O papel da escola, enquanto relação professor e aluno, é de suma importância para que a formação da auto-estima seja pautada em segurança, autonomia de idéias, conceitos que o próprio aluno tenha de si e que contribuem para seu desempenho escolar e de sua vida como um todo.
A questão da afetividade e auto-estima é uma preocupação mundial. Todos os segmentos da sociedade têm essas abordagens em seus discursos e buscam práticas que possam condizer com o que acreditam verdadeiramente. A afetividade no trato com as pessoas é um pressuposto do que autores referem-se como o resgate a valores humanos esquecidos por nós que estamos envolvidos com a agitação do dia-a-dia.
Acreditando nisto, ANTUNES (1996, p.56) afirma que a relação professor e aluno deve ser baseada em afetividade e sinceridade, pois:
Se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá, então está certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro humano é muito sensível a essa expectativa sobre o desempenho.
Como se pode ver a escola, como parte integrante e fundamental em uma sociedade, não pode ficar alheia a esta busca. Entretanto, apropria-se de pensamentos de teóricos como WALLON, PIAGET e VYGOTSKY, para basear suas ações pedagógicas e transformar a relação professor e aluno em um momento mais rico no processo ensino-aprendizagem.
Tais conhecimentos perdem sua validade quando professores e técnicos não estão comprometidos com mudanças em suas idéias tradicionais ou posturas, que trazem ranços de práticas escolares que apenas depositam informações nos alunos, desconsiderando assim a afetividade no processo ensino-aprendizagem.
Diante disso, é preocupante o número de casos que mostram alunos envolvidos em agressões entre colegas ou discussões com professores, casos estes, que observados em sua essência, demonstram carência afetiva, demonstrando que o conceito que o aluno tem de si é negativo.

Sabe-se, no entanto, que a escola não é a solução para todas as dificuldades existentes do ser humano, porém, como órgão educacional que tem como uma de suas funções a formação do cidadão como sujeito construtor do seu contexto histórico, pode e deve contribuir para mudanças significativas na relação professor e aluno, pois, além da sala de aula que oferece conteúdos e provas, a afetividade está presente em cada ação e busca seu espaço no espelho que a turma repassa aos técnicos quando dispõem do diário de notas, conselho de classes, conselho escolar e tantos outros instrumentos e setores que retratam esta relação.
Para TIBA (1999), cuidar é mais que um ato, é uma atitude, portanto abrange mais que um momento de atenção, de zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo. Por isto, é preciso cuidar da terra antes e depois da semente ser lançada, para que a planta possa crescer, florescer e dar bons frutos.
Por conseguinte, para a construção da auto-estima é necessário buscar a responsabilidade e não a culpa, criar um clima de confiança que faça com que a pessoa sinta-se genuinamente aceita, compreendida e respeitada, sentimentos que ajudam a trabalhar núcleos emocionais que bloqueiam condutas inadequadas. Os educadores sabem que as crianças aprendem melhor quando estão satisfeitas com elas mesmas e que bons sentimentos são importantes.
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No entanto, alguns professores desconhecem seu papel de "espelho" dentro de uma sala de aula, esquecendo que seus alunos os admiram e estão preocupados em ser iguais a eles, acabando por imitá-los em suas atitudes e até pensamentos. Se os professores percebessem essa imitação sem dúvida procurariam policiar suas palavras e posturas. Que maravilhoso seria se professores e alunos pudessem espelhar-se em fatos e pessoas positivas, que emanassem confiança, autonomia e sinceridade.
Esperam-se mudanças na educação a partir de conscientização de novas metodologias que insiram cada vez mais o aluno em uma vida escolar que retrate sua realidade e que busque a contextualização, porém, olhando-se de outro prisma, a solução para a educação pode estar no afeto. Afeto este que inclua, que proporcione crescimento e valorização do ser humano e reconhecimento pessoal como sujeito ativo na construção da história.
Mais do que aula, muitas vezes o aluno vai para a sala de aula em busca de respostas que esclareçam o seu verdadeiro papel na sociedade. Considera esta escola, como grupo social que pode contribuir para sua formação como cidadão e, na maioria das vezes, o professor não se preocupa com o "tipo" de aluno que está convivendo, muito menos, em estabelecer um vínculo afetivo mais forte nesta relação favorecendo atitudes positivas que favoreçam na formação da auto-estima do aluno.
Neste sentido, a emoção será compreendida dependendo da ativação ou redução da afetividade, no entanto, o autocontrole não é uma habilidade que se desenvolve "naturalmente" dada à maturação temporal da criança. Todas precisam de uma aprendizagem específica, pois uma relação é algo que se constrói dia-a-dia, no entendimento de si e do outro.
Por isso, é preciso que se tenha cuidado com as palavras escolhidas para a comunicação, levando em consideração o tom de voz que deve ser firme e não acusador e padrões de linguagem que encorajem a auto-avaliação e o automonitoramento por parte da própria criança, fazendo com que ela aprenda a amar-se, conhecendo seus limites pedindo ajuda quando necessário.