Avaliação da Aprendizagem Escolar: Método Reprodutivo e Método Construtivo

 

Cristiane Ximenes Pereira

Maria Aldelane Souza Linhares

 

Resumo

 

      Este artigo discute em torno da Avaliação da Aprendizagem Escolar, considerando seus principais métodos e modelos postos em pratica na sala de aula. O presente estudo tem como objetivo discutir e analisar os principais modelos avaliativos das escolas, levando em consideração o real e o ideal.  Para tanto, foram utilizados como referencial as leituras e as contribuições de alguns autores, como: Vasconcelos (2000), Luckesi (1998), Haydt (1992) e outros autores. Os resultados nos apontam novas possibilidades e modelos avaliativos que contribuam de forma mais significativa no aprendizado dos alunos. Então, com o desencadeamento das novas possibilidades de melhoria no ensino, há uma contribuição, para que os alunos desenvolvam-se bem e obtenham um aprendizado melhor.

PALAVRAS-CHAVES: Avaliação Educacional; Reprodutiva; Novos Métodos.  

Introdução

 

      A avaliação da Aprendizagem Escolar é um assunto que tem despertado grandes questionamentos no ambiente escolar e acadêmico, pois existe uma nova compreensão a cerca do termo aprendizagem escolar que vai além dos conteúdos escolares. 

      Ultimamente professores tem limitado o sentido da avaliação da aprendizagem como um método reprodutivo, utilizado apenas como sistema exclusivo e classificatório entre os alunos, porém a avaliação escolar vem ganhando um novo significado que não se restringe apenas os conteúdos repassados pelos professores que são avaliados com a intenção de somente testar e medir os alunos, a avaliação escolar é um processo continuo que possui uma relação direta no processo de ensino – aprendizagem. 

   A pesquisa partiu da necessidade de compreender o processo de avaliação escolar que ocorre na prática pedagógica dos professores, o interesse na pesquisa surgiu a partir de discussões que ocorridos durante a disciplina de Avaliação Educacional, ministrada no quarto semestre do curso de pedagogia, da Universidade Estadual Vale do Acaraú de Sobral, Ce.

       O presente estudo tem como objetivo discutir e analisar os principais modelos avaliativos das escolas, levando em consideração o real e o ideal,  discutindo em torno da avaliação da aprendizagem, na qual reflete como uma abordagem totalmente reprodutiva, que se impõe apenas em uma forma de testar e medir a capacidade dos alunos, e assim, através dessas discussões pensar sobre as novas possibilidades de inserção de novos métodos avaliativos no ensino. A pertinência desta discussão decorre da necessidade de transformação do sistema de ensino para refletir algumas mudanças nas formas de como organizar as metodologias e avaliações pedagógicas, Afinal, o professor é o principal responsável direto na avaliação dos alunos, portanto, é importante que se busque novos caminhos e soluções favoráveis para a questão do ensino-aprendizagem.  

Avaliação escolar numa abordagem reprodutora: testar e medir

 

Ultimamente muito tem se discutido e criticado as formas de avaliação escolar, pois estas avaliações cada vez mais assumiram uma função classificatória e reprodutora, na qual visa unicamente às notas como resultado desejado, sem levar em consideração outros critérios avaliativos de suma importância. A avaliação normalmente se dá através de testes parciais com questões objetivas que determinam o quanto o aluno “aprendeu”, porém estes testes têm o objetivo apenas de enquadrar e modelar os indivíduos num padrão estabelecido pela escola, forçando os alunos a apenas reproduzir e copiar conhecimentos e informações já estabelecidos. A avaliação deveria promover o aprendizado dos alunos, estimular a criatividade e o pensamento crítico, mais não é isto que acontece na prática escolar, na realidade ela modela os alunos num mesmo padrão para que todos adquiram o mesmo ponto de vista sem desenvolver a autonomia do educando. 

            As avaliações nas escolas passaram a serem vistas como um mercado, no qual todos os sujeitos envolvidos visam algo em troca, a avaliação nesta modalidade não é tida como uma forma de aprendizado, mais um meio de benefício pessoal e individual. Segundo Luckesi (1998) alunos, pais, professores, escolas, enfim todos estão interessados apenas nas promoções individuais que a avaliação vai lhes proporcionar. O sistema de ensino está interessado nos percentuais de aprovação/reprovação do total dos educandos; os pais estão desejosos de que seus filhos avancem nas séries de escolaridade; os professores se utilizam permanentemente dos procedimentos de avaliação como elementos motivadores dos estudantes, por meio da ameaça; os estudantes estão sempre na perspectiva de virem a ser aprovados ou reprovados.  

            Adorno (1995) diz que “a educação deve promover a emancipação do indivíduo”, a avaliação deveria auxiliar neste processo de emancipação, porém normalmente ela não exerce esta função nas escolas, em vez de contribui neste aspecto que deve promover caráter de autonomia, pelo contrário, as avaliações reprodutoras apenas classificaram os alunos entre melhores e piores de acordo com a cópia de informações produzida por eles, que é repassada pelos professores.  A avaliação da aprendizagem é uma dinâmica reconstrutiva, ou seja, é um processo em constante movimento e a avaliação reprodutora é um momento estanque. De acordo com Adorno (1995) a educação não é modelagem de pessoas nem é a mera transmissão de conhecimentos, mas a produção de uma consciência verdadeira.

            Assim, a avaliação reprodutora não irá promover esta educação autônoma e emancipadora, na qual Adorno defende e acredita. A avaliação da aprendizagem escolar deve contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno que deve ser: dinâmica; contínua; integrada; progressiva; voltada para o aluno; abrangente; cooperativa e versátil. Já a avaliação de modo reprodutora é estática; terminal; isolada do ensino; voltada para os conteúdos.  

A avaliação reprodutora contribui apenas para a memorização, os alunos estudam somente no período de provas, na qual exigem respostas prontas e formadas tal e qual como foi visto e repassado anteriormente no decorrer do semestre letivo, assim o aluno estuda para adquirir e decorar os dados e informações sobre o conteúdo, mais não aprende, apenas repassa copiando os pensamentos e idéias sem questionar, este modelo de avaliação age de forma mecânica e não contribui em nada para o aprendizado e desenvolvimento intelectual do educando.

A avaliação reprodutora tem como base principal testar e medir, em vez de avaliar. O processo de avaliação possui dimensões amplas e significativas, não pode ser reduzida a testes e medições, existe uma grande diferença entre testar, medir e avaliar. Os testes são muito limitados a situações prévias, medir; refere-se apenas ao ponto de vista quantitativo; e avaliar é uma dimensão mais ampla que está ligada a dados qualitativos e quantitativos, através de um processo contínuo de critérios educativos. Segundo Haydt (1992) “na avaliação não é suficiente testar e medir, pois os resultados devem ser interpretados em termos de avaliação e nem todos os aspectos da educação podem ser medidos”. Ainda segundo a autora testar significa submeter a um teste ou experiência, consiste em verificar o desenvolvimento de alguém ou alguma coisa, através de situações previamente organizadas.  Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou o grau de alguma coisa, tendo por base um sistema de unidades convencionais. Avaliar é julgar ou fazer a apreciação de alguém ou alguma coisa, tendo como base uma escala de valores.

            Pode-se afirmar que, testar, medir e avaliar são elementos diferentes e que em hipótese alguma dever ser confundidos. Afinal, testar e medir são processos descritivos e isolados, enquanto avaliar é um processo interpretativo e contínuo.

Finalmente, a atual prática da avaliação escolar - a avaliação reprodutora - se dá de forma equivocada, porque não exerce sua verdadeira função de diagnosticar e dar continuidade ao processo de aprendizagem, a avaliação numa concepção reprodutora apenas induz os alunos a reproduzir os conteúdos e idéias estudadas, sendo avaliados e julgados através de critérios descritivos e não interpretativos.

Novos modelos avaliativos

 

            Enquanto a avaliação tradicional traz as provas e exames classificatórios como sinônimos da avaliação, na qual ocorre de forma oral ou escrita exigindo respostas prontas baseadas em questionários, que implicam a reprodução. A avaliação numa percepção construtiva se dá através de registros em momentos contínuos.

            No modo tradicional, professores e alunos focam no avanço de séries; nas provas, que são utilizadas como instrumentos de ameaça e não de motivação; a escola neste contexto está centrada somente nos resultados das provas, preocupando-se unicamente com os índices de aprovação/reprovação, que poderá trazer benefícios para a escola em si. A avaliação numa concepção construtiva busca o aprendizado dos alunos; focando em suas habilidades e competências, para saber se atingiu os objetivos esperados; centrada e preocupada com a qualidade de aprendizado do educando.

            Na avaliação tradicional as notas ficam sendo os maiores responsáveis na aprendizagem do aluno, segundo Vasconcelos (2000) “pode-se aplicar notas se você tiver em mente que ela pode ser dinâmica.” Ainda de acordo com o autor nota é ridículo, mas também pode ser democrática, se for pega como um indicador da situação do aluno naquele momento.  

            Na avaliação como modelo construtivo a intencionalidade é a palavra certa a ser utilizada, existem diversos métodos avaliativos que podem ajudar o aluno no prazer de aprender e construir seus conhecimentos. Vasconcelos (2000) sugere vários modelos avaliativos como, por exemplo, o diálogo; a exposição dialogada, técnicas mais ativas, como dramatização, relatórios, pesquisas, onde o professor pode perceber o nível de elaboração do aluno.

            Para Vasconcelos (2000) a metodologia participativa é fundamental na concretização da nova intencionalidade. Outro método simples: é pedir para o aluno dizer com as suas próprias palavras os conceitos apreendidos, para ver se houve internalização. Freqüentemente o estudante repete as palavras do professor ou do livro didático. O trabalho em grupo em sala de aula é importante, com um colega ajudando o outro. Ao invés de ter somente um professor na sala de aula, é possível ter cinco ou seis: os próprios alunos fazendo esse papel. Afinal, os alunos também possuem saberes e aprendizagem através de suas vivencias cotidianas dentro e fora da escola, pois a educação implica na troca de saberes e experiências, sem essa troca não há aprendizado.

            Os professores que aplicam as avaliações tradicionais também normalmente são aqueles que não conseguem diagnosticar os erros dos alunos durante as avaliações, eles corrigem as provas e depois entregam as notas na secretária da escola como se já tivessem cumprido com o seu papel de professor, sem atender as necessidades do aluno, para que ocorro à transformação. Ou seja, a avaliação se restringe ao erro do aluno e o aluno fica privado de conhecimento, afinal os erros são essenciais no processo de aprendizagem, se o aluno erra, mas não percebe esse erro, ele voltará a cometer os mesmos equivoco, porque não teve a oportunidade de aprender com o erro.

Segundo Hoffmann (2005), o olhar avaliativo deve sempre alcançar as singularidades de cada um dos alunos , mas para que isso aconteça , é necessário que haja um processo avaliativo mediador do educador, por meio do respeito ao outro, da convivência e dos procedimentos dialógicos que se tornam muito significativo na vida dos educando. Daí então, da importância tanto o educador quanto do sistema de ensino de se preocupar com sua prática educacional avaliativa mais inovadora, votada para uma prática transformadora.

Então, o modelo de avaliação mais adequado para ser posto em prática seria o modelo na percepção construtiva, que se utiliza de registros e tem o foco voltado para a qualidade de ensino e aprendizagem; na obtenção de habilidades e competências; no alcance das metas e objetivos, enfim, na verdadeira aprendizagem do educando, que deveria ser o real objeto da avaliação escolar.

Considerações Finais

            Concluímos assim que, a avaliação da aprendizagem escolar apresenta uma prática avaliativa equivocada, na qual mostra uma concepção tradicional e reprodutora, que não contribui na aprendizagem dos alunos, que são cobrados e ameaçados através de provas parciais, baseados em conceitos já estabelecidos, que são transmitidos pelos professores e copiados pelos alunos, sem questionar ou refletir a cerca do assunto.

            Entretanto é preciso refletir acerca da prática avaliativa aplicada de forma reprodutiva e busca novos métodos avaliativos construtivos que possam contribuir de forma significado no desenvolvimento e aprendizagem intelectual do aluno. Percebemos durante a pesquisa realizada que existem diversos métodos avaliativos que estão ligados de forma construtiva na aprendizagem do educando, tais como: como dramatização, relatórios, pesquisas, diálogos. A avaliação da aprendizagem escolar é um processo dinâmico, continuo, que se da através de observações e registros diários e não apenas por notas de provas e exames que ocorrem em um momento.

Referências Bibliográficas

ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. Paz e Terra. 3ª Ed. 1995.

 DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP. Editores Associados, 1997.

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 3ª Ed. São Paulo: Ática, 1992.

HOFFMANN, Jussara. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre. Editora Mediação 2º Ed. 2005.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 8ª Ed. São Paulo: Cortez, 1998.

VASCONCELOS, Celso dos Santos. Intencionalidade: palavra-chave de avaliação. Entrevista > Nova Escola < Ed. 138, 2000.