer um peso importante no método de carcinogênese mamária. (MOURA-GALO et al., 2004).

2.1.3 Aspectos Gerais do Câncer de Mama

Para melhor compreender os fatores que influenciam direta ou indiretamente na gênese do Câncer de Mama buscou-se conhecer, através de bibliografias pertinentes, a história natural desta patologia. O câncer é caracterizado por alterações que determinam um crescimento celular desordenado comprometendo tecidos e órgãos. Se o câncer se inicia em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, ele é chamado de carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos, como tecido de sustentação da mama, é chamado sarcoma (BRASIL, 2002).

As células cancerizadas multiplicam-se de maneira descontrolada, acumulando-se formando tumor, e invadem o tecido vizinho; adquirem capacidade de se desprender do tumor e migrar, chegando a órgãos distantes, constituindo as metástases; perdem sua função especializada e, à medida que substituem as células normais, comprometem a função do órgão afetado (BRASIL, 2002).

2.1.3.1 Tipos Histológicos

Segundo Lester  e Cotran (2000), os tipos histológicos de cânceres mais comuns são: os invasivos e os não invasivos. Os carcinomas não invasivos vêm aumentando muito nos últimos anos, cerca de 5% da todos os carcinomas antes da triagem com mamografia até 15 a 30% dos carcinomas em populações submetidas à triagem. Dentre os cânceres detectados através de mamografia, quase metade é representado por Carcinoma Ductal in situ (CDIS). A lesão consiste numa população de células malignas que carecem da capacidade de invadir através da membrana basal, sendo, portanto incapaz de produzir metástases distintas.

2.1.4Diagnóstico do Câncer de Mama

O diagnóstico do câncer de mama no Brasil ainda tem sido feito quando a neoplasia já atinge estádios avançados. Como exemplo, no Centro-Oeste, um trabalho conduzido com pacientes com diagnóstico de câncer de mama entre 1986 e 1990 concluiu que 68% dos casos foram diagnosticados nos estádios III e IV. Ao contrário dessa realidade, em alguns locais nos Estados Unidos aproximadamente 80% dos casos são diagnosticados até o estádio II. Possivelmente, como causas desse problema devem ser citadas: 1) falta de programas de detecção precoce e 2) ignorância da população, agravada pelo medo e desconhecimento das formas de apresentação da neoplasia, assim como das formas de detecção (FREITAS et al., 1999).

Embora não se dispõe de nenhum processo para a prevenção primária do câncer de mama e o diagnóstico precoce está baseado na avaliação clínica e no diagnóstico por imagem. Desta maneira, a vistoria clínica precoce do câncer de mama está ligado, decisivamente, ao acesso à informação para as  pacientes, conscientizando-as sobre a realização do auto-exame da glândula mamária, do exame clínico e do exame de mamografia, trilogia na qual deve se basear o rastreamento dessa patologia (TUBIANA apud MARINHO et al., 2003).

2.1.4.5 Auto-Exame das Mamas

A concretização da prevenção ocorre por meio do auto-exame também insinua o conhecimento das pacientes sobre seu corpo. A detecção de alguma irregularidade, no momento do auto-exame, é provocada quando as clientes já apresentam certa intimidade com o mesmo. Nos casos em que este método não ocorre, a doença acaba sendo encontrada num estágio mais avançado, precisando muitas vezes de uma interferência mais evasiva, tornando-se necessária a retirada de um quadrante da mama ou até mesmo de toda a mama (MÜLLER et al.,  2005).

2.1.4.6 Importância do Auto-Exame das Mamas

Como explica Monteiro et al. (2003), as pesquisas indicam impacto significativo do AEM na detecção precoce do câncer de mama, registrando-se tumores primários menores e menor número de linfônodos axilares invadidos pelo tumor (ou por células neoplásicas) nas mulheres que fazem o exame regularmente, além de haver também detecção de pequenas mudanças nas propriedades físicas das mamas, diminuindo assim a probabilidade de metástase e aumentando a sobrevida. Estudos demonstram que a sobrevida em cinco anos tem sido de 75% entre as praticantes do AEM contra 57% entre as não-praticantes.

Segundo Carvalho (2004), a profilaxia do câncer de mama necessita de uma orientação sobre a necessidade de realizarem exames médicos periódicos. Ensinar o auto-exame, esclarecendo as possíveis alterações encontradas na mama. Divulgar o auto-exame através dos meios de comunicação, com o intuito de sensibilizar as mulheres para realizarem o exame mensalmente. Esclarecer a gravidade da doença. Projetar filmes educativos, palestras, e discussões em grupo.

2.1.4.7 Importância da Educação em Saúde

Há muito tempo a saúde foi definida como ausência de doença. No entanto, atualmente, este conceito é uma colocação de causa, já que não obedece inteiramente à realidade e, também, não é funcional (BRANCO, 2005). A educação em saúde como processo encaminhado para a utilização de estratégias que ajudem o indivíduo a aceitar ou transformar condutas que permitam um estado saudável, permanece a ser objeto de concentração crescente por parte de políticos, instituições, grupos profissionais e mesmo de autores isolados em artigos de literatura específica (BRANCO, 2005).  Para Branco (2005), diante dos dados pesquisados o conceito de saúde bem como definir qualidade de vida torna-se também complexo, já que podem expressar coisas desiguais para diferentes pessoas, uma vez que está fortemente relacionada com fatores de ordem cultural, como valores e crenças das pessoas, e de ordem social e econômica, o que inclui aspectos de âmbito prático e individual.

2.2 METODOLOGIA

2.2.1 Método

A pesquisa pode ser definida como um processo racional e sistêmico que tem como meta proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é solicitada quando as informações existentes são insuficientes para responder a pergunta de pesquisa ou então quando a informação existente se encontra em tal estado de desordem que não pode ser satisfatoriamente relacionado ao problema (GUEDES, 2000).

 Este é um estudo de caráter exploratório e quantitativo. Segundo Rodrigues (2007), a pesquisa exploratória tem a finalidade de descortinar o tema, reunir informações gerais a respeito do objeto. Já a pesquisa quantitativa pode ser definida como uma investigação que se apóia predominantemente em dados estatísticos.

2.2.2 Local de coleta de dados

O município de Barreiras está localizada a 853 quilômetros de Salvador - BA e 622 quilômetros de Brasília - DF é um importante entroncamento rodoviário entre o norte, nordeste e o centro-oeste do país. A sua origem está relacionada à atividade pecuária extensiva, agricultura mercantil e ao comércio, através da navegação do Rio Grande, maior afluente a margem esquerda do Rio São Francisco.

Esta pesquisa foi realizada junto às mulheres cadastradas no PACS (Programa dos Agentes Comunitários de Saúde) que fica situado no Bairro jardim Ouro Branco na cidade de Barreiras, no estado da Bahia.

2.2.3 Estratégia

Como instrumento de coleta de dados foi elaborado um questionário estruturado pautado por treze questões fechadas (Apêndice A).

Para Guedes (2000), o questionário é uma das técnicas mais utilizadas dependendo do objeto a ser pesquisado

Antes de iniciar a coleta de dados foi solicitada a autorização formal por meio da assinatura das participantes através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B), pedindo permissão para as mesmas, a fim de realizar a entrevista. Dessa forma nos comprometendo a cumprir todas as questões éticas, garantindo o respeito e sigilo das informações e anonimato dos sujeitos participantes.

O questionário foi respondido pelas pacientes após leitura feita pelas acadêmicas responsáveis pelo estudo.

Dessa forma o projeto foi encaminhado para o Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade São Francisco de Barreiras, para apreciação e parecer.

2.2.4 Sujeitos participantes

A amostra de estudo foi um grupo de 20 mulheres cadastradas no PACS, no período de agosto a setembro de 2009.

2.2.5 Análise de Dados

A análise dos dados foi realizada através da freqüência, análise de números e percentuais. Os resultados foram descritos e apresentados em forma de gráficos. A estatística foi obtida a partir dos dados fornecidos pelas participantes do estudo.

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação a idade, pudemos observar que 30% das entrevistadas tem entre 18 e 30 anos, 30% encontram-se entre 31 a 40 anos e igualmente 20% tem entre 41 a 50 anos e 51 anos ou mais.

 Para Pascalicchio et al. apud Godinho e Koch et al. (2002), a idade compõe um fator de risco independente, no entanto é fundamental na determinação de risco para o desenvolvimento do câncer de mama em mulheres. Sendo um dos principais fatores a idade avançada entre 50 e 60 anos.

Quanto à situação conjugal, verificou-se que 10% das mulheres são solteiras, 45% das mulheres viúvas e 45% casadas.Podemos constatar na presente pesquisa que o estado conjugal das entrevistadas não interferiu na realização do auto-exame das mamas.

Em relação à religião observou-se que 55% são mulheres evangélicas e 45% católicas. Conforme alguns estudos a religião pode influenciar na realização do auto-exame das mamas, devido as suas crenças, mitos e tabus que algumas mulheres trazem consigo ao longo dos anos, que geralmente são ensinamentos passados de geração para geração.

Segundo Pacheco & Cols. apud Müller (1996), afirmam que algumas religiões ainda desaprovam a exploração do próprio corpo. Dessa forma, o auto-exame das mamas torna-se uma prática inaceitável por desencadear ansiedade masturbatórias.

Percebemos que do grupo de mulheres entrevistadas 95% tem filhos e 5% não tem  filhos. Sendo que destas mulheres que tem filhos 84% têm de 1 a 4 filhos e 16% tem de 7 a 12 filhos.

Para Stevens & Lowe (2002), a nuliparidade é um fator importante para o aparecimento do câncer de mama, sendo dessa forma, menos freqüente nas clientes multíparas.

Como explica Lima et al. (2001), a primeira gestação parece contribuir no processo de maturação das células das mamas, tornando-as bem mais protegidas em relação às substâncias cancerígenas. Dessa forma são considerados como fatores de riscos para desenvolvimento do câncer de mama a nuliparidade, bem como a primiparidade.

Com isso nota-se que na presente pesquisa o resultado encontrado, 95% das clientes tem filhos e este é um fator que contribui para não surgimento dessa patologia.

Em relação a escolaridade das entrevistadas, 45% responderam ter o 2º grau completo, 25% relatou não ter concluído o 1º grau, 20% completou o 1º grau e por fim igualmente 5%, possui nível superior completo e analfabeto.

Segundo Freitas Júnior et al. (1996) a escolaridade é relevante para as mulheres tanto para o conhecimento, quanto a prática do auto-exame.

De acordo os dados encontrados nesta pesquisa, podemos constatar que houve contradição em relação à literatura, pois algumas mulheres que apresentaram o nível de escolaridade inferior, diziam conhecer o auto-exame das mamas, enquanto outras clientes que apresentavam nível de escolaridade mais elevado desconheciam esta prática.

Das entrevistadas 50% mulheres trabalham em casa e 50% trabalham  fora, sendo estas: 3 secretárias, 2 auxiliares de serviços gerais, 2 recepcionistas, 2 professoras e 1 vendedora.

De acordo com as profissões citadas, observou-se que as mesmas não influenciam para o desenvolvimento do câncer de mama e não interferem quanto à realização do auto-exame das mamas.

É importante ressaltar que, embora as donas de casa refiram ter maior conhecimento sobre o auto-exame das mamas, este não se traduz na mesma magnitude quanto a sua prática do auto-exame, comparando-se com as mulheres que trabalham fora. O maior conhecimento referido pelas donas de casa poderia ser decorrente de sua maior disponibilidade de tempo para assistirem programas educativos a cerca do tema abordado.

Das entrevistadas 95% referem conhecer o auto-exame das mamas, sendo que apenas 5%  relataram  não conhecer.

De acordo com a presente pesquisa  o índice de mulheres que não conhecem o auto-exame das mamas ainda é significativo,frente as propagandas de rádio e televisão juntamnte com as campanhas educativas lançadas continuamente pelo Ministério da saúde, para conscientizar as mulheres da relevancia do auto-exame.

Estudos realizados no Brasil mostram resultados similares. Em Campinas-SP foi observado que 96% das mulheres conheciam o auto-exame das mamas,mas apenas 22% têm o hábito de realizarem mensalmente o auto-exame das mamas (FRITAS JÚNIOR et al.,1996).

Em relaçao ao grau de conhecimento do AEM, os resultados obtidos foram de grande relevancia,notou-se que  a grande maioria (95%) conhecem o AEM, no entanto, constatou-se que só o conhecimento não é o suficiente para que estas mulheres adotassem essa rotina no seu cotidiano.

Ao questionar as entrevistadas sobre a prática do auto-exame, 85% das mulheres têm o hábito de praticarem o auto-exame das mamas e 15% das mulheres informaram que não realizam.

O número de mulheres que não pratica o AEM ainda é significativo, desta forma percebe-se a importância de conscientizar as mulheres a cerca do AEM para a detecção precoce do câncer de mama.

De acordo com Freitas Júnior et al. (2006), estudos realizados em Natal-RN tiveram resultados parecidos com esta pesquisa: das 109 mulheres entrevistadas, 75% relataram realizar o auto-exame das mamas.

Alguns aspectos tem sido também pesquisados sobre as causas para a não realização do auto-exame. Um aspecto  mencionados freqüentimente diz respeito aqueles de natureza cultural envolvendo a prática do auto-exame das mamas (FREITAS JÚNIOR et al., 2006).

Ao questionarmos as mulheres que diziam praticar o AEM, 58,8% referiram realizar a palpação, inspeção e a expressão, 23,5% relataram realizar a palpação e a inspeção, 11,8% realizam a palpação e a expressão e por fim 5% realizam somente a palpação.

Percebemos que as mulheres entrevistadas reconhecem a importância e a necessidade do auto-exame, entretanto, no que se refere à prática do mesmo, mostram uma ação incorreta.

Na presente pesquisa verificou-se que as mulheres que praticam o auto-exame das mamas 100% fazem palpação. De acordo com orientações do Ministério da Saúde deve ser feito as três etapas: palpação inspeção e expressão, no entanto, mesmo não realizado da forma correta, de acordo com os dados coletados, percebe-se que a idéia da prática do auto-exame já começa a se expandir entre as mulheres. E isso é um dado significativo.

Para Davim et al. (2005), o principal objetivo na realização da palpação, inspeção e expressão mamilar é fazer com que a mulher conheça detalhadamente suas mamas, o que facilitar a percepção de quaisquer alterações tais como: pequenos nódulos nas mamas e nas axilas, saída de secreções pelo mamilo, mudança na cor da pele, retrações dentre outros, dessa forma, promovendo o diagnóstico precoce, com grande chances de cura em ritmo promissor.

Quanto à freqüência na realização 6% das mulheres fazem uma vez por semana, 59% realizam uma vez no mês e 35% das mulheres fazem esporadicamente.

Constatamos que cinqüenta e nove por cento, das mulheres praticam o AEM na freqüência correta, no entanto o índice de desconhecimento sobre o período a ser realizado ainda é muito alto, sendo a freqüência uma questão importantíssima a ser seguida quando se fala em AEM.

Percebemos que das mulheres entrevistas 15% não praticam. Isso mostra que as mesmas não têm conhecimento suficiente para praticar o auto-exame das mamas, dessa forma, procurou-se saber os motivos por não praticarem, sendo assim o gráfico 9, nota-se que 33,3% não pratica por medo, 33,3% não sabe e 33,3% por esquecimento ou desleixo.

Para Borba et al. (1998) a prática regular da técnica pode produzir ansiedade associada a possibilidade de encontrar algo.

Farah apud Müller (2005) propõe que a simples idéia de que algo em nosso corpo poderá modificar independente de nossa vontade, como retirar uma parte ou toda a mama e isso é muito assustador. Além do mais, essa mudança em nosso corpo provoca uma reformulação na mente e na imagem corporal. Esse medo faz com as mulheres ajam de maneira incorreta, preferindo pensar que nada acontecerá com elas se esquivando da realização do auto-exame das mamas.

De acordo com a pesquisa foi possível perceber que 53% das mulheres entrevistadas realizam o AEM, em qualquer fase do ciclo, 29,4% praticam na segunda fase, sendo 11,7% fazem no meio do ciclo, e 5,9% executam na primeira fase do ciclo menstrual

Segundo o Ministério da Saúde (2002), o melhor período para realizar a prática do auto-exame é em torno do sétimo ao décimo dia após a menstruaçao, pois é nesta fase que as mamas estão menos túrgidas, facilitando assim a identificação de qualquer alteração da mama. No caso de mulheres menopausadas ou histerectomizadas devem escolher o primeiro ou último dia do mês podendo ser realizado preferencialmente pela manha ao acordar ou a noite antes de dormir.

3 CONSIDERAÇOES FINAIS

Pode-se constatar que são vários os fatores que influenciam na ausência da prática do AEM: o conhecimento limitado, o medo e o esquecimento foram relatados entre as mulheres entrevistadas que disseram não praticar o AEM.

De acordo com a presente pesquisa foi possível comprovar que a maioria das mulheres entrevistadas realiza de forma correta a prática do AEM, utilizando todas as etapas, dentre elas podemos citar: palpação, inspeção e expressão mamilar.

Outra questão que merece destaque em relação à pesquisa é a atuação dos profissionais de saúde trabalhando por meio da promoção e prevenção das doenças, de forma a conscientizar a população feminina a estarem inserindo a prática do AEM na sua vida cotidiana.

Durante a graduação percebemos uma deficiência relevante a cerca do tema abordado. Apesar do incentivo contínuo do Ministério da Saúde por meio da mídia, do trabalho dos profissionais, identificamos a necessidade de explorar de forma mais detalhada o tema acima mencionado.

Em frente a esta realidade brasileira diante ao AEM, é possível crer que a pesquisa apresentada acrescentará dados relevantes para novas pesquisas. Dessa forma, espera-se contribuir na conscientização das mulheres sobre o AEM e conseqüentemente diminuir o índice de acometimento por câncer de mama no Brasil.

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de neoplasia maligna é comum na população feminina. Devido o reflexo da tendência global a incidência vem aumentando consideravelmente a cada ano levando em consideração os fatores de risco que estão fortemente ligados ao estilo de vida.

O câncer de mama é uma doença que apresenta em seu curso diversas situações de ameaça as mulheres portadoras dessa patologia, pois à incerteza do sucesso no tratamento, à possibilidade de recorrência, o medo da morte, esta relacionado a integridade psicossocial (ALMEIDA apud DAVIM et al., 2003).