Analisar e escrever sobre a teoria e prática, a ação- reflexão- inovação sobre a supervisão é de grande significado para mim, pois grande parte de minha vida constituiu-se de momentos de inter-relação entre supervisão e professor, na maior parte do tempo qualificada como o segundo e atualmente na atuação da supervisão de escola pública estadual. Posso declarar com certeza que grande parte de meu saber e conhecimento foi-se constituindo através das análises das práticas e praxes que foram adotadas pelas supervisoras às quais fui subordinada ao longo da minha jornada.

Sempre efetivei a continua busca de reflexão a cargo de tentar caracterizar os pontos de vistas e entendimentos que norteavam este papel no universo escolar. Primeiramente porque as escolas que trabalhei eram públicas estaduais e municipais e localizavam-se na periferia da cidade, atendendo à comunidades de extrema pobreza, segregados de todos os tipos de acesso ao mundo globalizado, inseridos em um mundo capitalista e atirados no acirramento das competições díspares resultante de uma sociedade estratificada e excludente por seu modelo. Segundo, por considerar que cada vez mais vimos atravessando uma decadência ético-moral com grandes impactos vividos na atualidade, onde as escolas ainda têm como pilares raízes que são meramente reprodutoras de modelos ultrapassados de cunho estruturalista e sistêmico, com pedagogias relacionadas às práticas oriundas das administrações neoliberalistas, que estimulam a mecanização e informatização, que pouco contribuem para com a realidade escolar, pois não mais correspondem as expectativas de jovens e nem estimulam desafios às proposições de mudanças significativas para as gerações emergentes, e firmando nessa perspectiva uma grande contradição entre o conhecimento teórico e a prática educacional existente.

E finalmente porque entendo que neste sentido é preciso considerar o fenômeno em sua totalidade, tendo o supervisor a tarefa de reflexão-ação-inovação-reflexão... e de desconstruir, construir e reconstituir um novo referencial promotor de rompimento com atuações pontuais que retomam o antigo referencial, e que ao retomarem este provocam os professores a atitudes de reserva à função e distanciamento da cooparticipação na reconstrução de processos resignificativos de transformação das relações de exercício de poder para uma gestão de surgimento de "...'poder cooperação' margeado por relações interpessoais no feito de parcerias... "( Bertrand, 1994, p. 201), mantidas por relações horizontais de "...liberdade e igualdade constituídas sob relações de altruísmo... relações de harmonia, ou mais exatamente as relações simbióticas que exprimem a união fundamental e a compelmentariedade das pessoas" ( Bertrand, 1994, p. 206). Buscando desta forma não só a qualificação das relações nos processos de gestão e docentes, mas inferindo diretamente na maior dimensão da educação: o aluno, criando possibilidades para que ele possa ser sujeito crítico, criativo e criador, cooparticipativo e cooresponsável, capaz de ser autor de sua própria história, de ser parte integrante do meio e agindo, interagindo e interferindo com o mesmo, com capacidade para buscar alternativas de transformá-lo se assim entender.

Realizando leituras da realidade, interpretações e instigando a adoção de postura comprometida com uma escola mais democrática, capaz de estabelecer vínculos produtivos com a comunidade e também que esteja comprometida com a construção de uma sociedade menos desigual, mais justa e solidária, sempre realizo a busca de respostas a alguns questionamentos: - Qual a filosofia da escola? Qual a humanidade que queremos ajudar a construir? Como podemos: fortalecer a responsabilidade sócio-política e ético-moral? Favorecer a convivência pacífica entre os indivíduos? Viver a democracia por meio da participação cidadã, estimulando a harmonia e diminuição das desigualdades sociais, respeitando as diversidades?

A partir dessas indagações este artigo objetiva a análise reflexiva de respostas aos questionamentos abordados, fundamentandos-os teoricamente na perspectiva da seguinte abordagem: Análise da atuação e ótica dos supervisores escolares, em sua prática associada à luz da verdadeira essência do trabalho de supervisão, fundamentada teoricamente de acordo com o posicionamento da autora.