Sábado a tarde, escurecendo, após uma tarde razoável de atividades peguei uma das revistas mais lidas do país, não é playboy, e deparei-me com um artigo sobre educação o que me obrigou, como professor, a teclar nesse modesto blog algumas considerações a respeito da tal aula cronometrada!
Alguns Estados da Federação estão aplicando o método que consiste em levar profissionais, devidamente treinados e equipados para a sala de aula a fim de observarem quanto tempo os profissionais da educação, leia-se professores, estão desperdiçando com coisa banais, indisciplina entre outros assuntos irrelevantes, ou seja, o quanto estão deixando a desejar num país que se diz responsável e interessado pela educação!
Esse método já aplicado em países de "bom ensino" está agora chegando as nossas salas para que possamos ter um panorama do porque nossos alunos brazucas não "conseguém" progredir na leitura, nos cálculos, no raciocínio lógico entre outras maselas da vida escolar.
O artigo em questão, a meu ver, está muito bem escrito e é pertinente, contudo esquece de mencionar alguns aspectos interessantes, que somente os profissionais que estão lá no front poderiam listar, pois de uma mesa a quilômetros de distância ou mesmo a longíquos cargos de secretaria e eficientes diretorias e teóricos, também se distancia.
A educação brasileira vai mal, assim como as demais no mundo, é claro não tão mal como a nossa pois o Brasil insiste em querer ser líder e continuará sendo em vários setores da vida de seus cidadãos, como: educação, segurança, saúde, etc. Pena que negativamente!
Por que, afinal as aulas não funcionam?
Seria pelas aulas monótonas, baseadas na velha lousa! O tempo gasto com a indisciplina! a falta de atenção!
E as boas práticas? Que diz o artigo, a que os professores devem se mirar!
Dizem que no exterior, os gringos, leia-se EUA, chegam a filmar as aulas para submeter o material aos professores confrontando-os com suas falhas e insucessos. Bravo!
Dizem, também, que por aqui "os professores perdem tempo demais com assuntos irrelevantes e se revelam incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital".
Dizem, mais, que os cronômetros "são um necessário passo para o Brasil deixar a zona do mau ensino".
Pois bem!
Como educador acho isso um absurdo, uma "invasão de privacidade", já que hoje é comum ouvir isso! e além do mais se esquecem de mencionar outras variáveis que contribuem ou não para o sucesso da educação em países que querem realmente fazer educação.
No estrangeiro, pelo que sei, pois não existe programa de incentivo para que os professores brasileiros possam visitar outras escolas "do bom ensino" e se existe é limitado a poucos cérebros pensantes e técnicos para tirar lições concretas dos métodos revolucionários existentes nesse mundão de Deus.
Os professores lá, é sabido, fazem mais que os daqui. Eles tem tempo para programar suas aulas, leia-se "tempo real", não algumas minguadas horas, pois o processo de elaboração de provas, correção, pesquisa, preenchimento de cadernos, entre outras variáveis, acreditem, leva tempo, muito tempo!
Outro fator importante e porque não dizer o principal é que os estudantes lá fora querem aprender para serem os melhores, pois sabem que com o be-a-bá não conseguem nada. Situação muito diferente dos nossos que se conformam com uma média medíocre e chorada, o cinco (05) necessário para passar em muitas escolas públicas, aquelas pesquisadas pelos especialistas.
Além disso ninguém lembra que aos professores lhes é atribuido funções extras durante o ato educativo como: atendentes de créche, enfermeiros, psicológos, atendentes de alunos especiais - de toda natureza, psiquiatras, paí, mãe entre outras atribuições.
Vamos lembrar ainda, que a maioria dos professores brasileiros para terem uma vida razoável com alimentação, condução, farmácia, faculdade para os filhos, precisam trabalhar manhã, tarde e noite, que as salas tem que estar cheias e o salário não pode ser muito "alto" para que o Estado possa economizar e ter dinheiro para aplicar em obras ou em propaganda institucional.
Para terminar, cabe lembrar que em muitas escolas brasileiras sequer existe lousa, classes, salas-de-aula, onde o jurássico mimeógrafo funciona a todo vapor para que o professor aplique suas provas, claro, se houver álcool, pois quase nunca tem para alimentar esse monstro beberrão e possa se divertir nos finais de semana e feriados.
Enfim, falar em educação é empolgante, todo mundo quer dar palpite e é claro vai virar tema do momento pois tem eleição aí gente! Além disso depende de tempo, vontade, dinheiro bem aplicado, interesse dos alunos em aprender e um pouco de responsabilidade de todos além do velho blá-blá-blá.