Vivemos em um mundo turbulento, que oferece caminhos infinitos, onde tudo acontece como que em um passe de mágica. Graças à globalização, hoje temos livre acesso a tudo, as coisas acontecem rápido e se tornam vistas no mundo inteiro; a  exigência do mercado de trabalho e de consumo vem transformando o rítmo de vida das pessoas que se tornam escravas de si próprias.

            Desconhecem traços fundamentais de si, do seu próprio caráter, não constituem a base do seu desenvolvimento emocional , já não sabem quem são e nem como lidar com seus conflitos e frustrações.

            Muitas vezes, não conseguem perceber o seu sentir: quando recebem ou quando precisam dizer ¨não¨, como reagem ao medo, como se posicionar diante de pessoas que exercem o  Poder, ou como impor sua autoridade, sem se tornar autoritário; como reagir a críticas, às perdas, além dos desafios que a própria vida oferece.

          O ser humano precisa se perceber como ser único, valorizar a sua essência, reconhecer seus desejos, paixões, virtudes, limitações, descobrir mecanismos de defesa e saber interpretar sua própria conduta. Se não se conhece, jamais será capaz de compreender as especificidades de cada um de nós.

          É fundamental que o ser humano se conheça, perceba quem é, identifique seus propósitos, suas limitações, seus talentos, sua capacidade e se transformar através do estabelecimento de uma convivência harmoniosa consigo e com o outro, somente assim, poderá assumir  o que se pode mudar .

         O ser humano é extremamente dependente do outro e não consegue sobreviver isolado; porém a convivência harmoniosa é seu grande desafio.No entanto,  precisa partir do relacionamento como pais, para que alcance os filhos.

            De acordo com John Gray, autor de Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus, ambos desejam ser amados, mas o homem necessita ser aceito, ser apreciado e gozar de confiança, e a mulher : ser cuidada, ser compreendida e ser respeitada.

         Sendo assim, é preciso antes se autoconhecer, se amar para depois, então, aceitar o outro.  Homem e mulher possuem formas de pensar e agir diferentes , e isso muitas vezes transforma o relacionamento dos pais numa catástrofe, onde não existe diálogo, afeto e cumplicidade, gerando conflitos que afetam a autoestima do casal e, consequentemente, dos filhos. O relacionamento se torna cada vez descartável,  os índices de casais que se separam aumentas a cada dia, por falta de tolerância, por individualismo e falta de autoconhecimento.

       Pais que não possuem autoconhecimento não conseguem se amar; e quando não se amam, não convivem em harmonia;  se não existe harmonia, jamais conseguirão educar seus filhos, jamais conseguirão conviver harmoniosamente na família e no mundo.

            Por isso vemos atualmente filhos sem limites, sem autoestima, entregues à própria sorte, construindo um mundo que não os encantará, pois tendemos a reproduzir a história de nossos pais.

            É urgente que pais e mães se posicionem, que assumam seu papel na arte de educar, compreendendo educação como processo interativo, em que um penetra no mundo do outro,  produzindo felicidade e realização. Para isso, é preciso desenvolver o autoconhecimento, o amor próprio, a aceitação de si ; antes de tudo, é preciso estar bem consigo mesmo , para estar bem com o outro. Somente assim, observando atentamente as nossas atitudes, podemos sonhar com dias melhores.

           

            Desta forma, podemos concluir que podemos repensar a educação de nossos filhos por outros ângulos, tentando construir espaços de liberdade, vivendo outras lógicas, experiências de autoconhecimento e de autoformação.

                                                                                   Helenice Augusta da Cunha

                                                                                                          Pedagoga