INTRODUÇÃO

            De acordo com dados históricos, os profissionais da área da saúde eram formados a partir de uma visão reabilitadora e curativa. Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), ocorreu uma mudança e os profissionais da área da saúde passaram a atuar na atenção primária, ou seja, na promoção e prevenção da saúde.

A saúde é um atributo da vida, é um processo, uma continuidade de esforços para desenvolver e manter capacidades (ANDRADE, 1996).

Desta maneira, a saúde deixa de ser vista simplesmente como ausência de doença e assume um caráter mais abrangente, resultante de condições de vida e trabalho e aspectos biopsicosociais, estes sendo essenciais para a qualidade de vida.

Em1988, aConstituição Federal criou o Sistema Único de Saúde (SUS), determinando que a saúde é direito de todos e um dever do Estado. Com o SUS, as ações e os serviços públicos de saúde passaram a integrar uma rede regionalizada e hierarquizada de um sistema único, caracterizado pela descentralização e atendimento integral à saúde, prioritariamente preventivo, e com a participação da comunidade. A despeito das críticas constantes, o SUS é hoje um importante mecanismo de promoção da equidade no atendimento das necessidades de saúde da população, independentemente do poder aquisitivo do cidadão, como determina a Constituição Federal. No entanto, o princípio de equidade não significa tratar a todos da mesma maneira, mas sim respeitar os direitos de cada cidadão em suas diferenças, guiando-se pelo princípio de justiça social. Esse sistema se propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, democratizando as informações relevantes para que a população conheça os riscos relacionados à saúde e também os seus direitos.

A atuação fonoaudiológica dentro do SUS engloba ações de promoção, proteção e recuperação da saúde nos diversos aspectos relacionados à comunicação humana em todo o ciclo vital, inserindo-seem Unidades Básicasde Saúde (UBS), Ambulatórios de Especialidades, Hospitais, Unidades Educacionais, domicílios e outros setores da comunidade. Atualmente, a fonoaudiologia continua mais voltada para a terapia do que para a prevenção; mais para o individual do que para o coletivo. Em geral, a atuação fonoaudiológica é mais comum em consultórios particulares do queem Instituições Públicas(RIGO, 2004).      

Como pode ser observado segundo Rigo (2004), a área da fonoaudiologia exerce atuação global, dessa forma O fonoaudiólogo não pode ser considerado somente um especialista, pois em sua formação recebe conhecimentos gerais, que incluem questões culturais, emocionais, físicas, ambientais e econômicas.

 Nas Unidades Básicas de Saúde, um dos focos das ações de prevenção e promoção da saúde, relacionadas à Fonoaudiologia, pode estar relacionado a Equipe Saúde da Família (ESF), uma estratégia do Ministério da Saúde que contribui para a reorganização da atenção básica. Este órgão propõe uma compreensão ampliada do processo saúde-doença e a reflexão sobre o modelo de atenção à saúde segundo os princípios do SUS, embasando-se numa prática intersetorial e interdisciplinar, considerando o indivíduo e sua inserção na família e na comunidade (LIPAY e ALMEIDA, 2007).

Sabe-se que, a questão de saúde pública é considerada como um problema social, e, no entanto é de grande importância para a qualidade de vida, na proporção em que a atenção à saúde assume um caráter político e econômico, no interior de estruturas sócio-econômicas concretas. Desta forma, na saúde pública, a fonoaudiologia atua tanto na prevenção, como no diagnóstico e na reabilitação dos problemas da comunicação.

Diante disso, fica clara a abrangência da atuação fonoaudiológica dentro de uma visão de saúde, que busca a integridade da assistência; a incorporação do Fonoaudiólogo nas equipes do Programa Saúde da Família, e no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em muito poderá contribuir com sua especificidade, na construção de um saber interdisciplinar, baseado nas necessidades da população, na vigilância à saúde e na atuação intersetorial, com vistas à melhoria da qualidade de vida da comunidade. O trabalho da fonoaudiologia nas Unidades Básicas de Saúde especialmente no Programa Saúde da Família, apresenta um crescimento efetivo, entretanto, ainda há muito espaço a ser conquistado em termos de Saúde Publica.

Portanto nossos Objetivos foram: analisar o nível de conhecimento dos Secretários de Saúde sobre a atuação do Fonoaudiólogo no Sistema Único de Saúde. Verificar quais às áreas de atuação da Fonoaudiologia foram mais referidas pelos secretários. Verificar a participação da Fonoaudiologia nas Equipes Saúde da Família desses municípios. Investigar se na implantação do Núcleo de Apoio a Saúde da Família dos respectivos municípios, se o profissional fonoaudiólogo irá estar inserido. 

 

PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS

 

A pesquisa foi desenvolvida nos NIS/Secretárias de Saúde dos municípios que fazem parte da 15ª Regional de Saúde.

Foi constituída por uma amostra de trinta secretários de saúde pertencentes aos municípios da 15ª Regional de Saúde (Ângulo, Astorga, Atalaia, Colorado, Doutor Camargo, Floraí, Floresta, Flórida, Iguaraçu, Itaguajé, Itambé, Ivatuba, Lobato, Mandaguaçu, Mandaguari, Marialva, Maringá, Munhoz de Mello, Nossa Senhora das Graças, Nova Esperança, Ourizona, Paiçandu, Paranacity, Presidente Castelo Branco, Santa Fé, Santa Inês, Santo Inácio, São Jorge do Ivaí, Sarandi e Uniflor). Este número de municípios foi pré-determinado pelas pesquisadoras para caracterizar toda a amostra dos municípios que fazem parte da 15ª Regional de Saúde abrangendo uma população de aproximadamente 800 mil habitantes. Foi necessário para a coleta de dados desta pesquisa, que todos os Secretários de Saúde estejam de acordo com o estudo e assim assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido e respondam ao questionário pessoalmente, via e-mail ou telefone. 

            O primeiro passo para a efetiva realização deste trabalho foi entrar em contato com a Secretaria de Saúde ou Núcleo Integrado à Saúde dos Municípios para possível agendamento da entrevista com o Secretário de Saúde, nos casos onde não houve disponibilidade por parte dos profissionais o questionário foi aplicado via e-mail ou telefone.

            Nos casos onde houve disponibilidade de horário por parte dos secretários a pesquisadora foi até a Secretária de Saúde ou Núcleo Integrado à Saúde dos municípios cadastrados na 15ª Regional de Saúde, a duração de cada entrevista foi de aproximadamente de 40 minutos. Nesse caso os Secretários de Saúde receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e somente após a leitura e esclarecimento de eventuais dúvidas pela pesquisadora devem assinar. Este termo foi elaborado de acordo com a determinação do Conselho Nacional de Saúde / Ministério da Saúde (Resolução Normativa 196/96).

            Nos casos onde não houve disponibilidade de horário por parte dos profissionais a aplicação do questionário foi realizada via telefone ou e-mail, nesse caso os profissionais receberam por e-mail ou fax um folder contendo informações sobre o assunto pesquisado.

Com relação aos procedimentos da coleta de dados, foi aplicado um protocolo com 3 questões abertas e 10 fechadas com justificativa.       

 

O material foi utilizado o Protocolo elaborado pelas pesquisadoras.

 

RESULTADOS

Após a análise dos dados contidos nos protocolos de pesquisa, dos 30 Municípios integrantes da 15ª Regional de Saúde, os dados foram selecionados, e os resultados assim se apresentam:

Tabela 1 - Distribuição percentual e numérica dos sujeitos segundo a participação.     

               

Municípios sem secretário de saúde

7%

Municípios que não participaram da pesquisa

20%

Municípios pesquisados

73%

   

 

Na primeira tabela, referente aos sujeitos da pesquisa, constatou-se que 73% (22) dos municípios aceitaram participar da pesquisa, 20% (6) não aceitaram participar da pesquisa e 2 (7%) dos municípios encontravam-se  sem Secretário de Saúde.

Tabela 2 - Distribuição numérica dos sujeitos segundo a forma de coleta de dados.  

 

E- mail

1

Telefone

8

Pessoalmente

13

 

 

A tabela 2 apresenta o modo como se deu a entrevista. Dos 22 pesquisados 13 foram entrevistados pessoalmente, 8 por telefone e 1 por e-mail.

Tabela 3 - Distribuição numérica e percentual das Especialidades dos Secretários de Saúde.

Enfermeiro

6

27%

Ensino Médio

5

23%

Outros

5

23%

Médico

2

9%

Contador

2

9%

Farmaceutico

2

9%

 

 

Na tabela 3, referente a Especialidade dos Secretários de Saúde verificou-se que 27% (6) são Enfermeiros, 23% (5) possuem o Ensino Médio, 23% (5) são de outras profissões sendo 1 de Psicologia, 1 de Odontologia, 1 de Direito, 1 Professor de Matemática e 1 de Administração,  9%  (2) são Médicos, 9 % (2) são Contadores, 9% (2) são Farmacêuticos.

 

Tabela 4 - Distribuição numérica e percentual referente à Existência de Profissional Fonoaudiólogo no município.

 

Existência de Profissional Fonoaudiólogo no município      

%

Sim

21

95

Não

1

5

Total

22

100

 

 

Na tabela 4 referente à existência de Profissional Fonoaudiólogo no Município verificou-se que 95% (21) dos municípios pesquisados possuem Fonoaudiólogo e 5% (1) não possuem esse profissional no município. 

Tabela 5 - Distribuição Numérica e percentual do Conhecimento das áreas de atuação da Fonoaudiologia, pelos Secretários de Saúde.

 

Não conhece as áreas de atuação da Fonoaudiologia

2

9%

Conhece as áreas de atuação da Fonoaudiologia

20

91%

 

 

Na tabela 5 referente ao conhecimento das áreas de atuação da Fonoaudiologia, verificou-se que 91% (20) conhecem pelo menos uma área de atuação da Fonoaudiologia e 9% (2) desconhecem as áreas de atuação da Fonoaudiologia.

 

Tabela 6 - Distribuição numérica e percentual das Áreas de atuação da Fonoaudiologia mais relatadas pelos Secretários de Saúde.

 

Áreas relatadas

%

Linguagem/ Fala

16

47%

Audição

8

24%

Teste da Orelhinha

8

24%

Voz

2

6%

Total

34

100%

 

 

Na tabela 6 constatou-se que a área de maior conhecimento foi a de linguagem com 47% (16), seguida da audição 24% (8), o Teste da Orelhinha 24% (8) e área de Voz 6% (2). Vale ressaltar que nesta questão os entrevistados poderiam citar mais de um item. Também destacamos que o Teste da Orelhinha foi bastante relatado, apesar de fazer parte da área da Audição, optamos por deixá-las separadas, pois, nem todos os entrevistados referiram ambas as respostas.  

 

Tabela 7 - Distribuição numérica e percentual de acordo com conhecimento dos Secretários de Saúde sobre o Trabalho da Fonoaudiologia no Serviço Público.

 

 

Número

%

Sim

17

77%

Não

5

23%

Total

22

100%

 

Constatou-se por meio da tabela 3 que 77% (17) relataram conhecer o trabalho da Fonoaudiologia no Serviço Público e 23% (5) desconhecem tal atuação.

 

Tabela 8 - Distribuição numérica e percentual referente à existência de Equipe Saúde da Família.

 

Existência de Equipe Saúde da Família

%

Sim

22

100

Não

0

0

Total

22

100

 

 

              Verificou-se por meio da tabela 8 que todos os municípios pesquisados possuem Equipe Saúde da Família.

 

Tabela 9 - Distribuição numérica e percentual referente à implantação do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), e qual a Equipe de NASF será implantada.

 

Número/Equipe de NASF

1

5%

Sim

Freqüência

21

95%

Não

 

 

              Na tabela 9 verificou-se que em 95% (21) dos municípios pesquisados não será implantado o NASF, devido ao número de habitantes e de ESF e apenas 5% (1) está implantando duas equipes de NASF 1.

 

DISCUSSÃO

A partir dos resultados encontrados nesta pesquisa, algumas considerações podem ser destacadas. Primeiramente, deve-se destacar que este é um estudo, que procura apresentar o conhecimento dos Secretários de Saúde dos municípios que fazem parte da 15ª Regional de Saúde, se estes têm noção sobre a fonoaudiologia sua importância junto à equipe Saúde da Família, Núcleos de Apoio a Saúde da Família, junto as Instituições Públicas. E, se estes conhecem as áreas de atuação da fonoaudiologia. Sendo importante ressaltar que existem um número reduzido de artigos científicos que comentem sobre relatos da inserção do Fonoaudiólogo no Programa Saúde da Família (PSF) e no Núcleo de Apoio a Saúde da Família.

Na tabela 1 referente aos sujeitos da pesquisa, constatou-se que 73% (22) aceitaram participar da pesquisa, 20% (6) não aceitaram participar da pesquisa e 7% (2) municípios estavam sem Secretário de Saúde. Os municípios que não aceitaram participar da pesquisa justificaram-se citando o pouco tempo de atuação como secretários, ocupando o cargo por um período de3 a6 meses, e por isso acreditaram não poder colaborar com a pesquisa. Os municípios que estavam sem secretário relataram que essa falta de secretário está acontecendo para que haja melhor qualidade na saúde dos habitantes de seus municípios, pois os secretários que ocupavam o cargo anteriormente não estavam satisfazendo os anseios esperados pelos respectivos prefeitos.

Na tabela 2 referente a forma da coleta dos dados, verificou-se que dos 22 entrevistados, 13 foram pessoalmente e 8 por telefone, devido a indisponibilidade dos secretários, pois nem todos os entrevistados dispunham de tempo para  participar da pesquisa.

 

Na tabela 3, no qual observamos  que 9% (2) são Médicos, 9 % (2) são Contadores, 9% (2) são Farmacêuticos, 23% (5) são de outras profissões, 23% (5) possuem o Ensino Médio e 27% (6) são Enfermeiros.  No estudo realizado por Mello et al. (2008) foram obtidos os seguintes resultados, com relação às especialidades dos secretários de saúde, observaram-se distintas formações, sendo odontólogos (n=4), enfermeiras (n=4), professores (n=3), contadores (n=3), psicólogos (n=2), farmacêuticos (n=2), advogados (n=2), pedagogo (n=1), economista (n=1), administradores com gestão pública municipal e ambiental (n=3), bem como, 2º grau completo, sendo a maioria técnicos em enfermagem (n=6). Comparando-se os dados, encontramos um número maior de farmacêuticos e enfermeiros, destacando ainda que em nossa pesquisa a especialidade de médicos como secretários de Saúde, é um dado distinto da pesquisa realizada por Mello et al (2008).

Na tabela 4 referente à existência de Profissional Fonoaudiólogo na Cidade verificou-se em nossa pesquisa que 95% (21) das cidades pesquisadas possuem Fonoaudiólogo e 5% (1) não possuem esse profissional no município. O que vem ao encontro com a pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região no ano de2004 aqual apontou que de 225 municípios estudados, 179 (79,5%) continham fonoaudiólogo em seu quadro de profissionais.

Na tabela 5 referente ao conhecimento das áreas de atuação da Fonoaudiologia, verificou-se que 91% (20) conhecem pelo menos uma área de atuação da Fonoaudiologia e 9% (2) desconhecem as áreas de atuação da Fonoaudiologia. Isso nos leva a perceber que se faz necessária uma maior divulgação da fonoaudiologia e suas áreas de atuação. Segundo Sampaio e Gonçalves (1990) a Fonoaudiologia é entendida como um estudo integrado da linguagem oral-escrita da audição, voz e motricidade oral. O seu conhecimento envolve a análise do funcionamento de funções fisiológicas, e também no que se refere ao aparecimento da linguagem oral e escrita. Em termos de saúde coletiva, a ação fonoaudiologia sobre crianças, atua na prevenção primária, secundária e terciária.

Segundo Beltrame (2003) como a fonoaudiologia é um campo de saber recente no Brasil, é esperado que seja vítima do desconhecimento da população e de outras áreas do conhecimento.

Na tabela 6 constatou-se que a área de maior conhecimento foi a de linguagem e fala com 47% (16), seguida da audição 24% (8), o Teste da Orelhinha 24% (8) e área de Voz 6% (2). Esses dados coincidem com o estudo de Fernandes, Oliveira, Semiguen (2005) no qual as alterações fonoaudiológicas mais freqüentes destacou-se, trocas na fala, seguida de dificuldade/ atraso de audição e dificuldade de leitura e escrita. Uma das áreas da fonoaudiologia mais citadas pelos secretários foi a de linguagem e fala, pois segundo eles a demanda nas UBS e escolas nessas áreas são maiores.

Podemos observar que o teste da orelhinha foi bastante relatado pelos secretários, acreditamos que isso tenha acontecido pela pesquisa de Mello et al (2008), pois os secretários que não tinham conhecimento sobre o teste receberam informações sobre ele, e também ao maior empenho dos profissionais fonoaudiólogos em divulgar o teste e sua importância.

Constatou-se por meio da tabela 7 que, 77% (17) dos pesquisados relataram conhecer o trabalho da Fonoaudiologia no Serviço Coletiva e 23% (5) desconhecem tal atuação. Podemos observar que a fonoaudiologia está sendo mais conhecida pela população, porém ainda há muito a ser conquistado. Segundo relatos dos secretários necessita-se de maior empenho dos próprios fonoaudiólogos para que isso ocorra.

Na tabela 8 verificou-se que todas as cidades pesquisadas possuem Equipe Saúde Família. O que demonstra que essa equipe é importante para uma melhor qualidade de vida da população, pois propõe uma nova dinâmica para a estruturação dos serviços de ações de saúde seguindo os princípios de universalidade, eqüidade, integralidade, e hierarquização, propostos pelos SUS. Isso poder ser exemplificado por Bonamigo (2003) pois, ele relatou que o Programa Saúde da Família (PSF) resgatou o tipo de atendimento que beneficia a população carente do Brasil, e principalmente aqueles que moram afastados dos grandes centros. Nota-se uma melhora da qualidade de vida, de uma grande parte da comunidade atendida, sendo esta atribuída ao vínculo construído entre as equipes de saúde, os profissionais envolvidos e as famílias cadastradas.

Na tabela 9 verificou-se que em 95% (21) das cidades pesquisadas não será implantado o NASF, devido ao número de habitantes e de ESF e apenas 5% (1) cidade está implantando duas equipes de NASF 1. Houve o relato da tentativa de se criar um NASF regional, porém não houve a consolidação desse núcleo, por motivos não relatados pelos profissionais. Sabemos que isso é possível, pois segundo o Conselho Federal de Fonoaudiologia (2009) há ainda os NASF Intermunicipais, que são formados quando um município tem menos equipes do que as exigidas para se enquadrar nos critérios do NASF 1, porém também não atendem aos critérios do NASF 2. Os NASF Intermunicipais são formados a partir da articulação das secretarias de saúde de cidades vizinhas.

Pazini (2008) relatou que a composição dos NASF será definida pelos gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade identificados a partir das necessidades locais e da disponibilidade de profissionais de cada uma das diferentes ocupações. A carga horária desses profissionais é a mesma que a da Estratégia Saúde da Família, ou seja, 40 horas semanais.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A partir da análise dos resultados pode-se concluir que: 77% (17) dos entrevistados relataram conhecer o trabalho da Fonoaudiologia no Serviço Público e 23% (5) desconhecem tal atuação, pode-se verificar ainda que 91% (20) dos pesquisados conhecem pelo menos uma área de atuação da Fonoaudiologia e 9% (2) desconhecem as áreas de atuação da Fonoaudiologia.

A área de maior conhecimento dos secretários foi a de linguagem com 47% (16), seguida da audição 24% (8), o Teste da Orelhinha 24% (8) e área de Voz 6% (2).

Quanto a ESF pode-se verificar que todos os municípios pesquisados possuem essa estratégia.

Sobre a implantação do NASF verificou-se que em 95% (21) dos municípios pesquisados não será implantado o NASF, e apenas 5% (1) está implantando duas equipes de NASF 1.

Podemos verificar que a maioria dos pesquisados conhece a atuação do fonoaudiólogo na saúde coletiva, porém houve aqueles que desconhecem o trabalho do Fonoaudiólogo.

A partir destes dados foi possível reconhecer a necessidade não só da inserção do Fonoaudiólogo junto à ESF, mas também, há uma carência de informação sobre a atuação deste profissional. A presença do fonoaudiólogo dentro da Estratégia Saúde da Família e programas de prevenções das patologias da comunicação, acessoria e orientações aos agentes comunitários para prevenir a população sobre os distúrbios da comunicação, bem como a necessidade da inserção de mais fonoaudiólogos nas Instituições Públicas e a revisão das políticas de saúde e educação, mostrou-se necessária.

            Há a necessidade do trabalho interdisciplinar entre a Fonoaudiologia e os demais profissionais envolvidos na Saúde Coletiva, para que possa ocorrer maiores esclarecimentos e medidas de prevenção à população sobre os distúrbios da comunicação, bem como a intervenção do fonoaudiólogo nas diversas patologias da comunicação. Necessitamos também da colaboração das esferas governamentais no sentido de subsidiar os serviços de Fonoaudiologia que tem como único propósito efetuar as ações necessárias perante os casos, proporcionando melhor qualidade de vida para a população. 

 

REFERÊNCIAS

 

ANDRADE, C.R.F. - Fonoaudiologia preventiva. São Paulo: Lovise, 1996. 165p.

BELTRAME, I.L. Fonoaudiologia e Saúde Pública. In: OLIVEIRA, S. T. Fonoaudiologia Hospitalar. São Paulo: Lovise, 2003. pg 17-26

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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. ABC do SUS: Doutrinas e Princípios. Brasília, 1990.             www.ministériodasaude.com.br. Acesso em 05/04/2009.

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CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA - 2ª Região. Atuação fonoaudiológica nas políticas públicas: subsídios para o acompanhamento, e participação dos fonoaudiólogos. São Caetano do Sul: Yendis, 2006.

FERNANDES, T.C.; OLIVEIRA, S.C.; SEMIGUEN, C. Estudo exploratório referente a demanda de atendimento fonoaudiológica Unidade Básica de Saúde. Trabalho de conclusão de curso. 2005.

LIPAY, M.S.; ALMEIDA, E.C. A Fonoaudiologia e sua inserção na saúde pública. In. Revista de Ciências Médicas. Campinas jan./fev. 2007.

MELLO, J.M., STIVAL, N., BARBOZA, F.P.; BENEDITO, A.C.; GERVÁSIO, E.C.O.; LA PUENTE, L.F.; MOTTA, A.A.; RAMALHO, V.R.; ROVER, M.; SAWASAKI, L.Y.  . TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL SOB Á ÓTICA DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE DA 15ª REGIONAL DE SAÚDE. III Congresso Sul-Brasileiro de Fonoaudiologia- CRFa 3ª. Painel

PAZINI, S. NASF, o Que é Isto? Portaria Define Atendimento à Saúde da Família. In. Jornal de Conselho Regional de Fonoaudiologia. 3ª Região- PR/SC, abril 2008. pg. 7

RIGO, J.R.C. Fonoaudiologia na Saúde Pública. Jornal do Conselho Regional de Fonoaudiologia – maio/agosto, 2004.

SAMPAIO, M.M.; GONÇALVES, A. Fonoaudiologia em saúde pública: apreciações preliminares a propósito de experiência pioneiraem São Paulo, SP. Revista de Saúde Pública, v. 14, n. 2, jun. 1990.

 Autores: Audrei A. Motta - Fonoaudióloga

               Ms. Carolina Semiguen - Fonoaudióloga

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