AUTOBIOGRAFIA: MEMORIAL PARA EQUIVALÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

Gelsinete Damasceno Martins[1]

Marta Joselina Damasceno de Oliveira, filha mais velha de onze irmãos, conheceu Gelsimar Martins, ambos com 17 anos, se apaixonaram e foram morar juntos. No primeiro ano da união do meu pai e minha mãe, eu Gelsinete Damasceno Martins, nasci, em 16 de maio de 1990 na comunidade de Pimental a 60 km de Itaituba. Após meu nascimento minha mãe foi tendo um filho após o outro, no período de 5 anos, portanto, 5 filhos.

Meu pai era garimpeiro, quando meu irmão mais novo estava prestes a vir ao mundo, meu pai fez uma viagem para o garimpo do Cripuri e lá ele conheceu outra mulher, resolveu formar outra família, e para lá ele ficou, nem viu meu irmãzinho nascer.

Quando mamãe foi abandonada em 1996, ela tinha 23 anos e na bagagem 5 filhos para criar sozinha. Mudamos-nos para Itaituba, pois mamãe precisava arrumar um emprego que ganhasse o suficiente para sustentar os filhos. Nesta época, eu a mais velha tinha somente 6 anos, meus irmãos mais novos eram: Carol com 5 anos, Jeferson com 4 anos, Jackson com 2 anos e Jerdeley com 1 mês.

A vida na cidade de Itaituba não foi fácil, principalmente nos primeiros meses que chegamos. Para conseguir um emprego melhor que pagasse um pouco mais, minha mãe teve que voltar a estudar, então sua rotina era dupla: trabalhava o dia inteiro e estudava à noite. Para ajudar em casa, eu cuidava dois irmão menores, fazia de tudo um pouco; a única coisa que eu não fazia era comida, mamãe não deixava eu mexer com fogo e panelas quentes com medo de eu me machucar.

 Claro que nos não ficávamos sozinhos em casa; então, sempre tinha um tio conosco (um dos irmãos da minha mãe); era por temporada um ficava por 3 meses ia embora, e vinha outro para substituir; ficava de 2 a 3 meses e voltava para o Pimental, até que meu avô ficou doente, isso em 1997, minha mãe veio para Itaituba com meu avô e mais 5 crianças pequenas; o mais velho com 10 anos e a mais nova com 4 anos; agora éramos 10 crianças em casa, era uma bagunça enorme, a casa era pequena para tanta gente, no mesmo ano meu avô faleceu, o sofrimento dele foi enorme antes de morrer; eu acredito que ele foi para um lugar melhor, pois foi um grande homem.

Neste período, após a perda do meu avô, minha mãe e minha avó tinham 10 crianças que dependiam delas para sobreviver, financeiramente, só da minha mãe, porque vovó é analfabeta até hoje. Na época, após a morte do vovô, que pegou derrame, e não andava nada bem de saúde, portanto, não poderia trabalhar fora de casa, ficava em casa com as crianças. Nessa época, passamos por várias dificuldades que não me convém lembrar.

Minha mãe nunca desistiu de estudar e sempre incentivou os filhos e irmão a fazerem o mesmo. Há uma frase que ela sempre me disse: “eu não posso te dar nada material, só a educação, o conhecimento,” que é a melhor herança que ela pode me deixar.

Quando eu tinha 10 anos, minha mãe conheceu outra pessoa, Pedro Orivaldo dos Santos Bentes, eles foram morar juntos em Moraes Almeida, foi quando a minha vida mudou muito, saí do estado de miséria que vivia e fui para um lugar melhor. Lá eu estudei, namorei e casei. Em Moraes Almeida, minha vida até os 19 anos era como a de qualquer menina comum: estudar, trabalhar e namorar. Aos 20 anos, já ingressei na Faculdade de Itaituba (FAI) e ainda aos 20 anos conheci o Diego Chernaki de Oliveira. Estava tudo perfeito, eu estudava, namorava um cara legal e já trabalhava como professora. No ano seguinte, minha vida mudou totalmente, aos 21 anos eu engravidei do meu noivo, então antecipamos o casamento. Eu não achei ruim casar antes (a gente sempre tem a idéia que casamento é um mar de rosas.;) para antecipar o casamento foi preciso entregar logo os convites, então vim até Itaituba par entregar o convite do meu pai. Para mim, foi difícil fazer isso, mas era necessário.  Grande foi minha surpresa ao ouvir que ele iria ao meu casamento. Maior foi a minha surpresa no dia do meu casamento, meu pai não apareceu, então meu padastro entrou comigo na igreja. foi um dia muito especial para mim, mesmo sem a presença do meu pai. 

No mesmo ano em que me casei, minha mãe ficou seriamente doente, ela passou por vários médicos e nenhum sabia o diagnóstico, até quem em SINOP ela descobriu que estava com câncer no colo do útero.  Eu estava grávida, minha mãe doente em Cuiabá, 2011 não foi um ano muito bom, mas teve seus momentos que vale lembrar um deles, é que em outubro de 2011, exatamente no dia 29, meu filho nasceu na cidade de SINOP. Após o parto, meu desejo maior era só levá-lo para minha mãe vê-lo; eu estava muito ansiosa e ela também, porém, devido o meu parto ser cesariano, eu não pude ir de imediato, voltei a Moraes Almeida e lá fiquei por mais ou menos 30 dias. Durantes esses trinta dias, eu estava sendo preparada por todos ao meu redor para me despedir de minha mãe, pois o médico havia dado apenas alguns meses de vida para ela. Eu só pensava em chegar lá abraçá-la, e dizer a ela o quanto a amava: “olha seu neto, veja ele tem seus olhos, ele brilham e passam sempre alegria e esperança.”

Quando eu cheguei lá, desci do carro e vi minha mãe correr para ver meu filho pela 1ª vez; foi muito emocionante para mim, ela estava muito debilitada por efeito das quimioterapias e radioterapias, lutava para se manter de pé na rua. Ela o pegou no colo olhou-o todinho, contou seus dedinhos do pé e das mãos, como ser procurasse saber se tinha nascido perfeito.

Eu sempre achei que minha mãe nunca ficaria doente, pois ela era forte, quando a vi daquele jeito foi um choque, fiquei com minha mãe até o natal de 2011, passamos o natal em casa, sem festa, sem risadas, como se esperássemos por mais alguém. Após a meia noite nos abraçamos, e desejamos feliz natal e formos dormir.

No dia 27 de dezembro do mesmo ano, voltei para Moraes Almeida para junto do meu marido, passei a virada do ano com ele e minha sogra, mas eu não via a hora daquele ano acabar (esse que me trouxe a maior alegria de minha vida: meu filho, mas me trouxe a maior dor: o medo de perder minha mãe). O ano de 2011 foi embora e 2012 chegou com uma ótima notícia: em fevereiro, minha mãe foi presenteada com um milagre, estava curada e agora poderia voltar para casa para junto de seus familiares. Eu estava muito feliz, minha mãe estava voltando e agora só voltaria para Cuiabá de 3 em 3 meses para revisão médica.

 

Eu na Faculdade de Itaituba (FAI)

 

Ingressei na faculdade no dia 04 de janeiro de 2010; minha turma era indefinida, poderia se formar turma de História ou Pedagogia. Eu me matriculei para História, no primeiro período, a turma era grande, nós éramos entre 30 e 35 alunos. Da minha família, eram da mesma turma, eu, a tia Joilma a tio Jorde, a tia Eliene e a tia Josélia, fomos muitos rejeitados pela turma no meu ponto de vista, porque queríamos fazer trabalhos sempre juntos. Entretanto, percebo hoje que nós é que excluíamos o restante da turma.

Tem pessoas que marcam nossa vida e foi no 1° período que eu conheci a Jaci, uma amiga para sempre, conheci a Alessandra e o Paulo; os três eram muitos divertidos, entusiasmados e levantavam a turma, sempre tem os populares em qualquer ambiente que várias pessoas convivem e, nesse caso os três chamavam toda a atenção.

Eu sempre tirei boas notas desde pequena, então na faculdade achei que não seria diferente. (Com o tempo a gente aprende que nota não vale muito e sim o que você consegue aprender com a disciplina). No 1° período minhas notas foram todas acima de 9,5, então com notas não tive problemas, mas teve uma professora que me marcou muito; foi a professora Lúcia; ela era professora de Psicologia da Educação seu método de ensino foi bom muito dinâmico e sempre estava dialogando com os alunos.

No dia que a turma iria fazer apresentação, antes do seminário ela me falou algo que me abalei, (sei que talvez não fosse a intenção dela me ofender) eu não consegui falar nada na hora do seminário, não sei qual foi o critério de avaliação, mas eu fiquei com uma boa nota. Com a Lúcia eu aprendi que “não é o que você fala que ofende as pessoas, mas a forma que se fala”, gosto dela, não tenho nada contra, eu prefiro aprender com as dificuldades.

No 2° período, a turma já havia sido dividida entre Pedagogia e História, estávamos em pouquíssimos alunos, aliás entraram alguns alunos que estudavam em outras turmas, por serem duas turmas pequenas, resolveram nos unir. Eu agradeço por nos unirem, pois conheci a Vani a Emanuelle; a Mara e a Gel, e várias outras pessoas muito legais.

Ainda naquele período viajamos para conhecer a comunidade de Aveiro com o professor Adailson, foi demais conhecer a história daquela comunidade, ir a campo foi incrível, fizemos um relatório sobre a comunidade e o professor até publicou na Webartigos.

No 3° período, nós todas já tínhamos mais afinidades uns com os outros, éramos todas mulheres na sala. As discussões sobre conteúdos referentes à aula eram de arrepiar; particularmente, eu gosto quando toda a turma interage, minhas notas foram excelentes.

No 4° período, nós viajamos para Fordlândia, foi lega,l muito legal, a professora Luciana marcou muito a turma por sua autoestima e sua amizade com todos. Ela me ajudou muito, teve muita paciência, pois eu estava grávida de 5 meses e tinha necessidades de sair muito da sala para ir ao médico, etc.

No 5° período, eu voltei com um bebê de 5 meses. Ele ficava na sala comigo, dormia bastante e isso me ajudou, a turma foi ótima, as meninas me ajudaram bastante, eu me sai bem em todas as disciplinas, principalmente nas do Adailson.

No 6° período, o neném já estava com manias, mas as dificuldades eram muitas, mas sempre tive muita ajuda e muita compreensão dos professores, minhas notas foram ótimas. Foi no 6° período, eu escolhi meu tema da monografia que foi “O outro trabalho da Pastoral da Criança, em Moraes Almeida” e escolhi minha orientadora que foi a professora Raquel.

No 7° período, eu voltei com todo entusiasmo que tinha no início. Eu estou querendo finalizar minha graduação e muito feliz, por já está quase lá.

A FAI me abriu portas novas, me ajudou a crescer como pessoa e profissionalmente. É claro que a gente tem sempre o que aprender, portanto, não aprendo tudo porque sempre há algo mais a aprender.

Formações Profissionais

 

        Eu tinha 14 anos quando fui convidada para ministrar catequese “ quando se é uma catequista você deve ter uma paciência de Jó”. Minha primeira turma tinha 15 crianças de 9 a 11 anos, foi bem difícil, pois todos falavam muito e não paravam em seus lugares. Eu acho que paguei por todos os meus pecados e pelas travessuras que fiz com meus professores. Continuei ministrando catequese até os 20 anos. Eu aprendi muito nesse período, agora posso ver que ministrar catequese é a mesma coisa que ministrar aula em escola.

         Quando terminei o Ensino Médio, eu tinha 18 anos e já comecei a ajudar minha mãe na escola dela: “Cantinho do Saber”. Eu não ficava sozinha na sala de aula, eu só ajudava a professora, com os alunos, e assim eu fiquei por 2 anos.

       Em 2010, quando ingressei na faculdade, trabalhei como professora pela 1ª vez. Minhas primeiras turmas foram: 3º ano no período da tarde e o 6º ano na disciplina de Matemática no período da manhã. Eram turmas com poucas crianças entre 10 a 15 alunos, pois a escola é particular. Não vi tanta dificuldade, isso porque já trabalhava com a catequese.

         No ano seguinte, a escola só trabalhou com séries iniciais do maternal ao 5º ano. Trabalhei nesse ano com o 4º ano, dando continuação ao meu trabalho no ano de 2012 e com o 5º ano pelo particular e jardim I pela rede pública. Foi quando eu vi a diferença entre o ensino público e o ensino particular. No particular você tem mais recursos: TV, filmes, livros etc. Os alunos do particular tem acesso fácil à internet, a livros de pesquisa e o numero de alunos na sala de aula do particular é bem menor que do ensino público.

        Sou estudante de História pela paixão que tenho por essa área, desde pequena; sempre gostei de dar uma aula diferente, como era só do 1º ao 5º ano, era importante eles saberem sua própria história e a de sua comunidade, para depois saberem a de seu estado, país e mundo.

        Fazendo uma autoavaliação como professora, digo que estou sempre em processo de aprendizagem, devo aprender mais, ser mais humilde e buscar sempre aprender com meus alunos. Gosto de ser professora, adoro a disciplina de História e pretendo trabalhar como professora de História e um dia vou ministrar aula em faculdades.

Caracterização Geral da Escola em que foi realizado o Estágio

A Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental César Almeida, localizada na BR 163 km 1185, no Distrito de Moraes Almeida, fica a 300 Km da sede do município de Itaituba.  Foi fundada em 29 de março 1987, e recebeu o nome de César Almeida, por ser o nome de um familiar do desbravador do Distrito de Moraes Almeida, na gestão do Excelentíssimo Prefeito de Itaituba Sílvio Macedo e a professora Antonieta Assunção Nascimento Lima, com o cargo de Secretária de Educação.

Em seu primeiro ano de funcionamento, atendeu a um contingente de 200 (duzentos) alunos do Ensino Fundamental e este número continuou a crescer até o ano de 1992, porém com a decadência do setor garimpeiro, Moraes Almeida ficou somente com 20 famílias e com isto um número reduzido de alunos até o ano de 1996.

No ano de 1997, o setor madeireiro começou a desenvolver e com isso veio um crescimento da população local e consequentemente da clientela escolar. Atualmente, a escola comporta 1167 (um mil, cento e sessenta e sete) alunos divididos nas seguintes modalidades: Educação Infantil, Ensino Fundamental l e ll, Educação de Jovens e Adultos (EJA), 1ª à 4ª Etapas. A Escola sede o espaço físico para o Ensino Médio Modular, o Supletivo (Centro Educacional Pan-Americano) CEPA – de Ensino Médio (Sistema Modular de Ensino) SOME e o Curso de Administração (Faculdade de Sinop) FASIP. A mesma conta com um prédio para seu funcionamento, que se encontra em obras.

A estrutura física da instituição é composta por dezessete salas de aula em funcionamento e mais seis em fase de construção, somando um total de vinte e três salas. E ainda conta com uma secretaria, uma sala dos professores, uma biblioteca, uma cozinha, uma sala de aula, um banheiro feminino com pia e um masculino com pia e mais seis salas de aula.

O segundo prédio é uma construção do Poder Público Municipal, também com uma estrutura de alvenaria, composto de dois pavilhões. No primeiro pavilhão existem seis salas de aulas e no segundo pavilhão uma secretaria, uma sala da direção, uma sala dos professores, uma sala de informática, uma cozinha, um refeitório, três banheiros femininos com pia e três banheiros masculinos com pia. Possui um pátio para as crianças brincarem e uma quadra de areia. Neste prédio comporta os alunos do 1º ao 9º ano.

 

Caracterização técnica pedagógica e administrativa

A escola dispõe de vários profissionais da educação, funciona nos três turnos com duas turmas de Jardim I, duas turmas de jardim II, duas turmas de 1º ano, duas turmas de 2º ano, duas turmas de 3º ano, quatro turmas de 4º ano, quatro turmas de 5º ano, quatro turmas de 5ª série, duas turmas de 6ª série, duas turmas de 7ª série, duas turmas de 8ª série, três turmas da EJA: uma turma de EJA 2ª etapa, uma turma da EJA 3ª etapa, e uma turma da EJA 4ª etapa.

                          A Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental César Almeida possui dentro do seu quadro técnico pedagógico e administrativo, um total de cinquenta servidores, distribuídos nas mais diversas atividades, tais como: uma diretora, uma vice-diretora, quatro auxiliares administrativas, 28 professores, quatro serventes, dois vigilantes.

A referida escola é comprometida com a construção da cidadania, que é de suma importância para o desenvolvimento de uma educação direcionada para o entendimento da realidade de uma comunidade, dos direitos e responsabilidades. Essa é uma concepção que a escola deve apresentar para a conquista de resultados significativos.  Assim, os princípios constitucionais se tornam fundamentais para caracterização do compromisso pedagógico em relação à prática educativa, estabelecendo uma determinada relação entre o ensinar e o aprender.

 A contribuição da escola, portanto, é de desenvolver para que se tenha uma educação centrada no saber e o fazer, respeitando o conhecimento amplo de cada aluno. A escola adotou a linha pedagógica pautada no construtivismo e no tradicionalismo, procurando desenvolver uma educação que venha ao encontro de todos, e que todos tenham consonância com o objetivo, e sempre trabalhando o aluno para exercer uma cidadania justa e igualitária. Quanto aos serviços prestados à clientela usufrui apenas do serviço de orientação educacional e reuniões com os pais.

A escola também conta com a Associação de Pais e Mestres (APM), a qual colabora junto com a escola participando de reuniões e eventos promovidos pela mesma. No que se refere aos recursos humanos, à administração escolar, na pessoa da professora Silvia Helena Pereira da Silva, atuando também como orientadora educacional. Em relação ao corpo docente, dos 28 profissionais, 16 estão cursando o nível superior, os demais já possuem graduação.

 

 

 

 

Relatório de observação

 

O estágio de observação foi realizado em três turmas: no 9º ano B, na 4ª etapa e na 3ª etapa, da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Cesar Almeida.

A primeira turma que visitei foi a do 9º ano B, no período da tarde; é uma turma bem grande e bem bagunceira, há na sala 34 alunos, todos frequentam as aulas, visitei-a no dia cindo de abril de dois mil e treze, o professor de História era o professor Inauro Sousa Fróes. A turma estava fazendo a revisão para a avaliação de História, o professor passou um questionário com quinze perguntas, os alunos deveriam responder e estudar as perguntas para a avaliação que seria na semana seguinte.

 A dificuldade encontrada estava na falta de livros didáticos, não havia livros suficientes, em toda a escola há apenas 27 livros de História para o 9º ano; há duas turmas uma no período da manhã e uma no período da tarde. Os alunos se reúnem em grupos de três a quatro alunos e respondem as atividades na escola, pois não podem levar os livros para casa.

Outra turma que visitei foi a Turma da quarta etapa ( Educação Especial: 8º e 9º ano ). Essa é uma turma enorme com 59 alunos na folha de chamada, estão frequentando 30 a 40 alunos, a professora de História e a Silvia Coelho graduada em Licenciatura plena em Historia pela UFPA.  Ela usa o mesmo método de ensinar do professor Inauro Sousa Fróes, pois também não há livros suficiente para todos os alunos. Pela turma ser bem grande, bagunceira e que poucos realmente querem estudar, no dia da avaliação do 1º bimestre a turma estava em peso, tinha até aluno que nunca tinha comparecido à aula, a professora achou melhor dividir a turma em dois grupos, ela pediu ajuda da direção e a vice diretora Nilzete e a secretaria Renata ficaram em uma sala com um grupo, eu e a professora Silvia ficamos em outra sala com o outro grupo.

A turminha estava tensa e nervosa, muita coversa e um aluno resolveu colar e foi pego em fragrante pela professora, ela anulou as questões que ele já   havia respondido, pegou a respectiva cola e devolveu a avaliação para ele terminar. Da turma, 70% dos alunos ficaram com notas baixas, mas não reprovaram e 30% alcançaram notas excelentes.

Os dias demais dias que se passaram foram normais, alunos copiando dos livros, a professora explicando o conteúdo e alguns bagunceiros para atrapalhar as aulas. Eu aprendi muito observando as aulas de História da quarta etapa; espero que isso me ajude no estágio de co- regência.

Também fiz meu estágio na terceira etapa (6º e 7º ano); a professora era a mesma da quarta etapa. A terceira etapa tem 46 alunos na folha de chamada e 30 alunos frequentam diariamente as aulas. Essa turma é mais bem organizada e a maioria é de pessoas adultas, casadas e que já apresentam uma certa idade. É uma turma calma e bem receptiva, pois me receberam com uma calorosa salva de palmas, após eu ter me apresentado e falado para que estava lá;  também comecei no dia da revisão para avaliação do 1º bimestre, foi usado o mesmo método das outras turmas e na semana seguinte foi aplicada a avaliação; a diferença é que a maioria da turma foi excelente na avaliação.

No dia quinze de abril, a professora não veio dar aula e nem me deixou para lecionar em seu lugar, mandou um substituta, a professora Keila, que por não conhecer a turma e nem se programar para aula, passou alguns apuros em sala. Ela não trouxe tarefa para os alunos que cobraram que atividades fariam, ela fez as pressas um questionário e aplicou a eles e logo terminaram e começaram a conversar e alguns a sair da sala.  Sugeri a ela para dar tempo de terminar a aula, que ela fizesse uma dinâmica com eles. Ela sabia várias, escolhemos uma e a turma se acalmou, ufa deu tempo da aula terminar e a  turma gostou da dinâmica. Falaram que foi a 1ª vez que alguma professora tinha feito dinâmica na sala com eles; fiquei muito feliz em ajudar a professora Keila e mais ainda porque os alunos vieram me agradecer pela ideia.

Os demais dias, as aulas foram calmas e basicamente iguais, alunos copiando do livro, a professora passando questionários para os alunos responderem.

Os dias que passei com as três turmas foram muitos importantes para minha formação; vi como reagem os professores diante da bagunça, da agressividade e do ato de cola nas avaliações. Guardei o que aprendi na Faculdade, na prática e descartei o que sei que não devo repetir. Vi, que como professora, posso ajudar meu aluno, se eu quiser, e se eu me esforçar mais um pouco, e vi, que posso falhar se, simplesmente, cruzar os braços diante das dificuldades.

Relatório de Regência

Eu sabia que não seria fácil dar aula em uma turma grande e bagunceira como a 4ª e a 3ª etapa, ambas tem bastantes alunos levados e difícil de manter em silêncio; porém, eu estava disposta a pôr em prática tudo que aprendi na faculdade e com o estágio de observação.

Meu primeiro dia de regência foi na 4ª etapa. A sala estava lotada e todos queriam saber o que eu iria fazer com eles aquele dia. Que bom que eu preparei meu plano de aula uns dias antes, a aula seria sobre a Reforma e a Contra-Reforma da Igreja Católica. Li todos os textos e após a leitura, fizemos  círculos e discutimos o assunto; é bom deixar eles se expressarem e exporem suas opinião, claro que sem fugir do assunto abordado na aula. Eles se saíram bem e até escreveram um texto relatando sobre o assunto.

A 3ª etapa, o assunto era a Idade dos Metais, tenho uma afinidade particular sobre esse assunto por gostar de estudar esse período da História. Após expor o assunto, dividi a turma em equipes, com 3 a 4 alunos. Eles estudaram e escreveram um pequeno texto, comentando sobre a Idade dos metais.

Trabalhar com alunos adolescentes e adultos me ajudou muito a compreendê-los melhor; saber que um pai de família que, às vezes trabalhou o dia inteiro, chega cansado e não vai aprender se não for incentivado ou motivado pelo professor.

Os adolescentes ainda são mais difíceis de lidar, o professor tem que gostar de ensinar, e ter sempre um diálogo aberto com eles, incentivando sempre e mostrando que História é uma disciplina importante para seu futuro, presente e passado. Que todos eles fazem parte da Historia, o professor deve fazer com que eles vivam essa realidade para que eles possam compreendê-la.



[1] Gelsinete Damasceno Martins é paraense, moradora do Distrito de Moraes de Almeida, professora de Educação Infantil na Escola Cantinho do Saber, de Moraes Almeida, acadêmica do Curso de História da Faculdade de Itaituba-PA, FAI, 2013.