INTRODUÇÃO

O interesse em pesquisar a atuação do pedagogo na empresa surgiu de uma inquietação pessoal, motivada pela necessidade de ampliar meus horizontes profissionais. Ao começar as primeiras pesquisas sobre o assunto constatei que o campo da pedagogia empresarial é pouco explorado pelos pedagogos que, em virtude disso, ficam restritos a escola.

Diante do exposto, fica explícito que a relevância desta pesquisa encontra-se na possibilidade deste trabalho servir como um instrumento de diálogo sobre as possíveis áreas de atuação do pedagogo, especialmente a empresarial.

A área de Treinamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos é a grande responsável pelo processo educacional do trabalhador no âmbito das organizações. É neste contexto que o pedagogo empresarial é convocado a mudar o paradigma para atender às exigências da educação para o século XXI. Percebendo a empresa como um excelente espaço educativo, o pedagogo implementa e dinamiza situações de aprendizagem visando atender necessidades específicas no âmbito empresarial.

Esperamos que as contribuições aqui trazidas possam, de alguma forma, servir para o conhecimento profissional dos estudantes de pedagogia.

1. PEDAGOGIA NA EMPRESA: ARTICULAÇÃO POSSÍVEL?

Durante muitos séculos, o problema educativo foi objeto de estudo e meditação. Eram os filósofos que estudavam os problemas educativos. "A história da educação e da pedagogia só começa com a reflexão filosófica, isto é, com o pensamento helênico, principalmente de Sócrates e Platão" (LUZURIAGA, 1981, p. 3).

A pedagogia está ligada ás suas origens na Grécia antiga. Clamava-se pedagogo o servo ou escravo que era guardião e acompanhava as crianças. "A palavra pedagogia deriva do grego: paidós ? criança e agogus ? guiar, conduzir". (FRISON, 2006, p. 36).

Com o tempo, o pedagogo, que antes era um simples guardião, acabou por se transformar, em Roma, num Preceptor (mestre encarregado da educação no lar). Para se tornar um Preceptor, o pedagogo deveria ser bem instruído. O pedagogo era responsável pela melhoria da conduta geral do estudante. Ele zelava pela sua boa educação.

Atualmente a pedagogia está ligada á didática e a outras ciências. Luzuriaga, (1981), entende a pedagogia como ciência da educação:
Chamamos pedagogia a reflexão sistemática sobre educação. Pedagogia é a ciência da educação: por ela é que a ação educativa adquire unidade e elevação. Educação sem pedagogia, sem reflexão metódica, seria pura atividade mecânica, pura rotina. Pedagogia é a ciência do espírito e está intimamente relacionada com filosofia, psicologia, sociologia e outras disciplinas, posto não dependa delas, eis que é ciências autônoma.(p. 2)

Como ciência, a pedagogia ocupa-se da prática educativa. Tendo como objetivo a reflexão, a crítica, a ordenação, sistematização do processo educativo. O pedagogo é aquele que "aplica a pedagogia, que ensina, o professor, mestre, preceptor; prático da educação de ensino" (1998 apud FRISON 2006, p. 36). Podemos dizer, grosso modo, que o pedagogo é o facilitador da aprendizagem, e mediador do conhecimento.

Assim este profissional que atravessa séculos, tem hoje novas atribuições e desafios. O pedagogo, como visto anteriormente, é caracterizado como o profissional responsável pela docência, além de exercer outros papéis, tais como: Direção, Coordenação e Supervisão, entre outras atividades específicas, porém todas no âmbito escolar. A pedagogia dispõe de campo vasto de trabalho, que vai além do ensino formal. Novos campos de trabalho têm surgido para o pedagogo, e a empresa é um deles.

O termo pedagogia na empresa "foi empregado pela primeira vez no início da década de 80, quando surgiram alguns poucos cursos universitários sobre a matéria" (FONSECA, 2007, p. 58). A formação do pedagogo empresarial surgiu vinculada à idéia da necessidade de preparação e formação dos Recursos Humanos nas empresas. O desenvolvimento dos Recursos Humanos é o fator essencial para o êxito empresarial.
A atuação do pedagogo na empresa abre espaço para as possibilidades do campo de atuação da pedagogia, pois o pedagogo possui possibilidades de impulsionar o crescimento dos profissionais da empresa, tanto individualmente quanto coletivamente.

As transformações, as mudanças ocorridas no mundo contemporâneo desafiam os trabalhadores a desenvolverem habilidades básicas específicas. A necessidade do desenvolvimento dessas habilidades tem sua origem na década de 90. Esse período foi marcado pela ocasião das transformações na economia, na sociedade e no mundo do trabalho. As empresas passaram a investir na formação de lideranças e a perceber o homem como um importante capital, mudando assim o foco de sua administração. Começou-se a "valorizar os processos de aprendizagem, passou-se a falar de uma nova cultura organizacional" (FRISON, 2006, p.14).

Para se entender essa nova cultura organizacional, é preciso recorrer à história. A intencionalidade aqui é demonstrar o processo evolutivo pelo qual passaram as empresas. As empresas brasileiras passaram por quatro fases. De acordo com Fontes (apud BONFIN, 2007, p. 15), essas fases são divididas em: Histórica, Pré-desenvolvimentista; Desenvolvimentista e Cibernética.

A Fase Histórica se expande até o início da Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918. Os empregados eram organizados de forma hierarquizada pelo grau de responsabilidade. Não tinham nenhum poder de decisão ou de autoridade. Não existiam programas de treinamento e os Recursos Humanos não recebiam a mínima atenção.

A Fase Pré-desenvolvimentista inicia-se por volta de 1930. Em função da Segunda Guerra mundial, as importações sofreram grandes restrições. A implantação da indústria se expande o que culminou com a construção da Companhia Siderúrgica de Volta Redonda (CSN). Os aspectos legais trabalhistas recebem grande ênfase, por isso o dono do negócio já não pode ser tão arbitrário em termos de pessoal. Nessa relação de trabalho, o homem era limitado em sua função, seguindo a mesma rotina de trabalho. Devido à simplificação das tarefas, não era exigido nenhuma qualificação para o trabalho.

A Fase Desenvolvimentista inicia-se a partir de 1956. Esse período é marcado pela aceleração da industrialização, tais como: produtos eletrodomésticos, automóveis, tratores, material elétrico, navios, entre outros.

A Administração Científica é o grande marco da fase desenvolvimentista. A preocupação com os negócios cede lugar à descentralização do poder que até então, era centrado no dono do negócio. Essas mudanças culminaram na criação de gerência em vários setores.

A denominação de fase Cibernética dá-se ao fato da evolução da maneira de se administrar a empresa. Pesquisadores apontam que o avanço da tecnologia no processo de gestão contribuiu para essa fase. "É uma fase que, praticamente, não foi ainda iniciada, no Brasil, embora já se verifiquem algumas manifestações isoladas nesse campo" (FONTES apud BONFIN, 2007, p. 16).

A evolução continua crescendo a passos largos. Em decorrência a esse fato, novas formas de aprendizagem têm surgido. A aprendizagem deixou de ser vista como responsabilidade social e passou a ser vista como diferencial decisivo de vantagem competitiva. O capital financeiro deixou de ser o recurso mais importante, cedendo lugar ao conhecimento.

Neste contexto, o treinamento surge para solucionar dificuldades que já faziam presentes no início da industrialização, e que a perspectiva taylorista fez revelar. No bojo de novas concepções de empresa e de homem, o pedagogo pode contribuir de forma substancial para o aumento do capital humano, pensando em processos de aprendizagens.

Ao desenvolver seu trabalho em uma empresa, o pedagogo não se distancia dos princípios norteadores de sua formação inicial. Isto porque mesmo atuando na empresa, ele está envolvido com processos de aprendizagem. "São inerentes, pois, às atribuições do pedagogo: entender e lidar com a complexidade, o imediatismo, a certeza/incerteza, a instabilidade, a singularidade, os conflitos éticos" (FRISON, 2006, p. 36).

Sua prática está ligada à organização e aos processos de transmissão, assimilação e construção de saberes, com objetivo na formação humana.
É interessante perceber que a atuação do pedagogo na empresa tem como pressupostos principais a filosofia e a política de recursos humanos adotados pela Organização. Daí o cuidado para não imaginar que o treinamento tem um fim em si mesmo ou que a postura a adotar na empresa é a mesma a ser adotada em uma escola. (RIBEIRO, 2007, p. 9).

A citação acima esclarece que a postura seguida pelo pedagogo empresarial não é a mesma adotada em uma escola. O pedagogo empresarial desenvolve o seu trabalho de acordo com a filosofia da empresa.

De acordo com Bonfin (2004) apenas os cursos de licenciatura têm, no currículo, a formação pedagógica que se ocupa da teoria geral da educação observando aspectos teórico-metodológicos do processo de ensino-aprendizagem no âmbito da educação. Embora a tradição do curso de pedagogia seja voltada para âmbito escolar, há alguns programas de pedagogia que incluem o âmbito da educação profissional que se dá para além "dos muros escolares".

Ainda segundo Bonfin (2004) embora muitas pessoas possam não estar familiarizados com o termo pedagogia na empresa, o pedagogo contribui para o desenvolvimento de habilidades no local de trabalho. O desenvolvimento de habilidades permite que o indivíduo tenha a capacidade de estar e se manter no mundo do trabalho.

A atuação do pedagogo na empresa justifica-se pela dicotomia entre o profissional exigido pelo mercado e aquele formado pela escola. O mercado exige que o profissional seja criativo, que tenha espírito inovador, que saiba lidar com situações de conflito. Esse fato evidência a distância entre o que o sujeito aprende e o que as organizações de trabalho esperam dos trabalhadores. "Entende-se a grande defasagem educativa que os trabalhadores apresentam no desenvolvimento ao se depararem com situações e contextos emergentes em suas atribuições profissionais" (FRISON, 2006, p. 16).

Segundo pesquisa realizada pela ONG Ação Educativa e do Instituto Paulo Montenegro (ligado ao Ibope), publicado na Folha Online (09/09/2003), 38% dos brasileiros podem ser considerados analfabetos funcionais, ou seja, essas pessoas são capazes de ler ou decodificar o que está escrito, porém não conseguem compreender o que leram ou decodificaram.

De acordo com Ribeiro (1997), o termo analfabetismo funcional é utilizado também para designar um meio termo entre o analfabetismo absoluto e o domínio pleno e versátil da leitura e da escrita, ou um nível de habilidades restrito às tarefas mais elementares referentes à "sobrevivência" nas sociedades industriais. Os dados da pesquisa acima, sinalizam para os sérios problemas educacionais decorrentes da má formação de muitos brasileiros com idade para o trabalho.

O analfabetismo funcional constitui um problema silencioso e perverso que afeta as empresas. É importante salientar que o esse tipo de analfabetismo não é uma exclusividade das pessoas de baixa escolaridade, pessoas que ocupam cargos administrativos ou de chefias, podem apresentar essa defasagem. Se nada mudar, se as pessoas não adquirirem competências ao longo da vida, como resultante da aprendizagem, de saberes obtidos fora da escola, principalmente, nas empresas, o Brasil continuará um país com sérios problemas educacionais e sofrerá as conseqüências disto.
Pesquisas recentes apontam que alguns trabalhadores alfabetizados não conseguem compreender informações fundamentais para o desenvolvimento da atividade profissional. A falta de compreensão por parte dos funcionários gera prejuízos financeiros para a empresa.
Sendo assim, o pedagogo ao promover o (re)aprender a aprender, pode desencadear um processo de mudança nas condições de trabalho, gerar oportunidades que visem preencher as lacunas existentes na formação de cada um. "Um dos propósitos da pedagogia empresarial é a de qualificar todo o pessoal da organização nas áreas administrativas, operacional, gerencial, elevando a qualidade e a produtividade organizacionais". (FERREIRA apud RIBEIRO, 2007, p. 9).

Na tentativa de suprir essas deficiências, o pedagogo empresarial procura definir o perfil intelectual dos profissionais e criar desenvolvimento de melhoria contínua desse conhecimento para maximizar a criatividade das pessoas.

As empresas passaram a se preocupar não só com treinamento, mas com educação também. Elas perceberam que a pedagogia aumenta a eficácia dos programas de treinamento por que as pessoas aprendem melhor. E, quanto maior a coerência entre a cultura da companhia e os princípios pedagógicos aplicados, maior será o sucesso da empresa no mercado. (ÉBOLE, 2003, p. 4).

A citação ilustra a importância do pedagogo nas atividades de treinamento, e o grande diferencial dos princípios pedagógicos aliados a esses programas.

A questão de maximizar a criatividade das pessoas no ambiente do trabalho, está ligada a importância da empregabilidade. A empregabilidade é um termo que surgiu na última década e vem sendo difundido pelos profissionais de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas. Para que o profissional torne-se empregável é necessário que ele esteja adequado com as exigências do mercado de trabalho. Em outras palavras, quanto mais suas habilidades se aproximarem do perfil profissional exigido pelos novos tempos, maiores serão as chances no mercado de trabalho; ou seja, maior será sua empregabilidade.

Além de contribuir para o crescimento individual do trabalhador. O pedagogo empresarial atua como motivador do trabalho em equipe na empresa. O trabalho em equipe é um dos grandes desafios apresentados às empresas no momento atual. "O pedagogo promove a reconstrução de conceitos básicos, como espírito de equipe e autonomia emocional e cognitiva" (RIBEIRO, 2007, p. 11).

No trabalho em equipe o indivíduo desenvolve a autonomia, a cooperação, a participação e o diálogo. Saber trabalhar com outras pessoas é uma competência importante que contribui para o sucesso profissional. "A grande maioria dos atritos, frustrações e ineficiência em nossas relações com outras pessoas é causada pela pobreza nas comunicações" (CLELAND apud REIS, 2006 p. 97).

Como mencionado anteriormente, em decorrência ao mercado de trabalho cada vez mais globalizado e competitivo as empresas têm investido na qualificação dos seus colaboradores. A atuação do pedagogo na empresa visa o desenvolvimento de múltiplas competências contribuindo para que o indivíduo tenha condições de exercer várias atividades. Com foco na formação humana, o pedagogo contribui não só para a permanência do trabalhador na empresa, mas no mercado de trabalho.
Senge (2004) advoga que:
(...) organizações que aprendem são aquelas (...) nas quais as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que realmente desejam, onde se estimulam padrões de pensamento novos e abrangentes, a aspiração coletiva ganha liberdade e onde as pessoas aprendem continuamente a aprender juntas (p. 89).

A citação elucida a idéia de necessidade de educar para o mundo empresarial sob a perspectiva da criação e não meramente para a reprodução de conhecimentos.

Holtz (2006, p. 2) acredita que "pedagogia e empresa fazem um casamento perfeito". Isso porque ambas têm o mesmo objetivo em relação às pessoas, especialmente nos tempos atuais.

A pedagogia na empresa é uma oportunidade de gerar aprendizado e mudança, pois o foco da pedagogia é o caráter educativo do ser humano e não no seu adestramento. Por isso, é preciso romper com o discurso de que pedagogia e empresa não podem caminhar juntas.

2. AMPLO CAMPO PEDAGÓGICO

As mudanças da contemporaneidade contribuíram para consolidar o entendimento da educação como fenômeno multifacetado, institucionais ou não, que ocorre em muitos lugares, sob várias modalidades.
A pedagogia é um termo muito amplo que estuda o ato educativo, ou seja, é o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação.

A educação não é uma tarefa exclusiva da escola. "Ninguém escapa da Educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece" (LIBÂNEO apud BRANDÃO, 1981, p. 10).

Geralmente, os profissionais recém-formados em pedagogia têm como opção imediata de trabalho a área/campo do ensino institucional, da escola formal: na educação infantil; no ensino fundamental (séries iniciais); no ensino médio (curso normal). Porém, estas não são as únicas possibilidades de trabalho, os únicos caminhos profissionais para os pedagogos.

Para além do ensino institucionalizado, existem os espaços informais de construção e divulgação de conhecimentos. O trabalho educativo estende-se às mais variadas instâncias da vida social e não se restringe à escola nem á docência.

Libâneo (2007) define que há uma diversidade de práticas educativas na sociedade e, em todas elas, desde que se configurem como intencionais, está presente a ação pedagógica.

Este autor apresenta-nos uma lista das possíveis áreas alternativas de desenvolvimento do trabalho pedagógico. A relação apresentada pelo autor, recebeu aqui alguns acréscimos, ampliando-a um pouco mais.
Na área/campo da educação não-formal:
a) Organizações políticas;
b) Organizações profissionais;
c) Organizações científicas;
d) Organizações culturais;
e) Organizações de educação ambiental;
f) Agências formativas para grupos sociais específicos;
g) Meios de comunicação (mídia)
h) Agências de propaganda;
i) Organizações não-governamentais (ONGs);
j) Organizações de promoção e organização de eventos, entretenimento, lazer e brinquedos;
k) Agências de assessoria pedagógica;
l) Cooperativas e associações educacionais.
m) Área empresarial (Educação corporativa, recursos humanos, gestão do conhecimento, etc.

Na área/campo da educação formal (ensino não-convencional):
a) Sindicatos;
b) Cursos de aperfeiçoamento;
c) Educação de adultos;
d) Educação à distância;
e) Forças armadas;
f) Construção e produção de recursos pedagógicos (desing instrucional);

Existem, ainda, vários outros espaços que aqui não foram relacionados. Existem múltiplas possibilidades de atuação profissional para o pedagogo. O curso de pedagogia, em se tratando da graduação, é o principal (senão o único) que possibilita uma visão ampla do processo educacional e um entendimento aprofundado do fenômeno educativo.

É urgente que os pedagogos se unam na concepção de propostas de intervenção pedagógica nas várias esferas educativas, em especial defendemos a empresarial.

3. EDUCAÇÃO CORPORATIVA

A Educação Corporativa (EC) é uma das possibilidades do trabalho do pedagogo na empresa. A intencionalidade aqui é aprofundar como se desenvolve o trabalho do pedagogo na Educação Corporativa.
A filosofia da Educação Corporativa baseia-se no desenvolvimento do colaborador para a vida e para o trabalho. O modelo mais comum de Educação Corporativa é a Universidade Corporativa (UC), em que as empresas montam instituições de ensino que se preocupam não só com o treinamento específico da profissão desempenhada, mas também com a educação de forma mais ampliada.

A UC teve origem no mundo dos negócios norte-americano: corporate university. A primeira UC foi desenvolvida dentro da General Electric em 1956, posteriormente o modelo se espalhou por todo o mundo. A UC destinavam-se a treinar somente os funcionários mais graduados de uma empresa e se baseavam inteiramente em treinamento presencial. No Brasil, algumas empresas optam por terminologias, tais como Universidade aberta ou Academia.

De acordo com Pacheco (2006) a UC é o guarda-chuva estratégico para o desenvolvimento e educação de funcionários, clientes e fornecedores, com o objetivo de atender às estratégias empresariais de uma organização. A UC está surgindo como setor de maior crescimento no ensino superior.
Essas UC oferecem cursos de graduação, pós graduação, MBA, cursos livres e de extensão. No Brasil, empresas como Banco Real ABN AMRO-BRASIL (Academia ABN AMRO), Sadia (Universidade Sadia ? Uni S), Embratel (Universidade Corporativa Embratel ? UCE), Grupo Amil (Amil Universidade Corporativa), Elektro (Centro de Excelência Elektro), Lojas Renner (Universidade Renner), Rede Bahia de Telecomunicação (UNIREDEBAHIA) investem nesse setor.

Na UC, as atribuições do pedagogo caracterizam-se pela avaliação dos cursos, escolha de profissionais para a docência, escolha da grade curricular que melhor se adapte à empresa, além de assumir a direção, coordenação e administração destas unidades. "Uma organização bem-sucedida é, portanto, aquela que acredita e investe na educação plena dos seres humanos que compõem os quadros tanto gerenciais quanto dos de chão de fábrica" (BONFIN, 2004, p. 6). Por isso, todos os colaboradores podem usufruir dos benefícios da UC, não sendo mais, como no início de sua implementação, uma exclusividade dos funcionários mais graduados de uma empresa, que normalmente ocupavam altos cargos.
"Como o mundo do trabalho vai se modificando ao redor de nós, a necessidade de aprender de forma eficiente, proveitosa e rápida também vai crescendo" (MUMFORD, 2001, p. 7). Numa empresa, gerentes e quaisquer profissionais necessitam do conhecimento, das qualificações e dos discernimentos exigidos nos trabalhos que realizam.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da formação abrangente, o campo da pedagogia empresarial ainda é pouco explorado. A pedagogia na empresa ainda é um espaço a ser conquistado pelos pedagogos. Por não ser muito explorado, profissionais formados em outras áreas desempenham funções inerentes a pedagogia. É muito comum encontrarmos psicólogos e assistentes sociais envolvidos com projetos educacionais nas empresas.

Não se pretende discutir aqui a competência desses profissionais, mas o fato é que as suas formações não contemplam ações educativas. O pedagogo por ser educador e dominar as estratégias didático-pedagógicas, é o profissional mais adequado para atuar nos projetos educacionais desenvolvidos pela empresa. Ainda assim, o pedagogo interage com outros profissionais, formando uma equipe multidisciplinar, onde o pedagogo é o responsável por buscar formas educacionais para aprendizagens.

Diante da atual realidade em que a sociedade se encontra, a educação tem sido a mola mestra para se transformar a situação social. Os altos índices de analfabetismo funcional são grandes obstáculos para a empresa, sua superação demanda investimento em programas de formação continuada.

Em decorrência disso, o pedagogo assume uma função especial: passa a ser articulador dos propósitos organizacionais, visando o desenvolvimento de novas competências com intuito de melhorar o trabalho na empresa, mas também, e talvez a principal, o crescimento pessoal/profissional dos funcionários. Esse crescimento acontece no próprio local de trabalho através da aquisição de novos conhecimentos por meio de programas de treinamento que propiciem aprendizagem.

A sociedade contemporânea, marcada pela globalização e pela competitividade, demanda profissionais competentes, disponíveis para aprender continuamente. O pedagogo, neste contexto, promove a aprendizagem de todos os sujeitos da organização, através de estratégias de aprendizagem que estimulem os trabalhadores a enfrentar os desafios


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