AUSCULTAS PULMONARES ENCONTRADAS NAS PATOLOGIAS PEDIATRICAS RESPIRATORIAS
Publicado em 20 de fevereiro de 2010 por Gabriela dos santos Crozara
Os pulmões estão situados dentro da cavidade torácica, com um pulmão de cada lado do esterno. Cada pulmão é dividido em uma ápice, que é ligeiramente pontiagudo e eleva-se acima da primeira costela; uma base, que é larga e côncava e passa sobre o diafragma em forma de cúpula; e um corpo, que é dividido em lobos. O pulmão direito tem três lobos: o superior, o médio e o inferior. O pulmão esquerdo tem apenas dois lobos, o superior e o inferior, devido ao espaço ocupado pelo coração.
AUSCULTA:
Os sons respiratórios são mais bem ouvidos se a criança inspirar profundamente. Nos pulmões, os sons respiratórios são classificados como vesiculares, broncovesiculares ou brônquicos.
Ruídos respiratórios vesiculares: ouvidos sobre toda a superficie pulmonar com exceção da área sob o manúbrio.
Ruídos respiratórios broncovesiculares: ouvidos sobre o manúbrio e nas regiões intra-escapulares superiores, onde a traquéia e os brônquios bifurcam-se. A inspiração é mais intensa e mais aguda que na respiração vesicular.
Ruídos respiratórios brônquicos: ouvidos apenas sobre a traquéia, próximo á incisura supra-esternal. A fase inspiratória é curta, e a fase expiratória é longa.
A ausência ou diminuição dos sons respiratórios é sempre um achado anormal que denuncia a necessidade de investigação. A presença de líquido, ar ou massa sólidas no espaço pleural interfer com a condução dos sons respiratórios.
SONS ADVENTICIOS:
Som:crepitações (estertores)- que resultam da passagem de ar através de liquido ou umidade.
Finas:
Características: sons de estalidos intermitentes, agudos e suaves auscultados ao final da inspiração indicam líquido nos alvéolos.
Causa: pneumonia, insuficiência cardíaca congestiva, tuberculose.
TUBERCULOSE (TB)
A TB é causada por Mycobacterium tuberculosis. Embora o agente causal seja o bacilo da tuberculose, outros fatores influenciam o grau em que o microrganismo é capaz de produzir um estado alterado no hospedeiro, incluindo a hereditariedade ( a resistência á infecção pode ser geneticamente transmitida), o sexo ( maior nas meninas adolescentes), a idade ( resistência menor em lactentes, incidência mais elevada durante a adolescência), o estresse ( emocional ou físico), o estado nutricional e a infecção intercorrente ( especialmente sarampo e coqueluche). Atualmente, a infecção por HIV é o fator de risco mais importante para que a infecção por TB progrida para doença ativa.
A origem da infecção em crianças é, em geral, um adulto ou adolescente infectado, tipicamente um membro de grupo familiar. O pulmão é a porta de entrada usual nos seres humanos; os microrganismos entram menos amiúde por ingestão. Nos pulmões, uma proliferação das células epiteliais circunda e encapsula os bacilos em multiplicação, na tentativa de aprisionar os agentes invasores, formando, assim, o tubérculo típico. A extensão da lesão primária no sítio original causa a destruição tecidual progressiva à medida que ela se dissemina para dentro do pulmão, libera material de focos para outras áreas dos pulmões (p.ex: brônquios ou pleural) ou produz pneumonia. A erosão dos vasos sanguíneos pela lesão primária pode provocar ampla disseminação do bacilo da tuberculose para sítios próximos e distantes ( TB miliar). As áreas que são frequentemente afetadas incluem linfonodos, meninges e osso.
AVALIAÇÃO DIAGNOSTICA
O diagnostico baseia-se na informação derivada do exame físico, da história, da reação aos testes tuberculínicos, dos exames radiográficos e das culturas de microrganismo. Além disso, deve-se determinar se a lesão está ativa ou não, quiescente ou em estágio curado.
O teste tuberculínico é o mais importante teste para detectar se uma criança foi infectada pelo bacilo da tuberculose.
CONDUTA TERAPÊUTICA
O controle clínico das lesões por TB em crianças consiste em nutrição adequada, quimioterapia, medidas de suporte geral, prevenção da exposição desnecessária a outras infecções que comprometam adicionalmente corporais, prevenção da reinfecção e,por vezes, procedimentos cirúrgicos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA TB
Extremamente variáveis. Pode ser assintomática ou produzir uma vasta gama de sintomas: febre, indisposição, anorexia, perda de peso, a tosse pode ou não estar presente ( progride lentamente durante semanas a meses), dor contusa e aperto no tórax, hemoptise rara.
Com progressão: a freqüência respiratória aumenta, expansão pulmonar deficitária no lado afetado, sons respiratórios diminuídos e estertores, maciez á percussão, a febre persiste, manifestam-se sintomas generalizados, desenvolve palidez, anemia, fraqueza e perda de peso.
CONSIDERAÇÕES DE ENFERMAGEM:
A maioria das crianças com TB pulmonar quase tem a doença não-infecciosa; portanto, elas raramente precisam ser isoladas. Existem poucos bacilos no escarro, a quantidade de escarro produzida é bastante pequena, e o escarro é deglutido, em vez de expectorado. A hospitalização raramente é exigida, exceto para os exames diagnósticos necessários; a maior parte das crianças é controlada satisfatoriamente em casa.
PREVENÇÃO:
O único meio certo para prevenir a TB é evitar o contato com o bacilo da tuberculose.
INSUFICIÊNCIA CARDIACA CONGESTIVA( ICC)
A ICC é a incapacidade do coração de bombear uma quantidade adequada de sangue para a circulação sistêmica para preencher as necessidades metabólicas do corpo. Nas crianças, a ICC mais frequentemente ocorre secundariamente a anormalidades estruturais que resultam em aumento de volume e pressão do sangue. A ICC é mais comum nos lactentes.
A insuficiência cardíaca muitas vezes é dividida em duas categorias, insuficiência do lado direito e do lado esquerdo. Na insuficiência do lado direito, o ventrículo direito não consegue bombear sangue eficazmente para a artéria pulmonar, resultando num aumento da pressão no átrio direito e na circulação venosa sistêmica. A hipertensão venosa sistêmica causa hepatoesplenomegalia e, ocasionalmente, edema. Na insuficiência do lado esquerdo, o ventrículo esquerdo não consegue bombear o sangue para a circulação sistêmica, resultando em aumento da pressão no átrio esquerdo e nas veias pulmonares. Os pulmões se tornam congestionados com sangue, causando elevação das pressões pulmonares e edema pulmonar.
Cada tipo de insuficiência cardíaca produz sinais e sintomas diferentes, cada lado do coração depende de uma função adequada do outro lado, a insuficiência de uma cavidade causa uma alteração recíproca na cavidade oposta.
Se as anormalidades deflagradoras da ICC não forem corrigidas, o músculo cardíaco fica lesado.
Os sinais e sintomas da ICC podem ser divididos em três grupos: 1-distúrbio da função miocárdica; 2- congestão pulmonar; e 3-congestão venosa sistêmica.
1- Distúrbio da função miocárdica
- Taquicardia
- Sudorese excessiva
- Diminuição da debito urinário
- Fadiga
- Fraqueza
- Inquietação
- Anorexia
- Extremidades pálidas e frias
- Pulsos periféricos fracos
- Diminuição da pressão sanguínea
- Ritmo de galope
- Cardiomegalia
2- Congestão pulmonar
- Taquipnéia
- Dispnéia
- Retrações (recém-nascidos)
- Batimento das asas das narinas
- Intolerância ao exercício físico
- Ortopnéia
- Tosse, rouquidão
- Cianose
- Sibilos
- Roncos
3-congestão venosa sistêmica.
- Ganho de peso
- Hepatomegalia
- Edema periférico, especialmente periorbital
- Ascite
- Distensão das veias do pescoço (crianças)
AVALIAÇÃO DIAGNOSTICA
O diagnóstico da ICC é feito através das manifestações clinicas. Raios X de tórax revelam cardiomegalia e aumento das marcas vasculares pulmonares causadas pelo aumento do fluxo sanguíneo pulmonar. A hipertrofia ventricular aparece no eletrocardiograma (ECG).
CONDUTA TERAPÊUTICA
As metas do tratamento são 1- melhorar a função cardíaca, 2-remover líquidos e sódio acumulados, 3-diminuir as necessidades cardíacas e 4-melhorar a oxigenação tecidual e diminuir o consumo de oxigênio.
CONSIDERAÇÕES DE ENFERMAGEM
A criança deve ser posicionada de modo a ter uma ventilação ideal e receber oxigênio pelo meio mais eficaz. É estabelecido um acesso IV, e as funções cardíacas e respiratórias devem ser monitorizadas continuamente, usando-se um motivo cardíaco e oxímetro de pulso para monitorar a saturação de oxigênio. O débito urinário e os eletrólitos séricos devem ser calculados frequentemente.
SINAIS INICIAIS DE ICC SÃO OS SEGUINTES:
· Taquicardia, especialmente durante o repouso e com leve atividade fisica;
· Taquipnéia
· Intensa sudorese no couro cabeludo, especialmente em lactentes;
· Fadiga e irritabilidade;
· Ganho repentino de peso;
· Angústia respiratória;
PNEUMONIA
A pneumonia, inflamação do parênquima pulmonar, é comum durante toda a infância, mas ocorre com maior freqüência no período da lactância e no início da infância. A pneumonia pode acontecer como uma doença primária ou como uma complicação de alguma outra doença. A pneumonia é reconhecida da seguinte forma:
PNEUMONIA LOBAR- totalidade ou grande parte de um ou mais dos lobos pulmonares é atingida. Quando ambos os pulmões são afetados, isto é conhecido como pneumonia bilateral ou dupla.
BRONCOPNEUMONIA- começa nos bronquíolos terminais, que se tornam obstruídos por exsudato mucopurulento, de modo a formar placas consolidadas nos lóbulos próximos; denominada pneumonia lobular.
PNEUMONIA INTERSTICIAL- o processo inflamatório fica mais ou menos confinado dentro das paredes alveolares ( interstício) e dos tecidos peribrônquicos e interlobulares.
A pneumonite é uma inflamação aguda localizada do pulmão sem a toxemia associada á pneumonia lobar.
A pneumonia é classificada, de acordo com a morfologia, forma clínica e o agente etiológico: viral, atípica (por micoplasma), bacteriana ou por aspiração de substâncias estranhas. O agente causal é identificado, em grande parte, a partir da história clínica, da idade da criança, da história geral de saúde, do exame físico, da radiografia e do exame laboratorial.
PNEUMONIA VIRAL
As pneumonias virais ocorrem mais comumente do que as pneumonias bacterianas e são observadas em crianças de todos os grupos etários.
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